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PN ; Ap: Tc S.M.Feira, 4ºJ ( I. INTRODUÇÃO:

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PN .151.08-5; Ap: Tc S.M.Feira, 4ºJ ( Ap.e: Apª:2 I. INTRODUÇÃO:

(1) O recorrente não se conforma com a sentença de 1ª Instância que julgou procedente o pedido q ue contra ele deduziu a seguradora, de lhe pagar o montante de €14 615,25, proveniente de indemnização dos prejuízos causados por danos ocor ridos em acidente de viação, satisf eita ao lesado, mas que seria, e é, segundo o Tribunal, da responsabilidade do tomador do seguro, porque o condutor dirigia sob influência do álcool.

(2) Da sentença recorrida:

(a) O R não logrou demonstrar - como lhe competia, em face dos critérios legais de repartição do ónus da prova, art.º 342/2 CC - que tenha

perdido totalmente os sentidos antes da ocorrência do acidente, em virtude de sofrer de dislipidemia, doença que lhe provocou a perda dos sentidos

(b) E face às regras de experiência comum e aos dados científicos, a condução sob influência de álcool - 0,66gr por litro de sangue – era idónea a provocar-lhe incapacidade sensitiva e neuro-motora, de

diminuição de per cepções e da reactividade no campo da condução automóvel, que empreendia.

(c) Donde, é possível afirmar, com base num elevado grau de probabilidade, que o efeito danoso (embate), não se teria verificado na

1 Adv: Dr 2 Adv.Dr.

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esfera jurídica dos lesados, não fora a condução sob a influência do álcool que o provocou.

(d) Conclui-se pois pela verificação neste caso de nexo de casualidade entre a condução sob influência do álcool por parte do R e a ocorrência do acidente em causa.

(e) Tendo por isso em conta que FM… indemnizou os lesados pelos prejuízos resultantes dos danos ocorridos no acidente, assiste-lhe o direito

de reaver do R as quantias que despendeu a esse respeito: Pte 2 552 155$00 + Pte 175 000$00 e Pte 202 940$00 = € 14 615,25.

(f) Sobre este montante são ainda devidos os juros de mora á tax a legal a partir da citação, art.º805/3CC.

II. MATÉRIA ASSE NTE:

(1) Por contrato de seguro, sob a ap .606683841, M… transferiu para FM… a responsabilidade civil pelos danos da situação rodoviária causados p elo

veículo …-…-GD.

(2) 00.12.18, 14h30: o veículo ligeiro de passageiros …-…-GD circulava na EN1, no sentido P…/L…, conduzido pelo dono M…

(3) Ao Km 278,450,V…,GD, depois de descrever uma curv a que se lhe apresentava para a esquerda, saiu do lado direito da via por onde circulav a.

(4) E entrou no lado esquerdo da mesma.

(5) Onde foi embater no veiculo pesado de mercadorias …-…-EF, que por aí circulava em sentido contrario.

(6) O condutor de EF ainda tentou travar.

(7) Mas não conseguiu evitar o embate devido á distância de 10m que separava os veículos.

(8) O embate ocorreu no lado esquerdo da via, atento o sentido de marcha de …- …-GD, a cerca de 80m do eixo.

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(9) Depois de embater em EF, GD embateu no veículo …-…-GX, que se encontrava estacionado na berma do lado esquerdo, atendendo semp re ao sentido de marcha de GD

(10) M… conduzia GD com uma taxa de álcool no sangue d e 0,66gr/litro.

(11) Circunstancia que lhe provocou uma diminuição da acuidade visual e da percepção das distâncias.

(12) Aumento do tempo da reacção aos obstáculos da circulação automóvel. (13) Causas que foram de ter passado a circular na contra-mão.

(14) Em consequência do acidente resultaram em EF danos no montante de Pte.2 552 155$00.

(15) Que F…M… satisf ez.

(16) Do mesmo modo que procedeu com a proprietária de EF – G… Class SA - pela paralisação do veiculo: Pte 175 000$00.

(17) Em consequência deste acidente …ficou danificado na lateral esquerda. (18) A FM… pagou esta repar ação: Pte 202 940$00.

(19) M… sofre de Dislipidemia.

II A – JUST IFICAÇÃO DO JULGAMENTO DA MATERIA DE FACTO

(a) O Tribunal fundou a sua convicção…no que respeita aos factos descritos de

Q9 a Q123 no teor do exame hematológico feito ao R após o acidente…;

(b) Valorou ainda a conju gação dos depoimentos das testemunhas Dr. A…e o Dr. J…, ambos médicos ortopedistas.

(c) A primeira das referidas testemunhas…viu-se desde á vários anos confrontado com as lesões físicas provocadas por acidentes de viação, muitos deles devidos á ingestão de álcool, pelo que vem analisando e estudando os efeitos das bebidas alcoólicas na condução, há já v ários anos.

