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ASPECTOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO VOLTADOS PARA O PROCESSO DE DESCONSTRUÇÃO: ESTUDO DE CASO NA DEMOLIÇÃO DE EDIFICAÇÃO DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

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ASPECTOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO VOLTADOS PARA O PROCESSO

DE DESCONSTRUÇÃO: ESTUDO DE CASO NA DEMOLIÇÃO DE EDIFICAÇÃO

DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

Béda Barkokébas Júnior barkokebas@folha.rec.br Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani emilialsht@upe.poli.br

Eliane Maria Gorga Lago elianelsht@upe.poli.br Bianca Vasconcelos Silva biancalsht@upe.poli.br Marcelo Luiz Gonçalves de Freitas mlgfreitas01@hotmail.com

Universidade de Pernambuco (UPE - LSHT/PEC/POLI)

RESUMO

A palavra “demolir” sugere a imagem de uma destruição completa, sem reaproveitamento nenhum de material. A desconstrução difere fundamentalmente da demolição por ser um conjunto de ações de desmantelamento de uma construção que possibilita um alto nível de recuperação e de aproveitamento dos materiais, ambos com a finalidade de reincorporá-los às novas construções, favorecendo, desta maneira, a sustentabilidade na indústria da construção. Mas, como em toda atividade no ramo da construção, a preocupação com a segurança do trabalhador surge como fator de imperiosa necessidade. O objetivo deste artigo é assinalar critérios gerais e particulares que devem ser adotados na execução material dos trabalhos de desconstrução, levando em conta que, para fazê-los, é imprescindível que sejam tomadas as devidas medidas de segurança, tanto no processo (dizendo respeito ao meio-ambiente) quanto nas pessoas que realizarão tais execuções materiais. Utilizou-se a método de avaliação e controle de risco a fim de levantar os indicadores qualitativos e quantitativos relacionados aos aspectos de segurança praticados na demolição de um hotel em Recife. Os resultados demonstram que as práticas de segurança do trabalho adotadas no canteiro de obras permitiram o controle dos riscos de acidentes de trabalho no ambiente da construção de edificações.

Palavras Chaves:

Desconstrução, Demolição, Segurança do trabalho, Gestão da construção, Indicadores de segurança.

1. INTRODUÇÃO

As crescentes exigências a respeito do meio-ambiente, aplicadas no âmbito da construção civil, promovem a obtenção do máximo aproveitamento dos materiais e dos elementos das edificações que são demolidas, de maneira que é possível tornar a incorporá-las às edificações por meio de reciclagem ou de reutilização. Demolir é inutilizar o produto edifício através de um processo de desmonte [1]. A desconstrução de um edifício é um processo que se caracteriza pelo seu desmantelamento cuidadoso, de modo a possibilitar a recuperação de materiais e componentes da construção, promovendo a sua reciclagem e reutilização [2]. Desconstrução é um conceito recentemente criado que surgiu por causa do rápido crescimento do volume de demolição de edifícios e da evolução das preocupações ambientais da população. No processo de desconstrução, interferem mais participantes diferentes que no processo de demolição atual. E ainda, as ações de desmantelamento também são mais complexas: o andamento do processo assemelha-se mais ao de uma construção do que ao de uma demolição tradicional.

A desconstrução tem também, como premissa, a diminuição do impacto ambiental das atividades do conjunto do setor, visando reduzir os volumes de resíduos inertes que são obtidos no processo de desmantelamento da obra. Porém, o conjunto destas ações deve sempre comportar as medidas de segurança das pessoas (individualmente e da coletividade), além da segurança do processo com relação ao meio-ambiente [3].

2. OBJETIVO

Estabelecer critérios gerais e particulares de segurança do trabalho a serem utilizados na execução material dos trabalhos de desconstrução.

