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Introdução à Aquacultura. Maria Teresa Dinis Rui Miranda Rocha

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Introdução

à

Aquacultura

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ão

à

A

quacultur

a

Maria Teresa Dinis

Rui Miranda Rocha

M

aria T

er

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D

inis

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ui Mir

anda R

ocha

A

aquacultura

, como indústria, registou um desenvolvimento assinalável nos últimos

30 anos, ultrapassando em ritmo de crescimento todos os outros setores da

produção animal. Este crescimento só foi possível através da integração de

conheci-mento assente em desenvolviconheci-mentos científicos e tecnológicos.

Esta obra é uma ferramenta indispensável para estudantes e empreendedores, que

se estejam a iniciar na aquacultura ou que queiram atualizar os seus

conhecimen-tos, bem como para investigadores na área da aquacultura e áreas afins, que

procurem informação técnica fora da sua especialidade, preenchendo, assim, uma

lacuna no espaço editorial nacional.

Escrita de forma clara e assertiva e construída sobre a realidade da aquacultura

portuguesa

, é também relevante para muitas outras partes do mundo, em

particu-lar para a comunidade de países de língua portuguesa. Entre os temas abordados,

destacam-se:

• Conceito e história da aquacultura

• Aquacultura, ambiente e sociedade

• A água como meio de cultivo

• Infraestruturas de produção em aquacultura

• Sistemas de produção em aquacultura

• Gestão e maneio de reprodutores

• Cultivos auxiliares

Maria Teresa Dinis

Professora Emérita e Catedrática Aposentada da Universidade do Algarve, onde foi

Vice-Rei-tora para a Investigação e Inovação. Investigadora do Centro de Ciências do Mar (CCMAR).

Doutorada pela Universidade da Bretanha Ocidental em Brest (França). A sua atividade

profissional tem sido desenvolvida na área da aquacultura, quer a nível nacional, quer

inter-nacional, nas vertentes de investigação e estratégia. Em 2020, foi agraciada pelo Ministério

da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com a Medalha de Mérito Científico pela sua

contri-buição na área da aquacultura em Portugal.

Rui Miranda Rocha

Diretor de Operações e de Inovação e Desenvolvimento na empresa Riasearch. Professor

Auxiliar Convidado da Universidade de Aveiro e membro do Centro de Estudos do Ambiente e

do Mar (CESAM). Doutorado em Biologia e Biociências Aplicadas pela Universidade de Aveiro.

É autor de várias publicações científicas e tem participado em diversos projetos na área da

aquacultura, designadamente em projetos de cooperação para o desenvolvimento de

aqua-cultura comunitária, em países africanos de língua oficial portuguesa.

www .lidel.pt

Patrocinadores

C M Y CM MY CY CMY K

(2)

I N T R O D U Ç Ã O

À AQUACULTURA

MARIA TERESA DINIS

RUI MIRANDA ROCHA

Lidel – edições técnicas, lda. www.lidel.pt

(3)

© L id el – E di çõ es T éc ni ca s

ÍNDICE

Autores

...

VII

Prefácio

...

IX

Luís Conceição e Jorge Dias

Siglas/Abreviaturas

...

XI

CAPÍTULO 1

Conceito e História da Aquacultura

...

1

1.1. Definição de aquacultura

...

8

1.2. História da aquacultura

...

9

CAPÍTULO 2

Aquacultura, Ambiente e Sociedade

...

17

2.1. Sustentabilidade ambiental da aquacultura

...

18

2.2. Intensificação da produção aquícola e impactes ambientais

...

20

2.3. Impactes ambientais do cultivo de diferentes grupos

...

23

2.3.1. Algas e plantas aquáticas

...

24

2.3.2. Moluscos

...

24

2.3.3. Crustáceos

...

26

2.3.4. Peixes

...

27

2.4. Qualidade da água

...

28

2.5. Ecologia do bentos

...

29

2.6. Localização das aquaculturas e os conflitos com outras atividades

...

32

2.6.1. Conflitos na utilização de água e terra para aquacultura

...

