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CONSELHO DE DISCIPLINA

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CONSELHO DE DISCIPLINA

SECÇÃO NÃO PROFISSIONAL

Processo n.º 40/Disc.-19/20

DESCRITORES: Clube – Incumprimento de

deveres – Negligência – Dever de

transparência – Integridade das competições

Procedimento disciplinar – Qualificação

jurídica – Alteração – Reincidência –

Pressuposto material

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ESPÉCIE: Processo Disciplinar

PARTES: Grupo Recreativo Amigos da Paz (2384), na qualidade de Arguido DATA DO ACÓRDÃO: 21 de maio de 2021

TIPO DE VOTAÇÃO: Unanimidade RELATOR: Tito Crespo

OBJETO: Eventual incumprimento dos deveres de transparência para a proteção da integridade e credibilidade das competições

NORMAS APLICADAS: Artigos 12.º, 15.º, 91.º e 116.º do RDFPF, 7.º, 12.º e 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal, 28.º do Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de janeiro (na redação que resultou da Lei n.º 101/2017, de 28 de agosto

SUMÁRIO:

I. Os deveres legais e regulamentares a que se refere o n.º 3 do artigo 91.º do RDFPF são os previstos no artigo 7.º do Regulamento do Campeonato de Portugal (que concretiza, em sede regulamentar, o vertido no artigo 28.º do Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de janeiro, na redação que resultou da Lei n.º 101/2017, de 28 de agosto), nomeadamente o específico dever de comunicação obrigatória à Federação Portuguesa de Futebol (federação dotada de utilidade pública desportiva na respetiva modalidade), da relação dos titulares ou usufrutuários, individuais ou coletivos, por conta própria ou por conta de outrem, de participações qualificadas no capital social de sociedade desportiva (ou seja, participações que comportem a detenção, isolada ou conjuntamente, de pelo menos 10 % do capital social ou dos direitos de voto).

II. O incumprimento dos deveres previstos no número 2 do artigo 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal (nomeadamente o de proceder à entrega, entre 15 e 31 de dezembro e, posteriormente, entre 1 e 15 de março, de, além do mais, declaração de inexistência de dívidas relativas a retribuições, subsídios e outras compensações por despesas a jogadores e treinadores) releva, em sede disciplinar, para efeitos do preenchimento da facti species da infração prevista e sancionada pelo artigo 116.º do RDFPF (que sanciona «com multa entre 1 e 10 UC», «[o] clube

que, em todos os casos não especialmente previstos neste Regulamento, viole dever imposto pelos regulamentos, normas e instruções genéricas da FPF e demais

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legislação desportiva aplicável», quando «sanção mais grave não lhe for aplicável por força de outra disposição deste Regulamento»).

III. À luz do que estabelece o artigo 243.º nº 4 do RDFPF, a decisão a proferir por este CD-SNP não está limitada, em matéria de qualificação, à imputação realizada em sede de libelo acusatório, podendo-se qualificar de forma distinta os factos imputados, mormente em sede de decisão final, contanto que tal não importe alteração para sanção mais grave.

IV. Estando em causa uma alteração não substancial dos factos e, bem assim, tendo em conta que a infração agora imputada é menos grave do que a constante da acusação (não só em termos de classificação, como igualmente em termos de moldura sancionatória aplicável), tal alteração não carece de ser notificada ao Arguido, para pronúncia, na medida em que o n.º 4 do artigo 243.º afasta expressamente tal necessidade nesta hipótese, quando dispõe que «o relator notifica o arguido da

alteração (…) salvo se a alteração da qualificação (…) representar a imputação de uma infração menos grave que a constante da acusação, desde que não comporte alteração substancial dos factos».

V. Não sendo possível asseverar, in casu, que as anteriores condenações não produziram o efeito de advertência contra a prática do novo ilícito disciplinar que com as mesmas se pretendia, não podemos afirmar a verificação do pressuposto material da reincidência (feito constar no artigo 43.º n.º 2 do RDFPF, através da expressão «de acordo com as circunstâncias do caso concreto, o infrator for de

censurar por a condenação anterior não lhe ter servido de suficiente advertência contra a prática da infração»), sem o qual a mesma não releva, para efeitos do

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ACÓRDÃO

Acordam, em Plenário, ao abrigo dos artigos 216.º, n.º 1, e 229.º do Regulamento Disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol(1) os membros do Conselho de Disciplina, Secção Não

Profissional, da Federação Portuguesa de Futebol(2),

I – RELATÓRIO DE TRAMITAÇÃO PROCESSUAL

§ 1. Registo inicial

1. Por deliberação da Secção Não Profissional do Conselho de Disciplina da FPF (adiante CD-FPF), proferido em 08 de janeiro de 2021, foi ordenada a instauração do presente processo disciplinar, com vista a indagar da eventual existência de infração disciplinar por parte do Grupo Recreativo Amigos da Paz (2384) (adiante também Arguido ou GRAP), decorrente do alegado incumprimento, pelo mesmo, da obrigação legal de prestação de informações à FPF, nos termos do disposto no artigo 28.º do Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de janeiro, na sua redação em vigor, e no artigo 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal (cfr. fls. 1).

2. A deliberação de instauração dos presentes autos recaiu sobre a informação remetida no dia anterior, 07 de janeiro de 2021, pelas 11h47m, ao Conselho de Disciplina pela Direção de Competições da FPF, através de mensagem de correio eletrónico, do seguinte teor:

1

Regulamento Disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol aprovado pelo Comité de Emergência da Federação Portuguesa de Futebol na sua reunião de 29 de junho de 2017, publicitado pelo Comunicado Oficial n.º 371, de 30 de junho de 2017, ratificado pela Direção da Federação Portuguesa de Futebol em 11 de julho de 2017 (cf. Comunicado Oficial n.º 13, de 12 de julho de 2017), com as alterações aprovadas pelo Comité de Emergência da Federação Portuguesa de Futebol, na sua reunião de 29 de junho de 2018 (versão consolidada publicitada pelo Comunicado Oficial n.º 402 de 2 de julho de 2018) e retificações publicitadas através da republicação do Regulamento no Comunicado Oficial n.º 404, de 4 de julho de 2018, com a alteração aprovada pela Direção da FPF, na sua reunião de 7 de novembro de 2018, publicitada através do Comunicado Oficial n.º 272 de 24 de janeiro de 2019 e, ainda, com as alterações publicitadas através do Comunicado Oficial da FPF n.º 2, de 1 de julho de 2019, e retificado pelo Comunicado Oficial da FPF n.º 56, de 30 de julho de 2019, doravante abreviado, por mera economia de texto, por “RDFPF”. O texto regulamentar encontra-se disponível, na íntegra, na página eletrónica institucional da FPF.

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“Vimos pelo presente e nos termos do artigo 13.º, n.º 4 do Regulamento do Campeonato de Portugal, remeter a V/ Exa. a lista de clubes participantes na Prova em epígrafe que não remeteram, no prazo fixado, nenhuma documentação, aos serviços da Direção de Competições e Eventos (competicoes@fpf.pt), relativa ao cumprimento dos deveres referidos no artigo mencionado, a saber:

(…)

2.GRAP (2384)” (….)” – cf. fls. 3.

3. No dia 11 de janeiro de 2021, a deliberação de instauração do processo disciplinar foi notificada ao Arguido e à Direção de Competições da FPF (cfr. fls. 4 a 8).

