• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física"

Copied!
92
0
0

Texto

(1)

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

Mestrado

ADRIANA JUSTINO

TRANSIÇÃO DE CARREIRA ESPORTIVA DE ATLETAS

DE VOLEIBOL MASCULINO INFANTO-JUVENIL

São Paulo/ SP

Agosto/2014

(2)

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

Mestrado

ADRIANA JUSTINO

TRANSIÇÃO DE CARREIRA ESPORTIVA DE ATLETAS DE

VOLEIBOL MASCULINO INFANTO-JUVENIL

Orientadora: Profª Drª Maria Regina

Ferreira Brandão

São Paulo/SP

Agosto/2014

Dissertação apresentada ao programa

de Mestrado em Educação Física da

Universidade São Judas Tadeu como

requisito para obtenção do título de

Mestre em Educação Física.

(3)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464

Justino, Adriana

J96t Transição de carreira esportiva de atletas de voleibol masculino infanto-juvenil / Adriana Justino. - São Paulo, 2014.

92 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Maria Regina Ferreira Brandão.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2014.

1. Esporte. 2. Psicologia. 3. Voleibol - Carreira. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

(4)

ADRIANA JUSTINO

TRANSIÇÃO DE CARREIRA ESPORTIVA DE ATLETAS DE

VOLEIBOL MASCULINO INFANTO-JUVENIL

Banca Examinadora:

_______________________________________________________________

Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão (Orientadora)

Universidade São Judas Tadeu

_______________________________________________________________

Profa. Dra. Maria Luiza de Jesus Miranda

Universidade São Judas Tadeu

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Gerson dos Santos Leite

Universidade São Judas Tadeu

Dissertação apresentada ao programa

de Mestrado em Educação Física da

Universidade São Judas Tadeu como

requisito para obtenção do título de

Mestre em Educação Física.

(5)

Ao meu pai (in memorian) que quando me ouviu dizer que eu não sabia se daria conta do mestrado, falou: “Faz que eu ajudo no que você precisar...”. E ajudou em tudo, sempre.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que fizeram parte deste momento da minha vida e

que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho,

especialmente:

À minha orientadora Professora Maria Regina Ferreira Brandão que, apesar de

todas as dificuldades, não desistiu de mim e sempre foi amiga.

À banca de qualificação, Professora Lenamar e Professora Sheila por suas

orientações tão preciosas.

À Professora Miranda e a todos os professores e demais profissionais da

Universidade São Judas Tadeu que sempre me orientaram com toda a atenção.

Ao Alex, meu marido e grande amor, que teve uma paciência infinita comigo

durante todo esse percurso, além de sempre me escutar e ajudar.

À minha mãe, que é antes de tudo minha amiga, incentivadora e exemplo de

mulher.

À Chica pelos mimos, almoços e amor incondicional.

À Inaê, Chiquinho e amigos da Serrinha que “esqueceram de mim” por muitas e

muitas horas para que eu pudesse me dedicar totalmente à dissertação.

À Mari, Milena, Andréia, Vitor, Camilla, Gustavo e demais amigos do Centro

Olímpico de Treinamento e Pesquisa São Paulo, que acompanharam de perto

minha caminhada, sempre dando suporte e apoio.

À Belzinha e Mara, eternas amigas, sempre preocupadas comigo e com minha

vida acadêmica.

Aos amigos Gerson, Gisele, Raul, Simone e Verena, que conheci no decorrer do

mestrado, e que me ajudaram com suas experiências e conselhos.

(7)

Ao Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa que me permite crescer pessoal

e profissionalmente, dando oportunidades para que eu possa ter acesso ao

melhor da psicologia do esporte.

Aos atletas que com tanto carinho se dispuseram a abrir um pouquinho de suas

vidas pessoais, sem os quais esta pesquisa não teria sido possível e nem teria

razão ser.

(8)

RESUMO

A carreira atlética passa por diferentes transições e mudanças ao longo de seu desenvolvimento, como a transição do esporte infantil para o juvenil, juniores para adulto; esporte amador para o profissional, ou a transição para o término da carreira esportiva, todas elas com exigências de ajustamento e características próprias. Partindo desta premissa, o objetivo deste estudo foi investigar e compreender as variáveis que interferem na transição na/de carreira de atletas de voleibol infanto-juvenil de um centro de esportes de categoria de base da Prefeitura de São Paulo. Foram avaliados 16 atletas de voleibol, do sexo masculino, entre 17 e 18 anos, utilizando-se um questionário elaborado para este estudo com questões que permitiram algumas respostas abertas e outras fechadas, e que se pautou nas propostas do paradigma bioecológico do desenvolvimento humano de Uri Bronfenbrenner e no modelo adaptado de desenvolvimento em transições enfrentadas pelos atletas na carreira esportiva, fase de desenvolvimento psicológico, psicossocial e acadêmico/profissional de Wylleman & Lavallee (2004). As questões abertas foram analisadas através dos procedimentos propostos por Miles & Huberman (2004) e as fechadas através de porcentagens. Os resultados mostram uma valorização da prática do esporte em si e o sentimento de respeito e o compromisso necessários para que se possa ser considerado atleta. A paixão pela modalidade esportiva aparece como forma de validação da extrema dedicação. Observou-se um alto nível de escolaridade da amostra, e que há apoio da família e do próprio centro esportivo para a continuidade dos estudos. A maioria dos atletas pretende continuar na categoria juvenil, no entanto, em algum momento, pensou em abandonar a carreira e planeja ter outra profissão quando parar de jogar vôlei. O microssistema caracterizado pela influência dos pais, técnicos e professores no desenvolvimento da carreira esportiva, desde as fases iniciais até o momento de vida atual dos atletas deste estudo, apareceu como muito intenso e pode ter importância significativa nas decisões ao decorrer da trajetória atlética. O apoio dos pais na manutenção da prática esportiva também se mostra imprescindível, uma vez que, o desenvolvimento da carreira atlética exige importantes decisões de vida justamente na adolescência, quando o indivíduo vive as dúvidas naturais da faixa etária e é com os familiares que conversam sobre o planejamento de suas carreiras. Os resultados deste estudo podem auxiliar a equipe técnica no estabelecimento de metas e planos de carreira, a fim de orientar atletas na escolha de seus caminhos profissionais, oferecendo mais segurança às difíceis decisões, o que poderá criar

(9)

condições para que o atleta se sinta mais seguro, melhorando, inclusive, o desempenho nas quadras e a qualidade de vida neste momento de transição de/na carreira.

(10)

SPORTS CAREER TRANSITION OF MALE JUNIOR

VOLLEYBALL ATHLETES

ABSTRACT

The career in sports experiences in its development several transitions and changes, such as the transition from children´s to juvenile categories, and junior to adult, from amateurs to professionals, or the transition to the end of the career in sports, all of them bearing specific characteristics and needs of adjustments. With this proposition in view, the objective of this study is to investigate and understand the variables that affect the transition in/of the career of juvenile volleyball athletes of a sports center for the junior categories in the city of São Paulo. Sixteen male volleyball players aged 17 and 18 were evaluated. A questionnaire was applied, which was then analyzed according to the procedures recommended by Miles & Huberman (2004), and discussed according to the bioecological paradigm for human development of Uri Bronfenbrenner and the adapted development model in transitions experienced by athletes in their sports career, psychological, psychosocial and academic/professional development of Wylleman & Lavallee (2004). The results show the value of sports per se and the feeling of respect and the necessary commitment for one to be considered an athlete. The passion for the sports modality appears as validation of their extreme dedication. The study observed a high level of education in the sample, being education fostered by the support received from the family and also from the sports center. Most athletes intend to continue in the junior categories, yet, in some moment they have considered quitting the career and they plan to follow a different profession when they stop playing volleyball. Also the support from their parents is fundamental to keep them practicing sports, given that the development of such a career demands that important decisions be made during the period of adolescence, when the individual is subject to the characteristic questionings that occur during this stage of life, and it is their family they resort to when willing to talk about the planning of their career. The results of this study can help the technical staff in the establishment of goals and career plans to guide athletes in choosing their professional ways, providing more support to the decision making. This may create conditions for the athletes to feel more confident, also improving

(11)

their performance in the court and the quality of life in this moment of transition in/of their career.