3. METODOLOGIA

Primeiramente foi realizada uma revisão bibliográfica, acerca da desconstrução e da segurança do trabalho, observados os preceitos constantes na Legislação de Segurança e Medicina do Trabalho, através das Normas Regulamentadoras – NR [4]. Depois, foi realizado um estudo de caso, da demolição do Hotel Boa Viagem, utilizando-se relatórios de auditorias técnicas e científicas, realizadas no local. Os relatórios foram executados e fornecidos por técnicos do LSHT – Laboratório de Segurança e Higiene do Trabalho da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI/UPE), e espelham 24 visitas realizadas no canteiro da obra ao longo do período supracitado, com uma média de três visitas realizadas por semana. Foram utilizados na análise os indicadores qualitativos de segurança desenvolvidos como parte do método de avaliação e controle de riscos para construção civil no campo da engenharia de segurança presentes nos relatórios de auditoria [5]. O método supracitado vem sendo validado e utilizado com sucesso por pesquisadores em diversas áreas relacionadas à SST (ver, por exemplo [6], [7] e [8]).

4. O SURGIMENTO DA DESCONSTRUÇÃO

De acordo com [9], para serem criados os espaços urbanos necessários para o desenvolvimento das cidades, surgiu a necessidade de serem gerados de demolição mais rápidos e eficientes. Porém, da palavra “desconstrução,” vem espaços cada vez maiores e demandam estudos mais aprofundados sobre o assunto. De acordo com o autor, “atualmente a decisão de desconstruir edificações está diretamente ligada ao retorno esperado do investimento aliado a preservação do meio ambiente e principalmente a segurança do trabalhador envolvido na desconstrução.”

As atividades de desconstrução no Brasil ainda são escassas, devido à falta de normas reguladoras e estudos sobre o assunto. As atividades de demolição (e não de desconstrução) geram grande quantidade de RCD´s. Algumas empresas brasileiras já fazem o reaproveitamento dos desperdícios gerados por estas

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demolições, reciclando-os e reaproveitando-os nos próprios canteiros de obras. A fabricação de blocos de concreto de vedação surge como exemplo destes reaproveitamentos, atendendo aos requisitos das normas técnicas, à exceção do reaproveitamento de material pulverulento na fabricação destes blocos [10].

Os países mais avançados em desconstrução atualmente são Portugal e Espanha. O fato deles possuírem cidades com edificações de modelos arquitetônicos bastante antigos fizeram a necessidade de uma reavaliação no conceito de sustentabilidade na construção. Portugal é, relativamente à sua população, o país da Europa com maior número de edifícios em construção que são feitos no lugar dos edifícios antigos. A demolição indiferenciada produz uma enorme quantidade de resíduos que resultam, na maioria dos casos, num aumento do volume de materiais destinados a aterros. A desconstrução surge como alternativa, não só na redução da geração de resíduos, mas também como importante fator de sustentabilidade na indústria da construção civil, permitindo a valorização dos resíduos [2]. Para [11],

“o sucesso de um programa de desconstrução, que resulta no reuso e na reciclagem de materiais, depende muito de fatores regionais, e estes fatores devem ser avaliados para medir se uma determinada cidade ou região apresenta condições favoráveis ou não ao sucesso da implantação.” O objetivo da desconstrução não é somente a demolição do edifício nem tampouco a finalização dos serviços quando o edifício foi demolido. A documentação do projeto deve possuir uma parte – esta sim não figura nos projetos de novas construções – que definem os trabalhos que deverão ser executados na obra para facilitar os processos de reciclagem e de reutilização futuras [3].

Variáveis como legislação ambiental, incentivos econômicos e fiscalização estão entre as mais mencionadas, entre os aspectos político-legais, por vários autores como sendo importantes para a implementação e o sucesso da reciclagem e da desconstrução [11], [12].

Os edifícios que serão desconstruídos, em sua maioria, têm muitos anos de existência. E comum que os elementos construídos e, em particular, a estrutura, estejam deteriorados de alguma maneira. A causa determinante da degradação dos materiais tem origem nas lesões derivadas do uso e funcionamento natural do elemento construído, de maneira que não é fácil conhecer a resistência que resta a cada elemento. Por essas razões, é imprescindível fazer um reconhecimento prévio do estado real da edificação, até porque se alguma parte do edifício mostrar sintomas de ruina iminente, é melhor implodí-lo (demolição maciça) a desconstruí-lo [3].

De acordo com estudo de [14], de uma forma geral todas as construções apresentam potencial para serem objeto de desconstrução (ou demolição seletiva), principalmente aquelas que apresentam estruturas de madeira, metálica, elementos pré-moldados, acabamentos com materiais nobres (granitos, pedras, etc), vidros temperados e peças arquiteturais, entre outras formas.

