Senhor Texugo
e Dona Raposa
– A confusão
escrito por&
Brigitte
Luciani
ilustrado porEve
Tharlet
elaboração:
Buscando o oferecimento de subsídios práticos para o trabalho docente com os livros de literatura para crianças e jovens, neste ano, a Editora Melhoramentos lança os Projetos de Leitura.
Por que Projeto de Leitura? Porque a atividade de lei-tura compreende sempre um projeto, de conhecimento do mundo e de si, de aperfeiçoamento da linguagem verbal, de conhecer outras realidades, de experimentar sensações e sentimentos diversos.
Os Projetos de Leitura são instrumentos de auxílio ao professor nas atividades de leitura. Evidente que não pre-tendem esgotar as possibilidades de trabalho com a leitura dos livros nem tampouco padronizar o exercício do ato de ler, mas podem ser extremamente úteis aos professores e profissionais da educação para nortear as atividades de leitura.
Eles são concebidos de maneira a abordar a leitura nos seus vários processos, enfatizando as relações do livro com a vida cotidiana do aluno e as relações de intertex-tualidade oferecidas pelo texto, isto é, as relações de forma e sentido que a obra apresenta em relação a outros textos veiculados na e pela sociedade (livros, filmes, textos, entre outros), mas sem as tentativas de reducionismo das obras que algumas fichas de leitura do passado eram capazes de fazer.
Para a equipe de divulgação escolar, os Projetos de Lei-tura podem ser mais um importante instrumental para um conhecimento detalhado das obras, além de oferecer atividades a serem sugeridas aos educadores.
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Os Projetos de Leitura contêm as seguintes etapas:
a) Palavras iniciais
Nesta parte do projeto, o professor será informado sobre a adequação da obra ao tipo de leitor1 e a série mais
apropriada para sua leitura, sobre as possibilidades de utilização do projeto como um guia para o desenvol-vimento de atividades em consonância com o projeto político-pedagógico da escola, bem como sobre possíveis caminhos complementares a este guia, a fim de que este projeto não se torne um elemento de redução da leitura literária e da construção de leitores.
b) Sobre a obra
Aqui, são inseridas informações gerais sobre cada obra específica:
• o gênero textual predominante na obra e suas peculiaridades quanto à estrutura;
• breve resumo da obra (podem ser inseridas as observações da quarta capa do livro);
• dados sobre o autor, se necessário;
• informações sobre a inserção do livro numa coleção (se for o caso).
Além desses itens, são oferecidas informações sobre a adequação da obra aos Parâmetros Curriculares Nacio-nais, relações com temas transversais e outras leis
educa-1. A indicação da adequação do livro ao tipo de leitor deve ser analisada pelos educadores, a fim de que sejam verificadas as competências das crianças lei-toras em cada realidade escolar.
cionais, com o objetivo de tornar a escolha da obra pelo professor mais fundamentada e segura.
c) A leitura e suas etapas
Neste ponto do projeto, são enumeradas algumas ativi-dades de preparação para a leitura, geralmente elaboradas e executadas pelo professor de língua portuguesa, com a finalidade de exploração da temática da obra. Podem ser debates sobre o tema do livro, projeção de filmes2 e
até leituras e pesquisas em outros suportes textuais com o objetivo de despertar o interesse do aluno para o livro em questão.
Em todos os projetos, procuram-se atividades de pre-paração para a leitura que contemplem situações mais descontraídas, de modo a mostrar para o aluno a leitura como atividade prazerosa e de fundamental importância nas relações humanas.
Nesta parte, são propostas atividades que também pro-piciam maior relação do aluno com o contexto de produ-ção da obra, de seu microuniverso textual, bem como as relações com a sua vida cotidiana.
d) Sugestões de atividades
As atividades oferecidas nesta etapa do projeto referem--se às propostas de atividades de leitura e têm início na preparação para a leitura, tanto do texto verbal como do texto visual, atividades que contribuem para a constru-ção da obra, além de outros elementos internos do texto e
2. Quando são sugeridos os filmes, é importante que o professor tenha em mente a possibilidade de trabalho com curtas-metragens e peças publicitárias; desse modo, o aluno adquire maior competência de leitura.
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do universo de sua produção merecedores da atenção por parte do professor, como:
• a divisão da obra em capítulos; • a inserção de outros gêneros na obra; • as ilustrações;
• os elementos estruturantes da narrativa; • o(s) papel(is) do narrador;
• a linguagem utilizada.