4. Em cumprimento da sobredita decisão de instauração, no dia 12 de janeiro de 2021, o processo disciplinar foi autuado, registado (cf. verso da capa) e distribuído a Inquiridor (nos termos e para os efeitos do previsto no artigo 232.º, n.ºs 4 e 5, do RDFPF), após o que, naquela mesma data, foram os autos conclusos à Comissão de Instrução Disciplinar da FPF, em cujo contexto, por despacho do Exmo. Senhor Coordenador, foi nomeada Instrutora (cf. fls. 9).

5. Na data de conclusão dos autos à Comissão de Instrução Disciplinar da FPF, o processo encontrava-se autuado com a documentação infra identificada:

a) a Deliberação do CD-SNP, tomada no dia 08 de janeiro de 2021, na qual foi determinada a abertura do processo disciplinar (cfr. fls. 1 e 2);

b) a supra mencionada comunicação da Direção de Competições da FPF (cfr. fls. 3); e, c) a notificação, ao Arguido e à Direção de Competições da FPF, da instauração deste

processo disciplinar (cfr. fls. 4 a 8).

6. Na pendência da fase de inquérito, foi promovida a junção aos autos da seguinte documentação:

a) detalhe de inscrição do clube Arguido, retirado da plataforma «Score» (cfr. fls. 11 e 12); e,

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7. Finda a fase de inquérito, a Instrutora designada nos autos considerou existirem indícios suficientes da prática de infração disciplinar por parte do Arguido e, consequentemente, ao abrigo do disposto no artigo 238.º, n.º 1, do RDFPF, deduziu acusação contra o mesmo (cf. fls. 22 a 29).

8. Em 22 de março de 2021, a sobredita proposta de libelo acusatório logrou adesão expressa do Inquiridor, nos termos da parte final do n.º 1 do artigo 238.º do RDFPF (cf. Cotas a fls. 16 e 17).

9. A acusação foi regularmente notificada ao clube Arguido, por comunicação via correio eletrónico enviada ainda em 22 de março de 2021 (cf. fls. 18 a 21), concedendo-lhe o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, apresentar defesa, dando-se assim cumprimento ao estatuído no artigo 240.º, n.º 1, do RDFPF.

10. Os autos foram conclusos ao CD-SNP, nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 241.º, n.º 1, do RDFPF, após o que, ao abrigo da mesma norma, em 23 de março de 2021, foram distribuídos e conclusos ao Relator (cf. fls. 30 a 32).

11. No dia 29 de março de 2021 – portanto, dentro do prazo para apresentação de defesa –, a senhora Instrutora recebeu correio eletrónico, enviado a partir do endereço de e-mail do clube Arguido (geral.grap@gmail.com), contendo documento intitulado «Processo Disciplinar

nº. 40 – 2020/2021 | Defesa Escrita», subscrita pelo Sr. Manuel Rodrigues Faria, na qualidade

de Presidente da Mesa da Assembleia Geral (cfr. fls. 33 a 37).

12. Seguindo a marcha procedimental, no dia 08 de abril de 2021 a Senhora Instrutora procedeu à elaboração do Relatório Final, ao abrigo do disposto no artigo 243.º, n.º 1, do RDFPF, que consta de fls. 38 a 56 dos autos, e no qual, a final, é proposto o sancionamento do GRAP, clube Arguido, na “(…) sanção de multa no valor de 10 UC, correspondente a 1020,00 € (mil e

vinte euros) pela prática de infração disciplinar prevista e sancionada pelo número 3 do artigo 91.º do RDFPF”.

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13. Ainda no dia 08 de abril de 2021, os autos foram conclusos ao Relator, nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 243.º do RDFPF (cfr. fls. 57).

14. Após análise dos autos pelo Relator, pelo mesmo foi exarado despacho nos termos do qual, mostrando-se o documento a que alude o ponto 11. supra subscrito pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, e tendo presente que «a Assembleia Geral é, a priori, um órgão

deliberativo e não executivo (cfr. artigo 172.º do Código Civil)», determinou a notificação do

«clube Arguido para que, no prazo de 1 (um) dia, venha aos autos justificar e demonstrar os

poderes de representação do subscritor da peça (…) sob pena de ser a mesma considerada, nos termos gerais de Direito, como documento que firma opinião de terceiro, mas que não vincula a pessoa coletiva» (cfr. fls. 59).

15. Notificado o clube Arguido do aludido despacho (cfr. fls. 60 a 65), o mesmo optou por não se pronunciar, nem no prazo concedido, nem posteriormente.

16. No dia 13 de maio de 2021, os autos foram novamente conclusos ao Relator (cfr. fls. 66) que, desta feita, considerou encontrarem-se reunidas as condições processuais para encerramento da fase de instrução, motivo pelo qual os autos prosseguiram para a elaboração de projeto de acórdão, nos termos do artigo 245.º do RDFPF.

§2. Acusação

17. Em termos sumários, resulta do libelo acusatório que o clube Arguido, não obstante bem saber que «era sua obrigação cumprir com os deveres de informação, integridade e

transparência previstos no regulamento da competição», não remeteu à FPF, entre os dias 15 e

31 de dezembro de 2020, «a declaração de inexistência de dívidas relativas a retribuições,

subsídios e outras compensações por despesas a jogadores e treinadores, emitida pelo clube, assinada por quem, legal e estatuariamente, o obriga e certificada por TOC ou ROC, nem a declaração de que os seus jogadores não recorreram ao Fundo de Garantia Salarial na época em curso».

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18. Entendeu a acusação, em face de tal materialidade, que o «arguido Grupo Recreativo

Amigos da Paz não agiu com o cuidado e diligência a que está regulamentarmente obrigado, o que podia e devia ter feito, violando – de forma censurável - o dever de evitar, prevenir e repudiar comportamentos ameaçadores dos valores desportivos» e praticando, por essa razão, uma

infração ao disposto no artigo 91.º n.º 3 do RDFPF.

19. A indiciação lançada em sede de acusação apresenta-se sustentada na prova produzida nos autos, nomeadamente na já referida nos pontos 5. e 6. do presente Acórdão.

§3. Defesa

20. Conforme tivemos já oportunidade de referir, uma vez que o documento apresentado no prazo concedido para a defesa (cfr. fls. 33 a 37) não foi subscrito pelo clube Arguido – o qual aliás, mesmo quando notificado para justificar e demonstrar os poderes de representação do (seu) subscritor», optou por não se pronunciar –, é de concluir que o Grupo Recreativo Amigos da Paz, apesar de regularmente notificado para o efeito, não apresentou defesa escrita (o que equivale à sua efetiva audição, nos termos do disposto no artigo 240.º n.º 3 do RDFPF), nem efetuou qualquer requerimento probatório.

II – COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE DISCIPLINA

21. De acordo com o artigo 43.º, n.º 1 do RJFD2008(3), compete a este Conselho, de acordo

com a lei e com os regulamentos e sem prejuízo de outras competências atribuídas pelos estatutos e das competências da Liga Profissional, instaurar e arquivar procedimentos disciplinares e, colegialmente, apreciar e punir as infrações disciplinares em matéria desportiva.

