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EXPLORANDO PRÁTICAS E PROCESSOS TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA EXPERIÊNCIA FORMATIVA

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA EXPERIÊNCIA FORMATIVA

HETKOWSKI, Tânia Maria1 - UNEB

PEREIRA, Tânia Regina Dias Silva2 - UNEB

SANTOS, Fabiana Nascimento dos3 - UNEB

BRANDÃO, Inaiá 4 - UNEB

DIAS, Josemeire Machado 5 - UNEB

Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

A proposta deste artigo é demonstrar as experiências construídas no Curso de Aperfeiçoamento denominado O espaço da cidade do Salvador: explorando práticas e

processos tecnológicos na Educação Cartográfica, desenvolvido junto aos professores do

Ensino Fundamental e Ensino Médio dos Colégios da Policia Militar da Bahia – CPM/ BA. Este curso está foi promovido através do Grupo de Pesquisa em Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade - GEOTEC, vinculado ao Departamento de Educação - Campus I da

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Doutora em Educação, Professora Adjunto da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Coordenadora do Grupo de Pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Doutoranda em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB. E-mail: hetk@uol.com.br Professora Titular da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Doutoranda em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB. E-mail: ttanreg@gmail.com

2 Professora Titular da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa

Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Doutoranda em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB. E-mail: ttanreg@gmail.com Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Mestranda em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB.

3 Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Mestranda em Educação

e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB. Professor da Rede Estadual de Ensino. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Mestrando em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB.

4 Professor da Rede Estadual de Ensino. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Geotecnologias, Educação e

Contemporaneidade. Mestrando em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB. Professora Assistente da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Doutoranda em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB.

5 Professora Assistente da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa

Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade. Doutoranda em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC/UNEB.

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Universidade do Estado da Bahia– UNEB, constituindo-se como uma ação oriunda da equipe Pedagógica do Projeto Kimera: cidades imaginárias, em parceria com o Laboratório de Estudos de Linguagem, Interação e Cognição - LELIC da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFGRS. O projeto mencionado tem como objetivo construir um jogo-simulador de cidades para a Rede Pública de Ensino de Salvador/BA, bem como criar possibilidades para relacionar e representar os espaços vivido, percebido e imaginado, potencializando a criação de cidades híbridas, de elementos reais, imaginários, fantasiosos, pretendidos e desejados a partir dos recursos disponibilizados no ambiente. Deste modo o referido curso tem o objetivo de evidenciar a importância da discussão sobre o Espaço e a Educação Cartográfica, principalmente no contexto escolar e no redimensionamento de suas práticas pedagógicas, tendo como ponto basilar o espaço vivido e percebido pelos sujeitos. O curso foi desenvolvido de forma semipresencial, através do Ambiente Virtual Aprendizagem (Sistema Moodle) e encontros presenciais, com base em uma metodologia colaborativa, devido às especificidades dessa proposta. Sendo assim, esperamos construir espaços diferenciados de aprendizagem, pautados em uma lógica hipertextual potencializada pelas TIC, ressaltando os processos baseados na interação entre os sujeitos envolvidos na construção do conhecimento.

Palavras-chave: AVA. Espaço. Jogo-Simulador. Introdução

O uso da Internet e das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tem aberto novas experiências no campo educacional, proporcionando metodologias, ampliando possibilidades pedagógicas e potencializando as ferramentas de criação coletiva e de interação que podem ser utilizadas no processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, a partir da demanda dos professores do Ensino Fundamental e Médio dos Colégios da Policia Militar da Bahia – CPM/ BA, foi proposto à criação do Curso de Aperfeiçoamento denominado O

espaço da cidade do Salvador: explorando práticas e processos tecnológicos na Educação Cartográfica. Este curso está sendo promovido através do Grupo de Pesquisa em

Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade - GEOTEC, vinculado ao Departamento de Educação – Campus I da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.

O curso supracitado é uma ação oriunda da equipe Pedagógica do Projeto Kimera:

cidades imaginárias, desenvolvido pelo GEOTEC/UNEB em parceria com o Laboratório de

Estudos de Linguagem, Interação e Cognição - LELIC da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFGRS. O referido projeto tem como objetivo construir um jogo-simulador de cidades para a Rede Pública de Ensino de Salvador/BA, bem como criar possibilidades para relacionar e representar os espaços vivido, percebido e imaginado, potencializando a

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criação de cidades híbridas, de elementos reais, imaginários, fantasiosos, pretendidos e desejados a partir dos recursos disponibilizados no ambiente.