Verificam-se aqui atividades que partem da leitura como importante prática de interação pela linguagem e a ela retornam, sempre com o objetivo de ampliar a com-petência textual do aluno e possibilitar a integração com as múltiplas linguagens e códigos da sociedade contem-porânea.
e) Trabalhos interdisciplinares3
Esta parte do projeto tem a finalidade de propor apenas um breve inventário de possíveis trabalhos da temática do livro em diferentes disciplinas, para o desenvolvimento de atividades que possibilitem um projeto de ensino que atenda à formação global do aluno, não a simples inter-seção de conteúdos.
Assim, propõe-se, nesta etapa, a inclusão de traba-lhos das diversas disciplinas estruturantes do currículo no sentido de contribuir para que o professor de língua portuguesa consiga levar o aluno à contextualização da obra de maneira mais ampla, concreta e relevante para 3. Note que a interdisciplinaridade tem início na formulação dos objetivos
edu-cacionais, isto é, só pode ser interdisciplinar um projeto de ensino que tenha como objetivo a formação integral do indivíduo.
a formação integral do aluno como sujeito agente na sociedade.
Interessante perceber que as atividades que envolvem a interdisciplinaridade não precisam acontecer simul-taneamente. Determinadas disciplinas podem oferecer subsídios para uma leitura posterior da obra e vice-versa, proporcionando conteúdo para discussões em outras dis-ciplinas.
f) Proposta de avaliação
A avaliação do processo de leitura de uma obra não deve se pautar apenas em provas ou trabalhos escritos; o próprio ato de ler deve ser valorizado e se tornar crité-rio e propiciar instrumentos de avaliação. Desse modo, cada obra ou gênero pode comportar a recomendação de diferentes instrumentos e critérios de avaliação pelo professor, favorecendo a mudança gradual da cultura de avaliação do texto literário.
elaboração: José Nicolau Gregorin Filho. Licenciou-se em Letras pela
Unimauá, de Ribeirão Preto, onde exerceu diversos cargos até chegar a vice-reitor. Especializou-se em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp de Araraquara, onde se tornou Mestre e Doutor em Letras. Pos-sui vários artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior sobre suas pesquisas em Literatura Infantil e Juvenil. Parecerista ad hoc do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Atualmente, é docente da área de Literatura Infantil e Juvenil, docente e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo.
projetodeleitura
Senhor Texugo e Dona Raposa – A confusão
brigittelucianieevetharlet
23 x 29,5 cm, brochura, 32 páginas
PALAVRAS INICIAIS � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
O livro Senhor Texugo e Dona Raposa – A confusão, de Brigitte Luciani e Eve Tharlet, é uma boa indicação para o leitor iniciante, a partir dos seis anos.
Neste Projeto de Leitura, o professor encontrará suges-tões de atividades que buscam explorar esta obra de maneira abrangente. Evidente que ele não pretende esgo-tar todas as possibilidades de trabalho em sala de aula nem todas as perspectivas de leitura do livro, visto que o leitor, em virtude de sua experiência de vida e relações com outros textos, pode investir a obra de novos e incon-táveis significados e interpretações.
Há necessidade de o professor refletir sobre a ade-quação desta obra ao projeto político-pedagógico de sua escola e, desse modo, ampliar as possibilidades de utiliza-ção deste Projeto de Leitura, adequando-o às especifici-dades de cada grupo de alunos, a fim de que este projeto não se torne um elemento de redução da leitura da obra literária, mas consiga promover a construção de leitores mais plurais.
SOBRE A OBRA � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
Senhor Texugo e Dona Raposa – A confusão é o
segundo volume da série (o primeiro é Senhor Texugo – O encontro) e é um livro construído na forma de qua-drinhos, inserções de texto verbal adequadas a esse tipo de leitor e rico texto visual, capaz de atrair a atenção até de pré-leitores em seus primeiros contatos com o objeto livro. A obra conta as aventuras de Ruivinha, a filha de uma raposa que mora há um ano com um texugo e seus filhos. O livro mostra como o convívio de pessoas tão diferentes pode ser enriquecedor.
Os quadrinhos, gênero bastante conhecido pelas crian-ças, são capazes de aproximar os pequenos desse universo tão rico que é o da leitura literária.
Durante o ano letivo, a inserção deste livro é impor-tante para que as crianças comecem a refletir sobre temas como pluralidade cultural, pois fala das relações com as diferenças e das construções de alteridade que todos temos de elaborar na vida familiar e social.
A LEITURA E SUAS ETAPAS � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
As atividades aqui enumeradas fazem parte da prepara-ção para a leitura, com o objetivo de despertar o interesse do aluno na história Senhor Texugo e Dona Raposa – A
confusão.
