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RECURSO ORDINÁRIO - PROCESSO Nº RELATÓRIO

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Gab Des Jorge Fernando Gonçalves da Fonte Av. Presidente Antonio Carlos, 251 7o andar - Gab.35 Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ

RECURSO ORDINÁRIO - PROCESSO Nº 0116400-27.2009.5.01.0003 A C Ó R D Ã O

3ª Turma

Vendedor de plano de saúde. Tendo em vista que a reclamante era empregada de regular corretora de planos de saúde, prestando serviços em instalações próprias para duas conhecidas instituições seguradoras (Unimed e Amico), não se pode falar em responsabilização subsidiária destas.

Vistos estes autos de recurso ordinário em que figuram, como recorrentes, ROSANA VASCONCELLOS, UNIMED RIO COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO RJ E AMICO SAÚDE LTDA e, como recorridas, ROSANA VASCONCELLOS, UNIMED RIO COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO RJ, AMICO SAÚDE LTDA., MARKLINE REPRESENTAÇÃO LTDA. E MELLO E CORREA CORRETORA DE SEGUROS LTDA.

RELATÓRIO

Adoto o relatório da ilustre Relatora de sorteio, Juíza Convocada Dalva Amélia de Oliveira, in verbis:

“Inconformadas com a sentença de fls. 1082/1085, complementada às fls. 1091 e 1094, prolatada pelo MM. Juiz Álvaro Luiz Carvalho Moreira, que julgou procedentes em parte os pedidos contidos na peça inicial, recorrem ordinariamente a autora, a 4ª (Unimed) e a 3ª (Amico) rés, pelas razões de fls. 1096/1100, 1101/1108 e 1111/1118, respectivamente.

Depósito recursal e custas recolhidos e comprovados, pela 4ª reclamada (Unimed), às fls. 1109/1110, e pela 3ª ré (Amico), às fls. 1119/1122.

Contrarrazões da autora.”

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho (art. 85 do Regimento Interno deste Tribunal), sendo que na sessão de julgamento o

Parquet não vislumbrou necessidade de intervenção no feito. É o relatório.

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V O T O Conhecimento.

Estão presentes os requisitos de admissibilidade dos recursos. Os apelos são tempestivos, as partes estão bem representadas e há comprovação do recolhimento das custas processuais e dos depósitos recursais.

Conheço.

Preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa arguida pela Unimed (4ª reclamada).

Por convergentes a meu entendimento, peço vênia para adotar como minhas razões de decidir os fundamentos exarados pela ilustre Relatora de sorteio, conforme adiante transcrevo:

“Em razões recursais, argui a 4ª reclamada (Unimed) a nulidade da sentença alegando cerceamento do direito de defesa, face ao indeferimento da prova testemunhal que pretendia produzir com o intuito de elucidar a fraude existente nos contratos (fls. 1102).

Sem razão a recorrente.

O direito fundamental à ampla defesa (Constituição, art. 5º, inc. LV) assegura às partes formular todas as alegações, bem como requerer e produzir as provas tendentes a demonstrar sua veracidade.

Tal garantia, contudo, não é absoluta, devendo, em atenção ao princípio da proporcionalidade, sopesar-se com os demais princípios constitucionais do processo, entre os quais encartou o constituinte derivado a tempestividade da tutela jurisdicional (Constituição, art. 5ª, inc. LXXVIII), reforçando o dever judicial de velar pela rápida solução do litígio (CPC, art. 125, inc. II; CLT, art. 765).

Com efeito, o juiz goza de ampla liberdade na condução do processo (CLT, art. 765) e, como destinatário da prova, pode – e deve – indeferir diligências inúteis e protelatórias (CPC, art. 130), assim entendidas as que se destinem a provar fatos incontroversos, irrelevantes ou impertinentes, sendo este o entendimento da Suprema Corte Trabalhista (RR - 177500-10.2005.5.12.0005).

Tais dispositivos legais são consentâneos com a agilidade processual perseguida pelas inúmeras e recentes reformas legislativas com vistas à celeridade da prestação jurisdicional – anseio da sociedade, que tanto clama pela Justiça rápida e efetiva – e perfeitamente compatíveis com a processualística do trabalho que, com muito mais razão, há de ser célere porque se trata de justiça social.

Na espécie, indeferiu o julgador de base a oitiva da testemunha arrolada pela 4ª reclamada (Unimed) por entender que o feito já estava suficientemente instruído (fls. 1081), o que não caracteriza cerceamento do direito de defesa, vez que o depoimento dessa testemunha não iria modificar o

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convencimento do magistrado, conforme esclareceu este, ao prolatar a sentença (fls. 1083):

É importante esclarecer que a quarta reclamada, em sua defesa, alegou a existência de fraude em diversos contratos, entretanto, este tipo de alegação em nada envolve a pretensão da reclamante tendo em vista a inexistência de qualquer pedido relativo a contrato que não foi concretizado ou mesmo formalizado pela referida reclamada. Não houve o alegado cerceamento do direito de defesa.

