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Monografia de MARCOS CLOVIS DA COSTA

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Academic year: 2021

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ENTULHO DA CONSTRUÇÃO CIVIL UMA PROPOSTA PARA FOZ DO IGUAÇU

MARCOS CLOVIS DA COSTA

FOZ DO IGUAÇU 2006

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ENTULHO DA CONSTRUÇÃO CIVIL UMA PROPOSTA PARA FOZ DO IGUAÇU

Trabalho Final de Graduação, apresentado à banca examinadora do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da União Dinâmica de Faculdades Cataratas - UDC, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil, sob orientação do Professor Floriano Zart.

FOZ DO IGUAÇU 2006

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UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS

ENTULHO DA CONSTRUÇÃO CIVIL UMA PROPOSTA PARA FOZ DO IGUAÇU

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL

_________________________________________________ Marcos Clovis da Costa

_________________________________________________ Orientador: Prof.º Floriano Zart

_________________________________________________ Nota Final

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________ Prof.º Jackson Archarde Gonçalves

_________________________________________________ Prof.º Jorge Oscar Darif

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Dedico o presente trabalho a Deus, minha família e amigos.

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É inegável que a cada conquista que fazemos, há também o esforço de outros para que possamos alcançar nossos objetivos; no desenvolver deste trabalho conheci muitas pessoas que, por grandes ou pequenos gestos, contribuíram para que este fosse concretizado. A elas, deixo o meu agradecimento:

-Ao Professor e Orientador Floriano Zart, que durante todo o processo do trabalho foi incansável em colaborar;

-Ao professor Azenir Pacheco, pela colaboração com os cálculos financeiros; -A todos os Coordenadores e Professores do curso de Engenharia Civil, pela colaboração e apoio dados durante o transcorrer do curso;

-Aos funcionários e amigos da UDC que sempre me trataram muito bem; -Aos meus amigos do curso, em especial ao Pedro H. Vivarelli, pela amizade, parceria e estímulo;

-A Itaipu Binacional onde realizei o meu estágio;

-Aos meus familiares, que foram os maiores incentivadores para que este curso tornasse possível, em especial meus filhos Caroline e Eduardo, que souberam entender a minha ausência durante o curso.

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“Prefiro morrer pelos meus sonhos a não tê-los”

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COSTA, Marcos Clóvis da. Entulho da Construção Civil - Uma proposta para Foz do Iguaçu. Foz do Iguaçu, 2006.

Resumo: O enorme volume de entulho produzido pela Indústria da Construção Civil, que representa um problema no gerenciamento dos grandes centros urbanos brasileiros, vem se agravando cada vez mais com o crescimento das cidades e a falta de espaço para destinação final desses resíduos. Diversos municípios adotam como solução ambiental para os resíduos da construção, disponibilizar áreas para a deposição controlada. Como solução, tal política é limitada, em função da rápida saturação das áreas disponíveis, pelos elevados custos envolvidos e por promover a contaminação do solo e das águas subterrâneas, por receber resíduos perigosos incorporados aos restos de materiais inertes, nos canteiros de obra. Como resposta a este problema, o presente estudo visou dois tipos de análise: da situação ambiental dos resíduos de construção e demolição na cidade de Foz do Iguaçu – Pr, e outra quanto ao custo/beneficio para implantar uma usina de reciclagem de entulhos que atendesse a cidade. Os dados apresentados, sobre a utilização dos resíduos após a reciclagem, são revisões bibliográficas extraídas de publicações técnicas já realizadas.

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COSTA, Marcos Clóvis de. Rubbish of the civil construction - a proposal for estuary of the iguaçu. Foz do Iguaçu, 2006.

Abstract: The enormous volume of rubbish produced for the industry of the civil construction, that represents a problem in the management of the great brazilian urban centers, comes more if aggravating each time with the growth of the cities and the lack of space for final destination of these residues. diverse cities adopt as ambient solution for the residues of the construction, to disponibilizar areas for the controlled deposition. as solution, such politics is limited, in function of the fast saturation of the available areas, for the raised involved costs and promoting the contamination of the ground and underground waters, for receiving incorporated dangerous residues to the remaining portions from inert materials, in the workmanship seedbeds. as reply to this problem, the present study it aimed at two types of analysis: of the ambient situation of the residues of construction and demolition in the city of estuary of the iguaçu - pr, and another one how much to the cost/i benefit to implant a plant of recycling of entulhos that took care of the city. the data presented, on the use of the residues after the recycling, are bibliographical publication revisions extracted carried through techniques already.

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1.INTRODUÇÃO ... 13

2. O ENTULHO... 17

2.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS ... 17

2.2 LEGISLAÇÃO ... 22

2.3 SITUAÇÃO BRASILEIRA E MUNDIAL ... 24

2.4 POSSIBILIDADES DE MINIMIZAÇÃO DO PROBLEMA ... 28

3. RECICLAGEM, UMA NECESSIDADE NOS TEMPOS MODERNOS .... 29

3.1 O PROCESSO DE RECICLAGEM... 32

3.1.1 Vantagens e desvantagens da reciclagem de entulho... 33

3.1.2 Condições básicas para a reciclagem municipal... 36

3.2 MODELO ANALISADO PARA REALIZAÇÃO DE PROPOSTA PARA FOZ DO IGUAÇU ... 37

3.2.1 Utilização do entulho como agregado para o concreto ... 37

3.3 PROPOSTAS ... 42

3.3.1 Um modelo para Foz do Iguaçu ... 43

3.3.2 Utilização do entulho reciclado e as vantagens específicas ... 50

3.3.3 O papel da legislação ambiental no modelo proposto... 53

3.3.4 A usina de reciclagem de entulho ... 55

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3.3.7 Métodos de avaliação de investimento ... 62 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 64 REFERÊNCIAS ... 65

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Figura 1: Porcentagem média dos constituintes do entulho... 17

Figura 2: Entulho ... 18

Figura 3: Entulho ... 25

Figura 4: Entulho da construção civil... 26

Figura 5:Sequência do processo de reciclagem ... 32

Figura 6: Usina de reciclagem de entulho ... 33

Figura 7: Parte graúda... 39

Figura 8: Resistência ao desgaste ... 41

Figura 9: Resistência à compressão ... 42

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Quadro 1: Tipologia de resíduos ... 21

Quadro 2: Quantidade de entulho em relação ao total de resíduos em aterros sanitários ... 25

Quadro 3: Perda de materiais em % ... 26

Quadro 4: Desperdício de resíduos encontrados na construção civil em alguns países... 27

Quadro 5:Redução de impacto ambiental ... 30

Quadro 6: Requisitos básicos da instalação de reciclagem municipal... 37

Quadro 7: Amostras... 39

Quadro 8: Características das amostras ... 40

Quadro 9: Amostras utilizadas... 41

Quadro10: Destino recomendado ... 49

Quadro 11: Estimativa populacional e de entulho gerado na cidade de Foz do Iguaçu ... 58

Quadro 12: Custo de implantação da usina de reciclagem (abril/2006) ... 59

Quadro 13: Despesa mensal com colaboradores ... 59

Quadro 14: Receita anual... 61

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1. INTRODUÇÃO

Comparando com os demais setores da economia, o setor da Construção Civil atua com grande intensidade sobre o meio ambiente, visto que trabalha com a transformação em todas as suas etapas; o setor emprega uma grande diversidade de matérias primas, o que provoca impactos no ato da extração e posteriormente na geração de resíduos. A construção civil é certamente o maior gerador de resíduos de toda a sociedade. O volume de entulho de construção e demolição gerado é até duas vezes maiores que o volume de lixo sólido urbano.

