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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PROCESSO PGT/CCR/PP 209/2009

ORIGEM: PRT/5ª REGIÃO

INTERESSADO(S): 1 – JAILTON PIMENTA MATOS

2 – GOTEMBURGO VEÍCULOS LTDA (VOLVO)

ASSUNTO(S): SALÁRIO: pagamento por fora. Hora Extras: irregularidades. Férias: compra de férias.

EMENTA: Recurso que se volta contra arquivamento de denúncia de pagamento “por fora”, por intermédio de supostos prêmios habitualmente creditados em cartões de crédito, a exercentes de função de direção e gerência. Manutenção do entendimento do Procurador Oficiante, ante as circunstâncias dos autos, no sentido de que a denúncia ao MPT, efetuada, em 2008, somente após o decreto de falsidade do documento apresentado pelo denunciante em Reclamação Trabalhista, proposta anos antes (2006), remonta, no particular, a pretensão de cunho individual, tendente a dar suporte probatório à postulação judicial, na medida em que se refere exclusivamente a período pretérito (2001/2005), inclusive para fins da pretendida fiscalização contábil, cuja realização reclama, indicando como único indício do pagamento e-mail que determinava a cessação da utilização dos cartões, a partir de 2006. RECURSO NÃO PROVIDO – ARQUIVAMENTO HOMOLOGADO

RELATÓRIO

Trata-se de procedimento preparatório de inquérito civil instaurado mediante denúncia formulada por Jailton Pimenta Matos,

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coordenador de recursos humanos, que informou possíveis irregularidades trabalhistas praticadas pela empresa Gotemburgo Veículos Ltda (Volvo).

Informou o denunciante que a empresa teria por costume efetuar pagamentos não contabilizados (“por fora”) nos contracheques dos empregados que exerciam função de direção, via Incentive House (2001/2003) e Mark Up/Cash Card (2004/2005); utilizar banco de horas sem a devida previsão em instrumento normativo; comprar férias integrais dos empregados, lançando-os como premiação nos comprovantes de pagamentos.

Regularmente notificada, a empresa apresentou defesa às fls. 30/34 e negou o teor da denúncia, afirmando ter o denunciante como escopo obter provas para supedanear a Reclamatória Trabalhista que propôs (00520.2006.102.05), na qual foi declarada a falsidade de um documento por ele apresentado.

Foram enviados diversos ofícios à DRT/BA (fls. 27, 28, 64, 70), solicitando inspeção na denunciada, sem obtenção de resposta.

Às fls. 77/322, manifestação da investigada, com juntada de documentos.

Relatório do Analista Pericial em Economia da PRT/ 5ª Região às fls. 324/326, após análise dos documentos juntados.

Às fls. 328/330, o Procurador do Trabalho, Dr. Cícero Virgulino da Silva Filho, promoveu o arquivamento diante da impossibilidade de continuação das investigações sem o atendimento das requisições de inspeção pela Superintendência Regional do Trabalho, tendo em vista que “o alegado

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pela parte denunciante foi refutado, de forma fundamentada, com a devida prova, pelo denunciado.”

Inconformado, o denunciante apresentou Recurso (fls. 339/340), postulando o desarquivamento do procedimento, com a expedição de novo ofício à DRT, para que efetue a fiscalização solicitada (fls. 339/340).

Ao ver do recorrente:

“Acontece que a parte mais importante não foi feita, ou seja, a fiscalização na contabilidade da empresa, tendo em vista que os pagamentos por fora, todos eles, eram contabilizados por dentro, ou seja eram registrados na contabilidade da empresa. Basta apenas solicitar a

empresa todos os livros caixa de 2001 a 2005, pegar as

notas fiscais da MARKUP e da INCENTIVE HOUSE, constatar a habitualidade dos pagamentos, pois eram feitos mensalmente a vários empregados, inclusive a mim e verificar o montante que supera o valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), o que deveria repercutir para todos os efeitos legais(...)”- (fls. 339).

O d. Procurador oficiante manteve o indeferimento sob o fundamento de que há na 2ª Vara do Trabalho de Simões Filho/BA reclamatória trabalhista em curso, com o mesmo objeto da denúncia; que não cabe ao MPT a fiscalização contábil empresarial, como requerido no recurso e, por fim, por já existirem diversas representações na Procuradoria da República em decorrência do não cumprimento da lei pela representante do trabalho (sic).