32

2.6.2. Efeitos dos efluentes

...

33

2.6.3. Hipernutrificação e eutrofização

...

34

2.7. Resumo

...

36

CAPÍTULO 3

A Água como Meio de Cultivo

...

37

3.1. Origem da água para aquacultura

...

38

3.1.1. Água doce

...

38

3.1.2. Água salgada

...

42

3.2. Qualidade da água

...

44

3.2.1. Parâmetros químicos

...

45

3.2.1.1. Dureza e salinidade

...

45

3.2.1.2. Oxigénio dissolvido

...

48

3.2.1.3. Sobressaturação de gases na água de cultivo

...

51

3.2.1.4. pH e alcalinidade

...

56

(4)

IV

INTRODUÇÃO À AQUACULTURA

3.2.2 Parâmetros físicos

...

68

3.2.2.1. Temperatura

...

68

3.2.2.2. Turbidez e matérias em suspensão

...

69

3.3. Resumo

...

71

CAPÍTULO 4

Infraestruturas de Produção em Aquacultura

...

73

4.1. Infraestruturas de produção em terra

...

76

4.1.1. Tanques

...

76

4.1.1.1.

Raceways

...

78

4.1.1.2. Tanques circulares, retangulares e ovais

...

80

4.1.1.3. Tanques escavados em terra

...

81

4.1.1.4. Diques

...

83

4.1.1.5. Esgoto

...

88

4.1.2. Jaulas em águas interiores

...

91

4.2. Infraestruturas de produção em zonas de entremarés

...

92

4.2.1. Cultivo em parques

...

94

4.2.2. Cultivo em estacas e em mesas

...

94

4.3. Infraestruturas de produção em zonas costeiras e mar aberto

...

96

4.3.1. Cultivos suspensos

...

96

4.3.1.1. Cultivo em jangadas

...

96

4.3.1.2. Cultivos em long-line

...

97

4.3.1.3. Cultivo em jaulas

...

99

4.4. Escolha do local e das espécies

...

103

4.4.1. Escolha do local

...

103

4.4.2. Escolha das espécies

...

107

4.4.2.1. Aspetos biológicos

...

109

4.4.2.2. Aspetos nutricionais

...

110

4.4.2.3. Aspetos ambientais

...

111

4.4.2.4. Aspetos patológicos

...

111

4.4.2.5. Comercialização e valor de mercado

...

111

4.5. Resumo

...

113

CAPÍTULO 5

Sistemas de Produção em Aquacultura

...

115

5.1. Regimes de produção em aquacultura

...

116

5.2. Modelos de produção em aquacultura

...

120

5.2.1. Sistemas fechados

...

120

5.2.1.1. Aplicações práticas

...

121

5.2.1.2. Tecnologia dos sistemas fechados

...

122

(5)

© L id el – E di çõ es T éc ni ca s

ÍNDICE

V

5.2.3.

Sea ranching

...

163

5.2.4. Aquacultura multitrófica integrada

...

164

5.2.5. Aquaponia

...

167

5.2.6. Mesocosmos

...

173

5.2.7. Aquacultura comunitária

...

174

5.3. Resumo

...

178

CAPÍTULO 6

Gestão e Maneio de Reprodutores

...

179

6.1. Gestão de reprodutores

...

179

6.1.1. Requisitos biológicos das espécies

...

180

6.1.1.1. Lotes de reprodutores

...

183

6.1.1.2. Indução da reprodução por métodos não invasivos

...

184

6.1.1.3. Indução da reprodução por métodos invasivos

...

184

6.1.2. Infraestruturas para estabulação e manutenção de reprodutores

...

184

6.1.2.1. Regime de operação do sistema

...

185

6.1.2.2. Dimensionamento e configuração dos tanques

...

187

6.1.2.3. Equipamentos técnicos

...

191

6.2. Resumo

...

192

CAPÍTULO 7

Cultivos Auxiliares

...

193

7.1. Cultivo de microalgas

...

194

7.1.1. As microalgas como cultivos auxiliares em aquacultura

...