Nota-se que a questão do tratamento dos resíduos apresenta grandes problemas, um deles é o crescente despejo destes resíduos em aterros sanitários que é um dos principais problemas, já que estes são materiais não degradáveis e seu acúmulo diminui a vida útil dos aterros, forçando a administração pública a procurar e investir em novas áreas e dando continuidade ao ciclo de agressões ao meio ambiente, outra é a deposição irregular dos resíduos em ruas, avenidas e demais logradouros das cidades, que pode provocar alem da proliferação de vetores de doenças, nocivas à saúde pública, a agressão visual ao aspecto urbanístico da cidade e o carregamento pelas águas das chuvas destes materiais para galerias de águas pluviais e córregos, provocando alagamentos e enchentes.

O ponto crítico desta questão não está apenas na fase de produção deste entulho, ou seja, no ato de consumir e desperdiçar materiais, mas

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também na sua destinação final. Com base nestes fatos, a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Nº. 307, de 05 de julho de 2002, (alterada pela resolução Nº. 348, de 16 de agosto de 2004), estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, que devem ser respeitados e seguidos criteriosamente.

Esta norma obriga as construtoras a prestarem contas do entulho gerado nos canteiros de obras. Para construir, a partir de agora, além de aprovar a planta da edificação, as construtoras têm que submeter aos órgãos de licenciamento municipais um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Na prática, são obrigadas a explicar quanto lixo a obra vai gerar, comprometendo-se a reciclar uma parte e a indicar o destino das sobras, sob o risco de não conseguirem o alvará. Assim, a alteração desse cenário é responsabilidade não só da administração pública, mas também dos profissionais da área da construção civil.

Mesmo causando tantos problemas, o entulho deve ser encarado como fonte de matéria prima, de grande utilidade para a construção civil. Seu uso mais tradicional - em aterros - nem sempre é o mais viável, pois ele serve também para substituir materiais normalmente extraídos de jazidas ou pode se transformar em matéria-prima para componentes de construção. É possível produzir agregados, areia, brita e bica corrida para uso em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos, e uso em argamassas e concreto. Da mesma maneira, podem-se fabricar componentes de construção - blocos, tubos para drenagem, placas. Para todas estas aplicações, é

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possível obter similaridade de desempenho em relação a produtos convencionais, com custos muito competitivos.

Dada à importância do assunto, este trabalho objetivou efetuar uma análise da situação ambiental dos resíduos de construção e demolição na cidade de Foz do Iguaçu e desenvolveu estudo de viabilidade econômica de uma usina de reciclagem de entulho, em que procura dar solução a dois grandes problemas da geração do entulho, o desperdício de materiais na construção civil com o seu reaproveitamento, e as agressões ao meio ambiente. Com a solução destes problemas este estudo contribuirá economicamente com setor da construção civil, ambientalmente com a população e em menor escala com a geração de empregos.

A metodologia empregada para a realização do trabalho consiste na realização de revisão bibliográfica de publicações técnicas já existentes sobre o assunto, além de um levantamento estatístico na cidade de Foz do Iguaçu, onde será analisada a situação ambiental dos resíduos de construção e demolição, o crescimento populacional, a quantidade de entulho gerado, a disposição atual do entulho e levantamento de custos imobiliários. Também foi efetuada pesquisa de preços de equipamentos da usina e mão de obra dos trabalhadores.

Nota-se, portanto que o presente trabalho enfocará principalmente uma análise custo/benefício para implantação de uma Usina de Reciclagem de Entulhos, que atenda a cidade de Foz do Iguaçu-Pr, promovendo a conscientização de que o entulho pode ser utilizado como agregado na

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confecção de concreto não estrutural destinado à infra-estrutura urbana e que é possível produzir agregados - areia, brita e bica corrida para uso em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos e uso em argamassas e concreto.

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2. O ENTULHO

2.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

Wells et al (2000) afirma que entulho é o conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, etc., provenientes do desperdício na construção, reforma e/ou demolição de estruturas como prédios, residências e pontes.

Segundo o autor, pode-se identificar no entulho formado durante uma construção a existência de dois tipos de resíduo:

Resíduos (fragmentos) – de elementos pré-moldados, como materiais cerâmicos, blocos de concretos, demolições localizadas, etc;

Resíduos (restos) – de materiais elaborados em obra, como concretos e argamassas, que contêm cimento, cal, areia e brita.

Figura 1 – Porcentagem média dos constituintes do entulho

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O entulho de construção compõe-se, segundo Pinto (1989) de restos e fragmentos de materiais, enquanto o de demolição é formado apenas por fragmentos, tendo por isso maior potencial qualitativo, comparativamente ao entulho de construção.

Figura 2 – Entulho

Fonte: http://www.engepara.com.br/artigos/art20031006/art20031006.asp

Quando descartado das construções, como material praticamente inerte, o entulho causa ônus e problemas associados ao seu volume, que geralmente é bastante significativo, chegando a ocupar em torno de 50% do volume total dos aterros públicos de algumas cidades brasileiras. (WELLS et al, 2000, p. 186).

As diversas destinações clandestinas do entulho causam problemas quanto à saúde pública, pela proliferação de insetos e roedores. Mas outros transtornos, citados por Pinto (1989), podem ser citados:

a) lançamento em encostas ou em terrenos problemáticos, gerando depósitos instáveis que podem causar deslizamentos;

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b) lançamento em terras baixas, junto a drenagens ou mesmo diretamente no leito de canais, levando à obstrução do escoamento e provocando inundação. Normalmente, os municípios não coletam o entulho gerado, sendo comum os despejos clandestinos de entulho em vias públicas, terrenos baldios, margens de rios, etc., e ainda em bota-foras irregulares, que se transformam muitas vezes em imensos lixões.

Segundo Soibelman (1993) a quantidade de entulho gerado nas construções que são realizadas nas cidades brasileiras demonstra um enorme desperdício de material. Os custos deste desperdício são distribuídos por toda a sociedade, não só pelo aumento do custo final das construções, como também pelos custos de remoção e tratamento do entulho.

A quantidade de resíduos sólidos gerada no país é muito significativa e pode servir como um indicador do desperdício de materiais.

O resíduo de construção e demolição (resíduo de C&D) ou simplesmente entulho, possui características bastante peculiares. Por ser produzido num setor onde há uma gama muito grande de diferentes técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente, características como composição e quantidade produzida dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção local (qualidade da mão de obra, técnicas construtivas empregadas, adoção de programas de qualidade, etc.).

Dessa forma, a caracterização média deste resíduo está condicionada a parâmetros específicos da região geradora do resíduo analisado.

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Segundo Zordan e Paulon (1997) o entulho é, talvez, o mais heterogêneo dentre os resíduos industriais. Ele é constituído de restos de praticamente todos os materiais de construção (argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, etc.) e sua composição química está vinculada à composição de cada um de seus constituintes.

No entanto, a maior fração de sua massa é formada por material não mineral (madeira, papel, plásticos, metais e matéria orgânica).

Reconhecido como um setor de grande desperdício, o setor da construção civil começa a se preocupar com o resíduo que sai de sua produção. Em agosto de 2004, entrou em vigor a Resolução do CONAMA 307 de 05 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. O não cumprimento dos novos padrões remete os infratores à chamada lei dos Crimes Ambientais (Lei Federal n. 9605/98).

Segundo Zordan e Paulon (1997) as construções estão divididas pela Resolução 307 do CONAMA em pequenos e grandes geradores, ou seja, praticamente toda a construção regular, executada por empresas do setor pode ser considerada como grande geradora. As reformas, as obras irregulares, estariam incluídas nas pequenas geradoras. Estudos demonstram que 70% de todos os resíduos são gerados nas pequenas obras, 30% pelas obras maiores. De acordo com a Revista “Conselho CREA” (2004) os

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resíduos classe A (ver quadro 1) estariam entre 90% a 95% dos resíduos de uma obra.

Quadro 1 – Tipologias de resíduos Classe A – Resíduos

recicláveis como agregados

Resto de cimento, concreto, britas, areia (limpa), reboco, tijolos, telhas, piso cerâmico, cal, argila, solo limpo, solo orgânico, materiais de escavação, massa corrida, massa de vidro, mantas asfálticas, materiais de impermeabilizações, restos de divisórias, madeira maciça, MDF, compensado, aglomerado.

