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Academic year: 2021

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Relatório Científico:

Dra. Christina de Rezende Rubim

A IX JORNADA DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS SOCIAIS: JORNADA ROBERTO CARDOSO DE OLIVEIRA aconteceu no período de 27 a 30 de setembro de 2004 na Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Marília.

A programação científica foi realizada com sucesso e teve todos os seus objetivos alcançados plenamente. Também a mídia, escrita e falada, fez uma cobertura satisfatória do evento: várias matérias foram publicadas nos jornais diários e entrevistas concedidas pela coordenação aos três canais de televisão do município. A contribuição acadêmica da FFC/UNESP para a região de Marília mais uma vez teve um reflexo positivo na população local.

O professor Roberto Cardoso de Oliveira, nosso homenageado, esteve presente em todas as atividades, discutindo, dando o seu depoimento pessoal, esclarecendo dúvidas e ensinando a todos nós como é o pensar e fazer antropologia no Brasil. Muito emocionado, contribuiu efetivamente para o fortalecimento da antropologia em nossa instituição, particularmente no campus de Marília e contribuiu com várias obras para o nosso acervo bibliográfico.

O evento, que foi o primeiro realizado na área de antropologia, teve uma participação substancial de alunos e docentes da graduação e pós-graduação em ciências sociais do campus de Marília. Participaram também docentes e alunos de graduação e pós-graduação dos campi da UNESP de Assis, Franca, Araraquara e Bauru, além da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade de Marília (UNIMAR), Universidade Sagrado Coração (USC) de Bauru e Faculdade Estadual de Filosofia de Jacarezinho (FAFIJA) do Paraná. No total, tivemos duzentos e setenta e cinco inscritos.

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A abertura aconteceu na segunda-feira à noite, com a presença do Diretor Interino da FFC/UNESP, Prof. Dr. Paschoal Quaglio, representantes do Depto. de Sociologia e Antropologia, Dr. Marcos Alvarez, do Depto. de Ciência Política e Econômica, Dr. Antônio Carlos Mazzeo, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da FFC/UNESP, Dr. Giovani Alves Pinto, do Conselho de Curso de Graduação em Ciências Sociais da FFC/UNESP, Dr. Edemir de Carvalho, e a coordenadora do evento, Dra. Christina de Rezende Rubim. Enviaram saudações à Jornada vários departamentos e cursos ligados às ciências sociais da UNESP, secretários de Estado do Governo de São Paulo, além do Reitor e Vice-Reitor da instituição que, por motivos de saúde, não puderam estar presentes.

A apresentação oral dos trabalhos dos alunos aconteceu na quarta-feira à tarde em quatro grupos temáticos que foram coordenados por alunos do mestrado em ciências sociais: História da Antropologia, Etnologia, Antropologia

Afro-Brasileira e Antropologia Urbana.

Após a abertura solene por parte do Diretor da FFC/UNESP, foi feita a saudação aos convidados e homenageado, com o depoimento de três gerações de ex-alunos do professor Roberto Cardoso de Oliveira: Dra. Cecília Maria Vieira Helm (UFPR e UFSC), da geração dos anos sessenta no Museu Nacional do Rio de Janeiro; Dr. Paulo Santili (UNESP/Araraquara), da geração dos anos setenta na UnB e Dra. Christina de Rezende Rubim, da geração dos anos oitenta na UNICAMP.

Na segunda e terça -feira, dias 27 e 28 à tarde, realizou-se na sala da Congregação a primeira e a segunda parte da Oficina de Antropologia Visual, coordenada pelas professoras Dra. Cornélia Eckert e Dra. Maria Luiza Carvalho da Rocha, ambas da UFRGS. Por ter tido uma demanda muito grande, tanto de alunos da FFC quanto da comunidade local, fomos obrigados a restringir essa atividade aos primeiros vinte alunos do curso de graduação em ciências sociais da unidade. O objetivo da atividade era propiciar aos alunos um primeiro contato teórico/prático com a história/teoria/prática da antropologia visual, o que foi excelentemente alcançado pelo esforço e dedicação das duas docentes e discentes envolvidos. Foi proposto ao grupo um trabalho de registro fotográfico e

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videográfico sobre a história da antropologia no Brasil, tendo-se como foco central a trajetória intelectual do professor Roberto Cardoso de Oliveira – importante autor na construção institucional da antropologia no Brasil – com orientação das temáticas propostas pela Jornada e depoimentos dos convidados do evento.