195

7.1.1.1. Critérios de seleção

...

198

7.1.1.2. Valor nutricional

...

198

7.1.1.3. Diâmetro celular

...

200

7.1.2. As microalgas na produção de biomassa algal

...

200

7.1.3. Condições físicas e químicas dos cultivos

...

201

7.1.3.1. Meios de cultivo e nutrientes

...

203

7.1.3.2. Luz e fotoperíodo

...

203

7.1.3.3. pH

...

204

7.1.3.4. Aeração

...

205

7.1.3.5. Temperatura

...

205

7.1.3.6. Salinidade

...

206

7.1.4. Crescimento padrão de uma cultura

...

206

7.1.4.1. Fases de crescimento de um cultivo

...

207

7.1.4.2. Fatores limitantes no cultivo

...

208

7.1.5. Métodos de cultivo de microalgas

...

209

7.1.6. Protocolos de cultivo de microalgas

...

212

(6)

VI

INTRODUÇÃO À AQUACULTURA

7.1.6.2. Protocolo para produção em médios e grandes volumes

...

215

7.2. Cultivo de copépodes

...

216

7.2.1. Características gerais

...

216

7.2.1.1. Calanoides

...

217

7.2.1.2. Harpacticoides

...

218

7.2.1.3. Ciclopoides

...

218

7.2.2. Reprodução e ciclo de vida dos copépodes

...

218

7.2.3. Técnicas de cultivo

...

220

7.2.3.1. Cultivo extensivo ao ar livre

...

222

7.2.3.2. Cultivo intensivo

...

223

7.3. Cultivo de rotíferos

...

224

7.3.1. Morfologia

...

224

7.3.2. Utilização em aquacultura

...

225

7.3.3. Principais espécies e estirpes

...

227

7.3.4. Ciclo de vida de Brachionus plicatilis

...

228

7.3.5. Tecnologias de cultivo

...

231

7.3.5.1. Condições físicas e químicas

...

232

7.3.5.2. Conservação de estirpes

...

234

7.3.5.3. Cultivo intensivo em pequenos volumes (cultivos intermédios)

...

234

7.3.5.4. Cultivo intensivo em grandes volumes

...

235

7.3.5.5. Alimentação de rotíferos nos cultivos em grandes volumes

...

236

7.3.5.6. Fontes de contaminação

...

238

7.3.5.7. Avaliação do estado de uma cultura

...

239

7.3.5.8. Bioencapsulação

...

240

7.4. Cultivo de artémia

...

243

7.4.1. Considerações gerais

...

243

7.4.2. Utilização em aquacultura

...

244

7.4.3. Características abióticas

...

246

7.4.4. Características bióticas

...

247

7.4.5. Ciclo de vida

...

248

7.4.5.1. Estádios larvares

...

250

7.4.6. Tecnologia de cultivo

...

251

7.4.6.1. Cistos

...

251

7.4.6.2. Descapsulação dos cistos

...

253

7.4.6.3. Incubação

...

255

7.5. Resumo

...

257

Bibliografia Recomendada

...

259

(7)

© L id el – E di çõ es T éc ni ca s

AUTORES

Maria Teresa Dinis

Professora Emérita e Catedrática Aposentada da Universida‑

de do Algarve, onde foi Vice ‑Reitora para a Investigação e

Inovação (2006 ‑2009). Foi membro da Comissão Diretiva do

Centro de Ciência Viva do Algarve (1999 ‑2004) e do Board

of Directors da European Aquaculture Society (2010 ‑2014).

Membro fundador e, atualmente, Investigadora do Centro

de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, Laboratório

Associado do Sistema Científico Nacional.

Fez o seu Doutoramento na Universidade da Bretanha Oci‑

dental em Brest (França), estudando a biologia e o cultivo de peixes planos. O princi‑

pal contributo científico da sua tese foi a descrição do desenvolvimento dos ovos e

larvas do linguado (Solea senegalensis).