Classe B - Resíduos recicláveis para outras destinações

Plásticos (PVC, PEAD, PEBD), papéis (embalagens), papelão (saco de cimento), vidros, madeiras, metais, isopor e frascos alvenarite.

Classe C – Resíduos

não recicláveis Produtos oriundos do gesso e outros que para quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitem a sua reciclagem / recuperação.

Classe D – Resíduos

perigosos Tintas, solventes, óleos, sacos contaminados com colas, aditivos, latas de cola, fibrocimento, tubos de PU vazios, estopa e pincéis.

Fonte: Revista Conselho CREA (2004, p. 16).

No entanto, uma situação preocupante está abalando os municípios: 58% da quantidade diária de resíduos dispostos recebem destino inadequado. Mas quando a intenção das empresas e indústrias é dar um encaminhamento correto para esses resíduos, muitas esbarram na falta de uma tecnologia que possibilite o processo.

Segundo Agopyan (1998) quando o assunto é destinação final dos resíduos sólidos, o mercado brasileiro é deficiente. Segundo dados da última pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizado pelo IBGE, são produzidas diariamente mais de 157 mil toneladas de resíduos sólidos que têm os mais variados destinos, como lixões, aterros controlados e aterros

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sanitários. Entretanto, 20% da população brasileira ainda não contam com serviços regulares de coleta.

O custo social total é praticamente impossível de ser determinado, pois suas conseqüências geram a degradação da qualidade de vida urbana em aspectos como transportes, enchentes, poluição visual, proliferação de vetores de doenças, entre outros. De um jeito ou de outro, toda a sociedade sofre com a deposição irregular destes entulhos e paga por isso. O ideal seria reduzir o volume e reciclar a maior quantidade possível do que for produzido. A proteção do meio ambiente constitui preocupação prioritária das sociedades modernas. Preocupação que nasce da necessidade vital de construir um futuro social, baseado em um meio social sadio, que permita a harmonização entre o legítimo interesse de se melhorar os níveis de qualidade de vida de todos os cidadãos e a ação dos agentes econômicos.

2.2 LEGISLAÇÃO

Preocupado com esta realidade, o governo providenciou medidas na tentativa de amenizar a situação. Construtores estão sendo obrigados a apresentar Projetos de Gerenciamento de Resíduos para cada uma de suas obras, quer se trate de uma reforma residencial ou da construção de grande porte. Desde janeiro deste ano, esta exigência vem da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama n. 307 de 05 de julho de 2002, que estabelece critérios, diretrizes e procedimentos para a Gestão dos

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Resíduos da Construção Civil, criando uma cadeia de responsabilidades que inicia no gerador, passa pelo transportador e chega aos municípios.

Degani (2003) aponta os seguintes impactos ambientais causados pelas atividades de construção:

• Ao meio físico: indução de processos erosivos; esgotamento de jazidas minerais; deterioração da qualidade do ar; poluição sonora; alteração da qualidade das águas superficiais; aumento da quantidade de sólidos; poluição de águas subterrâneas; alteração de regimes de escoamento; escassez de água; entre outros;

• Ao meio biótico: interferências na fauna; interferências na flora; e alteração na dinâmica dos ecossistemas;

• Ao meio socioeconômico: alteração da qualidade paisagística; alteração das condições de saúde; incômodo para a comunidade; alteração do tráfego nas vias locais; alteração nas condições de segurança; danos em bens edificados; aumento do volume de aterros de resíduos; interferência na drenagem urbana; entre outros.

Diante desses problemas, o Conama exige que as prefeituras criem políticas públicas de gerenciamento dos resíduos urbanos. A idéia é que os gestores municipais se mobilizem para que as construtoras apresentem um plano de ação que evite o despejo de entulho de forma irregular no meio ambiente.

Esta resolução federal torna obrigatórios os Planos Integrados de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil em todos os municípios

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brasileiros, que ficam com a responsabilidade de requerer dos construtores a apresentação dos projetos.

O que fundamenta tal exigência é a necessidade de reconhecer a origem dos resíduos gerados atribuindo responsabilidade ao gerador por sua destinação. A indicação prévia do tipo de resíduo gerado, de sua quantidade estimada, dos transportadores qualificados e dos destinatários escolhidos permitirá ao poder público municipal identificar previamente qual será o fluxo dos resíduos, desde sua geração até sua destinação.

2.3 SITUAÇÃO BRASILEIRA E MUNDIAL

De acordo com Brito Filho (1999) no município de São Paulo, conforme dados do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos da Prefeitura, são gerados diariamente aproximadamente 4.000 toneladas de entulho de construção civil (90.000 m3/mês). Este valor pode ser muito maior, pois só estão contabilizados os entulhos destinados aos aterros oficiais. No total, estima-se que os entulhos clandestinos totalizam 60% dos registrados, o que permite o cálculo aproximado de 144.000 m3 por mês de entulho total gerado.

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Figura 3 – Entulho

Fonte: www.metsominerals.com/inetMinerals/Brazil/ mmBrazilnews.nsf/WebWID/WTB-060214-2256D-4420C?OpenDocument - 23k

O autor afirma ainda que, para a cidade de Belo Horizonte, estimou-se em 1993, a geração de 1200t/dia de entulho e mais 1,8 mil t/dia de terra, com um custo anual de remoção superior a um milhão de dólares.

Um estudo realizado por Pinto (1997) mostra um levantamento realizado em oito cidades brasileiras, indicando que a quantidade de entulho (apenas para aterros públicos) no total dos resíduos sólidos urbanos tem sido alta.

Quadro 2 – Quantidade de entulho em relação ao total de resíduos em aterros públicos

CIDADE QUANTIDADE (% em massa)

São José dos Campos 68

Ribeirão Preto 67

Belo Horizonte 51

Brasília 66

Campinas 64 Jundiaí 64

São José do Rio Preto 60

Santo André 62

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Os dados disponíveis para avaliar o desperdício nas construções brasileiras, tomando como base pesquisas realizadas em 1989 e 1993, indicaram que o desperdício na construção corresponde a 20% em massa, no mínimo, de todos os materiais utilizados em uma obra.

Figura 4 – Entulho da construção civil

Fonte:http://images.google.com.br/images?q=entulho+da+constru%C3%A7%C3%A3o+civil&hl=pt-BR&btnG=Pesquisar+imagens.

Segundo Pinto (1989) geralmente todas as obras da construção civil possuem perdas.

Quadro 3 – Perda de materiais em %

MATERIAIS Agopyan et al Pinto Soilbelman Skoyles

Areia 76 39 46 12 Cimento 95 33 84 12 Pedra 75 - - - Cal 97 - - - Concreto 9 1 13 6 Aço 10 26 19 4 Blocos/tijolos 17 27 13 13 Argamassa 18 91 87 12

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Quadro 4 – Desperdício de resíduos encontrados na construção civil em alguns países MATERIAIS Pinto (Brasil/SP) Norie (Brasil/RS) Skoyles Reino Unido

Hong Kong Usual em orçamento Aço 26,19 19,07 3,60 - 20,00 Cimento 33,11 84,13 12,00 - 15,00 Concreto 1,34 13,18 6,00 11,00 5,00 Areia 29,02 45,76 12,00 - 15,00 Argamassa 91,25 86,68 12,00 15,00 15,00 Tijolo/blocos 26,94 12,73 13,00 11,00 10,00

Fonte: Pinto apud ZORDAN (1997)

Nota-se, portanto que a quantidade de entulho gerado nas construções realizadas nas cidades brasileiras demonstra um enorme desperdício de material. Os custos deste desperdício são distribuídos por toda a sociedade, não só pelo aumento do custo final das construções, como também pelos custos de remoção e tratamento do entulho. Na maioria das vezes, os resíduos da construção são retirados da obra e dispostos clandestinamente em diversos locais, conforme citado anteriormente.