Rejeito a preliminar.”

Mérito.

Recurso da autora.

Aqui também meu entendimento converge ao da ilustre Relatora, também pedindo licença para utilizar seus argumentos.

“Média comissionada.

Pleiteia a autora o recebimento das comissões retidas e reflexos (fls. 08), sustentando que recebia remuneração mensal composta de salário fixo de R$ 505,00 + anuênio de R$ 10,00 + salário família de R$ 18,08 + comissões sobre as vendas de R$ 8.000,00, em média; que a comissão sempre foi paga "por fora"; que até julho de 2008 a comissão era de 60% da primeira mensalidade das vendas realizadas, à exceção dos contratos celebrados no convênio da Polícia Civil no período de janeiro a março de 2008, quando a comissão foi de 30%; que, de agosto de 2008 a abril de 2009, a comissão foi de 80% sobre a primeira mensalidade das vendas efetuadas; que de março de 2009 até a demissão, a comissão foi de 90%; que, a partir de dezembro de 2007, a 1ª acionada (Markline) também lhe pagava a comissão de 10% sobre toda a comercialização efetuada pelos demais vendedores do contrato da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro; que em maio de 2008 a 1ª acionada (Markline) deixou de quitar a comissão de 10% sobre as vendas dos demais consultores, no valor de R$ 3.000,00 por mês; que na sua CTPS foi anotada incorretamente a comissão de 30%, ensejando sua retificação; que não recebia o RSR, consectário das comissões pagas "por fora" e recebeu a menor o 13º salário de 2007 e de 2008 e o FGTS (fls. 5/6).

Deferiu o pleito o magistrado a quo, ao entendimento de que (fls. 1083/1084):

A primeira reclamada, em sua defesa, alegou que pagava à reclamante comissões com o percentual de 30%, conforme anotação na carteira de trabalho. Os documentos acostados às fls. 55/57 revelam que as comissões não eram contabilizadas, o que também foi demonstrado através da prova testemunhal. Acrescente-se que a testemunha conduzida pela demandante também declarou ao Juízo que as comissões eram pagas no percentual de 60% até julho de 2008, posteriormente, de agosto de 2008 a abril de 2009, este percentual foi majorado para 80% e, de maio de 2009 até a

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dispensa da reclamante, o percentual passou a ser de 90%. Os documentos de fls. 14 e 15 também revelam que a reclamante deveria receber um percentual de 10% sobre as vendas realizadas no âmbito da Polícia Civil, o que foi ratificado pela prova testemunhal. Destaque-se, desta forma, a veracidade das alegações lançadas nos itens 15 e 16 da causa de pedir. Com isso, ficam acolhidos os pedidos formulados nas letras D e H.

Recorre ordinariamente a acionante sustentando que, no tocante à média comissionada, o magistrado a quo entendeu que não havia nos autos elementos suficientes para fixar o valor percebido pela reclamante em sentença, determinando que fosse apurada em liquidação; que os valores pagos não constam dos contracheques e a 1ª acionada (MARKLINE) não junta qualquer documento comprovando o pagamento das comissões, apesar de reconhecer sua existência; que a média comissionada deve ser fixada em R$ 8.000,00 por mês (fls. 1098/1099).

Sem razão a recorrente.

O juízo monocrático acolheu integralmente os pedidos D e H do libelo, o que implica em dizer que acolheu o valor indicado pela autora na peça introdutória, ou seja, R$ 8.000,00.

A determinação de que se apure o quantum debeatur em liquidação refere-se aos reflexos também deferidos e ao total do crédito a ser executado e não especificamente ao valor médio das comissões (fls. 1084):

Os valores da condenação serão apurados em liquidação de sentença...

Nego provimento.”

Recurso ordinário da Unimed e Amico. Responsabilidade subsidiária.

Aqui reside minha única divergência em relação ao voto da ilustre Relatora de sorteio.

Trata-se de ação trabalhista intentada pela reclamante em face de MARKLINE REPRESENTAÇÃO LTDA., MELLO CORREA CORRETORA DE SEGUROS, AMICO SAÚDE LTDA. e UNIMED RIO - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO RJ, objetivando o pagamento de verbas decorrentes do contrato de trabalho firmado com a primeira ré, bem como a condenação subsidiária da segunda, terceira e quarta reclamadas.