5. FATORES AMBIENTAIS DA DESCONSTRUÇÃO

De acordo com [2], a importância da desconstrução em termos ambientais está no fato desta permitir a valorização de resíduos, permitindo cumprir de forma mais eficaz a hierarquia de valorização dos resíduos aplicada à indústria da construção. A figura 1 abaixo representa sucintamente esta função.

Figura 1 - Hierarquia da gestão de resíduos para a demolição e operações de construção

Fonte: Kilbert & Chini (2003) [13]

Além disso, na etapa de desconstrução, a própria natureza da atividade favorece o surgimento dos riscos de segurança impostos aos trabalhadores, inerentes a tais atividades. O processo de saturação das edificações nas cidades brasileiras obriga as empresas de construção civil a adotar as práticas da desconstrução ou da demolição nas edificações com vida útil ultrapassada, construindo, em seu lugar, uma nova obra vertical [7].

A NBR 5682 fixa diversos parâmetros exigíveis em serviços de demolição. A remoção de edificações envolve serviços de demolição parcial em obras de recuperação e reabilitação. Tais serviços têm mostrado um crescimento acentuado, principalmente graças a programas de moradias de interesse social em áreas centrais de cidades de maior porte, num processo fundamental para a renovação da dinâmica econômica, social e cultural das mesmas [15].

De acordo com Natan Jacobsohi Levental [16], coordenador chefe da divisão técnica de estruturas do Instituto de Engenharia de São Paulo,

“[...] muito do que vai ser transformado em entulho pode ser reaproveitado [...]. A sociedade, em geral, tem muito a ganhar com isso. Esse material pode servir às pessoas que tem menos recursos, já que o custo é bem menor.”

REDUÇÃO REUSO RECICLAGEM COMPOSTAGEM INCINERAÇÃO ATERRO Desconstruir Desmantelamento de edifícios para recuperação de materiais Reusar Em vez da aplicação de novos materiais Reciclar Criar valor acrescentado aos produtos Reciclar

Matéria prima para uso semelhante ou equivalente Reciclar Matéria prima para produto de valor inferior Otimizar recursos Repensar a concepção Reduzir na fonte Estimativa e planejamento cuidadosos Reduzir embalagens Reencaminhar para os fornecedores Prevenção Implementar técnicas eficientes de recuperação de materiais

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Por isso, quem optar contribuir com o meio ambiente e evitar carregar ainda mais os já superlotados aterros, pode aproveitar os cabos elétricos, dutos e tubos hidráulicos para reciclagem, e também conseguir algum ganho econômico com isso. Além, é claro, do ganho ambiental, que não tem preço [16].

6. A SEGURANÇA NO PROCESSO DE DESCONSTRUÇÃO

As leis que começaram a abordar as questões da segurança do trabalho no Brasil, de uma forma geral, surgiram em 1940. Em 1967, foi criada a SESMT (serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho). Porém o marco na segurança do trabalho ocorreu somente em 1978, com a criação da Norma Regulamentadora No 18 (NR 18), específica para o setor de segurança do trabalho. Outra norma muito referenciada é a NBR 5682 [17], que trata da contratação, execução e supervisão de demolições.

Conforme [18], alguns cuidados que antecedem os trabalhos de desconstrução / demolição devem ser observados pela supervisão e pela equipe de trabalho. Os cuidados com a demolição também se adaptam aos de desconstrução, tais como:  Verificar as reais condições do imóvel a ser demolido;  Aferir a existência de depósitos de materiais inflamáveis;  Avaliar as condições dos imóveis vizinhos;

 Desativar instalações existentes antes do início dos trabalhos;

 Revestir qualquer superfície de construção vizinha que fique exposta pelos trabalhos de demolição;

 Adotar dutos de descarga par o material originado na demolição, evitando seu espalhamento pelos pavimentos;  Instalar um local adequado para depósito do resíduo

segregado, até a definição de sua destinação;

 Prever a retirada do material desconstruído, evitando-se o espalhamento de material pela vizinhança;

 Garantir a segurança dos transeuntes.

É bom lembrar que as Normas Regulamentadoras estipulam obrigações para os empregadores e empregados. Isso significa que não basta o fornecimento obrigatório e gratuito dos equipamentos de proteção aos trabalhadores, mas também é necessário dar o treinamento adequado aos trabalhadores quanto ao uso dos equipamentos, além de supervisionar o correto uso dos equipamentos de proteção pelos mesmos.