Interessantes atividades de sensibilização para a leitura da obra podem ser:
• numa roda descontraída de conversa, o professor convida os alunos para ouvir diferentes relatos da vida familiar de seus amigos e como convivem com seus pais e irmãos;
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• as famílias são todas iguais? O educador pode discutir que as pessoas podem viver com famílias diferentes, pais sepa-rados, entre outras configurações atuais de relações fami-liares, demonstrando a variedade da organização desse núcleo social. Essas são questões que podem contribuir para despertar a curiosidade dos alunos para a leitura do livro. Os alunos perceberão que a literatura trata de pro-blemas da nossa vida cotidiana, dos nossos sentimentos e desejos.
Livros que nascem de situações comuns de nossa vida diária, que tratam dos nossos sentimentos, devem ser pre-cedidos de algumas atividades de diálogo na preparação para a leitura, assim as crianças começam a perceber a riqueza da literatura para a vida diária e para a resolução de alguns problemas existenciais.
SUGESTÃO DE ATIVIDADES � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
O processo de leitura da obra deve ser composto de ati-vidades que contemplem o seu universo textual. Assim, deve conduzir à exploração desse universo, partir dele e a ele retornar.
a) Vamos descobrir como são organizadas as famílias dos colegas de classe? O professor deve coordenar essa roda de conversas, para que as crianças descubram as diferen-ças entre as composições de famílias e, ao mesmo tempo, dar liberdade para aqueles que não quiserem expor o seu ambiente familiar. Essa atividade é importante para que se desperte a curiosidade de conhecer a história de Se-nhor Texugo e Dona Raposa.
b) O professor deve instigar questionamentos sobre as di-ferenças na organização social e por que elas acontecem. Todas as mães trabalham fora? Eles ajudam em peque-nas atividades domésticas? Quais os papéis dos membros da família? Esses questionamentos têm como objetivo a preparação dos alunos para o entendimento do texto. c) Quando os alunos tomarem contato com o livro, além da
investigação do tipo de narrador, da linguagem utilizada e da forma do texto (quadrinhos), o professor deve pro-mover a curiosidade sobre o seu projeto gráfico. A leitura das ilustrações também faz parte da construção do senti-do senti-do texto! O professor deve promover essas leituras senti-do texto não verbal.
d) Após a leitura, a classe pode discutir as experiências des-sa atividade e relacioná-las com as suas próprias. Com questionamentos desse tipo, a criança consegue começar a perceber a riqueza da expressão em linguagem verbal, muito importante para a literatura e a apreciação da obra literária.
TRABALHOS INTERDISCIPLINARES � � � � � � � � � � � � � � � �
Além das atividades sugeridas para a área de língua por-tuguesa, o livro Senhor Texugo e Dona Raposa – A
confu-são pode proporcionar o início de uma discusconfu-são bastante
interessante sobre pluralidade cultural, pois trata da diver-sidade de situações e relações humanas, de sua maneira de ser e de diferenças, além de outros temas.
Dessa maneira, é possível a integração das seguintes áreas:
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Filosofia:
• atentar para o significado de algumas palavras usadas no dia a dia e sua importância conceitual, como família, lar, casa, moradia, entre outras, para que o aluno possa iniciar as suas reflexões sobre as relações humanas e a ética que deve envolver essas relações.
Ciências:
• promover a curiosidade sobre a vida dos animais, seu habi-tat, sua capacidade de interação com os seres humanos, entre outras atividades.
História:
• refletir sobre diferentes organizações sociais e familiares num mundo tão diversificado como o nosso. Por exemplo, o cuidado com as crianças e os papéis de pai e mãe, que variam de uma cultura para outra.
Artes:
• contribuir para a confecção de máscaras ou bonecos tendo como tema os animais da história.
As máscaras e os bonecos são importantes para a conti-nuidade em jogos de dramatização, pois as crianças po-dem fazer uma sinfonia com os sons dos animais.
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
A avaliação do processo de leitura de uma obra não deve se pautar apenas em provas ou trabalhos escritos. O próprio ato de ler deve ser valorizado, tornando-se crité-rio para a elaboração de instrumentos de avaliação.
Desse modo, a obra pode comportar uma avaliação contínua e formativa, considerando os resultados das atividades das diversas disciplinas envolvidas no Projeto de Leitura, com o objetivo de levar o aluno, desde o iní-cio, a perceber a gama de relações interdisciplinares que envolvem a leitura literária.
Assim, são sugeridas avaliações de todas as atividades propostas nas diferentes fases de leitura do texto, valo-rizando as impressões de leitura e a contextualização da obra.
Para esta obra, podem ser bons instrumentos de avalia-ção: as discussões sobre o livro, a montagem das máscaras e possíveis narrativas para a dramatização, entre outros.