Keywords: sport, psychology, meaning, volleyball.

(12)

SUMÁRIO

RESUMO...VII ABSTRACT...X LISTA DE FIGURAS... XIII LISTA DE ANEXOS ...XIV LISTA DE TABELAS...XV SUMÁRIO ... .XII CAPÍTULO I ... XVI 1.1 Definição do problema ... - 17 - 1.2 OBJETIVOS ... - 21 - 1.2.1 Objetivo Geral: ... - 21 - 1.2.2 Objetivos Específicos: ... - 21 - 1.3 JUSTIFICATIVA ... - 22 - CAPÍTULO II ... - 24 - REVISÃO DE LITERATURA... - 24 -

2.1 Transição de Carreira – Conceitos, causas e consequências ... - 24 -

2.2 Paradigma bioecológico do desenvolvimento humano ... - 29 -

MÉTODO ... - 34 - 3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ... - 34 - 3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ... - 35 - 3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS ... - 35 - RESULTADOS ... - 37 - DISCUSSÃO ... - 55 - CONSIDERAÇÕES FINAIS... 64 REFERÊNCIAS ... 66

(13)

-LISTA DE FIGURAS

Figura 1 . Modelo adaptado de desenvolvimento em transições enfrentadas pelos atletas na carreira esportiva, fase de desenvolvimento psicológico, psicossocial e acadêmico /

profissional (Wylleman & Lavallee, 2003)...27 Figura 2. Inter-relações observadas através do modelo de desenvolvimento

processo-pessoa-contexto-tempo da Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner (1996, 2011) ... .33

Figura 3. Porcentagem de acordo com o local de nascimento da amostra...37 Figura 4. Porcentagem referente ao nível de escolaridade dos atletas. ...38 Figura 5. Porcentagem referente à pretensão dos atletas em seguir a carreira de jogador de vôlei após o infanto-juvenil... 40 Figura 6. Porcentagem de atletas que consideram que a continuação dos estudos pode interferir na carreira esportiva...40 Figura 7. Porcentagem de atletas que já pensaram em abandonar a carreira... ...41 Figura 8. Porcentagem de atletas que planejam ter outra profissão depois que parar de jogar vôlei...42 Figura 9. Porcentagem de respostas de atletas que conversam com alguém sobre o planejamento de sua carreira no vôlei... 43 Figura 10. Porcentagem representando com quem conversam sobre o planejamento da carreira... 43 Figura 11. Porcentagem referente ao grau de expectativas em relação à profissão de jogador de vôlei...44 Figura 12. Porcentagem de atletas que precisam ajudar financeiramente nas despesas da família... 45

(14)

Figura 13. Porcentagem de atletas que consideram que precisar ajudar financeiramente nas

despesas da família interfere na sua decisão de permanecer jogando vôlei...45

Figura 14. Porcentagem de locais onde aprenderam a jogar vôlei...46

Figura 15. Porcentagem de locais onde começaram a treinar regularmente...47

Figura 16. Porcentagem de respostas que indicam quem os ensinou a jogar vôlei inicialmente... 47

Figura 17. Porcentagem de respostas que indicam quem os motivou a jogar vôlei. ...48

Figura 18. Porcentagem de atletas que participaram de alguma seletiva Estadual...48

Figura 19. Porcentagem do nível de escolaridade dos Pais...49

Figura 20. Porcentagem quanto ao grau de apoio que os pais oferecem aos seguintes aspectos: transporte para os treinos, apoio financeiro, incentivo para continuar estudando, apoio emocional...50

Figura 21. Porcentagem de atletas que necessitaram mudar da casa dos pais para jogar vôlei ...50

Figura 22. Porcentagem referente ao grau de benefício que os atletas consideram que obtiveram até hoje através do vôlei...53

Figura 23. Porcentagem referente à frequência dos problemas que os atletas consideram que já enfrentaram no vôlei...53

Figura 24. Porcentagem de respostas sobre como os atletas avaliam o contexto do voleibol no Brasil... ... 54

(15)

LISTA DE ANEXOS

ANEXOS ... - 74 -

ANEXO 1 - Questionário de transição no vôlei ... - 75 -

ANEXO 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido/ Responsável... - 82 -

ANEXO 3 - Termo de consentimento livre e esclarecido/Atleta ... - 85 -

ANEXO 4 - Carta de apresentação USJT ... - 88 -

ANEXO 5 - Termo de responsabilidade da Instituição...- 89 -

ANEXO 6 - Parecer consubstanciado CEP ... ...- 90 -

(16)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Média e desvio padrão, da idade do início dos treinos regulares e da idade em que foi federado... 46

(17)

INTRODUÇÃO

1.1 Definição do problema

Trabalhando como psicóloga de um centro de esportes da Prefeitura de São Paulo, tenho constatado uma demanda da equipe técnica que percebe que, na medida em que os atletas alcançam a categoria infanto-juvenil, suas dúvidas e angustias em relação à permanência ou não no esporte aumentam.

Durante um encontro de psicologia com atletas da equipe infanto-juvenil, após longa discussão sobre todas as dificuldades oriundas do esporte, solicitei que cada atleta perguntasse a si mesmo o que o movia e o motivava para o esporte e depois escrevesse no quadro branco. Algumas respostas apareceram repedidas várias vezes como sonho, amor, paixão, a mãe e a família, outras, apenas uma vez, como força de vontade, altura, chegar ao final e dizer que “conseguiu”, lição de vida e superação. Todas as afirmativas foram carregadas de emoção, o que mais uma vez me sensibilizou para tentar compreender melhor este momento de transição de/na carreira destes jovens.

A ideia inicial deste estudo surgiu a partir da necessidade de suporte teórico para as dificuldades encontradas em minha prática diária, em que escuto frequentemente relatos dos próprios atletas que consideram alguns aspectos neste momento da carreira como geradores de forte pressão emocional e consequente queda de rendimento nos treinos e jogos. Dentre as questões que mais emergem neste momento destacam a cobrança familiar por uma profissão mais rentável e segura, a necessidade de auferir renda para seus gastos pessoais, as cobranças da equipe técnica, as dúvidas em relação à própria capacidade e talento, o futuro incerto quanto ao que o esporte pode oferecer e os estudos, que neste momento visam à formação universitária.

(18)

Estas observações indicaram que parece óbvio que ter disponibilidade para praticar esporte não garante uma carreira esportiva longa. Ao longo da carreira esportiva o atleta passa por diferentes estágios, decorrentes tanto das fases de desenvolvimento pessoal e do aprendizado do esporte, quanto da própria história de vida (SAMULSKI, 2009; WYLLEMAN & LAVALLEE, 2003).

Em outras palavras, a carreira atlética passa por diferentes transições e mudanças ao longo de seu desenvolvimento, por exemplo, a transição do esporte infantil para o juvenil, juniores e adulto; a do esporte amador para o profissional e a transição para o término da carreira esportiva, etc. Estas transições na carreira, de acordo com Stambulova (1994), são as fases de desenvolvimento do atleta no esporte e são definidas pela idade, ou pelo grau de especialização esportiva e determinam exigências de ajustamento com características próprias.

Estas transições podem ser vividas de forma positiva quando há condições internas para o ajustamento, permitindo uma adaptação rápida, ou de forma negativa, quando há um esforço muito grande ou mesmo uma falta de condições para conseguir se adaptar às exigências da nova posição, gerando sintomas que poderão configurar uma situação de declínio, estagnação no esporte ou mesmo abandono da carreira esportiva (BRANDÃO et al. 2000).