A quantidade de resíduos sólidos gerada no país é muito significativa e pode servir como um indicador do desperdício de materiais. Os resíduos de construção e demolição consistem em concreto, estuque, telhas, metais, madeira, gesso, aglomerados, pedras, carpetes, etc. Muitos desses materiais, e a maior parte do asfalto e do concreto utilizado em obras, podem ser reciclados. Esta reciclagem pode tornar o custo de uma obra mais baixo e diminuir também o custo de sua disposição.

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2.4 POSSIBILIDADES DE MINIMIZAÇÃO DO PROBLEMA

Considera-se que para a resolução de tal problema, relacionado à construção civil, setor que cresce diariamente, se faz necessária a adoção de paradigmas e parâmetros novos que possam levar em consideração o uso eficiente de materiais e energias renováveis, não nocivos e mantendo acima de tudo a biodiversidade.

Nesse contexto, Brito Filho (1999) propõe os seguintes princípios para a resolução do problema do entulho:

- maximizar a reutilização de recursos; - minimizar o consumo de recursos; - proteger o meio ambiente;

- usar recursos renováveis ou recicláveis; - criar um ambiente saudável e não tóxico;

- buscar a qualidade na criação do ambiente construído.

Assim, pode-se perceber que esses princípios viabilizarão a satisfação das necessidades de uma nova relação da produção com o meio ambiente, promovendo bens duráveis, recicláveis e reutilizáveis.

Juntamente a isso, pode-se agregar a visão de Dimson (apud BRITO FILHO, 1999) que resumindo os múltiplos impactos das políticas ambientais na construção civil, afirma que ela requer um aumento da produtividade de todos os recursos através de:

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- seleção de materiais; - planejamento energético; - gerenciamento de resíduos; - qualidade do ar;

- projetar para a flexibilidade.

Assim, (...) “a vida útil do edifício e de suas partes é governada não apenas pela taxa de degradação física dos seus componentes, mas também deve ser controlada pela possibilidade de readequação às mudanças nas necessidades dos usuários.” (JOHN et al, 1996, p. 124).

Nota-se então que no canteiro de obras deve-se priorizar a minimização das perdas geradoras de entulhos. E isso só será conseguido mediante uma escolha de materiais adequada, levando em conta as embalagens que facilitam o manuseio sem o risco de perdas. É claro que toda construção gera perdas, mas como essa perda acontece em momentos e em locais diferentes, a mera separação prévia dos materiais evitaria a contaminação dos rejeitos que ocorre nos containeres destinados a sua remoção do canteiro de obras.

3. RECICLAGEM, UMA NECESSIDADE NOS TEMPOS MODERNOS

A importância da conservação ambiental no mundo globalizado alcança patamares cada dia mais elevados nas empresas. A não geração de resíduos e a transparência das ações têm sido exigências de mercado. Uma indústria, hoje, precisa investir em melhoria de tecnologia de produção para minimizar a

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geração de resíduos, e além disso, deve ser transparente em suas ações relativas ao destino desses materiais.

Segundo Soibelman (1993) a reciclagem de resíduos da construção civil, pode proporcionar às cidades muitos benefícios, principalmente em relação ao meio ambiente. A reciclagem pode eliminar quase que totalmente com os despejos clandestinos, melhorando a paisagem urbana, e conseqüentemente, melhorando a vida das pessoas. Visto pelo lado financeiro, a reciclagem pode reduzir os gastos com a remoção desses resíduos, que atualmente, chega a US$ 10 por metro cúbico de entulho clandestinamente depositado.

Além de todos esses benefícios, a reciclagem pode ainda reduzir gastos com epidemias, aumentar o tempo de vida útil dos aterros e preservar recursos naturais.

Quadro 5 – Redução de impacto ambiental

IMPACTO AMBIENTAL AÇO VIDRO CIMENTO

Consumo de energia 74 6 40 Consumo de matéria-prima 90 54 50 Consumo de água 40 50 - Poluentes atmosféricos 86 22 <502 Poluição aquática 76 - - Resíduos em geral 105 54 - Resíduos minerais 97 79 - Fonte: Kanayama (1997)

A produção de agregados a partir de entulhos pode gerar economias em até 80% em relação ao preço dos agregados convencionais. A reutilização contribui com o meio ambiente, pois dispensa a retirada de matéria-prima da natureza.

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Segundo Pinto (1997) existem oito instalações de reciclagem municipal no Brasil, implantadas entre 1991 e 1996.

Atualmente, conforme dados da Abesc - Associação Brasileira de Serviços de Concretagem (2004) o custo de reciclagem de entulho pode variar de R$5,20 a R$7,80 por m3, enquanto o custo para uma areia natural é

da ordem de R$20,00.

De acordo com Coelho & Chaves (1998), na Europa os incentivos fiscais à reciclagem, mesmo indiretos, favorecem o surgimento de reciclagem feita pelas próprias mineradoras, como por exemplo, a Superfos, que tem uma usina com três britadores, custo de cerca de US$ 1 milhão e é operada por apenas três pessoas. O custo operacional é de US$2,00 a US$4,00 por tonelada do produto reciclado e o preço de venda é de cerca de US$9,00 /t. Levy (1997) afirma que vários países desenvolvidos, por sentirem problemas na escassez dos recursos naturais e/ou problemas no gerenciamento da questão ambiental, têm direcionado esforços na reciclagem do entulho.

O autor afirma ainda que a tendência nos países desenvolvidos seja utilizar o agregado reciclado em alguns tipos de peças estruturais, misturando ou não com agregados naturais. Para que este objetivo seja alcançado, há necessidade do entulho reciclável ter boa qualidade, o que significa que o entulho deverá ser proveniente de demolição, que pode ser avaliada quanto à qualidade para a execução da reciclagem.

Por outro lado, no Brasil, observa-se basicamente a reciclagem do entulho patrocinada pelo Município, com destino do agregado reciclado para

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peças não estruturais, pois, geralmente, o entulho não apresenta características de homogeneidade de resistência e de outras propriedades para ser usado em concretos estruturais, por ter origem em várias fontes (restos de construção ou de demolição).

3.1 O PROCESSO DE RECICLAGEM

O processo de reciclagem do entulho para a obtenção de agregados envolve basicamente a seleção dos materiais recicláveis do entulho e da trituração em equipamentos apropriados.

Segundo Coelho & Chaves (1998) a sequência deste processo é a seguinte:

Figura 5 – Sequência do processo de reciclagem

Fonte: Coelho & Chaves (1998)

Coelho & Chaves (1998) afirmam que os resíduos encontrados predominantemente no entulho, que são recicláveis para a produção de agregados, pertencem a dois grupos:

Materiais recicláveis do entulho Trituração Peneiramento Agregados reciclados

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Grupo I – materiais compostos de cimento, cal, areia e brita: concretos, argamassas, blocos de concreto;

Grupo II – materiais cerâmicos: telhas, manilhas, tijolos, azulejos.

Há também um Grupo III, de resíduos não-recicláveis, sob o ponto de vista de reciclagem de entulho, composto de materiais como: solo, gesso, metal, madeira, papel, plástico, matéria orgânica, vidro e isopor.

A composição do entulho sofre influência de vários fatores, como, por exemplo, as características regionais, hábitos e costumes da comunidade, nível econômico, etc.

Figura 6 – Usina de reciclagem de entulho

Fonte:http://images.google.com.br/images?q=entulho+da+constru%C3%A7%C3%A3o+civil&hl=pt-BR&btnG=Pesquisar+imagens.