Desde os anos 1980 tem coordenado e participado em numerosos projetos nacio‑

nais e internacionais na área da piscicultura marinha e efetuado estudos pioneiros

na área das novas espécies para a aquacultura mediterrânica. Colabora ativamente

com universidades e institutos em muitos países europeus e tem experiência aca‑

démica a nível internacional em países asiáticos (Vietname) e africanos (Cabo Verde,

Namíbia e Seychelles). Publicou mais de 200 artigos científicos em revistas indexa‑

das, dos quais 6 capítulos de livros.

Avaliadora da Fundação para a Ciência e Tecnologia na área das Ciências do Mar.

Perita da Agência de Inovação (ANI), desde 2008, em numerosos programas no

âmbito da ANI e da Direção Geral dos Recursos do Mar, de outros organismos inter‑

nacionais, como o Norwegian Research Council, CzechScience (República Checa),

FWO (Research Foundation Flanders), BARD Program (Cooperação Texas e Israel),

ANEP (Ministério da Ciência e Inovação de Espanha) e da Comissão Europeia.

Nos últimos anos tem dado o seu contributo em grupos de trabalho envolvidos na

definição de uma estratégia para o desenvolvimento da aquacultura em Portugal e

coordenado equipas envolvidas na avaliação dos Planos Operacionais. Fez parte das

equipas que realizaram estudos relativos à definição de estratégias para a área do

mar, para a Região Autónoma da Madeira e países da lusofonia (Cabo Verde, Angola

e Moçambique).

Em 2020, foi agraciada pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com

a Medalha de Mérito Científico pela sua contribuição na área da aquacultura em

Portugal.

Crédito da fotografia: Ciência Viva/ /Mulheres na Ciência

(8)

VIII

INTRODUÇÃO À AQUACULTURA

Rui Miranda Rocha

Atualmente é Diretor de Operações e de Inovação e Desen‑

volvimento na empresa Riasearch e Professor Auxiliar Con‑

vidado no departamento de Biologia da Universidade de

Aveiro. É membro do Centro de Estudos do Ambiente e do

Mar (CESAM), Laboratório Associado da Universidade de

Aveiro.

Em 2002, licenciou ‑se em Biologia Marinha e Pescas, ramo

Pescas, opção Aquacultura, pela Universidade do Algarve.

Realizou a sua tese de licenciatura na Universidade de Wageningen, Países Baixos,

em 2001, tendo estudado os processos de nitrificação em filtros biológicos aplica‑

dos ao cultivo de peixe ‑gato africano em sistemas fechados. Concluiu o seu dou‑

toramento, em 2013, na Universidade de Aveiro, estudando o efeito da iluminação

no cultivo ex situ de corais tropicais fotossintéticos.

Entre 2002 e 2005 foi técnico no grupo de investigação em aquacultura do Centro

de Ciências do Mar da Universidade do Algarve. Posteriormente e até ao início do

seu doutoramento, trabalhou no setor privado, ligado ao cultivo e comércio de

organismos ornamentais marinhos.

Após a conclusão do seu doutoramento, tem desenvolvido atividade científica

através da orientação de diversos alunos de licenciatura, mestrado e doutoramen‑

to e da participação em diversos projetos financiados por fundos internacionais,

na área da aquacultura, bem como em projetos de cooperação para desenvolvi‑

mento da aquacultura comunitária em países africanos de língua oficial portugue‑

sa. Participou na autoria de várias publicações científicas, mais de cinquenta arti‑

gos em revistas indexadas e diversas comunicações orais em reuniões científicas

internacionais.

Colabora ativamente com universidades e institutos em diversos países europeus

e em países da lusofonia (Brasil, Moçambique, Angola e São Tomé e Príncipe).