A causa de pedir referente à responsabilidade subsidiária da Unimed e da Amico Saúde foi a seguinte:

“7. De igual sorte, devem a 3ª e 4ª Rés (operadoras de planos de saúde) responderem subisidiariamente nos créditos trabalhistas da Demandante, uma vez que a 1ª e 2ª Reclamadas mantiveram parceria comercial para a venda exclusiva dos planos de saúde da 3ª ré (Dix Amico) no período de abril/07 a novembro/08, assim como o lapso temporal de dezembro/08 a

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agosto/09 , tal relação comercial foi substituída pela 4ª ré (Unimed) exclusivamente, razão pela qual a mão de obra da empregada reverteu-se em proveito das 3ª e 4ª Reclamadas, respectivamente.

8. Na hipótese dos autos, não restam dúvidas que trata-se de terceirização da terceirização, razão pela qual, aplica-se às 3ª e 4ª Reclamada o disposto na Súmula 331 do C. TST.

9. Frise-se que a responsabilidade da 3ª e 4ª Rés deverá ficar limitada aos períodos acima descritos em que a Reclamante efetuou vendas com exclusividade para as ditas empresas.”- Fls. 04/05.

No caso, restou incontroverso que a autora foi contratada pela 1ª ré (Markline), para trabalhar em suas dependências, na função de consultora de vendas. Por sua vez, restou incontroverso que as demais reclamadas mantiveram parceria comercial com a Markline (1ª ré) e Mello & Correa (2ª ré).

Logo, a 3ª e a 4ª reclamadas não foram tomadoras dos serviços da reclamante, mantendo com as referidas empresas apenas uma relação comercial em regular corretagem de planos de saúde. Registre-se que a autora não comparecia às instalações da Unimed e da Amico, nem mantinha contato com qualquer de seus representantes ou encarregados, sendo toda sua relação de trabalho mantida exclusivamente com a Markline.

Em resumo, a Unimed e a Amico não eram beneficiárias diretas dos serviços prestados pelos empregados da Markline.

Não havia, portanto, terceirização de mão de obra a justificar a aplicação da orientação contida no item IV, da Súmula 331, do C. TST. Em consequência, não se pode aferir a existência das culpas in vigilando ou in elegendo da Unimed e da Amico.

A jurisprudência do C. TST endossa o posicionamento ora adotado, conforme acórdão proferido nos autos do processo RR-17800-57.2004.5.01.0031, em que são partes Franciene Silva de Sousa, Unimed - Rio Cooperativa de Trabalho Médico do Rio de Janeiro Ltda. e Emerick’s Corretora de Seguros de Vida Ltda., de relatoria do Exmo. Ministro João Batista Pereira, conforme ementa que ora transcrevo:

“RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. VÍNCULO DE EMPREGO COM CORRETORA DE SEGUROS. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA BENEFICIÁRIA DA VENDA DE PLANOS DE SAÚDE. SÚMULA 331, IV, DO TST INAPLICÁVEL. A primeira reclamada era corretora de seguros de vida e comercializava planos de saúde de várias empresas, entre os quais os da segunda reclamada. Nessa hipótese, essa reclamada não é sujeito nos contratos de trabalho mantidos pela primeira reclamada, mas mera beneficiária indireta, eventual ou previamente, do resultado obtido na relação contratual trabalhista. Assim, não se reconhece a responsabilidade subsidiária da segunda reclamada. Situação esta que não está ao abrigo da Súmula 331, item IV, do TST.” - Publicado em 24/11/2006.

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Destarte, dou provimento aos recursos das 3ª e 4ª reclamadas, para afastar a responsabilidade subsidiária da Unimed e da Amico, julgando improcedente o pedido em face das mesmas.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, conheço dos recursos ordinários, rejeito a preliminar de nulidade da sentença por cerceamento do direito de defesa arguida pela Unimed, e, no mérito, nego provimento ao recurso da autora e dou provimento parcial aos recursos das 3ª e 4ª rés, para afastar a responsabilização subsidiária da Unimed e da Amico, julgando improcedente o pedido em face das mesmas. Fica prejudicada a análise das demais questões recursais suscitadas pelas referidas reclamadas.

A C O R D A M os Desembargadores da Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer dos recursos; rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por cerceamento do direito de defesa arguida pela Unimed, e, no mérito, por unanimidade, negar provimento ao recurso da autora e, por maioria, dar provimento parcial aos recursos das 3ª e 4ª rés, para afastar a responsabilidade subsidiária da Unimed e da Amico, julgando improcedente o pedido em face das mesmas, ficando prejudicada a análise das demais questões recursais suscitadas pelas referidas reclamadas, tudo nos termos da fundamentação supra.

Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 2012.

JORGE F. GONÇALVES DA FONTE Redator designado

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