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Acordam no Tribunal da Relação do Porto.

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Academic year: 2021

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(1)

________________________________________________________________________ PN 1563.011; Ag: TC Arouca;

Ag.es2: Maria Fernanda da Costa Brandão, cabeça de casal Inv. Obr. Manuel Joaquim Moreira/Maria Rosa da Costa Reis;

Ag.os3: Amélia Moreira da Costa, cc Agostinho Correia de Almeida.

________________________________________________________________________

Acordam no Tribunal da Relação do Porto.

1. A Ag.e não se conforma com despacho, o qual no âmbito do Inventário de que é cabeça de casal indeferiu nova avaliação de rectificação ou a actualização do valor dos bens doados pelos autores da herança aos herdeiros legitimários.

2. Concluiu:

(a) O conjunto de valores, princípios e juízos de valor ético-jurídicos dominantes entre nós, e que enformam o nosso sistema jurídico sucessório, constituem questão de ordem pública, e impõem o tratamento igual, perante a lei, dos herdeiros legítimos e legitimários;

(b) Desse mesmo conjunto de valores decorre, por outro lado, o princípio da intangibilidade quantitativa da legítima dos filhos;

(c) Ora, sendo a herança composta apenas por imóveis e tendo estes, na sua maior parte (12:5) sido doados, quer por conta da legítima, quer por conta da disponível, os valores desses bens doados terá uma importância fundamental

1 Vistos:

Des. Ferreira de Sousa (373), Des. Paiva Gonçalves (1179).

2 Adv.: Dr. António Pereira da Neta, Rua 16 de Maio, 74, 3720 Oliveira de Azeméis.

(2)

para a salvaguarda da igualdade dos herdeiros e da intangibilidade quantitativa da legítima;

(d) Impõe-se, por conseguinte, que tais valores sejam, encontrados, quer pela via da avaliação quer pela das licitações, com referência a uma mesma época temporal, e para que as circunstâncias que os determinaram sejam as mesmas que determinaram o valor dos bens não doados;

(e) Contudo, os donatários opuseram-se às licitações sobre os bens que lhes foram doados e, tendo-se por isso procedido à respectiva avaliação, a circunstância de entre esta, 03.98, e as licitações dos bens não doados, 01.05.31, terem decorrido 3 anos e 3 meses, é suficiente, à luz da experiência e dos conhecimentos gerais, e considerando a natureza imóvel dos bens em causa, p.ex. pinhal, para impor nova avaliação: as circunstâncias valorativas em que decorreram as primeiras não são mais as mesmas, e os valores da avaliação de 1998 estão quebrados, por força, em 2001;

(f) Deste modo, os donatários dos 12 imóveis começam por ver os seus quinhões preenchidos com bens a preços de 03.98; e os não donatários, ou os licitantes, em face dos restantes 5 imóveis, vêem-nos preenchidos a preços de

05.01;

(g) Só por si, esta circunstância seria suficiente para determinar nova avaliação dos bens doados ou a rectificação e actualização dos valores

apurados em 98;

(h) Em todo o caso, essa nova avaliação, rectificação ou actualização, não deveria ter deixado de ser ordenada a partir do momento em que os Ag.es, 00.07.11, vieram ao processo dar conhecimento de certas alterações das circunstâncias da avaliação referentes aos bens doados;

(i) E alterações essas de valores que devem ter-se como reais e assentes, porque foram aceites pelos restantes interessados;

(j) A saber: (1) entre 03.98 e 05.01, a madeira dos pinhais cresceu e por isso valorizou-se; (2) entre 03.98 e 05.01, o preço corrente no mercado da madeira

(3)

também oscilou; (3) entre 03.98 e 05.01, foram criadas zonas industriais e abertas novas vias públicas junto de alguns dos imóveis avaliados – aumento de valor extraordinária e anormalmente face aos outros;

(k) Ao não ter sido realizada a avaliação ou actualização pedida, não se respeitaram as razões da avaliação dos bens levada a cabo para evitar a licitação dos mesmos; nem consequentemente se atingiu a finalidade, que era a de obter a reposição do património dos inventariados no valor que teria acaso as doações não tivessem sido feitas; e finalmente não se respeitou a integridade e igualdade das legítimas;

(l) E assim não há uma partilha justa e igualitária, antes beneficia os donatários, porque ficam com os bens por valor inferior ao seu valor actual, e em prejuízo daqueles interessados que vão receber os bens licitados;

(m) Aliás, acaso não venha a ser admitida a rectificação ou a actualização da avaliação, nos termos expostos, estará a deixar-se a porta aberta para a emenda, anulação ou rectificação da partilha, com fundamento nos arts. 251 CC e 1387 CPC: e contar o princípio da economia processual;

(n) O despacho recorrido violou em suma o disposto nos arts. 606 CPC e 2108, 2109 CC;

(o) Deve ser revogado, ordenada a realização de nova avaliação, ou a rectificação/actualização do valor dos bens doados, podendo ainda assim ser ouvidas, intercalarmente, as testemunhas indicadas, 00.07.11.