3.1.1 Vantagens e desvantagens da reciclagem de entulhos

De acordo com Zordan (1997) existem aplicações específicas para o entulho reciclado. Em sua tese de mestrado, o autor demonstra essas aplicações e suas vantagens da seguinte forma:

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a) utilização em pavimentação – esse destino se caracteriza como sendo a forma mais simples de aplicação, podendo ser na forma de brita corrida ou em mistura de resíduos com solo. As vantagens dessa utilização são:

-é a forma de reciclagem que requer menor utilização de tecnologia; -permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho; -gera economia de energia no processo de moagem;

-possibilita uma parcela maior de utilização do entulho produzido;

-maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação à mesma adição feita com brita.

b) utilização como agregado para o concreto – isso significa que o entulho processado pode se transformar em agregado para o concreto não estrutural e suas vantagens são:

-utilização de todos os componentes minerais do entulho; -economia de energia no processo de moagem;

-possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido;

-possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação aos agregados convencionais.

c) utilização como agregado para a confecção de argamassa – ao ser processado por equipamentos que moem o entulho, pode ser utilizado como agregado para a argamassa de assentamento e revestimento, sendo suas vantagens:

-ganho na resistência;

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-efeito pazolâmico;

-redução no consumo do cimento e da cal.

d) outros usos – utilização de concreto reciclado com agregado, cascalhamento de estradas, preenchimento de vazios, de valas e reforço de aterros.

Os principais resultados produzidos pela reciclagem do entulho são benefícios ambientais. A equação da qualidade de vida e da utilização não predatória dos recursos naturais é mais importante que a equação econômica. Os benefícios são conseguidos não só por se diminuir a deposição em locais inadequados (e suas conseqüências indesejáveis já apresentadas) como também por minimizar a necessidade de extração de matéria-prima em jazidas. Reduz-se, ainda, a necessidade de destinação de áreas públicas para a deposição dos resíduos.

As experiências indicam que é vantajoso também economicamente substituir a deposição irregular do entulho pela sua reciclagem. O custo para a administração municipal é de US$ 10 por metro cúbico clandestinamente depositado, aproximadamente, incluindo a correção da deposição e o controle de doenças. Estima-se que o custo da reciclagem significa aproximadamente 25% desses custos.

A produção de agregados com base no entulho pode gerar economias de mais de 80% em relação aos preços dos agregados convencionais. A partir deste material é possível fabricar componentes com uma economia de até 70% em relação a similares com matéria-prima não reciclada. Esta relação pode variar, evidentemente, de acordo com a tecnologia empregada nas instalações de reciclagem, o custo dos materiais convencionais e os custos do processo de reciclagem implantado. De qualquer forma, na grande maioria dos casos, a reciclagem de entulho possibilita o barateamento das atividades de construção.

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O emprego de material reciclado em programas de habitação popular traz bons resultados. Os custos de produção da infra-estrutura das unidades podem ser reduzidos. Como o princípio econômico que viabiliza a produção de componentes originários do entulho é o emprego de maquinaria e não o emprego de mão-de-obra intensiva, nem sempre se pode afirmar que a sua reciclagem seja geradora de empregos.

3.1.2 Condições básicas para a reciclagem municipal

De acordo com Silveira (1993) a implantação de um sistema para uso/destino racional, com ou sem reciclagem do entulho municipal, deve ser iniciada por um levantamento das informações.

A avaliação do entulho municipal visa permitir, em resumo, um gerenciamento adequado ante os problemas ambientais e econômicos, causados pela deposição irregular, assim como estabelecer em outro extremo todo o quadro inicial referente à origem dos materiais.

Nota-se, portanto, que a decisão de reciclar deve envolver uma série de questões, que vão desde a quantificação do entulho até a implantação de elementos jurídicos para o respaldo das atividades previstas.

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Quadro 6 – Requisitos básicos da instalação de reciclagem municipal Materiais recicláveis do

entulho Equipamento de trituração Agregados reciclados -área para recepção do

entulho bruto;

-equipamentos e pessoal para separação dos resíduos não-recicláveis.

-existem diversos tipos de equipamentos de trituração: elementos magnéticos para separar o aço, correias, transportadoras, etc. -a granulometria do agregado será estabelecida na trituração e no peneiramento; -a qualidade do agregado dependerá basicamente da qualidade da composição do entulho. Fonte: Silveira (1993)

Como somente agora a reciclagem de entulho tem atraído atenção, é compreensível que a normalização adequada vai demandar algum tempo para ser implantada. É por isso que o conhecimento técnico qualitativo de agregado reciclado torna-se necessário para quem participa do final do processo.

3.2 MODELO ANALISADO PARA REALIZAÇÃO DE PROPOSTA PARA FOZ DO IGUAÇU

3.2.1 A Utilização do entulho como agregado para o concreto

Zordan e Paulon (1997) demostram em seus estudos a realização de um trabalho com o objetivo de analisar a reciclagem da parte mineral do entulho, utilizando-a como agregado na confecção do concreto.

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Com o objetivo de maximizar os recursos desse resíduo e empregar sobre ele o mínimo de energia possível, nenhuma parte de sua composição mineral foi retirada. Isso foi possível, devido à metodologia utilizada de não definir previamente nenhuma aplicação para o concreto produzido. Somente após os resultados é que se analisaram as possibilidades de uso do produto obtido. O resíduo utilizado, proveniente de uma usina de reciclagem de entulho, foi estudado granulométrica e qualitativamente. Com esse material, produziu-se concreto em diferentes traços e relações água/cimento, que foi ensaiado à compressão simples, à abrasão e à permeabilidade, em idades distintas. Os testes mostraram que, à medida que se diminuiu o consumo do cimento, a resistência à compressão se aproximou do concreto de referência, enquanto que a resistência à abrasão mostrou-se sempre melhor quando se usou entulho como agregado. Os resultados do trabalho permitiram concluir que o entulho pode ser utilizado como agregado na confecção de concreto não estrutural destinada à infra-estrutura urbana.

Mediante todo esse estudo, os autores afirmam que os resultados dos experimentos realizados permitiram concluir que:

a) A parte graúda do entulho utilizado como agregado revelou aspectos negativos para a resistência do concreto, devido à presença de materiais cerâmicos polidos, que induziram à ocorrência de superfícies de ruptura nas suas faces lisas, em função da insuficiente aderência entre essas faces e a pasta de cimento, enfraquecendo bastante a zona de transição;

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Figura 7 – Parte graúda

Fonte: Zordan e Paulon (1997)

b) O entulho usado como agregado apresentou uma absorção de água bem superior à do agregado tradicional, devido tanto à sua grande porosidade como a maior quantidade de finos existentes neste resíduo;

Quadro 7 - Amostras AMOSTRAS CORPOS DE PROVA A B C D R CP1 0,148 0,290 0,022 0,014 0,174 CP2 0,125 --- 0,067 0,243 0,066 Média 0,137 0,290 0,045 0,129 0,120 Valores dos coeficientes de permeabilidade kT obtidos (10-16 m2)

c) Possivelmente pelas suas arestas mais arredondadas e por certa quantidade de terra presente na parcela miúda, o entulho possibilitou uma trabalhabilidade superior à oferecida pelos agregados tradicionais (areia e brita), para uma mesma relação a/c;

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Quadro 8 – Características das amostras Amostra

Utilizada Utilizado Traço 1 Consistência

3 (cm) Fator A/C 1:3 3,5 0,51 1:5 2,5 0,71 A 1:7 2,6 0,95 1:3 3,8 0,55 1:5 2,8 0,79 B 1:7 2,4 1,09 1:3 2,3 0,63 1:5 3,0 0,82 C 1:7 2,1 1,04 1:3 3,0 0,64 1:5 2,5 0,82 D 1:7 2,8 1,02 1:3 4,8 0,32 1:5 5,2 0,56 R 2 1:7 3,5 0,77

