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Estudos sobre a Deficiência. Brasília-DF.

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Academic year: 2021

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Texto

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Estudos sobrE a dEficiência

auditiva E surdEz

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Elaboração

Maria Aparecida Cormedi

Produção

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SUMÁRIO

aPrEsEntaÇÃo

... 4

orGanizaÇÃo do cadErno dE Estudos E PEsQuisa

... 5

introduÇÃo

... 7

unidadE i SISTEMA AUDITIVO ... 9 caPítulo 1 SISTEMA AUDITIVO ... 11 unidadE ii

PERDA AUDITIVA E SURDEZ ... 25 caPítulo 2

COnCEITOS. TIPOS DE PERDAS AUDITIVAS E

DIfEREnTES CAUSAS. ... 27 unidadE iii

PREVEnçãO ... 45 caPítulo 3

A PREVEnçãO E fATORES DE RISCO DA PERDA AUDITIVA ... 47 unidadE iv

POlíTICAS PúblICAS ... 61 caPítulo 4

DIfEREnTES AbORDAgEnS E O ATEnDIMEnTO EDUCACIOnAl ESPECIAlIZADO ... 63 Para (nÃo) finalizar

... 77

rEfErências

... 78

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4

APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

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5

ORGANIZAÇÃO dO cAdERNO

dE ESTUdOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para refl exão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao fi nal, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática da disciplina.

Para refletir

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar

Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

abc

Sintetizando e enriquecendo nossas informações

Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua contribuição pessoal.

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6

Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas

Aprofundamento das discussões.

Praticando

Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar

Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.

Referências

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INTROdUÇÃO

.

O termo “surdo” se refere à pessoa com surdez, com perda auditiva e o termo “Surdo” corrobora com a concepção bilíngue de ensino da Língua de Sinais como primeira língua e a Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade escrita. A história da educação de pessoas surdas remete à diferentes abordagens educacionais, de habilitação e de reabilitação. Em uma análise da linha de tempo dessa história, constata-se desde o entendimento de que o surdo precisa aprender a ouvir e a falar para desenvolver-se e aprender até as abordagens que referendam a língua de sinais como instrumento de cultura, de identidade pertencente à um grupo que domina a mesma língua.

Neste processo histórico da educação do surdo encontramos posições fi losófi cas, teóricas e práticas desde as mais radicais até às posições fl exíveis e de aceitação da diferença.

Na década de 1960, a educação da criança surda seguia o modelo terapêutico, clínico, de reabilitação pela qual, a única possibilidade para essa criança era aprender a falar. Na verdade, naquela época, a abordagem para qualquer defi ciência era do ponto de vista da reabilitação e visava trazer o defi ciente para a normalidade. Esta posição foi defendida por especialistas baseados na concepção desenvolvimentista, pela qual se considera as escalas de desenvolvimento baseadas em parâmetros de crianças sem defi ciências, parâmetros estes, considerados regras e normas para todos os outros, independente da vivência e experiências em diferentes ambientes, culturas e contextos históricos e sociais.

Nesta concepção de reabilitação, denominada clínico-patológica, a pessoa com surdez é considerada com defi ciência auditiva, com defi cit sensorial-auditivo, que precisa ser compensado pela recuperação da audição, da estimulação auditiva para que tenha acesso à língua oral e se comunique pela fala, pois é considerada a única forma de comunicação e interação social. E mais ainda, houve momentos em que se acreditou que o desenvolvimento congênito só se daria pela possibilidade de oralização, e que pela falta desta, o surdo era considerado até com defi cit cognitivo.

O conceito de surdo como pessoa com defi ciência passou a ser combatida pela comunidade surda, porque esta considera a pessoa com surdez como diferente e não defi ciente. Diferente, pela questão perceptual, pois o mundo para o surdo é eminentemente visual, oposto do mundo do ouvinte que é absolutamente sonoro. Portanto, a modalidade visual do surdo leva à uma comunicação que valoriza esse potencial visual, logicamente, os sinais.