3 Base Instrutória

_____________________________

Q9 O R conduzia GD acusando uma taxa de álcool no sangue de 0,66/l? Provado.

Q10 O que lhe provocava uma diminuição da acuidade visual da percepção das distancias? Provado. Q11 E o aumento do tempo da reacção aos obstáculos da circulação automóvel? Provado

Q12 Em consequência de 9 e 11, o R entrou no lado esquerdo da via por onde circulava? Provado

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(d) Assim, atendendo á isenção demonstrada e á razão de ciência, valorou o

Tribunal de forma r elev ante o respectivo depoimento: uma TAS, ainda que

de valor baixo, provoca sempre no condutor um menor discernimento perante as situações que se lhe deparam e uma diminuição da capacidade de antecipação, atenção, concentração, analise e decisão na condução automóvel; …o teor de álcool no sangue dos condutores provoca neles uma diminuição das capacidades visuais (diminuição da acuidade visual e do campo visual periférico) e uma diminuição da percepção das distâncias, aumentando o tempo de reacção a uma situação de perigo.

(e) Também o outro depoen te médico, que examinou o R algum tempo após a

ocorrência do acidente em causa, devido às lesões físicas sofridas por ele na ocasião, pese embora tenha afirmado que sofria de dislipidemia, doença caracterizada por valores elevados do colesterol e dos trigliceridos no doen te e que pode provocar sonolência e um discurso arrastado, acabou por confirmar das análises clínicas efectuadas ao R um resultado de irritação

hepática

(f) Ora, tal dado, relacionado e conjugado com o teor dos diversos relatórios clínicos …, onde se ref ere que M… apresentava justamente alterações da

função hepática sugestivas de abusos etílicos, aponta no sentido de que ele R consumia bebidas alcoólicas de forma sistemática

(g) Por outro lado, o depoimento do Dr. A…, já tinha mencionado também qu e a

velocidade de absorção do álcool no sangue é mais lenta no caso de uma pessoa com doença hepática (v.g. Cirrose), levando a que o álcool ingerido permaneça dur ante mais tempo no organismo do que numa pessoa que não sofra do mesmo tipo de patologia.

(h) Acresce que as testemunhas, E… e J…, foram coincidentes ao afirmar que na altura do acidente não surgiu na via qualquer obstáculo para o R ter que desviar rep entinamente em direcção á outra faixa de rodagem, circulando

todo o trânsito muito devagar e não tendo divisado uma qualquer outra situação de necessária e obrigatória saída inopinada de M… da hemi-faixa de rodagem onde seguia para a hemi-faixa contrária, onde seguia o camião com o qual colidiu.

(i) E é de referir ainda que o exame médico-legal feito ao R concluiu que,

apesar de ser muito difícil, senão impossível, determinar a influência da taxa 4

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de alcoolemia revelada p or ele, 0,66gr/l, nas funções do sistema nervoso do examinado, (uma vez tais efeitos serem muito variáveis e dependendo não só

da susceptibilidade individual ao tóxico, como das circunstâncias digestivas coevas da ingestão), todavia médico-legalmente uma taxa de álcool no sangue daquele valor correspond e a um diagnóstico: possivelmente

influenciado pelo álcool.

(j) Depois, tendo em conta as regras de normalidade e das experiencias comuns, só assim se poderá explicar a manobra de todo em todo surpreendente efectuada pelo R e que provocou o sinistro.

III. CLS/ALEGAÇÕE S:

(1) Não obstante a audiência de discussão e julgamento não ter sido gravada, o certo é que dos autos constam todos os elementos em que a julgadora

fundamentou a sentença recorrida.

(2) Teve o cuidado de assinalar, aliás, o teor dos depoimentos não gravados e explanou a lógica da grelha de análise a que submeteu a prova.

(3) É possível pois, mesmo sem gravação, dispor dos elementos de crítica suficientes.

(4) E também para apreciação de 2ª Instância que, nos termos do art.º712/1 CPC, irá modificar o julgamento da matéria de facto, mormente a resposta Q12.

(5) Na verdade houve er ro de apreciação da prova por múltiplas razões: (i) o

julgamento não consider ou o relatório do INML – no que respeita á taxa de

alcoolemia referida e aos seus efeitos no examinado é muito difícil, senão impossível, determinar a sua influência nas funções do sistema nervoso, uma vez que tais efeitos são muito variáveis…; contudo, médico-legalmente, uma taxa de álcool no sangue com valores de 0,66gr/L, corresponde a um diagnóstico de possivelmente influenciado pelo álcool.

(6) Ora, esta taxa em questão encontra-se, depois, bem próxima dos limites legais da actualidade e aquém da taxa de 0,8gr/l, anteriormente fixada por lei.

(7) Por fim, as circunstâncias do acidente não cobrem o veredicto: (i) o R derivou repentinamente para a esquerda, sem qu e nada o fizesse prever; (ii)

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circulava muito devagar; (iii) e foi inopinada a saída da hemi-faixa de rodagem e da fila de automóveis onde se encontrava integrado.