Nesta perspectiva, ressaltamos a importância da Educação Cartográfica para a compreensão do espaço, principalmente no contexto escolar e no redimensionamento de suas práticas pedagógicas, tendo como ponto basilar o espaço vivido e percebido pelos sujeitos. Tal concepção nos leva a discutir a relevância da cidade como uma “dimensão” do espaço essencial para a compreensão da dinâmica da sociedade e as transformações por ela engendradas. A cidade representa assim, o lócus da vida urbana, onde são estabelecidas as relações de pertencimento e de identidade, peculiares à dinamicidade do lugar (o espaço vivido), ao mesmo tempo em que é transformada pelas inserções oriundas de um contexto global.

Com a pretensão de explorar as dinâmicas que perpassam o entendimento sobre os espaços e as possibilidades das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC utilizamos nesse processo, diversos autores para construção das bases teóricas que norteiam este trabalho, dos quais destacamos: Santos (2000, 2004, 2006, 2008, 2012), Cardoso (2006), Certeau (2008), Lefebvre (1974, 1980, 1991, 1995, 2008), Hetkowski (2010, 2012). A metodologia é colaborativa, devido às especificidades dessa proposta, já que temos o intuito de construir espaços diferenciados de aprendizagem, pautados em uma lógica hipertextual potencializada pelas TIC, ressaltando os processos baseados na interação entre os sujeitos (professores, estudantes e pesquisadores) na construção do conhecimento.

Espaço: Memória e Dinâmica

A palavra espaço possui uma imensa variedade de significados e está presente constantemente nas diversas situações por nós vividas. Comumente falamos de conceitos como espaço sideral, espaço físico, espaço aéreo, espaço aquático, sendo um conceito de difícil alinhamento. Diante desta dificuldade, não queremos neste trabalho desconstruir os sentidos e significados existentes ao redor da palavra espaço, mas ressaltar a discussão acerca de um deles, o Espaço Geográfico.

Ao falarmos do espaço, podemos pensar no espaço da cidade, urbano, rural e da dinâmica que os envolvem, mas é necessário entender que estes são recortes de uma mosaico (inter)articulado entre realidades que compõe o Espaço Geográfico. O espaço da sociedade, estância em que o ser humano e sua estrutura social, econômica e política habitam,

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interagindo com o meio, transformando-o e sendo transformado, numa relação onde a recíproca é mais que verdadeira. Neste sentido, cabe aqui parafrasear Milton Santos (2004) quando o mesmo afirma que:

O espaço deve ser considerado com um conjunto indissociável de que participam, de um lado, certo arranjo de objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que os preenche e os anima, ou seja, a sociedade em movimento. O conteúdo (da sociedade) não é independente, da forma (os objetos geográficos), e cada forma encerra uma fração do conteúdo. O espaço, por conseguinte, é isto: um conjunto de formas contendo cada qual frações da sociedade em movimento (p.26).

Este conjunto indissociável entre objetos e a sociedade, compõe a dinâmica do espaço, como afirma o autor, deixando registrado um conjunto de formas, através da materialização do conteúdo (a sociedade) e da dinamicidade da interação dos objetos em determinado contexto geo-histórico. Assim, podemos dizer que o espaço e particularmente as cidades, contam histórias, impregnadas por marcas produzidas pela sociedade em diferentes contextos e que formam um mosaico de objetos geográficos, frações do conteúdo em movimento.

Diante disso, podemos entender o espaço a partir de conceitos-chave, apresentadas por Santos (2012) como: forma, processo, estrutura e função. Para o autor “forma” refere-se ao o aspecto visível de uma coisa, sendo tomada isoladamente, tem-se uma mera descrição dos fenômenos ou um de seus aspectos num dado instante do tempo; A função corresponde à atividade elementar de que a forma se reveste, cada forma possui uma função; Estrutura consiste na inter-relação das partes de um todo, implicando no modo de organização ou de construção; Processo pode ser definido como uma ação contínua desenvolvida em direção a um resultado, abarcando conceitos de tempo e mudança.