3

Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de dezembro (regime jurídico das federações desportivas e do estatuto de utilidade pública desportiva) e alterado pelo artigo 4.º, alínea c), da Lei n.º 74/2013, de 6 de setembro (Cria o Tribunal Arbitral do Desporto e aprova a respetiva lei) e ainda pelos artigos 2º e 4º Decreto-Lei n.º 93/2014, de 23 de junho, cujo texto consolidado constitui anexo a este último. O artigo 3.º da Lei nº 101/2017, de 28 de agosto, veio também a introduzir alterações neste regime, embora sem relevância neste domínio.

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No mesmo sentido, dispõe o artigo 15.º do Regimento deste Conselho(4).

III – QUESTÕES PRÉVIAS

22. Inexistem questões prévias que tenham sido suscitadas ou que importe conhecer, sendo que, os elementos constantes nos autos são bastantes para habilitar a tomada de decisão.

IV – FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO

§1. A prova no direito disciplinar desportivo

23. Em sede de direito disciplinar desportivo, atenta a particular natureza sancionatória do respetivo processo, tem plena validade a convocação em sede de exame crítico da provada do princípio geral da livre apreciação da prova, consagrado no artigo 127.º do Código do Processo Penal, de acordo com o qual «[s]alvo quando a lei dispuser diferentemente, a prova é apreciada

segundo as regras da experiência e a livre convicção da entidade competente». O RDFPF prevê

expressamente este princípio no n.º 2 do art.º 220.º, onde estatui «Salvo quando o Regulamento

dispuser diferentemente, a prova é apreciada segundo as regras da experiência e a livre convicção dos órgãos disciplinares».

24. Todavia, no âmbito disciplinar desportivo, a concreta conformação do mencionado princípio vê-se condicionada pelo valor especial e reforçado que os relatórios oficiais e declarações complementares das equipas de arbitragem e dos delegados da FPF merecem em tal contexto. Com efeito, o novo RDFPF – numa aproximação à previsão constante do artigo 169.º do Código de Processo Penal – passou a dispor, no n.º 3 do art.º 220.º, que os factos presenciados pelas equipas de arbitragem e pelos delegados da FPF no exercício de funções, constantes de relatórios de jogo e de declarações complementares, se presumem verdadeiros enquanto a sua veracidade não for ‘fundadamente’ posta em causa.

4 Aprovado pela Direção da Federação Portuguesa de Futebol na sua reunião de 12 de janeiro de 2017 e publicitado

através do Comunicado Oficial n.º 173 de 13 de janeiro de 2017, com as alterações do Comunicado Oficial n.º 188, de 9 de janeiro de 2018. Disponível, na íntegra, na página da Federação Portuguesa de Futebol.

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25. O valor probatório qualificado a que o RDFPF alude constitui um mecanismo regulamentar compreendido e justificado pelo cometimento de funções particularmente importantes aos árbitros e delegados da FPF, a quem compete representar a instituição no âmbito dos jogos oficiais, cumprindo e zelando pelo cumprimento dos regulamentos, nomeadamente em matéria disciplinar (ainda que isso possa não corresponder aos interesses egoísticos dos clubes). Na verdade, encontramo-nos, nesta sede, no domínio do exercício de poderes de natureza pública – in casu, disciplinares –, que se sobrepõem aos interesses particulares dos clubes. No quadro competitivo, enquanto os clubes concretizam interesses próprios, compete a quem tem o poder e o dever de organizar a prova e fazer cumprir os regulamentos prosseguir um interesse superior ao interesse próprio de cada um dos clubes que a integram. Neste conspecto, o interesse superior da competição, realizado no âmbito de determinados poderes de natureza pública (que são exercidos em representação da própria FPF), justifica perfeitamente que os relatórios dos árbitros e dos delegados e declarações complementares respetivas – vinculados que estão a deveres de isenção e equidistância –, gozem da aludida presunção de veracidade (presunção “juris tantum”). Trata-se, afinal, da consequência necessária e justificada do exercício, no quadro do jogo, da autoridade necessária para assegurar a ordem, a disciplina e o cumprimento dos regulamentos, distanciando-se das disputas que envolvem os participantes nas provas.

26. Deste modo e em primeiro lugar, perante tal presunção, a todos os que pretendam sindicar e refutar a materialidade relatada por árbitros e delegados da FPF (e declarados como diretamente percecionados no exercício das respetivas funções oficiais) impõe-se um especial esforço probatório, exigindo-se-lhes a apresentação de prova bastante para legítima e racionalmente questionar, colocar fundadamente em causa ou justificadamente pôr em dúvida a veracidade dos factos narrados nos relatórios oficiais ou declarações complementares. Destarte, a credibilidade probatória reforçada de que gozam tais relatórios oficiais só sairá abalada quando, perante a prova produzida, existirem fundadas razões para acreditar que o seu conteúdo não é verdadeiro. Para além disso e em segundo lugar, no que tange à atividade decisória, a força probatória reforçada de que tais relatórios beneficiam impõe ao julgador,

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quando entenda impor-se o afastamento da presunção de veracidade, um «especial dever de

fundamentação» (5).

27. Em todo o caso, importa ainda tomar em linha de conta que, à semelhança do processo penal, são neste contexto e à luz do que determina o n.º 1 do art.º 220.º do RDFPF, «admissíveis

as provas que não forem proibidas por lei (…) podendo os interessados apresentá-las diretamente ou requerer que sejam produzidas quando forem de interesse para a justiça da decisão».

§2. Factos Provados

28. Analisada e valorada a prova produzida no inquérito e na instrução, consideram-se provados os seguintes factos:

1) O clube Arguido, o Grupo Recreativo Amigos da Paz, encontra-se inscrito, na época desportiva 2020/2021, entre outras competições, no Campeonato de Portugal, prova organizada pela FPF.

2) No dia 7 de janeiro de 2021, a Direção de Competições e Eventos da FPF, através de mensagem de correio eletrónico, comunicou ao Conselho de Disciplina da FPF o seguinte: «[v]imos pelo presente e nos termos do artigo 13.º, n.º 4 do Regulamento

do Campeonato de Portugal, remeter a V/ Exa. a lista de clubes participantes na Prova em epígrafe que não remeteram, no prazo fixado, nenhuma documentação, aos serviços da Direção de Competições e Eventos (competicoes@fpf.pt), relativa ao cumprimento dos deveres referidos no artigo mencionado, a saber:

(…)

2. GRAP (2384)

(5) Convocando o pensamento de PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE, este «A limitação do julgador consiste em que ele deve

“fundadamente” pôr em causa a autenticidade ou veracidade do documento», In Comentário ao Código de Processo Penal, 2.ª Edição, Un. Católica Editora, 2008, pág. 452.

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(…)».

3) O clube Arguido não remeteu à FPF, entre o dia 15 e o dia 31 de dezembro de 2020, a declaração de inexistência de dívidas relativas a retribuições, subsídios e outras compensações por despesas a jogadores e treinadores, emitida pelo clube, assinada por quem, legal e estatuariamente, o obriga e certificada por TOC ou ROC, nem a declaração de que os seus jogadores não recorreram ao Fundo de Garantia Salarial na época em curso.

4) O clube Arguido bem sabia que era sua obrigação cumprir com os deveres de informação, integridade e transparência previstos no regulamento da competição e que, ao não agir com a prudência que a disputa de competições desportivas organizadas pela FPF exige, incumpria o dever de zelar pela defesa da ética e do espírito desportivos, que, enquanto clube qualificado para disputar competição oficial organizada pela FPF, conhecia, tinha obrigação de observar e podia e devia ter adotado.