(8) Neste quadro não se evidência um comportamento estradal de um condutor influenciado pelo álcool: não vinha de manobr as perigosas ou temerárias,

circulava a velocidad e ex tremamente diminuta, foi surpreendente a deriva repentina contra o camião.

(9) Mais além, o Tribunal não considerou o d ado que resulta do relatório do

INML – antecedentes pessoais: refere acidente d e viação em 2000 (cerca de

6 meses antes) por ter adormecido ao volante.

(10) Ora, os adormecimentos têm necessariamente a ver com a doença de que o recorrente padecia então e se agravava: dislipidemia.

(11) É que o recorrente, no espaço de 6 meses, adormeceu 2 vezes ao volante, enquanto a dislipidémia pode, na verdade, provocar sonolência e discu rso arrastado.

(12) O erro de julgamento acentua-se quando as consequências da doença

referida foram afastadas pelo Tribunal, porque o recorrente apresentava u ma

irritação hepática, sugestiva de abusos alcoólicos

(13) Para além de não ter necessariamente origem em hábitos alcoólicos, mas ser de etiologia variada, imperioso é concluir que seguramente não é algu ém com hábitos alcoólicos que se descontrola repentina e inopinadamente sob uma baixa taxa de alcoolemia

(14) Tudo isto equivale a dizer que não foi certamente a in fluência do álcool que determinou esse descontrolo súbito e inopinado da viatura que o R

conduzia, mas outras razões, relacionadas porventura com os níveis demasiadamente elevados de colesterol e de triglicéridos detectados no sangue do recorrente

(15) Não obstante, face aos elementos de prova dos autos nunca haveria legitimidade na opção de imputar ao recorrente a responsabilidade do sinistro

devido á taxa de alcoolemia

(16) Daí que propugnemos no sentido de, pelo menos, Q12 ser julgado não provado.

(17) Consequentemente o pedido improcederá, por carência de prova de nexo causal.

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(18) Em suma: o Tribunal de 2ª Instância dará outra resposta a Q124 ao abrigo do art.º712/1 CPC, porque se mostram violados os art.º 342 e 19,c do DL

522/85, 31.12.

IV. CONTRA-ALEGAÇÕES:

(1) O art.º712/1.a CPC não permite, neste caso, que a matéria de facto possa ser alterada pelo Tribunal da Relação, uma vez que o processo não contém todos os

elementos de prova, os depoimentos nomeadamente, sendo certo q ue o julgamento da causa resultou de audiência oral.

(2) Mas mesmo que assim não tivesse sido, sempre a matéria de facto não poderia ser alterada, uma vez que resultou de dados científicos hoje pacíficos e

aceites5.

(3) Acresce que a sentença reflecte um apurado rigor na aplicação criteriosa do direito perante o litígio, enquanto a minuta do Recurso não contém argumentos capazes de abalar, invocando aliás factos dados por não provados como se o tivessem sido

(4) Deve ser mantida inteiramente.

V. RECURSO: Pronto para julgamento, nos termos do art.º 705 CPC.

VI. SEQUÊNCIA:

(1) Está em causa apenas a legitimidade e consequência da presunção judicial que presidiu ao julgamento da matéria de facto, quando o veredicto ditou ter a manobra do recorrente levado ao embate com o camião, por estar influenciado pelo álcool, tal como vieram a acusar as análises de verificação de rotina levadas a cabo imediatamente.

4 Vd nota 3.

5 Vd estudo encomendado pela DGV: www.DGV.PT//segue@rodo/alcool@conducau.asp;

www.ansr.pt/Default.aspx?tabide =87.

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(2) Com efeito, o recorrente, contra a versão aceite, logrou provar sofrer de doença que lhe determinaria adormecimento súbito, enquanto conduzisse,

compaginável a trajectória e a oportunidade do sinistro com sono ao volante.

(3) E certo é que de um ponto de vista racional não se pode vir a optar com

segurança por uma ou outra das hipóteses explicativas do acidente: funciona portanto a regra do ónus da prova.

(4) Ora, não é ao recorrente que incumbia provar o nexo causal entre a influência alcoólica na condução e o sinistro ocorrido, mas à seguradora que o demandava.

(5) Por isso mesmo, a resposta a Q12 terá de ser alterada para não provado e sendo assim, tem o recorrente de ser absolvido do pedido, justamente porque a A

não provou o que devia ter provado, isto é, que o acidente se deveu a alcoolemia estradal.

(6) Posto isto, tal como defende o recorrente na minuta desta apelação, porque a sentença infringiu o art.º342/1.2 CC e, na sequência, o art.º19,c do DL 522/85, 31.12, vai revogada, para que saía absolvido o R M… deste pedido de regresso que a seguradora formulou contra ele, b aseado, ao contrário da prova, na condução sinistral sob influência do álcool.

VII. CUSTAS: pela recorrida, que sucumbiu.

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