I SEMINÁRIO IMPACTOS SÓCIO AMBIENTAIS NA AMAZÔNIA.
Contaminação por mercúrio em
peixes na área de Proteção
Ambiental (APA) do Igarapé
Gelado-Parauapebas-PA.
Msc. Bruno de Cássio Veloso de Barros.
Belém – Pará 2009
Considerações
Único metal pesado em estado líquido nas CNTP. Está
presente no meio ambiente sob a forma de compostos orgânicos e inorgânicos. Ele é responsável por vários casos de intoxicação humana e animal. Está largamente empregado nos garimpos de ouro da Amazônia. O
mercúrio é largamente usado nos diversos ramos de atividade humana.
O mercúrio pode ser encontrado em diversas formas
físicas e químicas. Existe em estado elementar (Hg0) e em estados iônicos (Hg+ e Hg++). Com efeitos
energéticos em longo prazo decorrente da exposição ao mercúrio, os estudos podem provar que compostos de mercúrio provocam rompimento dos cromossomos e agem como inibidores do mecanismo mitótico (SCHIO, 2003).
É responsável por vários casos de
intoxicação humana e animal. Está
largamente empregado nos garimpos de
ouro. A espécie Hg2+ (mercúrica), assim
obtida nos sedimentos bênticos e no
material em suspensão filtrável, é
transformada biótica e/ou abioticamente,
na espécie CH3Hg+ (monometilmercúrio)
(LOMBARDI et al., 2001), o qual pode ser
ingerido e bioacumulado pelos peixes e a
biota aquática e, através destes, atingir o
ser humano (SCHIO, 2003).
O ciclo hidrológico – volume de água em
circulação na terra – km3/ano.
(1 km3 = 1 bilhão m3)
O Mercúrio
Biomagnificação:
Resulta de uma seqüência de etapas de bioacumulação que
ocorrem ao longo da cadeia alimentar.
Peixes assimilam substâncias químicas procedentes de sua
alimentação, da ingestão de material particulado adsorvido nos sedimentos ou presente em suspensão nas águas.
Estas substâncias não são biotransformadas pelo peixe, e se
acumulam nos tecidos.
Acumulação acontece em função do tempo,
Aves predadoras que se alimentam destes peixes, apresentam
As fontes naturais desse metal se dão pela
desgaseificação da crosta terrestre e erupções
vulcânicas, queima de combustíveis fósseis e as fontes antrópicas são devidas às minerações (amalgamação do ouro), indústrias cerâmicas, farmacêuticas,
instrumentos de medição, elétricos, baterias, produção de cosméticos, manufatura de produtos têxteis, etc.
(LOMBARDI et al., 2001).
A atividade de extração aurífera é atualmente a principal
fonte de emissão antrópica de mercúrio para o meio ambiente. E a região amazônica tem sido sujeita a enormes despejos de mercúrio na atmosfera, nos
sistemas hídricos e no solo, podendo alcançar mais de 130 toneladas por ano (LACERDA,1997).
Níveis de tolerância aceitos pela
Legislação brasileira
Peixes e produtos da pesca (exceto
predadores 0,5 mg/kg
Justificativa do estudo
A ausência de dados consistentes relacionados às
concentrações de mercúrio em águas, sedimentos e
várias espécies de peixes, ilustram a complexidade dos diferentes ambientes amazônicos em relação à natureza específica da bioacumulação deste metal.
Acredita-se que a determinação direta do mercúrio na
biota local, especificamente nos peixes, seja importante para avaliar adequadamente as fontes de mercúrio e as conseqüências que esse contaminante pode causar a saúde das populações que vivem nestas regiões.
“Uma vez ocorrida a biometilação, a captação do
metilmercúrio pelos organismos aquáticos ocorre rapidamente, apresentando uma vida média
biológica de aproximadamente dois a três anos, em consequência do baixo processo de desmetilação nos organismos vivos e elevada afinidade pelos
grupamentos sulfidrílicos das proteínas (Hakanson, 1988).
Graças à estabilidade ambiental, as concentrações
de mercúrio total no topo da cadeia alimentar, como em tubarões, por exemplo, pode chegar a níveis até 100.000 vezes superiores aos de mercúrio
A cidade de Parauapebas -Pa
Integra a Mesorregião do Sudeste Paraense e formaparte da Microrregião de Parauapebas, localizando-se o aglomerado urbano ao pé da Serra de Carajás, no curso médio do rio Parauapebas, no trecho em que este é
atravessado pela Rodovia PA-275.
Limita-se ao norte com Marabá, a Leste com
Curionópolis, a Oeste com Canaã dos Carajás e Água Azul do Norte, e ao Sul com o Município de São Felix do Xingu (Anexos I e II)
O Censo demográfico do ano de 2005 indicou 91.618
habitantes, e uma taxa de mortalidade infantil referente a 36,76% por cada grupo de mil recém-nascidos.
A área de estudo
A Área de Preservação Ambiental Igarapé Gelado
localiza -se no estado do Pará, entre as latitudes 06°00’10S e 05°52’20S e longitudes 50°28’78”W e
49°57’30”W.