5) O clube Arguido, Grupo Recreativo Amigos da Paz, não agiu com o cuidado e diligência a que está regulamentarmente obrigado, o que podia e devia ter feito, violando – de forma censurável - o dever de evitar, prevenir e repudiar comportamentos ameaçadores dos valores desportivos.

6) À data dos factos, o clube Arguido apresentava averbado no cadastro disciplinar, na época desportiva 2020/2021, no Campeonato de Portugal: (i) uma infração prevista e sancionada nos termos do número 1 do artigo 108.º do RDFPF; (ii) duas infrações previstas e sancionadas nos termos do número 1 do artigo 109.º do RDFPF; e, (iii) uma infração prevista e sancionada nos termos da alínea a) do número 1 do artigo 84.º do RDFPF.

§3. Factos não provados

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§4. Motivação

30. A decisão quanto à matéria de facto resultou da análise crítica e conjugada de toda a prova produzida no processo, avaliada à luz das regras da experiência comum.

31. Especificando, a materialidade constante do facto provado 1), referente à inscrição do clube Arguido no Campeonato de Portugal, na época 2020/2021, resulta expressamente do detalhe de inscrição do clube Arguido, retirado da plataforma «Score» (cfr. fls. 11 e 12), documento que, por se tratar de um registo interno da FPF, nos merece total credibilidade.

32. Por sua vez, quanto aos factos provados 2) e 3), relativos à ausência de remessa da documentação aos serviços federativos, a convicção formada resulta diretamente do correio eletrónico junto a fls. 3, dirigido ao Conselho de Disciplina, e no qual a Direção de Competições da FPF dá nota expressa e inequívoca de que o clube Arguido não remeteu «no prazo fixado,

nenhuma documentação, aos serviços da Direção de Competições e Eventos (competicoes@fpf.pt), relativa ao cumprimento dos deveres referidos no artigo» 13.º n.º 4 do

Regulamento do Campeonato de Portugal.

33. Acresce dizer que, em concreto no que respeita à materialidade de índole subjetiva, constante dos factos provados 4) e 5), representando o estado psíquico atinente ao preenchimento dos elementos subjetivos do tipo de infração disciplinar em dissídio, a sua demonstração decorre in re ipsa e, por conseguinte, também da valoração dos elementos probatórios juntos ao processo à luz das regras da experiência comum e da lógica.

34. Por fim, o facto provado 6), referente aos antecedentes disciplinares do clube Arguido, resulta expressamente do respetivo Cadastro Disciplinar, constante de fls. 13 a 15.

35. Aqui chegados, cumpre ainda fazer uma referência ao documento junto aos autos pelo Sr. Presidente da Assembleia Geral do clube Arguido, no qual são descritas um conjunto de putativas circunstâncias que, no entender daquele, devem conduzir ao «arquivamento dos autos

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36. Em concreto, resulta afirmado naquele documento que a inscrição do clube Arguido, o Grupo Recreativo Amigos da Paz, para participar no Campeonato de Portugal, na época desportiva 2020/2021, motivou «que a Direção de então se demitisse em Agosto de 2020, por

entenderem não estarem reunidas as condições financeiras e de organização para que o GRAP participasse no campeonato. A demissão ocorrida em Agosto deu lugar à eleição de uma nova direção que em Setembro se propôs levar por diante a intenção de participar no Campeonato de Portugal, assumindo ter condições para responder às exigências da F.P.P.».

37. Acresce que, ainda de acordo com aquele documento, «[o] contexto de pandemia

relativa ao Covid-19 fez» com que a receita provinda da formação fosse praticamente nula «bem como o apoio das empresas quase inexistente», o que gerou «uma nova crise diretiva que culminou com a demissão da direção em 30 de Dezembro de 2020».

38. Por fim, afirma-se ainda naquele documento, que terá então sido eleita uma Comissão Administrativa, que tomou a decisão de apresentar a desistência do GRAP do Campeonato de Portugal, o que terá sido comunicado à FPF no dia 26 de janeiro de 2021 e, como tal, em face destas contingências, «[o]s novos membros da Comissão desconheciam a falta de resposta da

anterior direção às responsabilidades constantes da nota de acusação, nem de outras que entretanto tem [sic] surgido».

39. Sucede porém, que tal documento – que como já anteriormente se deixou claro se considera, nos termos gerais de Direito, como documento que firma opinião de terceiro, mas que não vincula a pessoa coletiva – não só vem desacompanhado de qualquer outra prova que permita sustentar a veracidade dos factos ali afirmados como, mesmo que se aceitasse a sua exatidão, a mesma não teria qualquer impacto no que à fixação da matéria de facto relevante diz respeito. Isto porque, mesmo que a materialidade afirmada naquele documento fosse verdadeira, não se aporta ali qualquer causa de justificação ou exculpação, designadamente porque, de acordo com o afirmado, na data fixada para o cumprimento da obrigação o clube tinha uma direção eleita e em plena atividade.

40. E é por tudo isto que a factualidade vertida naquele documento, para além de não provada, se tem como irrelevante para a decisão a tomar neste processo.

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V – FUNDAMENTAÇÃO DE DIREITO

§1. Enquadramento jurídico-disciplinar – Fundamentos e âmbito do poder disciplinar

41. O poder disciplinar exercido no âmbito das competições organizadas pela Federação Portuguesa de Futebol assume natureza pública. Com clareza, concorrem para esta proposição as normas constantes dos artigos 19.º, n.º 1 e 2, da Lei n.º 5/2007 de 16 de janeiro (Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto), e dos artigos 10.º, 13.º, alínea i), do RJFD2008.

42. A existência de um poder disciplinar justifica-se pelo dever legal – artigo 52.º, n.º 1, do RJFD2008 – de sancionar a violação das regras de jogo ou da competição, bem como as demais regras desportivas, nomeadamente as relativas à ética desportiva, entendendo-se por estas últimas as que visam sancionar a violência, a dopagem, a corrupção, o racismo e a xenofobia, bem como quaisquer outras manifestações de perversão do fenómeno desportivo (artigo 52.º, n.º 2, do RJFD2008).

43. O poder disciplinar exerce-se sobre os clubes, dirigentes, praticantes, treinadores, técnicos, árbitros, juízes e, em geral, sobre todos os agentes desportivos que desenvolvam a atividade desportiva compreendida no seu objeto estatutário (artigo 54.º, n. º1, do RJFD2008). Em conformidade com o artigo 55.º do RJFD2008 o regime da responsabilidade disciplinar é independente da responsabilidade civil ou penal. O quadro normativo agora sumariado alumia estarmos na presença de um poder disciplinar que se impõe, em nome dos valores mencionados, a todos os que se encontram a ele sujeito, no âmbito já delineado e que, por essa razão, assenta na prossecução de finalidades que estão bem para além dos pontuais e concreto interesses desses agentes e organizações desportivas.

§2. Das infrações disciplinares em geral

44. Neste contexto, deve, antes de mais, notar-se que o RDFPF se encontra estruturado, no estabelecer das infrações disciplinares, pela qualidade do agente infrator – clubes, dirigentes, jogadores, delegados dos clubes e treinadores, demais agentes desportivos, espectadores, árbitros, árbitros assistentes, observadores de árbitros e delegados da FPF. Para cada um destes

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tipos de agente o RDFPF recorta tais infrações e respetivas sanções em obediência ao grau de gravidade dos ilícitos, qualificando assim as infrações como muito graves, graves e leves.