A transição de carreira no esporte é o resultado de inúmeros fatores, e mais frequentemente, uma combinação de fatores individuais e influências sociais. Experiências de desenvolvimento, identidade esportiva, percepção de controle, identificação social, contribuições de terceiros e recursos disponíveis para adaptação à transição, além de um prévio planejamento da carreira são exemplos destes fatores (ALFERMANN et al., 2004). A transição da fase infanto-juvenil para a juvenil na modalidade voleibol, tema deste estudo, requer dos atletas ajustamentos nas esferas ocupacional, financeira, psicológica e social. Apesar de ser uma fase muito importante para o esporte em geral, dificuldades financeiras, falta de patrocínio, de reconhecimento social, ausência do apoio familiar, casamento, paternidade e lesões têm abreviado a carreira de atletas talentosos e de futuro. É interessante notar como dirigentes negligenciam a importância da preparação dos atletas para estes ajustamentos, iludidos com a ideia de que a seleção natural irá eleger os mais bem preparados para enfrentá-los (SAMULSKI, 2009; BRANDÃO et al. 2000).

Compreender os aspectos implicados neste momento pode ser a peça-chave no processo de planejamento e ajustamento da carreira atlética. O tópico dedicado à Transição de Carreira

(19)

Esportiva se tornou uma tendência mundial de pesquisa na área da psicologia do esporte. No entanto, no Brasil, há uma carência de estudos sobre os aspectos relacionados às transições ao longo da carreira esportiva dos atletas. De fato, a maioria dos estudos realizados se refere à transição da vida esportiva para a vida pós-esporte (AGRESTA, 2008; AGRESTA, BRANDÃO & BARROS 2008; BRANDÃO, AGRESTA, 2012; MARQUES & SAMULSKI, 2009).

Uma visão que captura a complexidade da transição de carreira é a desenvolvida por Urie Bronfenbrenner (1995) denominada de Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano. De acordo com esse modelo o desenvolvimento de um indivíduo ocorre dentro de um sistema complexo composto por quatro elementos: processo, pessoa, contexto e tempo.

O Processo, construto fundamental do modelo, é constituído por formas particulares de interação que ocorrem entre o individuo e o ambiente e operam por um período de tempo. São esses mecanismos primários do desenvolvimento humano que Bronfenbrenner define como Processos Proximais (KREBS, 2009). Para esse desenvolvimento ser efetivo é necessário que estejam em ação os seguintes fatores: 1) engajamento da pessoa em uma atividade; 2) a interação deve acontecer em uma base relativamente regular por um longo período de tempo; 3) complexidade progressiva das atividades em que a pessoa está inserida; 4) reciprocidade entre as relações interpessoais; 5) os objetos e símbolos presentes no ambiente devem estimular a exploração e a imaginação do indivíduo (NARVAZ & KOLLER, 2004).

O segundo componente do Modelo Bioecológico é a Pessoa. Nessa perspectiva, o individuo é um ser ativo, capaz de sofrer influências dos contextos nos quais participa direta e indiretamente, ao mesmo tempo em que neles determina mudanças que são afetadas por uma variedade de influências ambientais, do ambiente mais próximo ao indivíduo aos mais amplos (COPETTI & KREBS, 2004). O elemento Pessoa é descrito por Bronfenbrenner por meio de três características pessoais que atuam no desenvolvimento e influenciam nos processos proximais: disposições (forças), recursos e demandas.

O terceiro componente do modelo, o Contexto, é compreendido como os ambientes imediatos ou remotos que têm o poder de influenciar o desenvolvimento. Bronfenbrenner (1995) define o contexto em quatro níveis ambientais e sociais integrados: microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema. O microssistema é o ambiente mais imediato no qual a pessoa em desenvolvimento participa ativamente. O mesossistema envolve o conjunto de relações sociais que ocorre entre dois ou mais ambientes, nos quais a pessoa participa ativamente em certo momento, e que passam a influenciar os ambientes mais próximos. O exossistema é composto

(20)

pelos ambientes dos quais a pessoa em desenvolvimento não participa, mas é influenciada por ele e também irá influenciá-lo. Já o macrossistema, é visto como estruturas sociais mais amplas, que envolvem sistemas de valores, ideologias, sistema de governo, culturas, religiões, que influenciam o desenvolvimento da pessoa.

A dimensão do Tempo no Modelo Bioecológico deve ser compreendida como um sistema integrado que possui três níveis: microtempo, mesotempo, e macrotempo (KREBS, 2009). Santos (2006) ressalta que o Tempo deve ser estudado a partir de um ponto de vista histórico-evolutivo, importando tanto o processo proximal, que determina o desenvolvimento ao longo do tempo, quanto o processo histórico que envolve a pessoa e o ambiente. Como o tempo exerce um papel no desenvolvimento a partir de mudanças e continuidades características do ciclo de vida, o microtempo é determinado pela continuidade e descontinuidade observadas dentro de pequenos episódios dos processos proximais. O mesotempo envolve a periodicidade dos episódios de processo proximal por meio de intervalos maiores de tempo, como dias, semanas. E o macrotempo relaciona-se a eventos em mudança dentro da sociedade por meio de gerações (COUTO, 2007).

Encontramos importantes estudos realizados por autores na área da psicologia do esporte e da educação física cujos fundamentos estão alicerçados na teoria bioecológica do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner, tais como os de Brandão (1996) que analisou o perfil psicológico de uma equipe nacional de voleibol masculino à luz da ecologia do desenvolvimento humano, os de Vieira et al. (1999, 2003) sobre a trajetória de desenvolvimento de talentos esportivos, o de Copetti (2001) e o de Krebs et al. (2008) sobre os atributos de tenistas, o de Krebs et al. (2011) sobre a disposição de adolescentes para a prática de esportes e, mais recentemente, o de Pedrinelli (2014) sobre a trajetória de atletas com deficiência intelectual na perspectiva bioecológica do desenvolvimento humano.

O Modelo Bioecológico, dessa forma, pode ser utilizado para o estudo das diversas possibilidades que o esporte pode abranger e o consideramos um paradigma que permite a compreensão das diversas transições no esporte, da transição do esporte juvenil para o adulto em particular, pois esse é um fenômeno que deve ser observado não somente a partir das características pessoais dos atletas, mas também pela interação dinâmica existente entre os atletas e o ambiente no qual estão inseridos.

(21)

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral:

Investigar e compreender os fatores que interferem na transição de carreira da categoria infanto-juvenil para a infanto-juvenil de atletas de voleibol infanto-infanto-juvenil de um centro de esportes de categoria de base da Prefeitura de São Paulo e analisá-los à luz do modelo bioecológico do desenvolvimento humano de Uri Bronfenbrenner.

1.2.2 Objetivos Específicos:

1. Investigar como se deu o processo de iniciação no voleibol; 2. Avaliar o contexto familiar e social em relação ao voleibol;

3. Analisar a influência do contexto esportivo do voleibol na decisão da carreira; 4. Avaliar os aspectos relacionados ao planejamento da carreira esportiva; 5. Analisar a relação entre o contexto esportivo e o contexto familiar e social;

6.

Analisar as disposições, recursos e demandas dos atletas em relação ao esporte.

(22)

1.3 JUSTIFICATIVA

A modalidade voleibol vem passando por várias modificações nas últimas décadas a fim de se tornar um esporte massificado e popularizado no Brasil e, neste contexto, passou a ser um grande exemplo de como é possível transformar uma modalidade esportiva em espetáculo para um país inteiro, com vultosos investimentos com publicidade nos uniformes e patrocinadores dos eventos. Houve mudanças nas regras e investimento na figura dos atletas como ídolos visando maior interesse do público (MEZZAROBA & PIRES, 2011)

As equipes masculinas e femininas de voleibol brasileiras têm realizado atuações com grande sucesso e, segundo a Confederação Brasileira de Voleibol (2013), nenhum país do mundo, em qualquer esporte coletivo, apresenta quadro de medalhas semelhante ao brasileiro. Somente entre 1997 e 2012, foram alcançadas as marcas de 360 medalhas de ouro, 220 medalhas de prata e 200 medalhas de bronze, contando todas as categorias esportivas.

