Comissão Social de Freguesia de São Julião do Tojal
Gabinete de Apoio à Família
1- Enquadramento do Projecto
A freguesia de São Julião do Tojal, no concelho de Loures, é caracterizada por uma complexidade de problemas inerentes ao funcionamento da família. A reformulação do Diagnóstico Social assim o demonstra.
Desta forma, a Comissão Social de Freguesia tendo conhecimento do tipo de problemas de carácter social, em função do seu elevado número e gravidade que afectam a população da freguesia teve a iniciativa de desenvolver o Gabinete de Apoio à Família (GAF), traduzido em acções de intervenção específica na família e de âmbito geral na comunidade.
É, assim, fundado pela necessidade da existência de intervenções integradas que mobilizem diversos organismos e que possibilitem uma maior eficácia ao nível da inserção social e profissional dos públicos mais vulneráveis aos processos de exclusão. Através da metodologia do Atendimento Integrado visa criar algumas condições de apoio às famílias de modo a estruturarem-se e inserirem-se socialmente, potenciando a capacidade das pessoas, de se tornarem cidadãos activos e participantes na sua mudança e na mudança da comunidade/sociedade onde estão inseridos.
Este trabalho terá por base a Rede Social, enquanto motor de constituição de parcerias efectivas e potenciadoras num processo de envolvimento participativo de todos os que se comprometem para serem agentes e motores de desenvolvimento social e local e a ajudar a criar sinergias favoráveis ao Atendimento Integrado. São, assim, considerados os parceiros constituintes da Comissão Social da Freguesia de São Julião do Tojal. Finalidade do Projecto
Dinamizar e sustentar o Atendimento Integrado, enquanto metodologia dinamizadora da criação de condições para a inclusão social das famílias, no contexto do desenvolvimento e valorização da comunidade.
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A estratégia de intervenção deverá ser mais que uma adição de soluções múltiplas (emprego, educação, saúde, etc), mas antes a construção com a família de soluções coerentes que mobilizem, de forma articulada, vários actores/instituições e recursos. A Resolução do Conselho de Ministros 197/97 de 18.11.97 define a Rede Social como fórum de articulação e congregação de esforços baseado na adesão livre por parte das autarquias e das entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos que nela queiram participar. Estas entidades deverão concertar os seus esforços com vista à erradicação ou atenuação da pobreza e da exclusão e à promoção do desenvolvimento social.
2- Necessidades e Potencialidades identificadas
São analisadas as necessidades da população, assim como as suas potencialidades. São analisadas as potencialidades locais com o objectivo de um desenvolvimento social integrado. Procuramos promover a inclusão de todos os residentes, garantindo o acesso aos recursos, aos direitos, aos bens e serviços, bem como promover a igualdade de oportunidades de participação social numa sociedade com melhor qualidade e maior coesão.
O GAF deverá desenvolver um trabalho no sentido de ser instrumento de responsabilização de cada pessoa, promovendo as condições de cumprimento dos respectivos deveres de cidadania. Este objectivo passa por promover a coesão social das políticas correntes de desenvolvimento económico, formação, emprego, educação, segurança social, saúde, habitação e informação.
Mais do que olhar para o combate da exclusão social tendo por base a noção de direito social, a intervenção deve ir para além do “simples” reforço de dispositivos de assistência, mas sim procurar proporcionar a participação activa de todos na vida social: cidadão activo no seu processo de integração.
Nesse sentido, e considerando a família como: “primeiro espaço de aprendizagem para a criança e para o jovem, é o habitat permanente de aquisição de conhecimentos e de valores, um lugar de formação ou de deformação onde se aprende a SER”. “A família, quando lhe são dadas as condições adequadas (de ordem social, económica, educacional
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e cultural) e as aprende a gerir responsavelmente, gera uma integração saudável, equilibrada e até «rentável» do cidadão para a sociedade. (Ana Monteiro, Família e Exclusão Social, Ministério da Solidariedade e Segurança Social, 1996)
3- Estrutura Organizativa do GAF
Em primeiro lugar, devemos definir que partimos de um modelo de intervenção global, sistémico e interdisciplinar, o qual tem como unidade básica de acção, ou matriz, a família. É a partir desta unidade central, que toda a acção se estrutura. Informar, apoiar e potenciar as famílias nos seus processos de autodeterminação, através de intervenções articuladas.
Em complementaridade será implementada a Bolsa de emprego, que visa dar resposta à procura de emprego na freguesia de S. Julião do Tojal cruzando as ofertas do tecido empresarial que se têm vindo a implementar na localidade.