Esta APA foi criada pelo Decreto n°97.718 de 5 de maio
de 1989 da Presidência da República. No decreto de criação ficou estabelecido que o IBAMA seria o
responsável pela indicação das atividades a serem
desenvolvidas na área. Entretanto, a Resolução 242, de 20 de junho de 2005 da Agência Nacional de Águas,
outorgou à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) o direito de uso dos recursos hídricos da APA por 20 anos, com a finalidade de mineração.
Igarapé Gelado –
APA-Parauapebas-Pa.
Metodologia
Os dados bióticos foram determinados com a medição
através de um ictiômetro, pesagem através de balança comercial e a sexagem foi determinada por
observação interna dos órgãos;
Os peixes foram dissecados para a verificação do
sexo.
Para determinação dos níveis de mercúrio total, os
tecidos foram retirados e imediatamente congelados e as análises foram feitas através de Espectrofotometria de Absorção Atômica com a técnica do vapor frio
DISSECÇÂO DAS AMOSTRAS
••Material biológicoMaterial
biológico--25 peixes de diferentes tamanhos e pesos 25 peixes de diferentes tamanhos e pesos ( musculatura) pertencentes a 03 espécies. ( musculatura) pertencentes a 03 espécies.
A abertura das amostras foi feita em microondas utilizando ácidos fortes e peróxido. A identificação taxonômica dos peixes foi realizada no laboratório de Zoologia /UFRA e do Museu Emilio Goeldi, utilizando-se parâmetros chaves de classificação.
Sendo as amostras preservadas em álcool a 70% e mantidas nos laboratórios para futuros estudos e manutenção.
Espécies Coletadas
Encontraram-se os seguintes espécimes:
Acará ( Satanaperca sp.) Tucunaré (Cichla sp.)
Piranha (Serrasalmus spp.), Branquinha
Resultados
Niveis de Hg em peixes da área de proteçao ambiental-APA-Parauapebas, ( ppm - µg/g).(Média: 14,95, Mediana:15,1 ,Desvio padrão: 11,24)
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
A022C A06A2 A27A2 A34A2 A38A2 A46A2 A01/02C
Níveis de Hg em peixes da APA-PARAUAPEBAS.PA
Cd Cr Hg Cd Hg -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 metais
correlação de Cd,Cr e Hg nas amostras de peixes oriundas da APA-PARAUAPEBAS_PA 0,8-1 0,6-0,8 0,4-0,6 0,2-0,4 0-0,2 -0,2-0
As análises apresentadas mostram que os
elementos presentes no Igarapé gelado,
inclusive outros metais pesados, estão
sendo absorvidos pelos peixes e que os
níveis de concentração em alguns
elementos podem causar danos a saúde
da população que consome estas
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Os estudos em áreas da Amazônia onde o garimpo não está presente, aliadas as projeções mais recentes sobre o desmatamento indicam que a dispersão do Hg pode estar mais associado ao uso da terra e a erosão (Fadini e Jardim, 2003; Lacerda, 2004)
Hg em peixes carnívoros da bacia do rio Madeira -1,00 -0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 Tempo (ano) [Hg ] g .g -1 Rio Madeira Rio Jamari Peixes Carnívoros
Total Hg in TUCURUÍ fish tissues sampled in Nov 2002 0 200 400 600 800 1.000 1.200 [T H g ] n g /g ( p .u .) Mapará 237,77 327,09 77,43 679,89 682,78 199,15 Acaratinga 81,66 60,82 41,88 131,60 201,07 42,24 Curimatã 18,91 11,06 7,27 213,72 337,73 80,35 Acari Bodo 35,49 166,97 125,50 78,88 122,52 66,27 Piranha Branca 233,66 395,59 192,00 860,66 1.131,08 695,93
Muscles Liver Gut Muscles Liver Gut
Agradecimentos
PROF. DRA. DULCIDÉIA DA CONCEIÇÃO PALHETA-UFRA. PROF. DRA. SIMONE DE FÁTIMA PINHEIRO PEREIRA –
DQ/CCEN/UFPA
PROF. DR. GILMAR WANZELLER SIQUEIRA – DQ/CCEN/UFPA LIC. QUIM. MSc. AUGUSTO CÉSAR FONSECA SARAIVA.
IBAMA-PARAUAPEBAS. LACEN-ELETRONORTE NMT-UFPA
UFRA/CARAJÁS
Laboratório Central do Estado do Pará- LACEN/SESPA.
2- Laboratório de Química Analítica da Universidade Federal do Pará. 3- Laboratório de Análises de Mineral - Universidade Federal Rural da
Amazônia (UFRA)
4- Laboratório de Zoologia - Museu Paraense Emílio Goeldi; 5- Instituto de Saúde e Produção Animal -ISPA/UFRA.
“Todos tem direito ao meio
ambiente
ecologicamente equilibrado bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida,,
impondo-se ao poder público e a coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”..
Muito obrigado!!