Estas conquistas repercutem positivamente tanto nas macroestruturas políticas do esporte, quanto nas microestruturas familiares, sociais e escolares. Nas aulas de Educação Física o voleibol está cada vez mais presente e os jogadores e técnicos de voleibol passam a ser ídolos nacionais, estando com frequência na mídia e nas campanhas publicitárias (KREBS, COPETTI & BRANDÃO, 2010).

O esporte tem sido um dos fenômenos de maior importância na atualidade, uma vez que a mídia o divulga como produto que movimenta grandes somas de dinheiro, o que acaba por influenciar os comportamentos e hábitos sociais e, neste contexto, ser atleta significa mais do que a prática de esportes ou a possibilidade de uma profissão rentável, mas cumpre uma importante função social associada à identidade com a torcida, com a representação de valores morais e éticos, representando a nação através de superação e lutas pela vitória (SGOBI, 2012; VIEIRA, VISSOCI & OLIVEIRA, 2010; MEZZAROBA & PIRES, 2011).

Neste panorama, Samulski (2007) descreve que o número de crianças que ingressa em programas de iniciação esportiva tem aumentado significativamente nas últimas décadas por influência dos eventos esportivos, da identificação com os ídolos, da pressão dos pais e amigos e pela esperança de obter sucesso e status no esporte. Todos estes fatores influenciam e são influenciados diretamente pelo significado implícito do esporte na concepção do atleta.

(23)

Levando em conta o investimento que vem sendo realizado na modalidade voleibol no Brasil e a necessidade de projetos de formação do atleta, somados ao fato desta pesquisa vir a ser realizada com atletas de voleibol da categoria infanto-juvenil, que é a última categoria deste centro de treinamento esportivo que visa o alto rendimento e que inicia esta modalidade com crianças menores de 12 anos, entendemos que com o resultado obtido poderemos sugerir novas possibilidades de intervenção no decorrer da formação do atleta a partir das categorias menores.

Além da relevância profissional, este estudo pretende agregar conhecimento somando-se a outros estudos atuais sobre transição de carreira em outras modalidades, outras categorias e, principalmente, outros países. Conforme descrevem Stambulova et al. (2009), estudos americanos, europeus e australianos têm maior visibilidade e influência no tema em termos de referenciais teóricos, instrumentos desenvolvidos e corpo de conhecimento sobre as fases de carreira. Entretanto, os comportamentos e o desenvolvimento humano, bem como as transições de carreira, tema desse estudo, são fortemente influenciados pela cultura e pelo sistema social nos quais a pessoa está envolvida, motivo pelo qual estudos sobre transição de carreira regionalizados são fundamentais para a compreensão de uma realidade específica. Este estudo pretende entender o processo de transição de/na carreira de atletas da categoria infanto-juvenil, ou seja, uma vez que não foram estudadas todas as categorias, o grupo mais experiente deste centro de treinamento apresentará o processo a partir do recorte do momento atual e poderá contribuir com dados importantes para comissões técnicas, coordenadores e dirigentes que terão a oportunidade de conhecer a realidade vivida pelo atleta através de sua visão e voz, aumentando assim as chances da construção de projetos de carreira que os considerem desde as categorias de base e que levem ainda mais em conta suas necessidades e possibilidades.

Por fim, analisar os fatores que permeiam a vida do atleta no momento de transição para a vida adulta profissional poderá fornecer informações importantes também para o próprio atleta, uma vez que esta fase trará implicações em todos os aspectos da sua vida.

(24)

CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

Para entender a transição de carreira esportiva em toda sua complexidade a presente revisão de literatura estará dividida em duas seções principais. A primeira seção denominada “Transição de Carreira – Conceitos, causas e consequências” focalizará o background do conceito visando uma maior compreensão desse processo. A segunda seção, denominada “Paradigma bioecológico do desenvolvimento humano” discutirá as características do modelo e seus componentes.

2.1 Transição de Carreira – Conceitos, causas e consequências

O conceito de carreira como entendemos hoje, ou seja, trajetória da vida profissional, é recente, tendo aparecido no século XIX e, segundo Chanat (1995, p. 67), significa "um ofício, uma profissão que apresenta etapas, uma progressão".

A partir da compreensão de que “carreira” subentende evolução dentro da profissão, o termo “carreira esportiva” é definido por Alfermann e Stambulova (2007, p.713) como sendo a

“prática voluntária e plurianual de uma atividade esportiva escolhida pelo atleta com o objetivo de alcançar altos níveis de desempenho em um ou vários eventos esportivos”.

No decorrer de sua carreira esportiva o atleta passa por diversas fases, decorrentes tanto das etapas de desenvolvimento pessoal e do aprendizado do esporte, quanto da própria história de vida (SAMULSKI, 2009).

Estas transições podem ser vividas de forma positiva, quando há condições internas para o ajustamento permitindo uma adaptação rápida, ou de forma negativa, quando há um esforço

(25)

muito grande ou mesmo falta de condições para conseguir se adaptar às exigências da nova posição, gerando sintomas que poderão configurar uma situação de declínio ou estagnação no esporte (BRANDÃO et al., 2000).

A comunidade científica esportiva tem se esforçado para conceituar o processo de transição de carreira desde que se tornou emergente o debate acerca das dificuldades enfrentadas pelos atletas no momento de sua aposentadoria e, segundo Lavallee (2000), teóricos anteriormente aos anos 1980 traçaram paralelos entre a transição de carreira e modelos “tanatológicos” e modelos de “gerontologia social”. Olgivie & Taylor (1993); Lavallee (2000); Brandão et al. (2000), descrevem esses modelos demonstrando que ambos associam a transição de carreira ao final da carreira e não como um processo da evolução da carreira atlética.

A partir de então, observamos que, historicamente, os estudos pioneiros sobre transição no esporte associaram a aposentadoria atlética de forma análoga à aposentadoria de uma carreira profissional e, como resultado desta forma de analisar a questão, a transição dos atletas para o pós-carreira foi geralmente apresentada como negativa e, muitas vezes, considerada como um evento traumático (STAMBULOVA et al. 2009).

Atualmente, entende-se a relevância destes modelos para os estudos de transição de carreira, mas a partir dos anos 1980, outros modelos vieram propor a transição de carreira no esporte dentro da concepção de processo, entendido como uma gama de transições dentro da própria carreira, opondo-se então aos modelos tanatológico e gerontológico (BRANDÃO, 2000).

Em 2009 a International Society of Sport Psychology (ISSP) publicou posição para o desenvolvimento de carreira e transição de atletas. Neste texto, Stambulova et al. (2009, p.396), trazem a definição de Schlossberger (1981) para transição atlética definindo-a como "um evento

ou não-evento que resulta em uma alteração de pressupostos sobre si mesmo e o mundo, e, portanto, requer uma mudança correspondente em seu comportamento e relações”. Esta

definição foi inicialmente adotada pela área da psicologia do esporte, mas atualmente tem sido contestada por pesquisas de transição de carreira no esporte, especialmente quando identifica a transição como um evento ou não-evento, uma vez que estudos de aposentadoria com atletas indicaram que a adaptação ao pós-carreira se estendeu, em média, cerca de um ano, o que configura um processo (TAYLOR & OGILVIE, 1994; ALFERMANN, 2000).

Os pesquisadores Taylor & Ogilvie, em 1998, partindo do princípio de que a transição de carreira esportiva deveria ser entendida e analisada como um processo, desenvolveram o Modelo

(26)

Conceitual da Transição de Carreira, que mostra a importância de se estudar todas as variáveis relacionadas à qualidade da transição no esporte, desde a iniciação esportiva até a transição para o final da carreira.