§3. Das infrações disciplinares concretamente imputadas

45. No vertente caso, as imputações lançadas em sede de libelo acusatório sustentam-se no vertido no artigo 91.º, n.º 3 do RDFPF, que sanciona com «com impedimento de registo de

agentes desportivos até à regularização da situação que deu causa à aplicação da sanção e com multa entre 20 e 45 UC», «[o] Clube que não cumpra os deveres legais e regulamentares de transparência ou preste falsas declarações sobre a identidade dos titulares de participações sociais dos e dos membros da direção, gerência ou administração e das pessoas que, de facto, exerçam atividades próprias daqueles».

§4. O caso concreto: subsunção ao direito aplicável

46. A subsunção ao direito aplicável pressupõe que se efetue a exegese das normas sancionatórias, para assim verificar se se encontram preenchidos todos os elementos típicos, objetivos e subjetivos, que as mesmas comportam.

47. Nesse pressuposto cumpre acrescentar que, nos termos do disposto no art.º 15.º, n.º 1 do RDFPF, constitui «infração disciplinar o facto voluntário, ainda que meramente culposo, que

por ação ou omissão previstas ou descritas neste Regulamento viole os deveres gerais e especiais nele previstos e na demais legislação desportiva aplicável».

48. O libelo acusatório, em sede de qualificação jurídica da materialidade alegada, sustenta que a facti species da infração em apreço (91.º, n.º 3 do RDFPF) alcança, para efeitos de sancionamento disciplinar, o incumprimento dos deveres previstos no artigo 13.º, n.º 1 do Regulamento do Campeonato de Portugal, ou seja, o dever de apresentação «entre as datas 15

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a) Declaração de inexistência de dívidas relativas a retribuições, subsídios e outras compensações por despesas a jogadores e treinadores, emitida pelo clube, assinada por quem, legal e estatuariamente, o obriga e certificada por TOC ou ROC. A declaração deve conter relação discriminada dos jogadores e treinadores a que respeita, identificados por nome e número de licença (jogadores) ou número de identificação civil (treinadores). b) Declaração de clube ou sociedade desportiva que ateste que:

i. Os jogadores do clube ou sociedade desportiva não recorreram ao Fundo de Regularização Salarial na época em curso;

ii. Tendo recorrido, nos termos da alínea anterior, o clube ou sociedade desportiva faça prova de já ter liquidado, ou de que se encontra a liquidar, o débito, de acordo com o plano de regularização de dívida, junto do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol».

49. Com vista a sustentar tal entendimento, o libelo acusatório afirma que «[e]sta

disposição regulamentar não pode, contudo, ser lida separadamente do complexo normativo em que se insere. Na verdade, a mesma revela-se como parte de um sistema que visa garantir a integridade – na perspetiva do cumprimento de obrigações – dos clubes e, em consequência, a credibilidade da competição», uma vez que «sob a epígrafe “Acesso à competição”, o artigo 12.º estabelece uma panóplia de pressupostos, que determinam o acesso de um determinado clube ou sociedade desportiva à competição, in casu, o Campeonato de Portugal. Daqui resultando, de forma clarividente que, o mérito desportivo não é suficiente para a participação na competição, exigindo-se o cumprimento das obrigações salariais assumidas pelos clubes e, com vista a garantir a necessária transparência, credibilidade e integridade da competição, a demonstração, formal e atempadamente concretizada, de tal cumprimento (e, nessa medida, a verificação formal de mérito jurídico-financeiro)».

50. Sucede porém, que, conforme tem vindo a ser entendimento deste Conselho de Disciplina, na senda do Acórdão proferido no Proc. Disciplinar n.º 95 – 20/21, de 30 de abril de 2021, relatado pelo Conselheiro Pedro Coelho Simões (6), «uma tal perspetiva – ainda que

eventualmente relevante de iure constituendo –, para além de não encontrar acolhimento na

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letra da lei, sempre se revelaria insustentável, neste contexto sancionatório público, em face do

princípio da legalidade – mormente na vertente de princípio da precisão ou determinabilidade das normas jurídicas (7)».

51. Isto assim porquanto, acrescenta o citado aresto, «ainda que aqui se não encontre

garantia de valor equivalente à vigente no domínio penal (onde vigora amplamente o princípio da tipicidade), não pode deixar de se reconhecer inteira validade, neste contexto, ao intitulado princípio da precisão ou determinabilidade das normas jurídicas. Um tal princípio, acompanhando o entendimento sustentado pelo Tribunal Constitucional (que convoca o ensinamento de GOMES CANOTILHO) no seu acórdão nº 285/92, reconduz-se à «[e]xigência de clareza das normas legais» e à «[e]xigência de densidade suficiente na regulamentação legal» («uma vez que de uma lei obscura ou contraditória pode não ser possível, através da interpretação, obter um sentido inequívoco, capaz de alcançar uma solução jurídica para o problema concreto»). Nesse pressuposto, o intérprete, na sua tarefa, deve presumir que o

legislador consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos adequados (cfr. artigo 9.º, nº 3 do Código Civil), nomeadamente quando, numa concreta norma, se não percebe, de forma evidente e precisa, a exigência de um determinado comportamento».

52. Vem isto a propósito de a norma sancionatória em apreço ter subjacente o regime jurídico constante do artigo 28.º do Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de janeiro (que estabelece o

regime jurídico das sociedades desportivas a que ficam sujeitos os clubes desportivos que pretendem participar em competições desportivas profissionais), e que resultou das alterações

determinadas pela Lei n.º 101/2017, de 28 de agosto.

53. Neste particular, como sublinha o citado Acórdão, «por força desta Lei n.º 101/2017

(que visou impor «deveres de transparência relativos à titularidade do capital social das

sociedades desportivas e ao reforço da credibilização das competições, bem como obrigações para as federações desportivas no investimento em programas de defesa da integridade e da verdade desportivas nas competições» – cf. artigo 1.º), aquele artigo 28.º passou a cometer,

(7) Constitui pedra basilar do Estado de Direito, nos termos que o artigo 2º da Constituição da República Portuguesa (CRP) o proclama, a subordinação jurídica de todos os poderes públicos à lei (princípio da

legalidade expressamente enunciado no nº 1 do artigo 266º da CRP).

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em especial às sociedades desportivas, um específico dever de comunicação obrigatória à Federação Portuguesa de Futebol (federação dotada de utilidade pública desportiva na respetiva modalidade), da relação dos titulares ou usufrutuários, individuais ou coletivos, por conta própria ou por conta de outrem, de participações qualificadas no capital social de sociedade desportiva (ou seja, participações que comportem a detenção, isolada ou conjuntamente, de pelo menos 10 % do capital social ou dos direitos de voto). É, por conseguinte, em tal contexto e no que concerne à competição aludida em sede de libelo acusatório, que o artigo 7.º do Regulamento do Campeonato de Portugal (sob a epígrafe “PLATAFORMA DA TRANSPARÊNCIA”) estabelece, no número 1, que «[a] relação dos titulares ou usufrutuários, individuais ou coletivos,

por conta própria ou por conta de outrem, de participações qualificadas no capital social de sociedade desportiva é de comunicação obrigatória à FPF», acrescentando, o número 2 do

mesmo artigo, que «[p]ara os efeitos do disposto no número anterior, considera-se participação

qualificada a detenção, isolada ou conjuntamente, de pelo menos 10 % do capital social ou dos direitos de voto». Acrescenta o número 4 do mesmo artigo que «[a] informação referida no número anterior deve ser enviada no prazo conferido para o efeito através de Comunicado Oficial e atualizada no prazo de quatro dias úteis contado da ocorrência» de alguma das

situações aí mencionadas (8)».