3. Nas contra-alegações foi dito:

(a) O valor dos bens doados é o que aqueles tiverem à data da abertura da sucessão, art. 2109/1 CC;

(b) Por outro lado, nos termos do art. 1367 CPC, a 2ª avaliação dos bens doados só pode ser intentada pelo donatário se da avaliação ou das licitações decorrer a inoficiosidade;

(4)

(c) Em todo o caso, a cabeça de casal não reagiu, e deixou transitar, indeferimento do pedido, que já antes apresentara, de uma avaliação nova; (d) Mas também as razões extraordinárias de valorização, posto o decurso de 3 anos e 3 meses, foram expressamente impugnadas, porque são falsas;

(e) Enfim, o art. 606 CPC, que a Ag.e diz autorizar a revogação do despacho recorrido, foi expressamente revogado pelo art. 3, DL 329A/95, 12.12;

(f) Contudo, a recorrente não pediu, 00.07.11, qualquer rectificação, finalizou: requer a Vexa. que, ouvidos os demais interessados, se digne a admitir e ordenar nova avaliação dos bens imóveis doados, tendente a determinar o seu actual valor;

(g) E rectificar é antes reparar um erro, e erro existente à data da avaliação4; (h) A Ag.e, tendo recorrido de uma decisão que indeferiu nova avaliação dos bens doados vem, surpreendentemente, pedir agora a rectificação da avaliação feita;

(i) Porque não cabe o intento recursivo, deve ser mantido o despacho posto em crise.

4. Tem-se por assente, segundo o que consta dos autos:

(1) A cabeça de casal prestou declarações e apresentou a relação de bens, 95.02.07, que se manteve quanto ao activo;

(2) A descrição correspondente é de 97.06.24;

(3) Da Conferência de Interessados adiada, 97.01.15, seguiu-se para avaliação de bens doados;

(4) Os louvados apresentaram o laudo, 98.03.02;

4 Vd. Lopes Cardoso, Partilhas Judiciais, II, 3ª Ed., p.52: a pertinência desta regra [art. 606 CPC] respeita a avaliação pelo louvado e à determinação do valor pela Secretaria; ali pode o louvado ter tomado em consideração encargo ou direito inexistente ou haver prescindido de direito ou encargo existente.

(5)

(5) Reclamou a cabeça de casal, 98.04.06, pedindo a marcação de 2ª perícia nos termos do art. 589 CPC;

(6) E acrescentava: caso assim se não entenda, deverão sempre ser mandados rever esclarecer ou fundamentar os valores atribuídos pelos peritos, nos termos do art. 587 do mesmo diploma legal;

(7) A Ag.a opôs-se: (a) o art. 589 CPC não se aplica à presente matéria, porque os autores da herança faleceram em 1977, e a nova lei entrou em vigor em 97.01.01, para ser só aplicada aos processos posteriores;(b) nos termos do art. 1367 CPC não cabe a 2ª avaliação a pedido da cabeça de casal, que não é donatária, e nem houve prévias licitações;

(8) O pedido da cabeça de casal foi indeferido, 98.06.22; (9) O despacho transitou;

(10) A Ag.e apresentou depois, 00.07.11, o pedido indeferido e objecto do presente Agravo, e a que a Ag.a também se opôs.

5. Transcreve-se o despacho recorrido: por falta de fundamento legal, indefere-se o requerimento de 00.07.11, apresentado pela cabeça de casal.

6. No despacho que recaiu sobre o pedido antecedente, 98.06.22 o julgador tinha aderido à tese contraposta: (1) as normas previstas nos arts. 1365ss CPC, na redacção anterior à reforma processual que entrou em vigor em 97.01.01, consagram regras especiais para o caso de realização de 2º arbitramento, apenas sendo possível aplicar o disposto na parte geral com vista a regular situações omissas na norma especial; (2) não prevendo os arts. 1365ss CPC a possibilidade de realizar novo arbitramento, indefere-se por falta de base legal.

(6)

8. Independentemente da verdadeira caracterização de decisão final e transitada que poderíamos oferecer ao despacho não recorrido e de indeferimento do pedido anterior e equivalente, pelo menos apresentado pela Ag.e com o mesmo propósito e objectivos, certo é não podermos ver na arquitectura da minuta senão a defesa de um ponto de vista sem apoio na lei: o art. 2109 CC, tal como contra-alega a Ag.a diz com toda a clareza ter de reportar-se o valor dos bens doados à data da abertura da sucessão.

Na jurisprudência, e no sentido da concretização da regra pode ler-se, aliás: (1) a quota indisponível e consequentemente a quota disponível determinam-se tendo em atenção o valor dos bens existentes no património do autor da herança à data da sua morte (art. 2162 CC, 1966): já assim era no regime do Código anterior (art. 1790); (2) para se achar o valor da legítima e consequentemente o da quota disponível, atende-se ao valor que os bens têm na data da abertura da herança, ou seja, na data da morte do seu autor, mesmo em relação aos bens doados, Ac. STJ, 75.02.25, BMJ 244/288.

Por conseguinte, não pode conferir-se valimento às conclusões da Ag.e: não há lugar a dar crédito, por avaliação ou actualização, ao valor presente dos bens doados pelo de cujus.

9. Atento o exposto, visto o preceito de lei citado, decidem manter o despacho recorrido.

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