A desconstrução é uma atividade diferenciada, pois, configura-se como um tipo de configura-serviço que normalmente ocorre em edifícios bastante deteriorados e com perigo de desmoronamento. Daí recomenda-se que tais serviços ocorram no sentido inverso da construção, respeitando-se as características do prédio, pois nesse tipo de serviço “as coisas caem, desabam”, comprometendo a segurança dos trabalhadores e dos transeuntes [18].

Nesse sentido, o uso de equipamentos de proteção (coletiva e individual) e o planejamento cuidadoso do trabalho de desconstrução favorecem a segurança do trabalhador e a do meio ambiente em redor do elemento a ser desconstruído, contribuindo para a diminuição dos riscos a que os trabalhadores estarão expostos.

O Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Norte [19] enumera alguns riscos mais

freqüentes associados a trabalhos com desconstrução / demolição de estruturas:

1. Queda de pessoas de nível diferente; 2. Queda de pessoas ao mesmo nível;

3. Queda de objetos por desabamento ou desmoronamento; 4. Queda de objetos desprendidos;

5. Caminhar sobre resíduos; 6. Choque contra objetos móveis;

7. Pancadas e cortes por objetos ou ferramentas; 8. Projeção de fragmentos ou partículas;

9. Entalamento ou esmagamento por ou entre objetos; 10. Estalamento ou esmagamento por capotamento de

máquinas;

11. Sobre-esforços ou posturas inadequadas; 12. Contatos elétricos;

13. Explosão; 14. Incêndio;

15. Exposição ao ruído; 16. Exposição a vibrações; 17. Danos causados por seres vivos;

18. Inundações por ruptura de canalizações, etc.

De acordo com [18], destacam-se, a seguir, exemplos de cuidados a serem tomados pela equipe de desconstrução / demolição, sendo indispensáveis para o bom andamento do trabalho:

 Toda a equipe deve trabalhar em um único pavimento;  Garantir a iluminação adequada de todo o local de trabalho;  Usar roupas adequadas (que não enrosquem) para a

realização do trabalho;

 Evitar acúmulo de carga (sobrecargas) em pontos localizados, principalmente em lajes de forros e telhados;  Escorregar em vez de arremessar materiais e peças

demolidas / desconstruídas;

 Não desconstruir / demolir a estrutura em que se está trabalhando;

 Usar equipamentos de segurança, tais como botas, luvas e máscaras.

Os locais de trabalho devem ser periodicamente aspergidos com água para reduzir a quantidade de poeira.

7. O CASO DO HOTEL BOA VIAGEM

Com a Segunda Guerra Mundial, a ampliação dos transportes aéreos no Aeroporto dos Guararapes em Recife, desenvolveu-se enormemente. Nessa época os banhistas já eram em número considerável, na ainda bucólica Praia de Boa Viagem. Esse novo surto de desenvolvimento se deu a ponto de permitir a construção do moderno Hotel Boa Viagem, inaugurado em outubro de 1954, o primeiro hotel de classe internacional, "com 100 apartamentos de frente para o mar" [20]. A Figura 2 retrata o Hotel na década de 60.

Após 53 anos de existência, o Hotel deixou de existir. Foi demolido para dar lugar a empreendimentos de luxo, na figura de 2 torres com mais de 30 andares, característica crescente na paisagem da orla marítima do bairro de Boa Viagem. As Figuras 3 e 4 mostram o Hotel Boa Viagem antes da demolição e próximo do fim da demolição.

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Figura 2 – Foto do Hotel Boa Viagem na década de 60 Fonte: Photobucket (2008) [21]

Figura 3 - Hotel antes da demolição Fonte: Barkokébas Junior (2007) [22]

O PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho foi elaborado em 13 de fevereiro de 2007 por uma empresa de São Paulo que atua no segmento de demolições e que foi a executora dos serviços de demolição, sendo contratada por uma empresa construtora pernambucana, sediada na Região Metropolitana do Recife, e que foi a compradora do terreno ocupado pelo Hotel Boa Viagem.

