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Um modelo para Foz do Iguaçu

No documento Monografia de MARCOS CLOVIS DA COSTA (páginas 43-50)

3. RECICLAGEM, UMA NECESSIDADE NOS TEMPOS MODERNOS

3.3 PROPOSTAS

3.3.1 Um modelo para Foz do Iguaçu

Durante muitos anos o problema do entulho vem sendo tratado pelo sistema de aluguel de caçambas, que depois operacionalizavam a disposição em terrenos escolhidos pelos próprios municípios. Segundo ROCHA (2000), “este modelo evidencia os seguintes inconvenientes: os terrenos de destino eram constituídos por nascentes de córregos e voçorocas formadas pela erosão; não existia controle sobre o material que as caçambas recebiam; outros rejeitos que não eram entulho eram depositados nas caçambas e

espalhados nas voçorocas e nascentes; eles se constituíam de material cujo destino correto seria o aterro sanitário; o depósito do entulho nos terrenos indicados estragava o aspecto paisagístico do município; a colocação das caçambas nas calçadas e sua manipulação por caminhões guia, eram nocivos à qualidade ambiental urbana; o desperdício de material da construção civil”.

Assim sendo, um novo modelo gerencial para o entulho precisa ser implantado. Para isso é necessária a criação de uma legislação específica por parte do município, estabelecendo as diretrizes para o Sistema de Coleta dos Materiais (o que não exclui o uso de caçambas) e impondo sanções àqueles que vierem a desrespeitá-la ou transgredi-la. Os resíduos não devem ser misturados com lixo orgânico, hospitalar e industrial, que tornam o entulho contaminado e sem nenhum valor comercial e de reciclagem. Assim, o serviço de caçambas, já licenciado pelo município, ao locar um container ficará responsável pela obtenção de dados do locatário, ou será o responsável pela qualidade e quantidade do material recolhido. Entretanto, as empresas construtoras ou qualquer cidadão podem utilizar outros meios para recolher entulho, neste caso, serão responsáveis por levar o material até a Usina de Reciclagem, sob pena de terem suas obras e/ou reformas embargadas pelo município, em face do descumprimento da legislação ambiental municipal. O Sistema de Coleta na verdade passaria a ser de responsabilidade do gerador de entulho – reformas particulares, construções em geral, demolições – podendo contratar o serviço de caçambas ou veículos particulares (carretinhas, caminhonetes, etc.).

Feito isso, deve-se, então, criar o grupo de gerenciamento e fiscalização específica para o projeto e viabilizar o maior número de parceiros.

Estabelecidos esses critérios, o projeto começa, realmente, a se tornar ação. É disseminada a cultura da reciclagem junto à população, de modo que esta possa se engajar no projeto e auxiliar com idéias e fiscalização; será feito por meio de divulgação na imprensa e demais veículos de comunicação, destacando as características gerais, os benefícios resultantes, a forma operacional e a previsão de início de funcionamento do projeto. A implantação da usina, a escolha do local e do espaço físico necessário para instalação são decisões muito importantes para o sucesso do empreendimento. O local deve oferecer infra-estrutura adequada e condições que propiciem o seu desenvolvimento; deverá ser em um terreno de 10.000m², que contará com:

- Um pátio cercado, para receber os caminhões com a caçamba;

- Um galpão coberto onde será efetuada a recepção (tipo calha vibratória), para que o material seja separado por funcionários;

- Um galpão coberto para a produção de reciclados (blocos de concreto, manilhas etc);

- Um galpão coberto para revenda do entulho do tipo três; - Uma sala administrativa.