O objetivo desta concepção, de acordo com esses autores, é proporcionar um modelo detalhado e abrangente, que aborda todo o curso do processo de transição de carreira para atletas e no qual se podem observar as causas da transição em relação aos aspectos que influenciarão sua qualidade. A partir do presente modelo, pode-se concluir que a transição de carreira atlética pode ser vivida de forma positiva ou negativa, uma vez que a qualidade da adaptação para a transição dependerá das etapas anteriores do processo. É neste momento que a reação do atleta para a transição tornará evidente uma série de fatores psicológicos, sociais e ambientais que determinarão a natureza da resposta. O fenômeno das dificuldades na transição de carreira esportiva pode ser mais bem compreendido e observado como uma complexa interação de fatores estressantes tanto de ordem física, quanto psicológica, social, educacional, ocupacional, ou financeira. Embora o trauma pareça estar mais presente nos atletas de elite, tanto amadores como profissionais, intervenções adequadas podem diminuir o risco de que os atletas de qualquer nível experimentem sentimentos de “distress” após a aposentadoria (COAKLEY, 1983; GREENDORFER & BLINDE, 1985 apud TAYLOR & OLGIVIE, 1998).

Considerando o modelo de Taylor & Ogilvie (1998) acima exposto, Wylleman & Lavallee (2003) e Stambulova et al. (2009) apontam para uma mudança importante nos estudos do desenvolvimento da carreira e de transição de carreira, que é o fato de que não se considera mais apenas as transições que os atletas vivem exclusivamente dentro do esporte, mas se passou a considerar o atleta como "uma pessoa inteira" na perspectiva de uma vida útil, compreendendo as transições na carreira esportiva em sua relação com os desafios do desenvolvimento e transições em outras esferas de suas vidas.

Além deste, outro aspecto que é relevante para a compreensão do papel dos fatores contextuais no desenvolvimento da carreira e transições, diz respeito ao fato de que enquanto estudos anteriores focavam apenas em como técnicos, pais e colegas contribuíam para o desenvolvimento dos atletas em suas carreiras e transições, estudos mais recentes também consideram o papel dos fatores macrossociais como, por exemplo, o contexto em que o esporte está inserido regionalmente, com suas facilidades e dificuldades, e a cultura, interferindo diretamente neste processo. (STAMBULOVA, STEPHAN & JÄRPHAG, 2006).

(27)

Considerando a evolução dos estudos sobre o tema, o modelo de Lavallee (2006), apresenta as transições de desenvolvimento dentro da carreira associando-as ao nível de exigência esportiva da seguinte forma:

- fase de iniciação: neste nível as crianças desenvolvem atividades lúdicas sem a exigência da performance,

- fase de desenvolvimento: é feita a opção pela modalidade esportiva, as crianças já começam a competir, aumentando o nível de comprometimento, o que requer maior organização na rotina do atleta,

- fase de excelência: neste momento o atleta decide investir na carreira esportiva, dedicando-se totalmente à performance esportiva e, em alguns esportes, passando à profissionalização,

- fase de aposentadoria: a partir desta etapa, há a diminuição do envolvimento do atleta com o treinamento e competições.

Utilizando dados de pesquisa sobre o desenvolvimento da carreira dos alunos-atletas, estudantes-atletas, atletas profissionais e elite, e de ex-atletas olímpicos, Wylleman e Lavallee (2004) apresentaram um modelo de desenvolvimento que inclui transições evolutivas enfrentadas pelos atletas conforme descrito na figura a seguir:

Figura 1. Modelo adaptado de desenvolvimento em transições enfrentadas pelos atletas na carreira esportiva, fase de desenvolvimento psicológico, psicossocial e acadêmico / profissional (Wylleman & Lavallee, 2003).

(28)

Este modelo apresenta as transições de desenvolvimento dentro da carreira esportiva associando-as ao nível de exigência esportiva do seguinte modo: a fase de iniciação se dá na infância, aproximadamente entre 10 e 13 anos, quando as crianças desenvolvem atividades lúdicas sem a exigência da performance, sendo que pais, irmãos e amigos representam as maiores influências e em relação à escolaridade, estão cursando o ensino fundamental (WYLLEMAN & LAVALLEE, 2003; WYLLEMAN & LAVALLEE, 2004; ALFERMANN et al, 2004).

Na fase de desenvolvimento estão na adolescência, entre os 14 e os 18 anos, quando é feita a opção pela modalidade esportiva, já começam a competir, aumenta o nível de comprometimento, o que requer maior organização em sua rotina, e quanto à escolaridade, estão passando pelo ensino médio e sob influência de amigos, treinador e pais (WYLLEMAN & LAVALLEE, 2003; ALFERMANN et al., 2004; WYLLEMAN & LAVALLEE, 2004). A fase de excelência, entre os 18 e os 27 anos aproximadamente, é o momento em que o atleta decide investir na carreira esportiva, dedica-se totalmente à performance esportiva e, na maioria das modalidades, passa à profissionalização. É nesta fase que há a escolha da carreira profissional e a possibilidade de se iniciar o ensino superior. As grandes figuras de influencia na vida são o parceiro e o treinador (WYLLEMAN & LAVALLEE, 2003; ALFERMANN et al., 2004; WYLLEMAN & LAVALLEE, 2004).

A fase de aposentadoria no esporte acontece muitas vezes antes dos 30 anos, muito mais cedo do que na maioria das outras carreiras profissionais e, a partir desta fase, há a diminuição do envolvimento do atleta com o treinamento e competições. Trata-se de um momento no qual está sendo influenciado especialmente pelo parceiro e pela própria família.

Este modelo destaca a natureza interativa de transições em diferentes domínios da vida dos atletas, mostrando que todas as transições da vida podem afetar o desenvolvimento da carreira esportiva não apenas as relacionadas à vida atlética. (WYLLEMAN & LAVALLEE, 2003; ALFERMANN et al, 2004).

Nas pesquisas com talentos do atletismo na transição da categoria juvenil para adulto, Rocha et al. (2010) concluem que o abandono precoce da modalidade é algo complexo e está ancorado em experiências durante todo o processo do treinamento esportivo e que os cuidados primários e essenciais se localizam na iniciação esportiva. Os autores concluem ainda, que pais e técnicos não são os únicos a influenciar as decisões tomadas pelos atletas, há a

(29)

influência desde a esfera política com o apoio ao esporte e divulgação da modalidade, até os relacionamentos mais próximos do indivíduo, como amigos, emprego e família.

O tema transição de carreira na faixa etária dos atletas infanto-juvenis reporta a um momento de transição da própria adolescência para a vida adulta e vem acompanhada das angústias peculiares desta fase. Conforme Melucci (1996), a perspectiva temporal do adolescente tornou-se um tema interessante de pesquisa, uma vez que a história de vida atualmente está cada vez menos previsível e os projetos de vida passaram mais do que nunca a depender da escolha do indivíduo. No passado, as sociedades viviam na incerteza do futuro, que podia ser resultado de eventos aleatórios e incontroláveis como epidemias, guerras, colapso econômico e muito dificilmente envolvia a decisão de cada um na definição de futuro para a própria vida, que era determinada pelo nascimento e se tornava previsível pela história da família e contexto social.

O adolescente dos dias de hoje, além das incertezas da própria idade, vive outros tipos de dúvidas a partir da ampliação de perspectivas da disponibilidade de possibilidades sociais, e variedade de cenários nos quais as escolhas podem ser situadas (MELUCCI, 1996).

Assim sendo, na transição para a vida adulta, o tempo vivido na atualidade não está determinado somente pelas experiências somadas do passado, mas fazem parte dele as aspirações e os planos para o futuro: o presente aparece condicionado pelos projetos ou a antecipação do futuro (PAIS, 2002).

2.2 Paradigma bioecológico do desenvolvimento humano

Urie Bronfenbrenner nasceu em Moscou em 1917 tendo sofrido muitas privações em virtude da situação política de seu país. Aos seis anos de idade emigrou para os Estados Unidos, onde viveu até 25 de setembro de 2005, data de seu falecimento aos 88 anos.

Em 1979 desenvolveu sua teoria sobre a ecologia do desenvolvimento humano, para a qual sempre foi aberto e receptivo às críticas, revisando constantemente seus escritos e apropriando-se da evolução da ciência em várias áreas. A abordagem bioecológica do desenvolvimento humano, como o próprio Bronfenbrenner denominou sua teoria, apresenta

(30)

uma visão holística e integrada do ser humano, em seu contexto, história de vida e processos de desenvolvimento (KOLLER, 2011).