Teoricamente foi discutida a importância dos recursos audio-visuais para a pesquisa etnográfica e para o estudo da própria disciplina antropológica a partir da reflexão da trajetória de antropólogos cuja produção, saber e experiência nos permitem conhecer os referenciais históricos, sociais bem como teóricos e metodológicos da antropologia no Brasil. Nesta oficina propôs-se aos alunos gravarem em vídeo e aparelhos de som, bem como fotografarem, a palestra do Prof. Roberto Cardoso de Oliveira. A fim de não prejudicar o andamento do evento, estas atividades precisavamm ser antecipadamente organizadas e orientadas. Solicitou-se igualmente uma entrevista coletiva, onde o professor fez um depoimento de sua trajetória pela antropologia brasileira, filmada, gravada e fotografada pelos alunos da Oficina. O roteiro desta entrevista foi antecipadamente discutido e construído pelos alunos, divididos em equipes, tendo em vista a memória e testemunho de Roberto Cardoso de Oliveira e sua rede de relações acadêmicas. A proposta final foi realizar uma exposição fotográfica com depoimentos transcritos sobre a vida e obra de Roberto Cardoso de Oliveira a ser divulgada na UNESP e outros eventos científicos e a construção de uma proposta de documentário sobre este expressivo intelectual das Ciências Sociais no Brasil. Esta produção "filmica" visa retraçar este percurso de conformação de um pensamento antropológico da experiência geracional e intra-geracional, de formação teórica e metodológica, a fim de reconhecer os paradigmas e conceitos presentes em sua obra. Trata-se de retratar as múltiplas vertentes de pensar o mundo contemporâneo sob a ótica de um dos principais antropólogos, considerando-o como o personagem central da história a ser narrada. O processo de construção do documentário não pode ser realizado em um único evento, pois depende dos dispositivos de pré-produção (roteiro), da produção (gravação) e da pós-produção (montagem). Nesta ultima fase as narrativas filmadas e transcritas serão analisadas para construção de um roteiro de edição e as imagens

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decupadas para elaboração do documentário final. Um segundo roteiro, agora de edição, é elaborado tendo por base a construção de sua história de vida e trajetória intelectual. Durante o evento nos limitamos a trabalhar com os procedimentos de pré- produção e produção.

Na quarta-feira à tarde, após a complementação das aulas teóricas da oficina e organização de um cronograma fotográfico e videográfico do exercício proposto, foi realizada uma entrevista com o homenageado com uma duração de três horas. Essa dimensão proposta pelo evento culminou com a Mesa Redonda do dia 30 pela manhã, que contou também com a presença das duas docentes da UFRGS. No entanto, o grupo de alunos participantes continuou realizando quinzenalmente discussões teóricas sobre a história da antropologia no Brasil e antropologia visual e a edição dos vídeos e fotografias – coordenado pela Dra. Christina de Rezende Rubim – com o planejamento de uma viagem em janeiro de 2005 à UFRGS para finalização do vídeo em questão.

Participaram pela manhã de terça -feira na Mesa Redonda Antropologia e

Conflito o Dr. Massimo Di Felicce (USP) e Dr. Paulo Santili (UNESP/Araraquara).

Santili fez um relato de sua experiência em Roraima com os povos de língua Karibe que vivem em áreas de fronteira com a Venezuela. Discutiu como exemplo de situação paradigmática de conflitos interétnicos – teoria desenvolvida por Roberto Cardoso de Oliveira na década de sessenta – a Reserva Raposa Serra do Sol que tem sido alvo de problematização pela mídia. Questão esta que afeta a política indigenista que se refere particularmente à demarcação de terras indígenas e que implica pela sociedade nacional o reconhecimento dos direitos territoriais das sociedades tribais.

O professor Di Felicce discutiu a idéia de que nos últimos anos vimos surgir novos tipos de conflitos protagonizados pelos mais distintos setores da população civil internacional, nos mais diversos lugares; Mais que em torno de uma bandeira ideológica, esses conflitos expressam um novo sentimento global de recusa às concepções econômicas totalitárias, bem como de preocupação pelas temáticas do meio ambiente, pela injusta concentração das riquezas mundiais, pela defesa dos direitos humanos e pelo reconhecimento das diferenças.

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Contemporaneamente na América Latina, as populações indígenas experimentaram novas formas eletrô nicas e híbridas de conflito. Oral e eletrônico, metropolitano e aldeão, no México, no Equador e no Brasil, os povos indígenas atuaram além das “florestas”, dialogando com jovens do mundo inteiro, inaugurando formas de linguagens e visões “outras”.

Considerando essas novas situações, Di Felicce discutiu os ensaios de Roberto Cardoso de Oliveira sobre o indigenismo, a política oficial do Estado Brasileiro, os conflitos das sociedades indígenas com a “sociedade nacional”, a fricção interétnica, etc., para definir um diferencial, mas também possíveis identidades entre aquela obra e a situação atual na América Latina envolvendo as populações tribais.

