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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Academic year: 2021

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Registro: 2017.0000618897

ACÓRDÃO

Vistos,

relatados

e

discutidos

estes

autos

de

Apelação

0028216-30.2012.8.26.0590, da Comarca de São Vicente, em que é apelante CELLY

OLIVEIRA NOVAES (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado EVENTUAIS HERDEIROS

DE GUILHERME MARTINS (POR CURADOR).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 8ª Câmara de Direito Privado

do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento

ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores GRAVA BRAZIL

(Presidente) e CLARA MARIA ARAÚJO XAVIER.

São Paulo, 19 de agosto de 2017.

Alexandre Coelho

Relator

Assinatura Eletrônica

(2)

VOTO nº 4731

APELAÇÃO nº 0028216-30.2012.8.26.0590

APTE: CELLY OLIVEIRA NOVAES

APDOS: HERDEIROS DE GUILHERME MARTINS e outros

ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA COMPROMISSO PARTICULAR DE CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS AUSÊNCIA DE ESCRITURA OU TERMO NOS AUTOS DO INVENTÁRIO INADMISSIBILIDADE INTELIGÊNCIA DO ART. 1.793, DO CC O falecimento de um dos vendedores e a subsequente cessão de direitos firmada por seus herdeiros autorizam a abertura ou a continuação do inventário, para o cessionário, em partilha, adjudicar o bem ou o respectivo quinhão, mas não para servir de causa ao pedido de adjudicação compulsória deduzido em face dos cedentes, notadamente se a cessão é inválida, por inobservância da forma exigida por lei (escritura pública ou termo nos autos do inventário), uma vez que os cedentes não figuram como proprietários do imóvel junto à matrícula Sentença mantida - NEGARAM PROVIMENTO

AO RECURSO.

Trata-se de apelação interposta por CELLY OLIVIERA NOVAES contra a respeitável sentença de fls. 275/278, cujo relatório ora se adota, que julgou improcedente a ação de adjudicação compulsória por ela proposta em face de NEUSA MARTINS FERREIRA DOS SANTOS e outros.

A respeitável sentença rejeitou a pretensão, uma vez que o direito da autora adviria de cessão de direitos hereditários em que não observada a forma legal

(3)

exigida por lei (escritura pública ou termo nos autos do inventário), nos termos do artigo 1.793, do Código Civil.

A apelante busca a inversão do julgado, com a procedência da ação de adjudicação compulsória. Em suma, alega: i) quitação do instrumento de promessa de cessão de direitos hereditários do imóvel situado na rua Lima Machado, 148, apartamento 34, São Vicente-SP; ii) descumprimento da obrigação de conclusão do contrato definitivo por parte dos vendedores; iii) o falecimento do vendedor Guilherme Martins ocorreu oito anos depois de celebrada a promessa de cessão de direitos hereditários, isto é, o imóvel não mais lhe pertencia ao morrer; iv) houve acordo com os vendedores em outro processo, no sentido de ser feita a outorga da escritura definitiva; v) a lei não exige, apenas faculta, a escritura pública para cessão de direitos hereditários.

O apelado ofereceu resposta.

Recebido o recurso, não houve oposição ao julgamento virtual.

É o relatório.

Trata-se de ação de adjudicação compulsória que tem por objeto a outorga de escritura de venda e compra do imóvel localizado na rua Lima Machado, 148, apartamento 34, São Vicente/SP.

Pelo que se vê da matrícula do imóvel, juntada a fls. 136/137, na forma de certidão, referido imóvel é de propriedade de ENCOSIL ENGENHARIA E COMÉRCIO SILVIO FERNANDES LOPES LTDA, sediada em Santos, que o construiu e providenciou a abertura de sua matrícula.

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Consta também que a proprietária vendeu referido imóvel para Osvaldo Ferreira dos Santos e sua mulher Neusa Martins Ferreira dos Santos (75%) e Guilherme Martins (25%), em 25/06/1985, mediante financiamento realizado por Família Paulista Crédito Imobiliário S/A, crédito posteriormente cedido para Caixa Econômica Federal, que deu quitação ao financiamento e cancelou a caução.

Posteriormente, mediante Instrumento Particular de Promessa

de Cessão de Direitos Hereditários, datado de 30/07/1998, consta que Osvaldo Ferreira dos

Santos havia falecido e deixado como herdeiros os cedentes Neusa Martins Ferreira dos Santos, Wagner Tadeu dos Santos e sua mulher Elaine Cristine Perli, Neusa Maria Caputo, conforme processo de arrolamento sumário. Consta também que tais herdeiros, titulares de 75% do imóvel, e mais Guilherme Martins, titular de 25% do imóvel, prometeram vender à autora a totalidade do imóvel, pelo preço de R$32.900,00, a ser pago uma parte em sinal e princípio de pagamento e outras 20 parcelas, oportunidade em que a autora foi imitida na posse do imóvel e os cedentes se obrigaram a fazer a outorga da escritura à autora, ou a quem ela indicasse, depois de quitado o preço, o que fizeram em caráter irrevogável e irretratável, como se vê a fls. 09/11.

Consta também dos autos petição de acordo firmada pela autora e pelos corréus Elaine Cristine Perli, Neusa Maria Ferreira Caputo, Neusa Martins Ferreira dos Santos e Wagner Tadeu dos Santos, em que estes concordam em fazer a outorga da escritura àquela, tendo em vista acordo entre eles realizado nos autos 1.555/98 e 1.418/07, razão pela qual pediram a homologação do acordo e a extinção do processo, com fundamento no artigo 269, III, do CPC/73 (fls. 63/64).