1 Cimento : entulho ou cimento : areia + brita

2 Concreto de referência (agregados convencionais: areia e brita) 3 Consistência medida em abatimento

d) A resistência à compressão simples, aos 28 dias, obtida pelos concretos com entulho reciclado, representou em média, 49%, 62% e 93% da resistência do concreto de referência, utilizando-se os traços 1:3, 1:5 e 1:7, respectivamente;

e) O aumento de resistência do concreto ocorrido dos 28 aos 60 dias foi mais significativo no traço 1:7 que nos traços mais fortes (1:3 e 1:5). Além disso, nos traços mais pobres (menor consumo de cimento) os valores de resistência obtidos pelo concreto com entulho se aproximaram mais dos apresentados pelo concreto de referência (tanto aos 28, como aos 60 dias). Isto pode ser explicado pelo fortalecimento da pasta de cimento nos traços mais fortes, o que contribui, neste caso, para que o agregado (ou a zona de transição) seja a parte mais frágil do concreto;

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Quadro 9 – Amostras utilizadas AMOSTRAS UTILIZADAS TRAÇOS A B C D R* 1:3 32,0 25,3 22,9 25,5 57,9 1:5 23,0 20,2 17,9 20,1 36,3 1:7 17,1 16,2 14,0 15,8 17,6 * Concreto de referência (areia e brita)

Resistência à compressão aos 60 dias - Valores médios (MPa)

f) A resistência ao desgaste à abrasão apresentada pelo concreto objeto deste estudo ficou em média 26,5% superior àquela obtida pelo concreto de referência, que utilizou areia e brita como agregado;

Figura 8 – Resistência ao desgaste

Fonte: Zordan e Paulon (1997)

g) Os resultados dos ensaios de compressão, abrasão e permeabilidade, realizados com o concreto confeccionado com entulho, permitem concluir que este tipo de concreto atende perfeitamente (quanto aos quesitos avaliados) as exigências de fabricação de peças de concreto para a infra-estrutura urbana

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como elementos de drenagem, guias, sarjetas, ou outras aplicações onde não se exijam resistências elevadas;

h) Foi de grande importância à obtenção da Curva de Abrams para o concreto produzido a partir do entulho reciclado, uma vez que, ela pode ser de extrema utilidade para os estudos de dosagens desse concreto.

Figura 9 – Resistência à compressão

Curva de Abrams

Fonte: Zordan e Paulon (1997)

3.3 PROPOSTAS

Os fatores plenamente superáveis que determinam o desperdício na construção civil podem ser descritos genericamente como:

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• Insuficiência de definição em projetos;

• Ausência de qualidade nos materiais e componentes de construção ofertados ao mercado;

• Ausência de procedimentos e mecanismos de controle na execução, que acabam provocando: perda na estocagem e transporte em canteiro; carência de controle geométrico; ausência de prumo, nivelamento e planicidade na edificação; acréscimo no consumo de materiais para recuperação da geometria.

No atual contexto global, é fundamental melhorar e aperfeiçoar os processos de construção. Entretanto, a reciclagem de entulho entra como solução para os materiais que são inevitavelmente perdidos.

A reciclagem transforma as montanhas desordenadas de material de construção em pilhas de matéria-prima, que servem tanto para obras prediais como para obras públicas.

3.3.1 Um modelo para Foz do Iguaçu

Durante muitos anos o problema do entulho vem sendo tratado pelo sistema de aluguel de caçambas, que depois operacionalizavam a disposição em terrenos escolhidos pelos próprios municípios. Segundo ROCHA (2000), “este modelo evidencia os seguintes inconvenientes: os terrenos de destino eram constituídos por nascentes de córregos e voçorocas formadas pela erosão; não existia controle sobre o material que as caçambas recebiam; outros rejeitos que não eram entulho eram depositados nas caçambas e

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espalhados nas voçorocas e nascentes; eles se constituíam de material cujo destino correto seria o aterro sanitário; o depósito do entulho nos terrenos indicados estragava o aspecto paisagístico do município; a colocação das caçambas nas calçadas e sua manipulação por caminhões guia, eram nocivos à qualidade ambiental urbana; o desperdício de material da construção civil”.

Assim sendo, um novo modelo gerencial para o entulho precisa ser implantado. Para isso é necessária a criação de uma legislação específica por parte do município, estabelecendo as diretrizes para o Sistema de Coleta dos Materiais (o que não exclui o uso de caçambas) e impondo sanções àqueles que vierem a desrespeitá-la ou transgredi-la. Os resíduos não devem ser misturados com lixo orgânico, hospitalar e industrial, que tornam o entulho contaminado e sem nenhum valor comercial e de reciclagem. Assim, o serviço de caçambas, já licenciado pelo município, ao locar um container ficará responsável pela obtenção de dados do locatário, ou será o responsável pela qualidade e quantidade do material recolhido. Entretanto, as empresas construtoras ou qualquer cidadão podem utilizar outros meios para recolher entulho, neste caso, serão responsáveis por levar o material até a Usina de Reciclagem, sob pena de terem suas obras e/ou reformas embargadas pelo município, em face do descumprimento da legislação ambiental municipal. O Sistema de Coleta na verdade passaria a ser de responsabilidade do gerador de entulho – reformas particulares, construções em geral, demolições – podendo contratar o serviço de caçambas ou veículos particulares (carretinhas, caminhonetes, etc.).

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Feito isso, deve-se, então, criar o grupo de gerenciamento e fiscalização específica para o projeto e viabilizar o maior número de parceiros.

Estabelecidos esses critérios, o projeto começa, realmente, a se tornar ação. É disseminada a cultura da reciclagem junto à população, de modo que esta possa se engajar no projeto e auxiliar com idéias e fiscalização; será feito por meio de divulgação na imprensa e demais veículos de comunicação, destacando as características gerais, os benefícios resultantes, a forma operacional e a previsão de início de funcionamento do projeto. A implantação da usina, a escolha do local e do espaço físico necessário para instalação são decisões muito importantes para o sucesso do empreendimento. O local deve oferecer infra-estrutura adequada e condições que propiciem o seu desenvolvimento; deverá ser em um terreno de 10.000m², que contará com:

- Um pátio cercado, para receber os caminhões com a caçamba;

- Um galpão coberto onde será efetuada a recepção (tipo calha vibratória), para que o material seja separado por funcionários;

- Um galpão coberto para a produção de reciclados (blocos de concreto, manilhas etc);

- Um galpão coberto para revenda do entulho do tipo três; - Uma sala administrativa.

Os resíduos da construção civil podem ser classificados de acordo com o Art. 3º da resolução 307 do Conama, da seguinte forma:

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I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

A usina trabalhará com os resíduos das classes “A e B” (com exceção do entulho de obras de infra-estrutura, como solos provenientes de

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terraplanagem); as demais classes deverão ser encaminhadas para o aterro sanitário. Durante a conscientização da população, todos deverão ser orientados de que o resíduo que será enviado para a central de reciclagem deverá receber a seguinte classificação:

Tipo 1 – materiais compostos de cimento, cal, areia e brita; Tipo 2 – materiais cerâmicos e;

Tipo 3 – materiais impróprios para trituração (metal, madeira, papel, plástico e vidro) que serão selecionados e encaminhados para outros usos.

Materiais que não reciclaremos

- Produtos oriundos do gesso;

- Produtos de mistura de pigmentos inorgânicos, hidrocarbonetos e hidrocarbonetos aromáticos como: isopor, tintas, vernizes, corantes, impermeabilizantes e seus diluentes e solventes;

- Produtos que contenham metais pesados e demais agentes perigosos; - Tecidos e resíduos orgânicos;

- Peças de amianto, pilhas, baterias, lâmpadas e pneus;

- Sobras de reparos de clínicas radiológicas e resíduos radioativos; - Restos de demolição de instalações industriais e outros;

- Solos contaminados e provenientes de escavação e terraplanagem; - Resíduos ambulatoriais e de serviço de saúde;

- Resíduos em geral não recicláveis ou misturados, ou contaminados não passíveis de separação.

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Estando o entulho de posse da Usina, de maneira simplificada, o processo de reciclagem ocorre da seguinte forma:

- Recebimento de entulho; - Descarga no pátio;

- Separação manual do material; - Classificação do entulho;

- Transporte até o alimentador vibratório; - Britagem;

- Moagem;

- Transporte até o sistema de peneiras rotativas; - Obtenção do material triturado.