O paradigma que direciona a teoria bioecológica parte do princípio de que as características de uma pessoa, em um momento determinado de sua vida, são a interação das suas peculiaridades e do ambiente ao longo da sua trajetória da vida e a partir deste dado momento. Em 2005, Bronfenbrenner reavaliou, reviu e ampliou conceitos estabelecidos em seu trabalho realizado entre 1979 e 1996 e publicou um capítulo no livro “Making Human Beings Human: Bioecological Perspectives on Human Development”, traduzido para o português como “Bioecologia do desenvolvimento humano: tornando os seres humanos mais humanos” (2011). Neste livro, o autor denomina como “definição 1” o que considera ser a “pedra angular de sua estrutura teórica”, escrita em 1979/1996, que em 2011 a título de esclarecimento recebe uma frase em negrito, como podemos observar a seguir:

Definição 1: A Ecologia do Desenvolvimento Humano é o estudo científico da

progressiva acomodação mútua, durante todo o ciclo de vida, entre um ser humano ativo em crescimento e as propriedades em mudança nos contextos imediatos nos quais a pessoa em desenvolvimento vive. Nesse processo ela é afetada pelas relações entre esse contexto imediato e os distantes, estando todos estes encaixados (Bronfenbrenner, 2011, p138).

O modelo a partir desta teoria, segundo Bronfenbrenner (1996) tem quatro componentes interligados, sendo o primeiro o processo de desenvolvimento, que é formado pela inter-relação entre o indivíduo e o contexto. O processo é um construto essencial nesta teoria, no qual os processos proximais podem ser caracterizados como a interação entre o organismo e o ambiente ao longo do tempo, sendo que sua forma, direção, intensidade e conteúdo, somados às características biopsicológicas da pessoa, o ambiente, as mudanças ao longo do tempo e o momento histórico vivido, serão responsáveis pela qualidade do desenvolvimento (NARVAZ & KOLLER, 2004)

O próximo componente é a pessoa, considerada através de suas características pessoais: biológicas, cognitivas, emocionais e comportamentais. Conforme Bronfenbrenner e Morris (1998) apud Lerner (2011) há três características da Pessoa capazes de influenciar a direção e a intensidade do processo proximal:

(31)

- as disposições que podem ativar os processos proximais em determinada direção, dando

sustentação à sua operação,

- os recursos que abrangem as capacidades, experiência, conhecimento e habilidades indispensáveis para o efetivo funcionamento dos processos proximais e

- a demanda, que é a capacidade de encorajar ou desencorajar reações do contexto social e que podem, portanto, promover ou desfavorecer as relações dos processos proximais.

O componente contexto nos faz observar o desenvolvimento humano a partir de níveis, ou sistemas entrelaçados da ecologia do desenvolvimento humano, abrangendo a interação de quatro níveis ambientais denominados de microssistema, mesossistema, macrossistema e exossistema (BRONFENBRENNER, 2011).

Bronfenbrenner (2011) definiu o microssistema como sendo um padrão comportamento, atitudes, papéis sociais que se estabelecem nas relações interpessoais nos contextos onde os relacionamentos são próximos; e pessoais onde há a interação direta com outras pessoas com características pessoais e culturais diversas. O mesossistema refere-se às ligações entre os processos que se passam entre os diversos ambientes nos quais a pessoa se relaciona, ou seja, entre os diversos sistemas (ex.: escola e a casa, centro de treinamento e a escola e a casa, etc.). Já o exossistema abrange as relações e ligações entre dois ou mais contextos, nos quais ao menos um deles não contém diretamente a pessoa em desenvolvimento, mas influencia o seu contexto de participação direta (ex.: a relação entre o trabalho dos pais e a casa). O

macrossistema consiste na inter-relação entre as características do micro, meso e

exossistemas de uma determinada cultura ou contexto social, ou seja, as crenças, os recursos, as oportunidades que geram as possibilidades de escolhas nos caminho a seguir na vida, podendo ser considerado como uma “marca de identificação social para uma determinada

cultura” (Bronfenbrenner, 2011, p. 115).

Para se compreender a importância do contexto nas pesquisas que têm como paradigma o modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano, conforme descrevem Prattiet al. (2008), é fundamental que se reflita sobre o conceito de processo proximal, que segundo Bronfenbrenner (2005), está associado ao fato de que o desenvolvimento humano se dá através de relações recíprocas e complexas entre o indivíduo, com suas características biopsicológicas e as pessoas, objetos e símbolos do ambiente mais próximo, sendo que este tem uma importância fundamental nesta teoria por ter os elementos necessários ao desenvolvimento.

(32)

Por fim, o tempo, por ser o elemento que permite a compreensão das mudanças e continuidades ao longo do ciclo da vida, é analisado através de três estágios: microtempo, mesotempo e macrotempo. O modelo bioecológico considera que os processos proximais são efetivos na medida em que há certa regularidade e progressiva complexidade nas interações. Sendo assim, é no microtempo que se observa a continuidade e descontinuidade das ações, no mesotempo pode-se verificar a periodicidade dos episódios de processo proximal em períodos maiores de tempo, como dias e semanas e, no macrotempo, há distância suficiente para que se possam analisar as intervenções dos eventos através das gerações e como estes interferem no processo de desenvolvimento humano (NARVAZ & KOLLER, 2001).

Originalmente, a dimensão tempo não havia sido considerada, fato que foi avaliado por Bronfenbrenner como uma lacuna na teoria, revisada em 1986 com o acréscimo doo conceito de modelos de cronossistema, que pode ser observado em curto ou longo prazo. Em curto prazo pode ser considerado como uma experiência de transição de vida, como por exemplo, alguém ser despedido de um emprego, ou ainda, o nascimento de uma criança na família, ou em longo prazo se pode observar a sequência de transições que ocorrem na vida e alteram seu rumo (BRONFENBRENNER, 2011).

Estes quatro elementos formam o modelo processo-pessoa-contexto-tempo (PPCT) da Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner, conceituando o sistema de desenvolvimento integrado. O modelo bioecológico em pesquisas com esporte, apesar de ainda ser incipiente, começa a ser cada vez mais utilizado e busca compreender o atleta através de suas características físicas, biológicas e psicológicas em relação com o ambiente, sendo que estas três características individuais consideradas como disposições, recursos e demandas, formam a estrutura pessoal que influenciarão, darão direcionamento e fortalecerão os processos futuros (BRONFENBRENNER & MORRIS, 2006, apud KREBS et al, 2008).

Segundo Bronfenbrenner (2011), uma pesquisa com parâmetros ecológicos deve buscar informações e dados relativos ao maior número de sistemas dos quais a pessoa focalizada faz parte. Sendo assim, primeiramente, em um projeto de pesquisa é necessário definir o sujeito em desenvolvimento que será seu foco, só então buscar compreender a forma como ele está colocado e se desenvolve nos diferentes sistemas ambientais, que são dinâmicos e vivenciados concomitantemente (ALVES, 1997).

(33)

Ainda de acordo com Alves (1997), a Abordagem Ecológica do Desenvolvimento deve usar instrumentos que possibilitem a descrição e a investigação dos sistemas de forma longitudinal e a mais contextualizada possível sendo, portanto, um paradigma ideal para a presente pesquisa que pretende entender a importância da transição de carreira na vida destes atletas de forma integrada, correlacional e sistêmica.

Figura 2. Inter-relações observadas através do modelo de desenvolvimento

processo-pessoa-contexto-tempo (PPCT) da Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner (1996, 2011) . A figura acima ilustra as inter-relações que são observadas através do modelo de desenvolvimento processo-pessoa-contexto-tempo (PPCT) da Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner, na qual “o desenvolvimento é definido como fenômeno de continuidade e de

mudança das características biopsicológicas dos seres humanos como indivíduos e grupos. Esse fenômeno se estende ao longo da vida humana por meio das sucessivas gerações e ao longo do tempo histórico, tanto passado quanto presente” (Bronfenbrenner , 2011, p.43).