Toda a execução dos serviços de demolição e de segurança do trabalho foi balizada na obediência à NR-18 – Norma Regulamentadora No 18, em seu item 18.5 – Demolição. Todos os serviços previstos foram devidamente relacionados, como, por exemplo, os serviços de soldagens e corte a quente, serviços em telhados e levantamento de riscos ambientais. A quantidade de trabalhadores da empresa responsável pelos serviços de demolição foi estimada da seguinte forma: 9 pessoas na administração dos serviços (02 diretores, 01 arquiteto, 01 engenheiro responsável, 01 gerente comercial, 02 auxiliares de escritório, 01 engenheiro de segurança e 01 técnico de segurança) e 40 pessoas na operação dos serviços (04 encarregados, 15 paredeiros, 05 maçariqueiros, 12 ajudantes, 02 carpinteiros e 02 operadores de maquinas). Foram realizados treinamentos de prevenção de acidentes, além de treinamento sobre proteção individual e coletiva.

Figura 4 - demolição quase concluída Fonte: Barkokébas Junior (2007) [22]

As auditorias realizadas pelo LSHT, basearam-se num protocolo, que atendia à Legislação Brasileira de Segurança e Medicina do Trabalho, a NR 18 – Norma Regulamentadora No 18 – Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Definem-se a seguir os conceitos básicos utilizados no protocolo para classificar as situações analisadas:

 Grave e Iminente Risco (GIR) é toda condição ambiental de trabalho que possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com lesão grave à integridade física do trabalhador;

 Desacordo (DES) é toda situação em desacordo com as normas;

O Quadro 1 representa a análise qualitativa geral dos itens que apresentaram maior número de ocorrências, no canteiro de obras, dos itens em “desacordo” e “grave e iminente risco”, de acordo com a NR-18.

Indicador Qualitativo de Segurança DES GIR

NR 18.37 Disposições finais 1 0 NR 18.30 Tapumes e Galerias 2 0 NR 18.29 Ordem e Limpeza 3 11 NR 18.27 Sinalização de Segurança 16 0 NR 18.26 Prot. contra Incêndio 1 0 NR 18.23 EPI 19 20 NR 18.22 Máquinas, equipamentos e ferramentas 8 0 NR 18.21 Instalações Elétricas 6 17 NR 18.16 Cabos de Aço a Fibra Sintética 0 0 NR 18.15 Andaimes 2 21 NR 18.14 Mov.e Trasp. de Materiais e Pessoas 0 0 NR 18.13 Proteção contra Quedas 6 21 NR 18.12 Escadas, Rampas e Passarelas 5 0 NR 18.9 Estruturas de Concreto 0 0 NR 18.8 Armações de Aço 4 7 NR 18.7 Carpintaria 0 0 NR 18.6 Escavações e Fundações 0 0 NR 18.5 Demolição 41 24 NR 18.4.2 Instalações Sanitárias 54 0 NR 18.4 Áreas de Vivência 2 0 CPR/PE 0 0

Quadro 1 - Índice Qualitativo Geral Fonte: Barkokébas Junior (2007) [22]

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De acordo com o Quadro 1, os itens que apresentaram maior número de ocorrências em relação ao qualitativo “grave e iminente risco” foram NR 18.5 – Demolição, NR 18.13 – Proteção contra quedas e NR 18.15 – Andaimes. Os itens que apresentaram maior número de ocorrências em relação ao qualitativo “desacordo” foram 18.4.2 – Instalações sanitárias e NR 18.5 – Demolição.

Como se vê, o item NR 18.5 – Demolição é um item crítico, estando presente nas duas análises qualitativas:

 No caso de “grave e iminente risco”, quatro itens contribuem com 71,07 % das ocorrências: NR 18.5 Demolições (19,83%), NR 18.13 Proteção contra Quedas (17,36%), NR 18.15 Andaimes (17,36%) e NR 18.23 EPI (16,53%).