A intervenção incidirá especificamente na área da Comunidade e Educação, considerando os Idosos como população de relevo na comunidade, dado terem sido estas as áreas diagnosticadas como prioritárias.
O seguinte esquema ilustra de forma simplificada a estrutura organizativa do trabalho a implementar e a desenvolver em rede.
Família GAF Comunidade Educação Bolsa de Emprego
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4- Objectivos específicos da intervenção:
- Implementar o Atendimento Integrado na freguesia de São Julião do Tojal e assim integrar os diferentes níveis de intervenção;
- Analisar as necessidades e potencialidades das famílias, em atendimento/acompanhamento de modo a promover as condições para o seu pleno desenvolvimento/integração a nível psicossocial;
- Aumentar a interacção social das famílias, promovendo relações positivas com instituições e serviços;
- Intervir com as famílias individualmente ou em grupo, com vista ao desenvolvimento das suas competências sociais e educacionais;
- Promover a sensibilidades parental para a educação dos filhos/netos; - Fortalecer a relação Escola-Família e Família-Comunidade;
- Implicar e apoiar as famílias no percurso escolar e formativo de crianças e jovens; - Implementar sistematicamente e avaliar as metodologias de estudo e intervenção articuladas com as famílias.
5- Princípios Orientadores dos Programas de Inserção*
Trabalhar percursos individuais numa óptica integrada transporta consigo um conjunto de princípios e de procedimentos.
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• Abordagem multidimensional - considera os diferentes problemas da vida dos
indivíduos e das suas famílias, bem como as relações que se estabelecem entre tais problemas.
• Trabalho em parceria – Deve implicar uma coordenação entre serviços, no
sentido da resolução conjunta dos problemas e da criação das respostas necessárias e efectivamente adequadas.
• Abordagem territorializada – Aposta numa forte proximidade com as
populações e com os recursos locais.
• Colocação das pessoas no centro da sua actuação dos serviços – Obriga os
serviços a promover a participação dos/as utentes e a pensar, em primeiro lugar, nos seus interesses e necessidades.
• Existência da figura de “gestor/a de caso” – Figura que acompanha
integralmente o percurso dos indivíduos.
6- Etapas para a Construção de um Percurso Integrado
4- Acolhimento – É a fase da escuta e do estabelecimento de uma relação. È também a fase de elaboração de um diagnóstico partilhado.
5- Orientação/negociação – Período para negociar programas/percursos de inserção a partir do estabelecimento de objectivos realistas que respondam aos problemas diagnosticados, apoiados na definição de aspirações e valorizando experiências e competências. “Para o futuro devemos levar o melhor do passado”.
6- Acompanhamento – É uma fase de acompanhamento do percurso definido, assegurando o seu sucesso e a abordagem multidimensional dos problemas identificados. Em várias intervenções tem sido demonstrado que o acompanhamento é, muitas vezes, a chave do sucesso dos programas / percursos de inserção estabelecidos.
7- Avaliação – A avaliação deve ter em conta a situação de partida dos indivíduos/famílias e os objectivos definidos, procurando uma identificação de
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resultados que podem e devem passar por uma valorização das competências adquiridas, e/ou desenvolvidas, pelos indivíduos.
7- Resultados Esperados de uma Abordagem Integrada:
- Racionalização dos recursos da parceria.
- Aloucação dos recursos existentes para a resolução dos problemas das pessoas. - Participação do/a beneficiário/a em todo o processo.
- Orientação e acompanhamento das situações em lugar do encaminhamento.
- Intervenção nas várias dimensões dos problemas, o que permitirá também o desenvolvimento de competências pessoais e sociais por parte do/a beneficiário/a. - Maior satisfação das pessoas.
Importância da Figura de “Gestor/a de Caso”:
A figura de “gestor/a de caso” é essencial para assegurar um percurso integrado de inserção. Esta figura é definida como alguém que faz a gestão dos diferentes recursos disponíveis com vista à inserção e assegura integralmente o acompanhamento do percurso dos indivíduos, mesmo naquilo que se traduz em relações com outros serviços. Neste sentido, ela funcionará como alguém que proporciona um menor desgaste de “energia”, por parte dos utentes/beneficiários, no acesso aos serviços, promovendo uma articulação estreita com as outras entidades e recursos que é necessário activar. Orientar e acompanhar as situações devem ser as premissas básicas do/a “Gestor/a de Caso” como forma de facilitar a própria avaliação de resultados.
*Memorando para o Atendimento/Acompanhamento Social, HD&III Públicos Diferentes. Iguais Oportunidades, CESIS