Na mesma noite o Dr. Antônio Carlos de Souza Lima (Museu Nacional/UFRJ) e o Dr. Henyo Barreto Filho (UnB) participaram da Mesa Redonda

A Obra de Roberto Cardoso de Oliveira e a Etnologia no Brasil. Esse foi um dia

dedicado às populações indígenas e demais excluídos.

Souza Lima discutiu a história das relações entre o campo da antropologia e o campo político no Brasil, como fruto de análise do espaço de disputas que se estabelece em torno das propostas e das ações daqueles que se autorizam – e são autorizados – a arbitrar sobre os destinos dos povos indígenas, tomado como um campo de conhecimento, a partir da análise do período que se enfeixa em torno da instituição do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e Localização de Trabalhadores Nacionais, em 1910.

O trabalho apresentado por Barreto Filho esboça uma reflexão sobre a natureza do conhecimento etnológico produzido por Roberto Cardoso de Oliveira, cotejando elementos de suas monografias mais sistemáticas sobre os Terena e os Ticuna, com o conteúdo revelado em seus recém-publicados diários. Tenta-se, assim, desvelar aspectos inusitados de sua produção, que permitam transcender ou re-articular as noções de contato e fricção interétnica, em torno das quais a sua obra tem sido via de regra apreciada.

A história propriamente dita da disciplina foi contemplada na Mesa Redonda

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atual presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Dra. Miriam Pilar Grossi (UFSC), Dra. Lilia Schwarcz (USP) e Dra. Heloisa Pontes (UNICAMP), discutindo a trajetória da disciplina em diferentes momentos: final do século XIX, primeira metade do século XX e a contemporaneidade.

As conferencistas destacaram que a antropologia brasileira possui uma tradição de pesquisa significativa que vem contribuindo até hoje para o enriquecimento do pensamento social no país, estando ligada a autores como Nina Rodrigues, Curt Nimuendaju, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e Roberto Cardoso de Oliveira, entre outros. No entanto, é somente a partir da institucionalização dos Programas de Pós-Graduações em Antropologia Social (PPGAS) no final da década de sessenta, que as temáticas antropológicas se diversificaram e a disciplina se transformou substancialmente num campo consolidado da ciência sociai brasileira.

No dia 29 à noite, por diferentes motivos, tivemos que substituir os convidados propostos inicialmente para a Mesa Redonda – A Obra de Roberto

Cardoso de Oliveira e a Identidade Étnica no Brasil. Participaram a Dra. Ana Lúcia

Pastore (USP) e Dra. Cecília Maria Vieira Helm (UFPR). As discussões sobre cotas nas universidades e o racismo foram enfatizadas por ambas as debatedoras.

O objetivo das conferencistas foi o de relacionar a construção de novas etnicidades com a afirmação de autoctonia que redundam, muitas vezes, em ações violentas (expulsão, limpezas étnicas, extermínio). A etnicidade, ao lado da autoctonia, foi analisada como uma construção social relacionada diretamente à expansão da modernidade e à construção de categorias como forasteiros e nativos. O procedimento etnográfico foi apresentado como o principal instrumento para a compreensão da realidade dessas populações. A comparação entre vários contextos permitiu perceber a lógica de um processo que insiste em ver em determinados contingentes étnicos corpos estranhos à nação, não autóctones, grupos próximos à figura do “traidor” e que podem (ou devem) ser eliminados ou expulsos em determinadas circunstâncias.

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Visivelmente emocionados, os professores Roberto Cardoso de Oliveira, Ruben George Oliven (UFRGS) e Christina de Rezende Rubim, participantes da Mesa Redonda Roberto Cardoso de Oliveira e a Antropologia no Brasil finalizaram o evento. O depoimento de nosso homenageado foi uma aula sobre a história da disciplina institucional no país, a partir de sua própria trajetória intelectual. Agradecimentos de todos, homenageado, convidados, alunos, ex-alunos, docentes e funcionários, demonstraram que o conhecimento, o ensino e a história são feitos coletivamente e têm o mérito de todos nós.

Finalizando, vamos nos esforçar agora para a publicação das comunicações, depoimentos e discussões acontecidas nessa semana, como também já é tradição nas Jornadas de Ciências Sociais da FFC/UNESP.

Esperamos efetivamente que as JORNADAS DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS SOCIAIS continuem fazendo história nas ciências sociais de São Paulo e do Brasil, contribuindo efetivamente na formação das novas gerações de antropólogos, sociólogos e cientistas políticos. Mas, principalmente, na identidade de cidadãos brasileiros.

Referências

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