54. Acresce que, em cumprimento desta última disposição, foi publicado, no dia 6 de julho de 2020, o Comunicado Oficial da FPF n.º 00453, que indicou que «todos os Clubes

(independentemente da sua natureza jurídica) com interesse em participar na Taça de Portugal Placard, Campeonato de Portugal, Liga Revelação, Liga BPI e Liga Placard (competições abrangidas) devem cumprir os deveres regulamentares de transparência, através de uma primeira comunicação, confirmação de comunicação prestada ou atualização da informação disponível, conforme o caso, nos prazos seguintes: (…) 2. Campeonato de Portugal até 16 de julho de 2020» (9).

(8) Nomeadamente:

a) Aquisição ou ultrapassagem, por um titular, do limiar de 10 % do capital social ou dos direitos de voto; b) Redução, por um titular, da sua participação ou detenção de direitos de voto para uma percentagem inferior à referida na alínea anterior.

(9) Acrescentando, o mesmo comunicado, que o «acesso à Plataforma da Transparência é efetuado

através de um nome de utilizador, que corresponde a um endereço de correio eletrónico, e uma palavra chave (password), ambos a definir pelo Clube.

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55. E, portanto, conforme certeiramente conclui o aresto que aqui se segue, «são estes (e

apenas estes) os deveres legais e regulamentares de transparência, relativos à identidade «dos

titulares de participações sociais dos e dos membros da direção, gerência ou administração e das pessoas que, de facto, exerçam atividades próprias daqueles», cujo incumprimento (seja por

ausência de prestação de informação, seja por prestação de informação falsa) integra a hipótese típica daquele artigo 91.º, n.º 3 do RDFPF».

56. Aqui chegados, retomando o caso concreto, é patente a impossibilidade de sustentar a tese constante no libelo acusatório sem com isso ofender o princípio da legalidade. Para além disso, inexiste, em sede de factualidade provada, materialidade alguma que se reporte ao cumprimento dos deveres previstos no citado artigo 7.º do Regulamento do Campeonato de Portugal (que concretiza, em sede regulamentar, o vertido no artigo 28.º do Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de janeiro). Improcede, portanto, por ausência de sustento, a imputação lançada em sede de libelo acusatório.

57. Em face de tal soçobro, cumpre, contudo, à luz do que estabelecem os artigos 243.º, n.º 3 e 245.º, n.º 5, ambos do RDFPF, aferir se, ainda assim, a materialidade demonstrada revela a prática de diferente infração disciplinar, caso em que, confirmando-se tal possibilidade, se impõe a consequente alteração da qualificação jurídica dos factos alegados em sede de acusação.

58. Neste conspecto, sendo verdade que os deveres estabelecidos no artigo 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal não relevam para efeitos de preenchimento da facti

species da infração prevista e sancionada pelo artigo 91.º, n.º 3 do RDFPF, o seu eventual

incumprimento é, todavia – na senda, ainda, da supra citada jurisprudência do Conselho de Disciplina –, suficiente em sede de preenchimento dos elementos típicos da infração disciplinar

Para o efeito, podem ser utilizadas as senhas criadas na presente época ou efetuado pedido de registo na Plataforma da Transparência da FPF, via correio eletrónico, para o endereço transparencia@fpf.pt, com as seguintes informações:

a. Denominação completa do Clube; b. Indicação da competição abrangida; c. Endereço de correio eletrónico do utilizado».

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prevista e sancionada pelo artigo 116.º do RDFPF e que sanciona com «com multa entre 1 e 10

UC», «[o] clube que, em todos os casos não especialmente previstos neste Regulamento, viole dever imposto pelos regulamentos, normas e instruções genéricas da FPF e demais legislação desportiva aplicável», quando «sanção mais grave não lhe for aplicável por força de outra disposição deste Regulamento». Deste modo, atenta a relevância disciplinar do incumprimento

de deveres alegado em sede de acusação, não se pode deixar de aferir se, em face da materialidade dada como provada, se verifica um tal incumprimento e se se impõe, nessa medida, o sancionamento da arguida pela prática da infração prevista e sancionada no artigo 116.º do RDFPF.

59. Perante tal e regressando ao caso vertente, mister é recordar que de acordo com a materialidade apurada, efetivamente o clube Arguido não procedeu à entrega de nenhum dos documentos a que alude o artigo 13.º n.º 2 do Regulamento do Campeonato de Portugal, na data aprazada para o efeito [facto provado 3)]. Acresce, por outro lado, que resulta igualmente da materialidade dada como comprovada que o clube Arguido atuou sem o cuidado devido, bem sabendo que o seu comportamento omissivo consubstanciava conduta prevista e sancionada pelo ordenamento jus-disciplinar desportivo [factos provados 4) e 5)].

60. E, como tal, constata-se que, efetivamente, a conduta do clube Arguido não é axiologicamente neutra, antes consubstanciando a prática de uma infração ao disposto no artigo 116.º do RDFPF, por referência ao dever estipulado no artigo 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal.

61. Neste contexto, decide-se a alteração da qualificação jurídica da conduta infracional imputada ao clube Arguido, em resultado do que lhe passa a ser imputada a prática de uma infração disciplinar prevista e sancionada pelo artigo 116.º do RDFPF por referência ao dever estipulado no artigo 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal.

62. A este propósito importa consignar, de forma expressa, que à luz do que estabelece o artigo 243.º nº 4 do RDFPF, a decisão a proferir por este CD-SNP não está limitada, em matéria de qualificação, à imputação realizada em sede de libelo acusatório, podendo-se qualificar de

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forma distinta os factos imputados, mormente em sede de decisão final, contanto que tal não importe alteração para sanção mais grave(10).

63. Aqui chegados, perante tal alteração da qualificação jurídica, impõe-se, contudo, aferir se, previamente à prolação do presente acórdão, se impunha promover diligência complementar tendente a dar conhecimento da mesma ao Arguido e, bem assim, hipótese do mesmo se pronunciar.

64. A este respeito, cabe considerar, em primeiro lugar, que a conduta em causa é, fundamentalmente a mesma, pelo que, manifestamente não estamos perante uma alteração (substancial ou não substancial) dos factos. Por outro lado, inequivocamente da alteração resulta um desagravamento da moldura sancionatória aplicável ao clube Arguido – que passa de sanção de impedimento de registo de agentes desportivos até à regularização da situação que deu causa à aplicação da sanção e, cumulativamente, multa entre 20 e 45 UC, para apenas sanção de multa, a fixar entre 1 e 10 UC.