Dentre estes conceitos trabalhados pelo autor, gostaríamos de destacar a forma e a

função, à medida que as entendemos como categorias que expressam visivelmente a dinâmica

social e seus reflexos no espaço. As formas, além de evidenciarem as características das relações humanas num dado momento, estão presentes no cotidiano dos sujeitos, associadas à subjetividade destes, estabelecendo com os mesmos, signos, significados, sentimentos, um conjunto de construções simbólicas que consolidam a concepção de pertencimento com os fragmentos destes espaços vividos e percebidos. E nesta dinâmica, a efemeridade das funções acompanha a velocidade das transformações sociais e dos sentidos atribuídos na relação entre sujeito e espaço.

Os espaços de representações, marcados pelas relações diretas e pelo cotidiano, também são influenciados pelas práticas espaciais e pelas informações, isso é o mundo

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percebido. O local de vivência, a experiência de vida, as relações constituídas, as percepções e concepções espaciais influenciarão diretamente na construção de uma identificação com o lugar, que podem ser positivas e/ou negativas, mas que marcam as experiências que permeiam o vivido, o percebido e o concebido (LEFEBVRE, 2008), redimensionando a sua visão do/sobre o lugar.

As possibilidades de compreensão do Espaço através da Educação Cartográfica

O desafio de consolidar o espaço como objeto de estudo no contexto escolar a partir de uma concepção mais abrangente, entendendo a necessidade de explorá-lo não somente no âmbito da Geografia, mas como proposição para o redimensionamento das práticas pedagógicas, requer a superação de muitos crivos. Vale ressaltar, primeiramente, que não se pretende neste trabalho romper com a construção teórica no âmbito da Geografia, mas sim de propor a Educação Cartográfica como um potencial para a compreensão do espaço no âmbito escolar, de forma transdisciplinar.

Destarte, salientamos a escolha pela definição conceitual Educação Cartográfica, como resultado de discussões, estudos e questionamentos sobre o entendimento do espaço no contexto escolar a partir de um viés que vai além dos processos cognitivos. O desvendar do espaço não segue uma lógica restrita e definida pelas formatações das instituições, mas sim de maneira, muitas vezes, ilógica, constituída das ações sociais, subjetivas, tácitas, imaginárias, criativas e desafiadoras, na qual a criança e o próprio adulto imergem diariamente. Nesse sentido, corroboramos com Callai (2005, p. 233) quando a mesma afirma que:

O espaço não é neutro, e a noção de espaço que a criança desenvolve não é um processo natural e aleatório. A noção de espaço é construída socialmente e a criança vai ampliando e complexificando o seu espaço vivido concretamente. A capacidade de percepção e a possibilidade de sua representação é um desafio que motiva a criança a desencadear a procura, a aprender a ser curiosa, para entender o que acontece ao seu redor, e não ser simplesmente espectadora da vida. "O exercício da curiosidade convoca a imaginação, a intuição, as emoções, a capacidade de conjecturar, de comparar na busca da perfilização do objeto ou do achado de sua razão de ser" (Freire, 2001, p. 98).

Nessa perspectiva, a Educação Cartográfica é aqui tratada como processo, itinerário, percurso, no qual os sujeitos são seus andarilhos6. Andarilhos estes de um espaço que é

6 Michel de Certeau (2008) descreve os andarilhos como aqueles que apreendem a cidade como parte integrada e

integrante. É uma proximidade de quem olha do chão e não de cima, de quem possibilita a emersão das particularidades a partir da mobilidade, movimento.

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praticado cotidianamente e por isso é o “cenário” ambulante de todas as experiências. Nesse cenário que não é apenas palco, mas a própria cena, dos objetos materiais e imateriais, as forças naturais e “sobrenaturais” se fundem.