No galpão de separação, funcionários, com o auxílio de extrator de metais ferrosos separam os materiais do tipo 1, 2 e 3. Os materiais do tipo 1, compostos de cimento, cal, areia e brita são levados a um britador por meio dos transportadores de correia, e depois são peneirados; o mesmo acontecerá com os materiais do tipo 2, ou seja, os materiais cerâmicos. Já os materiais do tipo 3 serão separados por tipo e colocados à venda.

Depois de triturados e peneirados os tipos 1 e 2 de entulho, serão realizadas análises qualitativas e quantitativas dos mesmos, pois a composição do entulho sofre influência de vários fatores como, por exemplo, as características regionais (geológicas e morfológicas); hábitos e costumes da comunidade e principalmente o nível econômico; então os lotes serão

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classificados e repassados para última etapa: a formação de agregados de entulho.

O agregado reciclado teria o seu destino recomendado para a fabricação de elementos não-estruturais, como por exemplo:

Quadro 10 – Destino recomendado

Tipo Exemplos Usos

Fração cerâmica Tijolo de Barro, Bloco cerâmico, Telha cerâmica, Placa cerâmica, Laje cerâmica, Ladrilho cerâmico, Azulejo cerâmico, Piso cerâmico, Revestimento cerâmico Tubulação cerâmica, Louça cerâmica. Também chamado de

agregado misto, tem aplicação limitada a concreto de menor resistência, como: blocos, contra-pisos, passeios e outros. Pode também ser aplicado como argamassa de

assentamento ou na forma de sub-base de pavimentação, calçamento, regularização de solos arenosos ou pantanosos e ainda como lastro em lagos, córregos e represas.

Fração concreto e rocha natural

Rocha natural (brita), Bloco de concreto, Peça pré-moldada em concreto, sobra de concreto, viga, pilar.

Pode ser aplicado na produção de concreto não estrutural, como agregado em artefatos de concreto (brita no 1, 2, 3, etc.) e como cascalho granulado para regularização de vias não pavimentadas. Na

granulometria superior, pode substituir a pedra britada na construção de lastros de vias.

Fração argamassa

Areia, cal e cimento. Como agregado na preparação de massa para assentamento de tijolos e blocos, bem como em revestimento de paredes (reduzindo-se os traços para areia e cal).

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3.3.2 Utilização do entulho reciclado e as vantagens específicas

a) Pavimentação

A forma mais simples de reciclagem do entulho é a sua utilização em pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário) na forma de brita corrida ou ainda em misturas do resíduo com solo. Suas vantagens são:

- É a forma de reciclagem que exige menor utilização de tecnologia, o que implica menor custo do processo;

- Permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a necessidade de separação de nenhum deles;

- Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material permanece em granulometrias graúdas;

- Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento em equipamentos de moagem/ trituração;

- Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação à mesma adição feita com brita. Enquanto a adição de 20% de entulho reciclado ao solo saprolítico gera um aumento de 100% do CBR, nas adições de brita natural o aumento do CBR só é perceptível com dosagens a partir de 40%;

Limitações

- Não disponível. Processo de produção

O entulho, que pode ser usado sozinho ou misturado ao solo, deve ser processado por equipamentos de britagem/ trituração até alcançar a granulometria

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desejada, e pode apresentar contaminação prévia por solo – desde que em proporção não superior a 50% em peso.

Pesquisas (BODI, 1997) avaliam os resultados de ensaios de dosagens da mistura entulho-solo e as variações da capacidade de suporte, da massa específica aparente máxima seca, da umidade ótima e da expansão.

O resíduo ou a mistura podem então ser utilizados como reforço de subleito, sub-base ou base de pavimentação, considerando-se as seguintes etapas: abertura e preparação da caixa (ou regularização mecânica da rua, para o uso como revestimento primário) corte e/ou escarificação e destorroamento do solo local (para misturas), umidecimento ou secagem da camada, homogeneização e compactação.

A eficiência desta prática já comprovada cientificamente, vem sendo confirmada pela utilização em diversas administrações municipais como São Paulo, Belo Horizonte e Ribeirão Preto.

b) Utilização como agregado para o concreto

O entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como agregado para concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados convencionais (areia e brita). Suas vantagens são:

- Utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a necessidade de separação de nenhum deles;

- Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material permanece em granulometrias graúdas;

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- Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento em equipamentos de moagem/ trituração;

- Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação aos agregados convencionais, quando se utiliza baixo consumo de cimento.

Limitações

- A presença de faces polidas em materiais cerâmicos (pisos, azulejos, etc.) interfere negativamente na resistência à compressão do concreto produzido. Processo de produção

O entulho processado pelas Usinas de Reciclagem (onde sua fração mineral é britada em britadores de impacto) é utilizado como agregado no concreto, em substituição simultânea à areia e à brita convencionalmente utilizadas. A mistura é a tradicional, com cimento e água, esta em quantidade bastante superior devido à grande absorção do entulho.

Embora pesquisas tenham demonstrado eficácia do processo, vários fatores como os relacionados à durabilidade do concreto produzido ainda precisam ser analisados. As prefeituras de São Paulo e a de Ribeirão Preto já utilizam blocos de concreto feitos com entulho reciclado.

c) Utilização como agregado para a confecção de argamassas

Após ser processado por equipamentos denominados "argamasseiras", que moem o entulho, em granulometrias semelhantes as da areia, ele pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento. Possui vantagens como:

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- Redução no consumo do cimento e da cal, e

- Ganho na resistência a compressão das argamassas. Limitações

- As argamassas de revestimento obtidas apresentam problemas de fissuração, possivelmente pela excessiva quantidade de finos presente no entulho moído. Processo de produção

A partir da mistura de cimento, areia e água, a fração mineral do entulho é adicionada a uma caçamba de piso horizontal, onde dois rolos moedores girando em torno de um eixo central vertical, proporcionam a moagem e homogeneização da mistura que sai do equipamento pronta para ser usada.

Esta reciclagem vem sendo utilizada, com freqüência, por algumas construtoras do país e pesquisas estão em andamento para tentar solucionar as limitações desta técnica.

c) Outros usos

- Utilização de concreto reciclado como agregado; - Cascalhamento de estradas;

- Preenchimento de vazios em construções; - Preenchimento de valas de instalações; - Reforço de aterros (taludes).

3.3.3 O papel da legislação ambiental no modelo proposto

Uma das ferramentas de estruturação para qualquer proposta de gestão ambiental é a legislação. As leis fundamentam e alicerçam o processo e fornecem ao cidadão as informações quanto aos seus direitos e deveres diante dos mais

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variados assuntos. Dessa maneira, elas criam um clima de responsabilidade para a população, bem como enfatizam toda a relevância do assunto a ser discutido.

Por essas razões, a criação de legislação específica por parte do município é de suma importância. Ela deve ser clara, objetiva e, acima de tudo, exeqüível. Como o uso de caçambas na maioria das cidades brasileiras já é regulamentado, essa legislação cuidará dos seguintes aspectos:

- Definir os critérios para disponibilizar uma área, no Distrito Industrial do município, para construção da Usina de Reciclagem de Entulho;

- Estabelecer as diretrizes do sistema de coleta do entulho, o que se refere ao recolhimento, encaminhamento e destino final;

- Prever sanções e benefícios para os cidadãos que cumprirem ou descumprirem; e,

- Definir o papel dos diversos segmentos da sociedade no processo.

Prevendo em lei a criação de uma Usina de Reciclagem de Entulho, qualquer disposição inadequada desse material dentro do município torna-se uma transgressão passível de penalidades. O mecanismo de ação nesse caso obedecerá ao seguinte princípio: o serviço de caçambas fica obrigado a preencher uma ficha padrão (fornecida pelo município) com dados do locatário, incluindo dados pessoais, quantidade e qualidade do material recolhido; para os veículos particulares o procedimento, é o mesmo só que, ao dar entrada nas dependências da Usina de Reciclagem. Mas, no caso de descumprimento e disposição ilegal, se o fato ocorrer em terrenos vagos ou na via pública, a responsabilidade é do proprietário ou dos moradores daquele determinado trecho. Em caso de áreas institucionais, que sejam limítrofes aos bairros, a responsabilidade é dos moradores destas. A verificação do

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problema será realizada pelo município por meio de fiscais que deverão percorrer os bairros semanalmente.