Para ilustrar suas idéias, Bronfenbrenner (1996, p.5) traz a imagem de que “o espaço

ecológico é concebido como uma série de estruturas encaixadas, uma dentro da outra, como um conjunto de bonecas russas”, imagem esta que nos ajuda a entender quão sistêmico e

(34)

CAPÍTULO III

MÉTODO

O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa de natureza descritiva, utilizando-se dos benefícios de informações quantitativas e qualitativas na perspectiva da análise da percepção dos atletas em relação ao contexto no qual estão inseridos. (THOMAS & NELSON, 2002).

Para a contextualização do processo de desenvolvimento dos atletas, optou-se pelo modelo bioecológico de Uri Bronfenbrenner (1996, 2011) através do modelo PPCT (pessoa, processo, contexto e tempo), sendo que a pessoa é representada pelas propriedades do atleta através de seus atributos pessoais, o contexto é caracterizado pela modalidade voleibol pelo meio de seus sistemas (microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema), o processo é entendido como a evolução dentro do voleibol e o tempo, como tempo vital e social.

3.1 SUJEITOS

Foram avaliados 16 (dezesseis) atletas de voleibol da categoria infanto-juvenil, do sexo masculino, com idades entre 17 e 18 anos, que treinavam em um centro de esportes da Prefeitura de São Paulo no ano de 2013.

3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Ser atleta federado no voleibol há pelo menos um ano. Não estar afastado por licença médica há mais de seis meses.

(35)

3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Atletas participantes desta equipe há menos de dois meses, contados a partir da data da aplicação do questionário.

3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Para este estudo, foi elaborado um questionário composto por 28 questões, divididas em cinco blocos, sendo eles: dados pessoais e de escolaridade; formação esportiva inicial; contexto familiar e social; contexto do voleibol; planejamento de carreira (Anexo 1). Algumas questões foram elaboradas a partir do questionário utilizado por Marques (2008) e outras foram colocadas com o propósito de contextualizar o percurso do atleta através das premissas do paradigma bioecológico de Uri Bronfenbrenner , em consonância com os estudos de psicologia esportiva e especialmente nos de transição de carreira, tais como os de Willeman, Alferman & Lavallee (1999 e 2004) e Stambulova et al. (2009).

Antes de se iniciar a coleta de dados a comissão técnica e os atletas foram contatados para que fossem explicados os objetivos do estudo, bem como os procedimentos de avaliação. Aqueles que se propuserem a participar assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), sendo que no caso dos menores de 18 anos o termo foi assinado por pais ou responsável legal (Anexos 2 e 3). Os atletas foram avaliados no centro de treinamento, durante o período de treinamentos, em horário previamente estabelecido com a comissão técnica.

Mediante informe da Universidade São Judas Tadeu, dando ciência ao diretor do Centro de Esportes sobre a pesquisa e solicitando apoio a fim de subsidiar o trabalho acadêmico (Anexo 4), foi obtido o termo de responsabilidade da Instituição (Anexo 5) assinado pelo Diretor da Coordenadoria de Gestão do Esporte de Alto Rendimento do centro esportivo em questão, autorizando a coleta de dados.

O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu, de acordo com o protocolo 167.627/2012 (Anexo 6).

(36)

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram analisados utilizando uma Matriz de Análise de dados (Anexo 7) construída para este estudo com o objetivo de agrupar os resultados de acordo com o paradigma bioecológico de Uri Bronfenbrenner, ou seja, através dos quatro componentes que compõem o modelo: pessoa, processo, contexto e tempo.

Desta forma, consideramos atributos da pessoa os dados gerais (nascimento e escolaridade), as disposições (significado atribuído ao esporte, disposição para seguir/abandonar a carreira,, os recursos (planejamento da carreira esportiva e grau de expectativas) e as demandas (necessidade de ajudar financeiramente a família e capacidades e habilidades para o esporte). Quanto ao processo, foram agrupadas as questões que tiveram como propósito compreender a formação esportiva inicial, o processo de desenvolvimento da carreira esportiva do início à fase atual e o término da carreira.

O contexto seguiu por duas vertentes: o familiar (genealogia familiar, escolaridade familiar, apoio parental, relação e expectativas da família com o esporte) e o esportivo (contexto do voleibol no centro de esportes e no Brasil, benefícios adquiridos com a prática e problemas enfrentados na prática)

E o tempo vital considerado foi o da adolescência e o esportivo, o da transição da categoria infanto-juvenil para a juvenil.

Para as respostas das questões fechadas foram utilizados a frequência e porcentagem de respostas e, para as questões abertas, os procedimentos recomendados por Miles & Huberman (2004), de acordo com as seguintes etapas: leitura exaustiva das respostas, com o objetivo de familiarizar-se completamente com elas; seleção das informações consideradas relevantes, escolhendo-se como unidades de registro frases e/ou afirmações; redução dos dados mediante a aplicação, a posteriori, de um sistema de codificação, reunindo-se assim as diversas frases e afirmações em categorias de análises com características comuns; análise das categorias de acordo com a literatura.

(37)

CAPÍTULO IV

RESULTADOS

Os resultados serão apresentados de acordo com a Matriz de Análise de dados descrita no capitulo anterior (Anexo 7), construída para este estudo com o objetivo de agrupar os resultados de acordo com o paradigma bioecológico de Uri Bronfenbrenner, ou seja, através dos quatro componentes que compõem o modelo: pessoa, processo, contexto e tempo.

4.1 PESSOA

4.1.1. Dados gerais

A média e o desvio padrão da idade dos participantes é de 17,5 (dp + 0,5) anos, conforme esperado para a categoria infanto-juvenil.

Na figura 3 a seguir podem ser observadas as porcentagens por local de nascimento.

Figura 3. Porcentagem de acordo com o local de nascimento da amostra.

Observa-se que a grande maioria nasceu no Estado de São Paulo, somente 18% dos atletas são de outros Estados. Desses últimos, três vieram para São Paulo morar com parentes. É

(38)

interessante, também, que alguns atletas relataram que saíram da casa dos pais, indo morar com parentes ou em alojamento, para poderem se dedicar ao vôlei.

Na figura 4 observam-se as porcentagens referentes ao nível de escolaridade.

Figura 4. Porcentagem referente ao nível de escolaridade dos atletas.

Como podemos observar na figura 4 há um predomínio de atletas cursando o ensino médio, o que está de acordo com a relação entre idade cronológica e nível de escolaridade.

4.1.2 Disposições

O significado de ser jogador de voleibol foi questionado com o intuito de compreender a motivação e a subjetividade do esporte para estes atletas.

F

oram obtidas 19 unidades de registro das quais emergiram quatro categorias de respostas: habilidades psicoemocionais e comportamentais; emoções no esporte; reconhecimento e retorno financeiro; competências como atleta/jogador.

Habilidades psicoemocionais e comportamentais: Nesta categoria estão as afirmações que

indicam que para ser jogador de voleibol é necessário ter controle de suas emoções no esporte e comportamentos compatíveis ao esperado para um atleta: “ter um psicológico muito bom

que independente de ter errado e/ou da pressão da torcida conseguir contornar o erro...”; “ter postura de atleta e homem dentro e fora de quadra”; “ser jogador de vôlei primeiramente tem que ter disciplina, tem que ser atleta completo em todos os treinos”; “é preciso ter sangue frio nas horas tensas de uma partida e manter a calma durante a

(39)

finalização de um ponto”, “ter atitude, disciplina, liderança...”; “ser disciplinado, objetivos traçados a cada temporada que se iniciar”.