A Educação Cartográfica é um processo que se refere, principalmente, à interpretação dos fenômenos espaciais à dinâmica do espaço, ou seja, não está somente direcionada ao uso de habilidades cartográficas (escala, orientação, projeção...), mas intrinsecamente relacionada à interpretação e leitura do mundo (CALLAI, 2005), onde o sujeito manipula, inventa, projeta, concebe e brinca com o espaço, operando práticas sociais de forma única e singular, entrelaçando bricolagens ‘poéticas’(CERTEAU, 2008) na sua forma de “viver” e de “ser” na dinâmica da sociedade. Por esse motivo, o sujeito começa essa interação desde o início da vida, a partir da relação entre si e seu corpo, seus pais, sua casa e vai se ampliando à medida que o mesmo vai “desvelando” antigos e novos espaços.

As práticas do espaço por meio da Educação Cartográfica perpassam a vida das pessoas, não ocorrendo somente na sala de aula – apesar desse ser um espaço extremamente propício para elaboração, sistematização e incorporação de conceitos – mas no pátio durante o recreio, nas relações formais e não formais, no conhecimento de si e dos outros, no andar pelas ruas, no orientar-se no seu bairro ou cidade, na percepção sobre as mazelas e problemas ambientais, sociais, políticos entre outros que permeiam a dinâmica do espaço e a necessidade de modificá-lo.

Processos Formativos e Tecnológicos através do uso do AVA

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) ocasionaram grandes impactos sobre a Educação, possibilitando um repensar sobre os variados saberes, a disseminação do conhecimento, bem como o processo de ensino e aprendizagem. Essas tecnologias possibilitam que a informação gerada em qualquer lugar esteja disponível rapidamente e de forma on-line, em uma velocidade jamais vista, fatos que demonstram as transformações das relações entre os sujeitos, assim como destes com o tempo e o espaço.

Ademais, as TIC representam um potencial à criatividade humana e consequentemente aos processos formativos no contexto escolar e não-escolar. Desta forma, cabe salientar a tecnologia como um processo criativo e transformativo, inerente ao ser humano através do qual este:

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[...] utiliza-se de recursos materiais e imateriais, ou os cria a partir do que está disponível na natureza e no seu contexto vivencial, a fim de encontrar respostas para os problemas no de seu contexto, superando-os. Neste processo o ser humano transforma a realidade da qual participa e, ao mesmo tempo, transforma a si mesmo, descobre formas de atuação e produz conhecimento sobre elas, inventam meios e produz conhecimento sobre tal processo, no qual está implicado. (LIMA JR, 2005, p.15).

A partir dessa concepção acerca das tecnologias como processo humano, é que o Grupo de Pesquisa em Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade – GEOTEC da Universidade do Estado da Bahia - UNEB vem, desde 2007, desenvolvendo discussões, reflexões e ações sobre as potencialidades das Geotecnologias na Rede de Ensino Público de Salvador (BA), buscando a compreensão e vivificação das instâncias social, técnica, política, econômica e simbólica no que diz respeito à dinâmica dos espaços. Para isto, utilizamos como conceito basilar a designação de espaço social apresentada por Lefebvre (2008), em que o mesmo compreende a produção do espaço a partir da tríade: espaço concebido, espaço percebido e espaço vivido.

Nessa perspectiva e a partir da demanda oriunda dos professores do Ensino Fundamental do Colégio da Policia Militar da Bahia – CPM, foi proposto a criação do Curso de Aperfeiçoamento O espaço da cidade do Salvador: explorando práticas e processos

tecnológicos na Educação Cartográfica. Esse curso vem sendo desenvolvido de forma

semipresencial, onde as aulas presenciais são ministradas na UNEB e no CPM, e, as aulas à distância são realizadas no Ambiente Virtual da Aprendizagem (AVA) através da plataforma

Moodle. Optou-se pela utilização desse ambiente por ser uma plataforma gratuita e utilizada

pela UNEB, principalmente em virtude do mesmo ser um sistema aberto, baseado na construção de ferramentas de comunicação e colaboração entre os estudantes, os tutores e os professores.

A concepção dos ambientes mais modernos é de que eles devem ser ferramentas de autoria do professor, com edição de textos, atividades e formatos mais intuitivos, sem a necessidade de que um professor tenha conhecimentos de programação para a sua construção e administração. Além disso, que disponibilizem um bom leque de ferramentas que promovam colaboração e interação nas turmas (SALVADOR; ROLANDO e ROLANDO, 2012, p. 41).