65. Ora, uma vez que o que está em causa é uma mera alteração da qualificação jurídica e, bem assim, que a infração agora imputada é menos grave do que a constante da acusação (não só em termos de classificação, como igualmente em termos de moldura sancionatória aplicável), entendemos que a resposta a dar à questão colocada supra deve ser inequivocamente negativa,

10 Entendimento já sufragado pelo Tribunal Constitucional no seu acórdão nº 279/95: “Sendo mais gravosa para o arguido esta

nova incriminação, não pode deixar de se lhe facultar, com a comunicação da eventualidade da sua ocorrência, uma sequência processual, situada na fase de julgamento, em que sendo previsível essa nova incriminação, o arguido possa discuti-la e adaptar a sua defesa a essa alteração. A solução está assim na compatibilização da liberdade de qualificação com um mecanismo processual que torne efectivo esse direito a ser ouvido, face a uma convolação que, mantendo os factos descritos na acusação ou pronúncia, naturalisticamente considerados, importe condenação em pena mais grave. O arguido deve ser prevenido da possibilidade da nova qualificação, quando esta importar pena mais grave, facultando-se-lhe quanto a ela oportunidade de defesa” – cfr. processo nº 224/93, no qual foi relator o Juiz Conselheiro Sousa e Brito, acedido na versão constante em www.tribunalconstitucional.pt; esta jurisprudência viria a ser reafirmada no acórdão nº 445/97, proferido em 25/06/1997 pelo mesmo Tribunal, consultável no sítio indicado; em sentido convergente, também o Supremo Tribunal Administrativo, em acórdão de 18/02/1998 (proc. nº 035737), afirmou «III - A nova qualificação jurídica dos factos, decorrente do abandono do enquadramento mais gravoso constante da acusação, determinado pelo acórdão anulatório, não impõe uma nova audiência do arguido se não houver qualquer alteração e muito menos substancial, do elenco dos factos censuráveis mas apenas da sua qualificação jurídica, assim se mantendo o novo acto sancionador estritamente dentro dos parâmetros enunciados na acusação. IV - Sendo certo que a acusação deve conter a indicação "dos preceitos legais no caso aplicáveis" (art.172 n. 1 da LOMP 86), não é menos certo que a entidade detentora do poder punitivo pode proceder a diferente qualificação jurídica dos factos, desde que mais favorável ao arguido, sem necessidade de nova audiência deste, porque tal não contende com as garantias de defesa. A sanção, porque de menor gravidade, representa um "minus" relativamente ao "majus" sobre que o arguido foi já solicitado a defender-se - mera convolação da pena expulsiva de aposentação compulsiva em pena de inactividade» - acedido em www.dgsi.pt, com destaque de nossa responsabilidade.

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na medida em que o n.º 4 do artigo 243.º afasta expressamente tal necessidade nesta hipótese, quando dispõe que «o relator notifica o arguido da alteração (…) salvo se a alteração da

qualificação (…) representar a imputação de uma infração menos grave que a constante da acusação, desde que não comporte alteração substancial dos factos».

66. Tal enquadramento corresponde, aliás, ao sufragado no acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, proferido no processo nº 035737, de 18/02/1998, de acordo com o qual «[a]

nova qualificação jurídica dos factos, decorrente do abandono do enquadramento mais gravoso constante da acusação, determinado pelo acórdão anulatório, não impõe uma nova audiência do arguido se não houver qualquer alteração e muito menos substancial, do elenco dos factos censuráveis mas apenas da sua qualificação jurídica, assim se mantendo o novo acto sancionador estritamente dentro dos parâmetros enunciados na acusação»(11).

67. E como tal, aqui chegados, resta concluir que a conduta do Arguido Grupo Recreativo Amigos da Paz, nos termos e circunstâncias em que se verificou, preenche os pressupostos de natureza objetiva e subjetiva de que depende a responsabilidade disciplinar ao abrigo do disposto no artigo 116.º do RDFPF, norma pela infração da qual deve ser sancionado.

VI – DA MEDIDA E GRADUAÇÃO DA SANÇÃO §1. Determinação da medida da sanção

68. Qualificados juridicamente os factos e operada a sua subsunção aos preceitos legais sancionadores, conclui-se que o clube Arguido praticou uma infração disciplinar. Importa por isso, agora, proceder à determinação da medida concreta da sanção a aplicar.

69. Aqui chegados, é precisamente no Capítulo III (medida e graduação das sanções), artigos 42.º a 47.º do RDFPF, que nos deparamos com as normas que possibilitam alcançar a medida concreta da sanção, tendo sempre presente o princípio da proporcionalidade patente no artigo 8º no RDFPF segundo os quais a aplicação de sanções disciplinares obedece a critérios

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de igualdade, não discriminação, proporcionalidade e adequação face ao grau da ilicitude e à intensidade da culpa do arguido.

70. Também como princípio mentor da tarefa de concretização da medida da sanção deve ter-se como relevante o disposto no artigo 42º: «[a] determinação da medida da sanção, dentro

dos limites definidos no presente Regulamento, é feita em função da culpa do agente e das exigências de prevenção», mais estatuindo o n.º 2 destes artigos que «na determinação da sanção, atende-se a todas as circunstâncias que, não fazendo parte do tipo da infração, militem a favor do agente ou contra ele».

71. Por seu lado, o artigo 43º do RDFPF estabelece a circunstância agravante, no seu n.º 1: «Constitui circunstância agravante especial a reincidência».

72. Por sua vez, o artigo 44.º, n.ºs 1 e 7, que dispõe:

«1. Constituem circunstâncias atenuantes especiais: a) Ser o arguido menor de idade;

b) A ausência de registo disciplinar na mesma época e nas três épocas anteriores a essa em que o arguido tenha estado inscrito;

c) A prestação de serviços relevantes ao futebol; d) O louvor por mérito desportivo;

e) contribuição decisiva para a descoberta da verdade material.

(…)

7. Excecionalmente podem ser consideradas outras circunstâncias que pela sua especial relevância justifiquem a atenuação especial».

73. Por último há ainda a registar a possibilidade de atenuação especial da sanção, prevista no n.º 6 deste artigo 44º, segundo o qual «a sanção pode ser especialmente atenuada quando

existam circunstâncias anteriores, contemporâneas ou posteriores à infração que diminuam por forma acentuada a ilicitude do facto ou a conduta do agente».

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§2. O caso concreto

74. Ora, apurados os factos valorados como atentatórios da ordem jurídica desportiva e enquadrados nos respetivos tipos de infração, resta apreciar e decidir a sanção a aplicar ao clube Arguido.

75. Elucidada a forma como se relacionam a culpa e a prevenção no processo de determinação concreta da pena e qual a função que uma e outra cumprem naquele processo, importa então eleger a totalidade das circunstâncias do complexo integral do facto que relevam para a culpa e para a prevenção. FIGUEIREDO DIAS chama a esta tarefa «a determinação do

substrato da medida da pena» e àquelas circunstâncias «os fatores da medida da pena» (ob. cit.,

p. 232). Na concretização deste trabalho, quanto à determinação da medida da pena, dentro dos limites definidos no RDFPF, a mesma faz-se em função da culpa do agente, tendo ainda em conta as exigências de prevenção de futuras infrações disciplinares, considerando todas as circunstâncias que, não fazendo parte do tipo de infração, militem a favor do agente ou contra ele, nomeadamente, as constantes dos artigos 42º, 43º e 44º do mencionado normativo disciplinar.