Os resíduos da construção civil podem ser classificados de acordo com o Art. 3º da resolução 307 do Conama, da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

A usina trabalhará com os resíduos das classes “A e B” (com exceção do entulho de obras de infra-estrutura, como solos provenientes de

terraplanagem); as demais classes deverão ser encaminhadas para o aterro sanitário. Durante a conscientização da população, todos deverão ser orientados de que o resíduo que será enviado para a central de reciclagem deverá receber a seguinte classificação:

Tipo 1 – materiais compostos de cimento, cal, areia e brita; Tipo 2 – materiais cerâmicos e;

Tipo 3 – materiais impróprios para trituração (metal, madeira, papel, plástico e vidro) que serão selecionados e encaminhados para outros usos.

Materiais que não reciclaremos

- Produtos oriundos do gesso;

- Produtos de mistura de pigmentos inorgânicos, hidrocarbonetos e hidrocarbonetos aromáticos como: isopor, tintas, vernizes, corantes, impermeabilizantes e seus diluentes e solventes;

- Produtos que contenham metais pesados e demais agentes perigosos; - Tecidos e resíduos orgânicos;

- Peças de amianto, pilhas, baterias, lâmpadas e pneus;

- Sobras de reparos de clínicas radiológicas e resíduos radioativos; - Restos de demolição de instalações industriais e outros;

- Solos contaminados e provenientes de escavação e terraplanagem; - Resíduos ambulatoriais e de serviço de saúde;

- Resíduos em geral não recicláveis ou misturados, ou contaminados não passíveis de separação.

Estando o entulho de posse da Usina, de maneira simplificada, o processo de reciclagem ocorre da seguinte forma:

- Recebimento de entulho; - Descarga no pátio;

- Separação manual do material; - Classificação do entulho;

- Transporte até o alimentador vibratório; - Britagem;

- Moagem;

- Transporte até o sistema de peneiras rotativas; - Obtenção do material triturado.

No galpão de separação, funcionários, com o auxílio de extrator de metais ferrosos separam os materiais do tipo 1, 2 e 3. Os materiais do tipo 1, compostos de cimento, cal, areia e brita são levados a um britador por meio dos transportadores de correia, e depois são peneirados; o mesmo acontecerá com os materiais do tipo 2, ou seja, os materiais cerâmicos. Já os materiais do tipo 3 serão separados por tipo e colocados à venda.

Depois de triturados e peneirados os tipos 1 e 2 de entulho, serão realizadas análises qualitativas e quantitativas dos mesmos, pois a composição do entulho sofre influência de vários fatores como, por exemplo, as características regionais (geológicas e morfológicas); hábitos e costumes da comunidade e principalmente o nível econômico; então os lotes serão

classificados e repassados para última etapa: a formação de agregados de entulho.

O agregado reciclado teria o seu destino recomendado para a fabricação de elementos não-estruturais, como por exemplo:

Quadro 10 – Destino recomendado

Tipo Exemplos Usos

Fração cerâmica Tijolo de Barro, Bloco cerâmico, Telha cerâmica, Placa cerâmica, Laje cerâmica, Ladrilho cerâmico, Azulejo cerâmico, Piso cerâmico, Revestimento cerâmico Tubulação cerâmica, Louça cerâmica. Também chamado de

agregado misto, tem aplicação limitada a concreto de menor resistência, como: blocos, contra-pisos, passeios e outros. Pode também ser aplicado como argamassa de

assentamento ou na forma de sub-base de pavimentação, calçamento, regularização de solos arenosos ou pantanosos e ainda como lastro em lagos, córregos e represas.

Fração concreto e rocha natural

Rocha natural (brita), Bloco de concreto, Peça pré-moldada em concreto, sobra de concreto, viga, pilar.

Pode ser aplicado na produção de concreto não estrutural, como agregado em artefatos de concreto (brita no 1, 2, 3, etc.) e como cascalho granulado para regularização de vias não pavimentadas. Na

granulometria superior, pode substituir a pedra britada na construção de lastros de vias.

Fração argamassa

Areia, cal e cimento. Como agregado na preparação de massa para assentamento de tijolos e blocos, bem como em revestimento de paredes (reduzindo-se os traços para areia e cal).

No documento Monografia de MARCOS CLOVIS DA COSTA (páginas 43-50)

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