(9)

© L id el – E di çõ es T éc ni ca s

PREFÁCIO

A aquacultura é uma indústria com um crescimento impressionante nos últimos 30

anos, ultrapassando em ritmo de crescimento todos os outros setores da produção

animal. Mais importante do que isso, tornou ‑se um complemento fundamental à

atividade da pesca para fornecer produtos aquáticos de alto valor nutricional, que

permitem uma dieta mais saudável para a humanidade, e contribuem para assegu‑

rar a segurança alimentar desta. Este rápido crescimento da indústria da aquacultura

só foi possível com a constante integração de conhecimento. Este conhecimento

assenta em desenvolvimentos científicos e tecnológicos que resultam do esforço

de muitos investigadores entusiastas, um pouco por todo o mundo e em que pon‑

tificam, em Portugal, os autores deste livro. Estes dois investigadores representam

as suas gerações e a excelência da investigação em aquacultura e das suas bases

biológicas, sendo que em Portugal há muitos e bons especialistas em várias áreas

científicas da aquacultura.

Os autores cobrem de forma muito assertiva o estado da arte e os desafios com

que se depara a aquacultura enquanto indústria moderna, entre eles os de encon‑

trar para cada sistema de produção o equilíbrio que garanta simultaneamente a

sustentabilidade ambiental, social e económica. O livro começa por enquadrar a

aquacultura enquanto atividade, definindo a aquacultura e os seus diferentes tipos

e importância e faz uma interessante resenha sobre a história desta atividade eco‑

nómica no mundo e em Portugal. Depois aborda as consequências da intensifica‑

ção da produção aquícola e os seus impactes ambientais, incluindo a questão da

localização das aquaculturas e os potenciais conflitos com outras atividades. A sus‑

tentabilidade ambiental da aquacultura, passa por conhecer a água como meio de

cultivo e identificar de forma crítica as várias vertentes da exploração aquícola que

podem afetar a qualidade da água, e que medidas de monitorização e mitigação

podem ser adotadas. A grande variedade de organismos produzidos em aquacultu‑

ra é descrita e os tipos muito diferentes de infraestruturas e soluções técnicas para

a produção em terra, em tanques, tanques escavados, zonas lagunares e entrema‑

rés, cultivos suspensos ou em jangadas em mar aberto são caracterizados. Os cri‑

térios a ter na escolha do local e as espécies a cultivar também são detalhados. Os

diferentes regimes de produção em aquacultura são descritos, desde a aquacultura

de subsistência, importante para garantir o aporte de proteína e outros nutrientes

para muitas populações com uma frágil segurança alimentar, até aos vários graus

de intensificação da aquacultura industrial. São apresentadas aplicações práticas de

sistemas de produção em aquacultura, incluindo tecnologia de tratamento de água

dos sistemas fechados, e seus mecanismos de controlo e automação. As vantagens e

(10)

X

INTRODUÇÃO À AQUACULTURA

constrangimentos da aquacultura em zonas com limitações de água, de aquacultura

multitrófica integrada, de aquaponia, de sea ranching e de aquacultura comunitária

são também descritas. Há ainda capítulos dedicados às questões críticas para o cul‑

tivo de muitas espécies, como são a gestão e maneio de reprodutores e os cultivos

auxiliares de alimento vivo.

Em resumo, este livro é uma ferramenta indispensável para estudantes e empreen‑

dedores que se estejam a iniciar na aquacultura, bem como para investigadores na

área da aquacultura e áreas afins, que procurem conhecimentos fora da sua espe‑

cialidade. Um grande obrigado aos autores por cobrirem a lacuna que havia na

área no espaço editorial nacional, com uma obra construída sobre a realidade da

aquacultura portuguesa, mas seguramente também relevante para muitas outras

partes do mundo. E que sirva de inspiração a novas gerações de investigadores e

empreendedores em Portugal e nos outros países de língua oficial portuguesa, con‑

tribuindo para concretizar o potencial, muitas vezes adiado, desta indústria que fará

certamente parte integrante de um futuro sustentável.

Luís Conceição

Sócio‑gerente da empresa SPAROS, Lda., e investigador em nutrição de peixes. Licen‑

ciado em Ciências do Meio Aquático pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Sala‑

zar ‑ Universidade do Porto, mestre e doutorado pela Universidade de Wageningen

(Países Baixos). Foi investigador no SINTEF (Noruega) e no Centro de Ciências do Mar

(Portugal).