76. Em termos de prevenção geral, há que considerar a natureza e a relevância dos bens jurídicos protegidos pelo tipo de ilícito em questão. Neste conspecto, importa assinalar que o dever de envio à FPF dos documentos elencados no artigo 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal se prende, em primeira linha, com possibilitar a esta entidade federativa exercer os poderes de fiscalização que lhe são conferidos pela Lei. Outrossim, o incumprimento de tal dever de envio amputa o exercício de tal função fiscalizadora.

77. Mas não se queda por aqui. A obrigação de envio dos documentos para a FPF tem ainda uma outra vertente, que acresce à já mencionada: é que o simples facto de existir um dever de envio da documentação para a FPF compele o clube a cumprir com as obrigações documentadas naquela documentação (e que são, fundamentalmente, referentes ao cumprimento de obrigações pecuniárias para com jogadores e treinadores).

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defesa dos interesses remuneratórios de jogadores e treinadores (afinal, os grandes motores do futebol), que a catapulta para uma dimensão de enorme relevo, a qual não pode, por isso, deixar de se ter aqui em consideração, em sede de prevenção geral.

79. Já no quadro da prevenção especial, importa assinalar que, de acordo com a acusação, o clube Arguido «é reincidente nos termos do número 2 do artigo 43.º do RDFPF». E de facto, compulsado o registo disciplinar do Arguido, dado como provado no facto 6), verifica-se que este já foi sancionado, na presente época, pela prática de uma infração grave (ao disposto no artigo 84.º do RDFPF) e três infrações leves.

80. Com efeito, em face do afirmado supra, quanto ao clube Arguido resulta inequivocamente demonstrada, nos autos, a verificação do elemento formal da reincidência (recuperando o texto do n.º 2 do referido artigo, «[é] sancionado como reincidente quem

cometer infração depois de ter sido sancionado, por decisão executória, pela prática de infração muito grave ou grave (…)»).

81. Perante tal adução, resta, contudo, aferir se o caso concreto apresenta factualidade que permita concluir pela verificação do elemento material da mencionada reincidência. Neste particular, cumpre atentar que as infrações anteriormente praticadas pelo clube Arguido não têm nada que ver com o incumprimento da obrigação de envio de documentos para a FPF e, tampouco, se destinam sequer à proteção do mesmo bem jurídico que agora foi violado.

82. Neste contexto, não é possível afirmar, in casu, que as anteriores condenações não produziram o efeito de advertência contra a prática do novo ilícito disciplinar que com as mesmas se pretendia. Outrossim, perante as circunstâncias do caso concreto, não se revela inequívoco, que o clube Arguido não sentiu, nem interiorizou, de modo suficiente, a admonição contra a prática de ilícitos disciplinares veiculada pelas anteriores condenações, transitadas em julgado. E, como tal, não podemos afirmar a verificação do pressuposto material da reincidência (feito constar no artigo 43.º n.º 2 do RDFPF, através da expressão «de acordo com as

circunstâncias do caso concreto, o infrator for de censurar por a condenação anterior não lhe ter servido de suficiente advertência contra a prática da infração»), sem o qual a mesma não releva,

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83. A existência de Cadastro Disciplinar não permitindo, neste caso, afirmar a reincidência (por ausência do pressuposto material), afasta porém, inequivocamente, a aplicação da atenuante prevista na alínea b) do artigo 44.º do RDFPF.

84. Em sede de culpa, não obstante a conduta infracional ter sido praticada a título de mera negligência, não será de desconsiderar que, ao que parece (nomeadamente do declarado pelo seu Presidente da Mesa da Assembleia Geral), o clube Arguido não se atrasou no cumprimento da obrigação. Antes, simplesmente ignorou (ainda que por mera negligência), tal necessidade de cumprimento. E isto não pode, como é bom de ver, deixar de ser aqui valorado.

85. Aqui chegados, cumpre recordar que, de acordo com o disposto no artigo 116.º do RDFPF, a conduta do clube Arguido é sancionável «com multa entre 1 e 10 UC», a qual não é objeto de qualquer redução, por a infração não ter sido praticada em jogo oficial (artigo 25.º n.º 4 do RDFPF, a contrario).

86. Posto isto, sopesada toda a materialidade apurada, considera-se justo e adequado aplicar ao Clube Arguido, o Grupo Recreativo Amigos da Paz, pela prática de uma infração ao disposto no artigo 116.º do RDFPF, a sanção de multa no valor de 3 (três) UC, correspondente a €306 (trezentos e seis euros).

87. Posto isto, vale ainda a pena assinalar que nos termos do n.º 5 do art.º 47.º do RDFPF, «[a] parte da sanção cuja execução não é suspensa não pode ser inferior (…), no caso da multa,

a 50 UC», o que, sem necessidade de outros considerandos, sempre inabilitaria tal possibilidade

neste caso.

VII – DECISÃO

Nestes termos e com os fundamentos expostos, o Conselho de Disciplina - Secção Não Profissional – da Federação Portuguesa de Futebol considera parcialmente procedente a acusação e, em consequência, decide condenar o Grupo Recreativo Amigos da Paz, pela prática de uma infração ao disposto no artigo 116.º do RDFPF (conjugado com o dever constante do artigo 13.º do Regulamento do Campeonato de Portugal), na sanção de multa no valor de €306 (trezentos e seis euros).

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Custas pelo Arguido, nos termos regimentais.

Registe, notifique e publicite.

Cidade do Futebol, 21 de maio de 2021

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RECURSO DESTA DECISÃO

As decisões do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol são passíveis de recurso, nos termos da lei e dos regulamentos, para o Conselho de Justiça ou para o Tribunal Arbitral do Desporto.

De acordo com o artigo 44.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de dezembro, na redação conferida pelo artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 93/2014 de 23 de junho, cabe recurso para o Conselho de Justiça das decisões disciplinares relativas a questões emergentes da aplicação das normas técnicas e disciplinares diretamente respeitantes à prática da própria competição desportiva.

O recurso deve ser interposto no prazo de 5 dias úteis (artigo 35.º do Regimento do Conselho de Justiça aprovado pela Direção da Federação Portuguesa de Futebol, em 18 de dezembro de 2014 e de 29 de abril de 2015 e publicitado pelo Comunicado Oficial n.º 383, de 27 de maio de 2015, com as alterações publicitadas pelo Comunicado Oficial n.º 188, de 9 de janeiro de 2018 e as alterações publicitadas pelo Comunicado Oficial n.º 5 de 1 de julho de 2019).

Em conformidade com o artigo 4.º, n.ºs 1 e 3, da Lei do Tribunal Arbitral do Desporto (aprovada pelo artigo 2.º da Lei n.º 74/2013 de 6 de setembro, que cria o Tribunal Arbitral do Desporto e aprova a respetiva lei, na redação conferida pelo artigo 3.º da Lei n.º 33/2014 de 16 de junho - primeira alteração à Lei n.º 74/2013, de 6 de setembro, que cria o Tribunal Arbitral do Desporto e aprova a respetiva lei), compete a esse tribunal conhecer, em via de recurso, das deliberações do Conselho de Disciplina.

Exclui-se dessa competência, nos termos do n.º 6 do citado artigo, a resolução de questões emergentes da aplicação das normas técnicas e disciplinares diretamente respeitantes à prática da própria competição desportiva.

O recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto deve ser interposto no prazo de 10 dias, contados da notificação desta decisão (artigo 54.º, n. º 2, da Lei do Tribunal Arbitral do Desporto).

Referências

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