O r. Juízo a quo homologou o acordo, com fundamento no artigo 269, III, do CPC/73, observando que ainda faltava a citação do corréu Guilherme Martins.

Uma vez esgotadas as diligências voltadas à localização de Guilherme Martins, que faleceu posteriormente ao negócio, realizou-se a citação por edital de seus potenciais herdeiros, em razão do que, diante da revelia, nomeou-se Curador Especial.

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Ultimada a fase dilatória, o r. Juízo julgou improcedente a ação, diante da invalidade da cessão havida, uma vez que a lei exige escritura pública para a cessão de direitos hereditários, inquinando de nulo o negócio em que não observada a formalidade, e também porque não reduzida a cessão a termo nos autos do inventário.

O inconformismo da apelante não tem consistência.

Primeiro porque ela confunde a matéria fática. O que a r. sentença questiona é a validade da cessão de direitos hereditários do falecido Osvaldo Ferreira dos Santos e não de Guilherme Martins, que veio a falecer muito tempo depois da celebração do negócio jurídico. Em nenhum momento a r. sentença dá a entender que os direitos cedidos seriam de Guilherme, notadamente porque o instrumento de contrato de cessão de direitos hereditários conta a participação de Guilherme Martins, que o assina. Quem havia falecido antes do negócio foi o proprietário Osvaldo Ferreira dos Santos, tanto que, como se viu, as partes contratantes explicam a presença de seus sucessores na cessão de direitos hereditários.

Outra inconsistência da apelação está na afirmação de que a lei não exige, apenas faculta a escritura pública como forma a ser observada na cessão de direitos.

Dispõe o artigo 1.793, do Código Civil, que “o direito à sucessão

aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.”

A mera faculdade, inserta no vocábulo pode, refere-se à cessão dos direitos e não à forma do negócio. Faculta-se a cessão, mas esta se realiza mediante escritura pública, como é da melhor hermenêutica.

Para CARLOS ALBERTO DABUS MALUF1, “é lícito ao herdeiro

alienar seus direitos sucessórios, bem como o quinhão de que disponha, exigindo-se para tanto uma forma solene: mediante escritura pública. A ausência desta torna a cessão de direitos nula de pleno direito, conforme disposição do art. 166, IV, do Código Civil. “

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Na lição de MARIA BERENICE DIAS2, “apesar de a lei usar a expressão 'pode', isso não diz com a forma do ato dispositivo, mas para afirmar a possibilidade de ocorrer o ato dispositivo. O instrumento particular não dispõe de eficácia (CC 221).”

Segundo observa NELSON NERY JUNIOR3, em comentário à norma do artigo 1793, do CC, “por expressa disposição legal (CC, 80, II), os direitos

hereditários têm natureza de bem imóvel. Portanto, todos os bens que integram a herança (como por exemplo valores mobiliários (ações), quotas de sociedades comerciais, direitos autorais etc) são considerados, por ficção jurídica, imóveis. Daí porque a norma comentada exige que a cessão de direitos hereditários seja feita por escritura pública.”

E não houve termo de cessão de direitos hereditários, nos autos do inventário, o qual, autorizado por lei, poderia suprir a inexistência de escritura pública.

A cessão de direitos hereditários é ato inter vivos, a partir do qual (efeito ex tunc) o cessionário, embora sem assumir a condição de herdeiro, ocupa a titularidade dos direitos por este cedidos e por isso está legitimado a abrir ou inventário ou dar sequência ao inventário em andamento, inclusive como inventariante, com o propósito de, realizada a partilha, adjudicar o direito que lhe foi transmitido, mediante registro do formal de partilha (e não do contrato de cessão de direitos hereditários), não servindo de causa para se exigir escritura dos próprios cedentes, notadamente quando inobservada a forma exigida por lei (escritura pública ou termos nos autos do inventário), uma vez que os cedentes não figuram como proprietários na matrícula do imóvel.

A propósito, o precedente da C. 3ª Câmara de Direito Privado, da relatoria do Des. VIVIANI NICOLAU, j. 26/01/2016, citado em sentença, vem a calhar, por

2 MANUAL DAS SUCESSÕES. RT; 3ª ed.; 2013, p. 213 3 CÓDIGO CIVIL COMENTADO. RT; 8ª ed.; 2011; p. 1302

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sua semelhança com o caso:

APELAÇÃO CÍVEL ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA Pleito fundado em instrumento particular de cessão de direitos hereditários, em face do espólio da cedente. Extinção do processo sem aferição do mérito. Declaração prévia dos herdeiros de que concordam com a adjudicação, o que revela a ausência de pretensão resistida e macula o interesse de agir da autora. Por outro lado, a cessão de direitos hereditários exige, para sua validade, a forma de instrumento público, nos termos do artigo 1.793 do Código Civil em vigor. Documento que ampara a pretensão da autora que se consubstancia em instrumento particular. Ausência de interesse processual caracterizada. Precedente deste Tribunal de Justiça neste

sentido. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. (Ap.

1006889-89.2014.8.26.0477)

Vencido novamente, agora em fase de recurso, a apelante arcará com honorários recursais em favor do Curador Especial, ora fixados em 5% do valor da causa, observada a gratuidade de justiça.

Eventuais embargos declaratórios serão julgados em sessão virtual, salvo se manifestada oposição na própria petição de interposição dos embargos, nos termos do art. 1º da Resolução n.º 549/2011 do Órgão Especial deste E. Tribunal de Justiça, entendendo-se o silêncio como concordância.

Ante o exposto, pelo presente voto, NEGA-SE PROVIMENTO à apelação.

ALEXANDRE COELHO

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