Jorge Dias

Sócio‑gerente da empresa SPAROS, Lda., e investigador em nutrição de peixes. Licencia‑

do em Biologia Marinha e Pescas pela Universidade do Algarve, DEA pela Universidade

de Bordéus (França) e doutorado pelas Universidades do Porto e de Bordéus. Foi inves‑

tigador no INRA‑IFREMER e DSM Nutritional Products (França) e no Centro de Ciências

do Mar (Portugal).

(11)

CAPÍTULO

1

CONCEITO E HISTÓRIA DA

AQUACULTURA

Na história da humanidade, o homem subsistiu como coletor dos recursos

naturais disponíveis até ao período neolítico. A pesca desenvolveu‑se como

parte dessa atividade de subsistência e foi objeto de importantes aperfeiçoa‑

mentos, sobretudo no que diz respeito aos métodos de captura. Em conse‑

quência, essa produção aumentou rapidamente, devido ao incremento do

esforço de esforço de pesca

1

, resultante de maiores e mais eficientes frotas

pesqueiras. Contudo, a gestão dos recursos explorados não foi, ao longo de

todo este processo, a mais adequada, devido, por um lado, a um deficien‑

te conhecimento da biologia das espécies exploradas e, por outro, a uma

ausência de estatísticas corretas relativas aos montantes capturados.

Ao longo dos tempos, a nossa sociedade tem desenvolvido uma dependên‑

cia do cultivo de animais e plantas. Inicialmente, nas sociedades nómadas,

os alimentos (animais ou plantas) eram procurados e recolhidos nas zonas

onde eram mais abundantes, mas posteriormente, e ao longo dos séculos,

o Homem tem adotado formas de cultivo e de pastorícia com o fim de con‑

trolar e estabilizar a produção em função das necessidades e do aumento da

procura, resultante do aumento demográfico. Por razões várias, esta estra‑

tégia tem tido uma resposta lenta no que se refere aos recursos aquáticos.

1

O esforço de pesca é uma estimativa da captura máxima sustentável de um recurso pesqueiro. Pode ser

obtido através da quantificação do equipamento de pesca utilizado numa área, durante uma determinada

unidade de tempo (por exemplo, horas de arrasto por dia, número de anzóis utilizados em determinada

área por semana ou número de lanços de uma rede de cerco por mês).

© L id el – E di çõ es T éc ni ca s, L da .

(12)

2

INTRODUÇÃO À AQUACULTURA

Assim, verifica‑se que, no que diz respeito à agricultura e à pecuária, o

aumento da produção baseou‑se em melhorias dos métodos de produção

e na adoção de novas tecnologias. No entanto, relativamente aos recursos

aquáticos, o incremento da produção baseou‑se apenas no aumento da efi‑

ciência das capturas e na exploração de novos recursos. Por outro lado, o

facto de os oceanos terem sido considerados de livre acesso, independente‑

mente da capacidade dos seus recursos, contribuiu para os efeitos negativos

na regeneração desses mesmos recursos.

Ao não terem sido equacionadas as alterações ambientais, como consequência

da industrialização e das alterações climáticas, e o aumento da exploração de

novos recursos, com o objetivo de manter os níveis da pesca face ao aumento

da procura por parte da população mundial sempre crescente, muitas espécies

foram afetadas quanto à sua sobrevivência como recurso e outras acabaram

mesmo por ser extintas devido à sobrepesca. No entanto, há atualmente a

consciência de que a produção oriunda da pesca atingiu o seu máximo explo‑

rável, não se prevendo, por isso, um aumento nos próximos anos.

Na verdade, desde 1985 a produção mundial da pesca tem‑se estabiliza‑

do entre 80‑85 milhões de toneladas. No entanto, algumas espécies ditas

“nobres”, isto é, de elevado valor comercial, como algumas espécies de crus‑

táceos (por exemplo, lagostas e camarões) e peixes (por exemplo, salmão,

robalo ou dourada), que atingiram o seu máximo de captura, continuam a

ser muito pretendidas a nível dos mercados, por isso tem‑se assistido a um

esforço importante no desenvolvimento tecnológico aplicado ao seu cultivo.