 No caso de “desacordo”, quatro itens contribuem com 76,47 % das ocorrências: NR 18.4.2 Instalações Sanitárias (31,76%), NR 18.5 Demolições (24,12%), NR 18.23 EPI (11,18%) e NR 18.27 Sinalização de Segurança (9,41%). O Gráfico 1 representa as principais ocorrências para o item GIR e o Gráfico 2 representa as principais ocorrências para o item em DES. 24; 20% 21; 17% 21; 17% 20; 17% 35; 29% NR 18.5 Demolições NR 18.13 Proteção Contra Quedas NR 18.15 Andaimes NR 18.23 EPI Outros

Gráfico 1 - Principais ocorrências de GIR

54; 32% 41; 24% 19; 11% 16; 9% 40; 24% NR 18.4.2 Instalações Sanitárias NR 18.5 Demolições NR 18.23 EPI NY 18.27 Sinalização de Segurança Outros

Gráfico 2 - Principais ocorrências em DES

As auditorias mensais foram fundamentais na identificação, avaliação e controle dos riscos oferecidos, evitando, dessa forma, a ocorrência de acidentes. O custo potencial total (passivo de segurança) que seria resultado pelos acidentes não ocorridos apresentaria o valor total de R$ 611.435,07 [21], conforme a Tabela 1.

Após a conclusão dos serviços de demolição, foram gerados 15.000 metros cúbicos de metralha, enviada para a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, conforme documento expedido pelo Secretário de Infra-Estrutura e Habitação de Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na data de 03 de setembro de 2007. Durante o período de execução dos serviços não foi registrado nenhum acidente, tornando-se dado de referência em obras deste porte.

Tabela 1 - Custos potenciais Fonte: Barkokébas Junior (2007) [22]

Figura 5 - Resíduos da demolição do hotel Fonte: Barkokébas Junior (2007) [22]

Há um dado que chama atenção: o volume de resíduos gerados. Se tivesse havido segregação de materiais no momento de sua demolição, e se esta demolição fosse seletiva (formalizando uma ação de desconstrução), tal volume de resíduos poderia ter sido reaproveitado, através da reciclagem, para fabricação de materiais de reuso na construção civil, como por exemplo, a fabricação de blocos de concreto sem função estrutural, conforme citado anteriormente. A Figura 5 dá uma idéia do volume de resíduos gerados neste serviço.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise qualitativa permitiu a identificação dos itens que apresentaram maior número de ocorrências dos itens “em desacordo” e “grave iminente risco”. O PCMAT foi um programa fundamental na organização dos serviços e no acompanhamento da segurança do trabalho na obra. As auditorias mensais de SST foram imprescindíveis na identificação, avaliação e controle dos riscos oferecidos, gerando uma economia, devido aos passivos de segurança, de mais de seiscentos mil reais. Durante todo o período de demolição não houve nenhum acidente, comprovando a eficácia das medidas de segurança adotadas e do acompanhamento destes serviços. O grande volume de resíduo gerado poderia ter sido reaproveitado, através da sua segregação preliminar e da reciclagem posterior, favorecendo subsídios para uma maior sustentabilidade na indústria da construção civil.

Auditoria Custo Potencial Auditoria Custo Potencial

1 R$ 28,388.07 13 R$ 26,782.33 2 R$ 25,690.57 14 R$ 40,162.33 3 R$ 30,123.61 15 R$ 17,505.51 4 R$ 18,604.72 16 R$ 27,808.13 5 R$ 34,591.76 17 R$ 30,135.31 6 R$ 30,147.02 18 R$ 15,067.66 7 R$ 27,482.51 19 R$ 45,358.33 8 R$ 24,829.71 20 R$ 30,135.31 9 R$ 21,608.68 21 R$ 28,378.48 10 R$ 29,251.04 22 R$ 1,553.59 11 R$ 17,505.51 23 R$ 12,403.15 12 R$ 25,756.54 24 R$ 22,165.20 TOTAL R$ 611.435,07

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9. REFERÊNCIAS

[1] DEGANI, Clarice., CARDOSO, Francisco A. A

Sustentabilidade do ciclo de vida de edifícios: importância da etapa de projeto arquitetônico. In: NUTAU 2002 –

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[6] LAGO,E.M.G. Programa de Sistema de Gestão em

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[8] KOHLMAN RABBANI, E. R., et.al.. Exposição do

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Editors University of Florida (36 pages), 2003.

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<http://www.meurecife.com.br/Downloads/Ebooks/boaviagemd eontemehoje.pdf>. Acesso em: 02 dez. 2008.

[21] PHOTOBUCKET Disponível em:

<http://i272.photobucket.com/albums/jj195/zinho2008/BoaViag emnadcadade60.jpg>. Acesso em: 03 dez. 2008.

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