O Moodle ainda potencializa esse processo através da utilização de fóruns, chats, vídeos, imagens, simuladores, animações interativas e outros recursos virtuais. Esses ambientes, mesmo com algumas limitações operacionais relacionadas ao seu sistema, vêm

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ampliando as possibilidades pedagógicas, proporcionando mais ferramentas de interação e de criação coletiva para serem utilizadas no processo de ensino e aprendizagem.

O Espaço nos Espaços Virtuais: Uma Experiência Formativa

A pesquisa aqui desenvolvida tem como principal característica a colaboração, que suscita o saber imbricado, compartilhado, com isso o mesmo não se torna racionado, mas multiplicado, potencializado e redimensionado, ganhando sentido à medida que também atribui sentido às novas práticas, estratégias e possibilidades formativas.

Uma dinâmica colaborativa possibilita explorar dois elementos fundantes: o primeiro funde-se na prática, em que a proposta visualiza situações transformadoras nos espaços e conteúdos de sala de aula e, o segundo consiste refletir e aprofundar conhecimentos e saberes acerca do objeto de estudo em discussão [...] (ANDRADE et al., 2012, p. 51).

Prática e Reflexão são elementos essenciais em qualquer pesquisa, em especial àquelas que se constituem como colaborativas, pois somam saberes e experiências, convergem diferentes áreas e articulam um pensar que é, antes de tudo, humano, buscando agregar conscientemente os conhecimentos.

Assim, pensar as possibilidades contidas no estudo do espaço a partir do trabalho colaborativo permite que o próprio sujeito reflita sobre a construção da sua prática, não como observador, mas como participante desse espaço, portanto, ator, autor e diretor dessa “cena”.

Iniciando a Conversa: O Curso

Com o objetivo de evidenciar a importância da discussão sobre o Espaço e a Educação Cartográfica com professores do Ensino Fundamental e Médio, foi criado o Curso de Aperfeiçoamento denominado O Espaço da Cidade do Salvador: explorando práticas e processos tecnológicos na Educação Cartográfica. A figura 1 apresenta a tela inicial do

curso.

O referido curso surgiu da demanda dos professores do CPM em relação ao aprofundamento dos conceitos elucidados no projeto Kimera (Espaço, Educação Cartográfica e Cidades) e realizado com os alunos da escola. Salientamos que apesar de 150 professores demandarem o curso, só foi possível atender um terço deste número, devido à infraestrutura disponibilizada e por ser uma turma piloto. Diante disso, o curso está em andamento com a

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participação de 52 professores do CPM de diferentes áreas (Língua Portuguesa, Geografia, Pedagogia, Matemática, História, Educação Física, Artes, entre outras).

A Estrutura do Curso

O curso tem uma carga-horária de 200 horas e é realizado na modalidade semipresencial, utilizando como Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) o Moodle – UNEB, além de aulas presenciais que acontecem nas dependências físicas dos Colégios da Polícia Militar da Bahia - CPM e na UNEB. O mesmo está estruturado em 3 (três) módulos, ministrados por pesquisadores do GEOTEC/UNEB e LELIC/ UFRGS.

a) Módulo I

O módulo I aborda os seguintes temas: (a) o espaço e as cidades e (b) História, memória e dinâmica do espaço, distribuídos em uma carga horária de 48 horas/aula, sendo 8h presenciais e 40h à distância, onde são discutidos os conteúdos teóricos e práticos sobre espaço geográfico, cidades e urbanidade. A figura 2 apresenta a interface do Módulo I:

Figura 1 - Tela inicial do Curso de Aperfeiçoamento Fonte: Organizado pelos autores

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O módulo inicial tem o objetivo de propiciar aos professores cursistas o entendimento das noções basilares acerca do espaço geográfico, a partir da dinâmica do espaço urbano, considerando as dimensões atinentes à história e a memória das cidades, proporcionando que todos os partícipes construam seus conceitos, repensem suas aplicações e os relacionem as práticas e saberes cotidianos.