Emoções do esporte: Nesta categoria as afirmações indicam que ser jogador de vôlei é uma

atividade que gera sentimentos como prazer, amor e felicidade e que estes são oriundos da prática em si: “significa tudo, significa fazer valer a pena todo o tempo e suor dedicado ao

esporte que amo”; “significa fazer algo que você gosta de fazer, algo que te agrade e te dê felicidade”; “fazer por um tempo muito grande uma coisa que eu amo que é jogar”; “... estar feliz consigo mesmo”.

Reconhecimento e retorno financeiro: Nesta categoria foram incluídas as afirmações que

indicam o valor atribuído ao esporte através do reconhecimento profissional e prestígio, além de retorno financeiro: “... ser reconhecido mundialmente”; “ser um jogador de vôlei para

mim significa representar sempre uma instituição ou a nação no esporte que eu tanto me dedico para conseguir ser profissional”; “ter um bom retorno financeiro através do esporte”; “... o principal é o salário de um jogador, que se for muito bom, irá ganhar muito bem”.

Competências como atleta/jogador: Nesta categoria foram incluídas as afirmações que

diferenciam ser atleta de ser jogador de vôlei: “ser um jogador de vôlei é ser só mais um no

mundo do vôlei, mas atleta de voleibol é totalmente diferente, o atleta de voleibol é dedicado, focado, adquire uma bagagem técnica e tática sobre o esporte, tem todas as artimanhas do vôlei”; “ser jogador de vôlei é, para mim, saber jogar vôlei, diferente de ser atleta de vôlei onde existe uma rotina de treinos e jogos, onde a cobrança é muito maior”; “ fazer a melhor execução do movimento obtendo sucesso na posição”; “... ser bom e importante para a equipe

na sua posição”, “... ser um jogador com regularidade dentro de quadra”.

Outro aspecto avaliado foi a intenção do atleta em seguir a carreira esportiva após a passagem pela categoria infanto-juvenil. Na figura a seguir pode-se observar a porcentagem de respostas:

(40)

Figura 5. Porcentagem referente à pretensão dos atletas em seguirem a carreira de jogador de vôlei após o infanto-juvenil.

A figura 5 mostra que aproximadamente 60% dos atletas pretendem continuar na carreira esportiva.

Figura 6. Porcentagem de atletas que consideram que a continuação dos estudos pode interferir na carreira esportiva.

Observa-se um equilíbrio nas respostas sobre a interferência dos estudos na carreira esportiva e, ao apontarem os motivos pelos quais isto poderia acontecer, foi unanime a afirmação de que conciliar estudo e carreira poderia ser prejudicial ao desempenho dos dois lados:

“O rendimento, a dedicação não poderá ser a mesma quando se divide seu “máximo” nos estudos e treinamentos”; “Devido aos treinamentos serem todos os dias, interfere nos estudos em casa, caso a faculdade (curso) exigir muito, como por exemplo: Engenharia”;

(41)

“Muito tempo com treinos e jogos e pouca determinação na escola”; “Porque ou você se dedica ao vôlei em período integral ou você estuda, porque os treinos ocupam uma boa parte do dia e às vezes o dia inteiro”; “Precisamos focar em algo mais certo, por exemplo, caso você tenha uma lesão, e não puder continuar jogando, já nos estudos, só depende de você e também temos a dedicação, que dependendo do curso você terá que se dedicar mais em um do que em outro”; “Pretendo cursar medicina ano que vem e não vejo como conciliar uma coisa com outra”.

Ao serem perguntados sobre se já pensaram em abandonar a carreira esportiva os seguintes resultados foram obtidos:

Figura 7. Porcentagem de atletas que já pensaram em abandonar a carreira.

Nota-se na figura 7 uma alta incidência de atletas que já pensaram em abandonar a carreira. Os motivos apresentados foram classificados em três categorias: desempenho,

estudos/trabalho e lesões. Somente um atleta indicou que a falta de apoio familiar fez com

que pensasse em abandonar a carreira.

Desempenho: Nesta categoria foram consideradas as afirmativas que indicam que o atleta

pensou em abandonar a carreira por sentir que não tinha condições físicas, psicológicas, técnicas e/ou táticas no nível esperado para a categoria:

“porque quando nós estávamos no começo deste ano eu não me sentia em nível de continuar jogando, com isso pensei em parar, porém mudei de posição e agora me senti em condições”; “porque tinha muitos outros melhores do que eu e parecia que eu não iria conseguir chegar ao nível deles, mas eu não desisti e fiquei, pois acredito em mim”; “no meu primeiro ano de

(42)

federado eu tinha um nível técnico e tático muito baixo diante dos demais atletas, mas com força de vontade consegui balancear o meu nível técnico e tático”; “... desmotivação própria, por não realização e descontente com o meu desempenho”; “porque não estou feliz dentro de quadra, psicologicamente, meu rendimento está abaixo, não consigo melhorar...”.

Estudos/Trabalho: Foram incluídas nesta categoria as afirmativas que demonstraram que a

dificuldade em conciliar o esporte com os estudos e/ou trabalho foram os principais motivos pelos quais pensaram em abandonar a carreira esportiva.

“por conta dos estudos, logo após entrar a faculdade vi o quanto seria difícil conciliar”; “Devido ao estudo, e para trabalhar. Em relação ao trabalho devido o retorno financeiro para gastar com roupas, saídas com amigos”; “porque penso que os estudos são mais certos, mas ainda não parei por amor ao que eu faço”; “Sempre pensei em ajudar a minha família e para isso tenho que começar a trabalhar e estudar”; “Por conta dos estudos, pois teve uma época que eu estava decaindo em relação às notas”; “... por estudos...”.

Lesões: Foram incluídas aqui as afirmativas nas quais os atletas indicaram que as lesões

foram o motivo para que pensassem no abandono da carreira esportiva.

“porque foi uma época em que tinha quebrado o dedo pela segunda vez em menos de um mês. Mais graças a uma grande amiga que conheci na fisioterapia, que me deu muitos conselhos e disse que só iria sair do centro olímpico quando me visse jogando de novo”; “... por lesões...”.

Figura 8. Porcentagem de atletas que planejam ter outra profissão depois que parar de jogar vôlei.

Apenas um atleta não planeja ter outra profissão depois que parar de jogar vôlei, os demais pretendem ter as profissões mais variadas tais como: educador físico, engenheiro, médico,

(43)

advogado, profissional na área de moda, arquiteto, administrador de empresas, músico, farmacêutico, entre outras.

4.1.3 Recursos

Figura 9. Porcentagem de respostas de atletas que conversam com alguém sobre o planejamento de sua carreira no vôlei.

Figura 10. Porcentagem de respostas sobre com quem conversam sobre o planejamento da carreira

Observando as figuras anteriores, obtivemos respostas indicando que a maioria conversa sobre o planejamento da carreira principalmente com familiares, mas também com amigos.

Referências

Documentos relacionados

Esse ponto adiposo das laterais pode se unir, na frente do corpo, ao volume adiposo do abdômen (Fig. 1 e 2, característica mais masculina): nesse caso, a gordura forma uma

João Leal Amado explica que a figura da revogação ou resilição bilateral do contrato corresponde, no Brasil, ao chamado “distrato”, sendo certo que a CLT não

– Rua Álvaro Alberto entre Rua Severiano das Chagas e Viaduto Dom João VI (Santa Cruz).. Francisco Bicalho), com o desvio do tráfego de veículos para a Pista Lateral nos trechos

A tendência é de que o consumo global de produtos lácteos aumente cerca de 36% durante a próxima década, alcançando um excedente de 710 milhões de toneladas equivalentes em

Como indica o nome do núcleo - Contextos Em Crise: Intervenções Clínico- Institucionais - sua proposta sempre foi a da capacitação do aluno de psicologia na

Janaína Oliveira, que esteve presente em Ouagadougou nas últimas três edições do FESPACO (2011, 2013, 2015) e participou de todos os fóruns de debate promovidos

- A fase final: compreende no encerramento das atividades do projeto, comissionamento, treinamento do pessoal operacional e relocação dos membros da equipe de

Quando a ponta do looper inferior alcança a linha central da agulha, deve estar a 3mm acima do topo do olho da agulha... Posicionamento