As sanções serão operacionalizadas através de multas, anotadas na Usina e pela Secretaria Municipal competente. O somatório anual dessas multas deverá ser cobrado junto com o Imposto Predial e Territorial urbano (IPTU) e recolhido num Fundo de Desenvolvimento Sustentável, que vise fomentar ações de cunho ambiental, social e educacional. Por outro lado, será beneficiado com desconto no IPTU, pessoa física ou jurídica, que contribua anualmente com entulho para a Usina, cumprindo as seguintes exigências:

- Ausência de mistura do entulho com outros tipos de materiais; e,

- Não levar parte do material para a Usina e dispor o restante em áreas indevidas. É importante ressaltar que nessa legislação os conceitos de lixo, entulho, classificação de entulho, graus de periculosidade do lixo, devem estar destacados e em concordância com as normas internacionais e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para maiores esclarecimentos da população.

Por fim, esclarecer aos cidadãos que o entulho é de responsabilidade da população como um todo, visto que qualquer um é um gerador em potencial do entulho; basta para isso uma reforma, construção e/ou demolição.

3.3.4 A usina de reciclagem de entulho

Segundo a Legislação Ambiental Brasileira, a coleta do lixo é de responsabilidade do município, podendo este terceirizar o serviço, caso ache mais vantajoso. Em Foz do Iguaçu – Pr esse serviço é terceirizado. No caso do entulho, este é recolhido por uma empresa contratada, sendo o destino final o aterro sanitário

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de inertes. Existem também as empresas locadoras de caçambas, que depois operacionalizam a disposição em bota-fora autorizada pela Prefeitura Municipal.

A proposta do novo modelo visa aliar este serviço à construção de uma Usina de Reciclagem de Entulho, no Distrito Industrial.

A principio, esta Usina terá seu projeto destinado a atender a demanda de entulho no município; contudo, será apenas a primeira etapa de um complexo industrial de recolhimento, triagem, reaproveitamento e comercialização dos diferentes tipos de entulho produzidos. Depois de concluído, este projeto irá beneficiar não só o município sede, mas municípios circunvizinhos que não disponham da mesma tecnologia.

Figura 10 – Usina de reciclagem de Estoril

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3.3.5 Pesquisas e levantamentos de custos

O município de Foz do Iguaçu está localizado no extremo oeste do Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina, está a 637 km da capital, Curitiba, tem uma composição étnica muito variada e interessante, estimando-se hoje uma população de 301.409 habitantes (IBGE - 2005). Dados da caracterização quantitativa atual do entulho gerado em Foz do Iguaçu foram obtidos junto à empresa contratada pela prefeitura para o serviço de limpeza e das empresas locadoras de caçambas, chegando-se a um valor de 4.829 toneladas/mês de entulho. A geração futura de entulho foi estimada com base no crescimento populacional da cidade. Baseado em dados fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), criou-se um modelo aritmético de crescimento, usando os dados populacionais de 1985 até 2005, o valor encontrado e utilizado para a taxa de crescimento foi de 6.909 habitantes/ano. Sendo a população para o ano de 2006 (ano do levantamento da quantidade de entulho gerada), estimada em 308.318 habitantes. Pesquisaram-se também as taxas de natalidade e de mortalidade, comparativamente com os dados do IBGE, e observou-se que mesmo não podendo considerar cientificamente os dados “taxa de natalidade” e “taxa de mortalidade”, devido ao manejo da densidade populacional requerer a mensuração da taxa de imigração e taxa de emigração, foi possível observar semelhança nos resultados comparados aos dados estatísticos do IBGE.

Estimou-se, a partir da taxa de crescimento populacional encontrada, a população de Foz do Iguaçu para os anos de 2006 a 2026 (vida útil de 20 anos considerada para o empreendimento). A contribuição per capita obtida para 2006 foi considerada constante durante 20 anos para o cálculo da quantidade de entulho gerada ao longo deste período.

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Quadro 11 - Estimativa da população e de entulho gerado em Foz do Iguaçu. Ano População

(habitantes) entulho (ton/mês) Quantidade de Quantidade de entulho reciclado (m³/mês) ** 2005 301409 4829 (x 0,6) * 1811 2006 308318 4939 (x 0,6) * 1852 2007 315227 5049 (x 0,6) * 1894 2008 322136 5159 (x 0,6) * 1934 2009 329045 5269 (x 0,6) * 1976 2010 335954 5379 (x 0,6) * 2017 2011 342863 5489 (x 0,6) * 2059 2012 349772 5599 (x 0,6) * 2099 2013 356681 5709 (x 0,6) * 2141 2014 363590 5819 (x 0,6) * 2182 2015 370499 5929 (x 0,6) * 2224 2016 377408 6039 (x 0,6) * 2264 2017 384317 6149 (x 0,6) * 2306 2018 391226 6259 (x 0,6) * 2347 2019 398135 6369 (x 0,6) * 2389 2020 405044 6479 (x 0,6) * 2429 2021 411953 6589 (x 0,6) * 2471 2022 418862 6699 (x 0,6) * 2512 2023 425771 6809 (x 0,6) * 2554 2024 432680 6919 (x 0,6) * 2594 2025 439589 7029 (x 0,6) * 2636 2026 446498 7139 (x 0,6) * 2677 Obs.: *Do entulho gerado somente 60% é de materiais recicláveis.

** Peso específico do material reciclado é de 1.600 kg/m³.

3.3.6 Custos de implantação e operacionais da usina de reciclagem de entulhos

Os custos de operação de uma usina de reciclagem de entulhos foram coletados junto a Secretaria de Limpeza Urbana – SLU, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, órgão responsável pela operação das usinas de reciclagem de entulhos naquela cidade. Uma destas, a Usina de Reciclagem de Entulhos de Estoril, processa cerca de 300 toneladas de entulho por dia e foi tomado por base

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para o levantamento dos custos de operação para o empreendimento ora considerado.

Quadro 12 - Custo de implantação da usina de reciclagem (Abril/2006)

ITEM CUSTO (R$)

Usina de britagem (modelo URE35T – MAQBRIT) 521.100,00

Pá carregadeira 160.000,00

Terreno 10.000 m² (valor no mercado imobiliário de Foz) 40.000,00 Infra-Estrutura 150.000,00 Total 871.100,00

Quadro 13 - Despesa mensal com colaboradores Numero de

funcionários

Cargo Operacional Quantidade de (salário mínimo)

Salário 01 Engenheiro Civil ou Ambiental 10 3.500,00

01 Secretária 02 700,00 01 Auxiliar Administrativo 02 700,00 01 Porteiro 1,5 525,00 03 Auxiliar de triagem 1,5 (x3) 1.575,00 01 Operador de Britagem 02 700,00 01 Operador de máquina 02 700,00 01 Auxiliar de manutenção 02 700,00 TOTAIS 26 9.100,00

Obs.: Salário mínimo R$ 350,00 maio de 2006.

Os salários foram adotados com base nos praticados no mercado, para maio de 2006. De acordo com os valores dos salários estipulados, obteve-se um valor mensal de R$ 9.100,00, que adicionado dos encargos sociais de 45,50% e multiplicado por 12 meses, resultou num total anual de R$ 158.340,00. O quadro de colaboradores (dez) foi definido com base na Usina de Estoril.

As despesas operacionais da Usina foram as seguintes: energia elétrica, água, combustível para a pá-carregadeira, manutenção da usina e despesas gerais. • Energia elétrica (R$/ano): através de dados fornecidos pela Usina de Reciclagem

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