Para conceituar e definir Lugar, no que pude compreender, basta se colocar, estar e fazer parte do Mundo, pois como vimos nos textos, o lugar é o espaço do qual fazemos parte e nele agimos, de maneira social, política e na maioria das vezes ideológica. (...) E assim nos apropriarmos dele para que sejamos aceitos e façamos parte dos tantos lugares existentes em nossa sociedade. E já que este lugar está presente na nossa memória, nas nossas lembranças, e em cada lugar por nós frequentados e modificados, segundo as nossas necessidades, posso retomar os espaços em que vivi na infância, e que pelo tempo e pelo crescimento da nossa cidade já se modificou, mas lembro que era uma lugar alegre, aberto e que não tinha tanto movimento de carros, como na atualidade, a Ribeira - local onde nasci - era e ainda é um bairro residencial bastante pacato, local aonde crianças andavam na rua, e iam a praia sozinhas, recordo que eu e meus irmãos caminhávamos até a praça, até a praia sem muita preocupação com carros, e hoje por necessidades econômicas, e pela evolução, da cidade do Salvador, de um modo geral, isto já não é mais possível. Além do que a própria geografia local mudou, as fachadas das casas mudaram e muitas outras coisas se transformaram com o passar do tempo. E já que estamos o tempo inteiro afirmando que o lugar é o espaço vivido e transformado pelos sujeitos socialmente ativos e inativos, podemos realmente pensar e observar a nossa cidade, Salvador, local este que está sendo modificado o tempo inteiro, e no intervalo de Figura 2 - Interface do Módulo I

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tempo curtíssimo, pensarmos para refletirmos como devemos nos preparar para essas mudanças no âmbito do social quanto do geográfico, como devemos nos portar diante dessas transformações? (Professora B – 26 de julho de 2012)

O depoimento acima demonstra a relação que é estabelecida entre os conceitos (no caso o lugar) e as situações cotidianas reveladas pelo professor (cursista), evidenciando o entendimento do mesmo e possibilitando que outras reflexões e debates sejam travados. A exploração desse módulo teve como principal característica o redimensionamento de conceitos e a discussão sobre a importância dos mesmos nas diversas disciplinas e áreas do conhecimento.

b) Módulo II

O módulo II aborda os seguintes temas: (a) Educação Cartográfica; (b) Geotecnologias: o mapeamento na atualidade e (c) Metodologias de Ensino: Educação Cartográfica e suas aplicações, distribuídos em uma carga horária de 72 horas/aula, sendo 12h presenciais e 60h à distância. A figura 3 apresenta a interface do Módulo II:

Este módulo tem como objetivo possibilitar que professores do Ensino Fundamental I se familiarizem com os conceitos atinentes a Educação Cartográfica e as Geotecnologias, além da aplicação dos mesmos através das metodologias de ensino. Nesse módulo são

Figura 3 - Interface do Módulo II Fonte: Organizado pelos autores

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trocadas, discutidas e aprofundadas diversas experiências pedagógicas, vivências escolares e ideias criativas relacionadas às possibilidades do trabalho com o espaço na escola.

Esse módulo gerou muitas discussões relevantes, primeiramente, por abordar conceitos, muitas vezes, não discutidos ou aprofundados por eles, como é o caso da Educação Cartográfica e das Geotecnologias, em seguida, por trabalhar esses conceitos de forma diferenciada, possibilitando repensá-los dentro de diversificados contextos.

A educação cartográfica é muito importante nas séries iniciais. Na medida em que a criança vai aprendendo a ler e a escrever, ela aprende a conviver em outro espaço, que não é apenas a sua casa, e a entender que este espaço que ela vive, é muito maior do que ela "pensa". Sendo assim, a educação cartográfica passa a ter um lugar especial para estas crianças. E o professor se torna uma "peça" importante neste aprendizado, porém, pensar um ensino com novas estratégias fugindo um pouco desta educação tradicional, se torna um fator importante para poder entender novas ferramentas para o ensino da geografia e cartografia.

Saber se localizar no mundo, no espaço, é saber se localizar na vida. Como podemos viver no mundo, sem esta noção geográfica e cartográfica? É como crescer e não conhecer sua história. E nesta história chamada vida só pode ser vivida dentro de um espaço geográfico, espaço familiar, espaço educacional, no qual estão inseridas as noções cartográficas (...). (Professor C – 20 de agosto de 2012).