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VOTO

O Recurso deve ser conhecido, por preenchidos os pressupostos regulamentares (ciência do arquivamento no dia 21/10/2008- AR juntado no verso da fl. 336- protocolo do recurso no dia 29/10/2008 - fl. 339).

A denúncia se refere a possíveis irregularidades praticadas pela empresa Gotemburgo Veículos Ltda (VOLVO), concernentes a “pagamento por fora” aos diretores, compra de férias e compensação de horas extras sem a devida previsão em instrumentos normativos.

Não obstante o lamentável e injustificável silêncio da DRT, no que se refere à realização das fiscalizações pedidas, verifica-se que o Procurador Oficiante determinou:

“a notificação do denunciante para apresentar cópia de comprovantes de pagamento de seus salários realizados “por fora” pela empresa denunciada.

a notificação da empresa denunciada para apresentar cópia da rescisão do

contrato de trabalho da Sra. Maristela Hansen Ziets, fazendo constar a data desta rescisão; cópia do acordo coletivo firmado entre a empresa e sindicato da categoria; cópia dos contra-cheques de seus funcionários, dos últimos 3 meses, a fim de atestar a (não) ocorrência de compra de férias e de pagamento “por fora” de seus funcionários e certidão demonstrando a regularidade da

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empresa nos recolhimentos do FGTS e INSS dos funcionários” (fls. 67).

A documentação juntada pela empresa foi submetida ao perito em economia da PRT da 5ª Região, que procedeu ao Relatório de fls. 324/326.

Da análise desses documentos não foi possível extrair prova das irregularidades, restando, demonstrado, apenas, que as horas extras são compensadas com supedâneo em instrumento coletivo firmado com o Sindicato dos Empregados do Comércio de Simões Filho e a Federação do Estado da Bahia (fls. 82/89).

No decorrer da instrução foi constatado que o denunciante apresentou, em 2006, quando saiu da empresa investigada, Reclamação Trabalhista, junto à 2ª Vara do Trabalho de Simões Filho/BA, postulando a incorporação do pagamento por fora, que diz ter percebido durante o contrato de trabalho.

O denunciante apresentou a representação em março de 2008, após ter tido contra si julgado, na reclamação, incidente de falsidade de documento, em novembro de 2007 (fls. 43). Essa ação encontrava-se em fase de conhecimento e, segundo assevera o próprio recorrente, em seu recurso, “inclusive com pendência face que o órgão fiscalizador, não cumpriu com o seu papel de fiscalizador.” (fls. 340).

A investigada logrou, ainda, comprovar que, também contra a empresa que trabalhou anteriormente, o denunciante apresentou reclamação alegando o pagamento por fora via cartão de crédito, tendo a reclamação sido

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julgada improcedente, ante a constatação de que ele era o responsável pelo abastecimento de veículos da empresa, devendo-se a tal fato o crédito que lhe era concedido (fls. 38/42).

Note-se, por outro lado, que a denúncia, no que toca ao pagamento por fora, indica a percepção da parcela por 06 empregados graduados (diretores e gerentes) referindo-se especificamente ao período de 2001/2005 e fazendo, inclusive, alusão a uma determinação da empresa de encerrar com a referida prática, a partir de 2006 (fls. 01 e email de fls. 07).

De todo o exposto, considerando, ainda que o recurso volta-se exclusivamente contra a questão do pagamento “por fora” a exercentes de função de direção e gerência, creio que se deva manter o entendimento do Procurador Oficiante, no sentido de que a representação, apresentada após o decreto de falsidade do documento que apresentou, remonta, no particular, a pretensão de cunho individual, tendente a dar suporte probatório à Reclamação Trabalhista apresentada, na medida em que se refere exclusivamente a período pretérito (2001/2005), inclusive para fins da pretendida fiscalização contábil, cuja realização reclama.

Anotando, por fim, que o sítio do TRT/5ª Região registra, quanto à Reclamação Trabalhista, a existência de homologação de conciliação entre as partes, no dia 29/01/2009 (doc. anexo), nego provimento ao recurso, homologando o arquivamento do procedimento preparatório.

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CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO CONCLUSÃO

Nego provimento ao recurso administrativo interposto pelo recorrente, Sr. Jailton Pimenta Matos e homologo a promoção de arquivamento.

Brasília, 24 de março de 2009.

GUSTAVO ERNANI CAVALCANTI DANTAS RELATOR

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