Os resultados desse investimento têm‑se refletido num aumento gradual da

produção em aquacultura, tendo atingido 49% do total do pescado consu‑

mido a nível mundial em 2016 (Figura 1.1).

É preciso ter a noção de que a flora e a fauna aquáticas não são um reservató‑

rio inesgotável posto à disposição da humanidade, e que a sobre‑exploração

dos recursos aquáticos, que se desenvolveu a partir de 1960, subestimou o

(13)

CONCEITO E HISTÓRIA DA AQUACULTURA

3

© L id el – E di çõ es T éc ni ca s

facto de esses recursos estarem já afetados pela poluição de origem indus‑

trial e urbana, contribuindo, assim, para a situação atual, em que se promove

mais a gestão de recursos do que a sua exploração. Assim, as pescas lacustres

e fluviais só podem manter‑se através de uma proteção restrita ligada a cus‑

tosos repovoamentos, e no caso da pesca marítima, foi necessário o estabe‑

lecimento de quotas, a fim de limitar as capturas de numerosas espécies nos

setores mais explorados.

180

160

140

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Milhões de toneladas

Anos

Produção - aquacultura Captura - pesca

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Produção - aquacultura Captura - pesca

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ilhões de t

oneladas

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1990

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2000

2005

2010

2016

Anos

Figura 1.1

Estatísticas mundiais de captura e produção de pescado, FAO

2

, 2016.

Nos anos mais recentes, tem‑se assistido a um desvio das dietas alimenta‑

res a nível mundial, no sentido de um aumento do consumo de produtos

(14)

AQUACULTURA, AMBIENTE E SOCIEDADE

21

© L id el – E di çõ es T éc ni ca s

doenças provocadas por vírus, e para as quais não existem vacinas, é neces‑

sário recorrer à utilização de fármacos, que têm impactes ambientais, os

quais são fonte de alguma preocupação, face às consequências negativas

que possam ter no meio ambiente.

Introdução de espécies exóticas

Utilização de fármacos: antibióticos, anestésicos ou pigmentos

Utilização de substâncias antivegetativas para

controlo de algas nas jaulas Utilização de peixes selvagens para farinhas e óleos para incorporar em rações

Fuga de espécies não nativas Cultivo de organismos geneticamente modificados Incubação de patógenos Introdução de novos agentes patogénicos

Acumulação de restos de ração e produtos de excreção

Figura 2.1

Possíveis impactes ambientais da aquacultura.

A aquacultura foi considerada uma prática equilibrada com o ambiente,

quando a sua produção se baseava nos tradicionais sistemas de policultivo

3

e de aquacultura integrada com outras formas de produção (por exemplo,

peixe e sal, peixe e arroz, peixe e aves, entre outros).

(15)

36

INTRODUÇÃO À AQUACULTURA

2.7.

RESUMO

Incidência do

impacte

Tipos de impacte

Medidas mitigadoras

No ambiente

Alteração da qualidade da água por

aumento do N e P dos efluentes

Tratamento dos efluentes

Sobrecarga orgânica nos sedimentos

Utilização de sistemas de

reciclagem

Disseminação de doenças

Medidas de biossegurança

Diminuição da biodiversidade

Medidas de biossegurança

Alteração da paisagem

Aparecimento de blooms de algas tóxicas

Tratamento de efluentes

Mortalidades acessórias de juvenis e larvas

Pesca mais seletiva

Nos recursos

naturais

Sobre‑exploração de stocks

Melhorias da gestão dos stocks

e redução das pescas

Eventual contaminação genética

Controlo genético

Nas espécies

endémicas

Dominância das espécies introduzidas

sobre as endémicas

Restrição das introduções

Biorresistência a doenças

Limitação do uso de antibióticos

Competição

com outras

atividades

Uso da água

Reciclagem

Uso do espaço

Referências

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