Trabalhar a Educação Cartográfica, suas aplicações e potencialidades possibilitou redimensionar esse conceito como um processo que começa desde o início da vida, a partir da relação entre a criança e o seu corpo, seus pais, sua casa e vai se ampliando à medida que a mesma vai “desvendando” novos espaços.

c) Módulo III

O módulo III aborda os seguintes temas: (a) Jogos e Ludicidade; (b) Jogos e Educação e (c) Escola, Avaliação e Games, distribuídos em uma carga horária de 72 horas/aula, sendo 12h presenciais e 60h à distância.

O módulo III tem como objetivo contribuir para o entendimento da importância dos jogos no processo de ensino e aprendizagem, vivenciando as possibilidades de uso dos jogos digitais e seus fins educacionais e criando um olhar crítico em relação à qualidade dos mesmos a partir de estudos teóricos e práticos relacionados à temática. Para isso, trazemos a Cultura Lúdica como elemento essencial para essa discussão, visto que a mesma implica numa construção humana que é passada de geração em geração. Ademais, é debatido o conceito de ludicidade e jogo, mostrando que, apesar de complementares, os mesmos são diferentes. A figura 4 apresenta a interface do Módulo III:

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Portanto, nos módulos já descritos, são discutidos temas relativos ao curso, considerando, principalmente, a relação entre as questões teóricas e a prática advinda das experiências formativas dos professores cursistas. Os professores agregam as temáticas dos fóruns à área do conhecimento na qual os mesmos atuam, além de evidenciar situações do cotidiano que possibilitam entender a importância do aprofundamento do espaço e suas categorias de análise (lugar, paisagem e território) em sala de aula.

Para cumprir o objetivo do curso, as avaliações são realizadas de forma processual, com base na participação dos discentes durantes os encontros presenciais e no ambiente on-line, além da realização de trabalhos relacionados à prática dos mesmos em suas salas de aula. Apesar dessa estrutura, o curso de aperfeiçoamento não é realizado de forma linear, pois os alunos e professores podem interagir, sugerir e debater sobre as temáticas e proposições dos módulos em qualquer momento, tornando o processo mais dinâmico e criativo.

Nesse sentido, essa experiência formativa tem demonstrado ao decorrer do seu desenvolvimento (durante o ano de 2012), a importância de um ambiente de discussão e permuta de experiências, saberes e ideias entre a academia e a escola pública, tendo o espaço como tema que permeia os debates em todos os fóruns e temáticas.

Figura 4 - Interface do Módulo III Fonte: Organizado pelos autores

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Considerações Finais

Consideramos que a experiência dessa turma piloto, em andamento, tem possibilitado aos professores do Ensino Fundamental I, do CPM, a familiarização com conceitos atinentes ao espaço e a Educação Cartográfica, explorando-os nos diversos “lugares” de aprendizagem, o que vem sendo demonstrado através das atividades desenvolvidas durante o curso.

O curso contou com atividades relacionadas à Educação Cartográfica, em sala de aula, explorando a dinâmica das instâncias da vida social. Outro ponto importante foi à utilização de instrumentos geotecnológicos como potencializadores ao entendimento do espaço, tais como: ferramentas de visualização, games, softwares, entre outros, o que possibilitou a criação de um espaço de diálogo entre a escola e a academia, proporcionando que ambas as partes explanem suas concepções, experiências e ideias acerca desses conceitos trabalhados.

A opção pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, foi feita para maximizar os espaços da aprendizagem, onde são realizadas ações pedagógicas numa lógica colaborativa, de interação e de ampliação, onde os sujeitos poderão ter contato de forma presencial ou virtual, dando uma dinâmica às relações de ensino e aprendizagem.

A proposta do curso além de viabilizar a formação e capacitação dos professores para o desenvolvimento pessoal e profissional, realizados através dos encontros temáticos, também teve o objetivo de fornecer aos participantes a aquisição de novos conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades por meio do contato com novas abordagens teóricas, exercícios e experiências vivenciadas.

Diante da experiência com essa turma piloto e após avaliação do curso pelos professores do CPM e pela equipe pedagógica, serão oferecidas novas turmas, considerando os ajustes necessários e a demanda instaurada.

REFERÊNCIAS

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HETKOWSKI, T. M.; ALVES, L. R. G. (orgs). Tecnologias Digitais e Educação: novas (re)configurações técnicas, sociais e espaciais. Salvador: Eduneb, 2012.

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Referências

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