Assim, as pessoas surdas não se denominam defi cientes auditivas, porque não acreditam que sejam defi cientes, e sim, acreditam nas diferenças entre os indivíduos.

Identifi cada a pessoa com surdez, esta tem direito ao acesso a língua natural, que é a de sinais, aprendida junto a adultos da comunidade surda e professores que dominam a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa.

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Ainda restrita a alguns locais, a escola bilingue para surdos tem sido implementada pouco a pouco e isto é uma vitória da comunidade surda e dos pesquisadores da área, que ao longo dos últimos 30 anos, vêm lutando a favor do reconhecimento do surdo como sujeito que tem direito a uma identidade construída por meio da língua de sinais, depositária do conhecimento cultural, entendendo a surdez como diferença e não como deficiência independentemente do grau de perda auditiva.

“Surdo” é aquela pessoa diferente na forma de receber os estímulos do ambiente, pois a predominância é visual e, portanto, a forma linguística de comunicação privilegia a modalidade visual e não auditiva. Então, o contexto cultural do surdo é diferente do contexto cultural do ouvinte, nem melhor, nem pior, apenas diferente.

Voltando à questão, da mesma forma que profissionais que atuam na área da surdez ainda têm a visão clínica de que a perda auditiva deve ser compensada sob qualquer recurso cirúrgico, de adaptação de aparelho de amplificação sonoro ou de implante coclear, há aqueles da comunidade surda que rejeitam qualquer proposta de uso de recursos tecnológicos para estimulação auditiva e se posicionam contrários à pessoa com surdez que opta pelo uso destes recursos, pois acreditam que a língua de sinais e a cultura surda devem ser preservadas a qualquer custo.

Radicalismos à parte, as perdas auditivas existem e são definidas e organizadas segundo critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O profissional que se dispõe a atuar na educação, habilitação e reabilitação de pessoas com surdez precisa ser conhecedor do funcionamento auditivo e reconhecer os diferentes tipos de perdas e suas consequências. É necessário, também, conhecer os fatores de risco que causam a surdez e as medidas de prevenção além de conhecer as diferentes abordagens da educação do surdo.

Esta disciplina tem, portanto, como temática o “Estudos sobre a Deficiência Auditiva e Surdez” e abordará a deficiência auditiva sob a luz das perdas de audição, considerando-se a identificação das perdas para prevenção, fatores de risco e diagnóstico precoce. A surdez será abordada pela visão da abordagem bilíngue, realmente respeitando e considerando a cultura surda e a língua de sinais.

objetivos

»

Compreender o funcionamento auditivo identificando os tipos de perdas auditivas e suas consequências no desenvolvimento e aprendizagem da pessoa com surdez.

»

Conhecer os fatores de risco que causam a surdez identificando as medidas de

prevenção e diagnóstico precoce.

»

Conhecer as diferentes abordagens na educação de pessoas com surdez.

»

Reconhecer a pessoa Surda como pertencente a um grupo cultural próprio cuja

língua de sinais é o instrumento cultural e de identidade social.

»

Conhecer os pressupostos do atendimento educacional especializado para pessoas surdas e a proposta de escola bilíngues.

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cAPíTUlO 1

Sistema auditivo

Toda pessoa com surdez não ouve? Ou existem pessoas consideras surdas que ouvem alguma coisa? O que é ouvir? As consequências das perdas auditivas podem ser devastadoras à maiorias das crianças surdas. As crianças surdas constituem um grupo relativamente homogêneo, cuja variabilidade individual é semelhante à das crianças ouvintes? De que forma ouvimos?

O sistema auditivo humano capta a informação sonora do ambiente, identifi ca a fonte sonora, reconhece o estímulo sonoro, discrimina os diferentes sons, interpreta os diferentes sons e atribui signifi cado a cada um deles. Então, a informação sonora que o ouvido humano recebe do ambiente, precisa além de ser “ouvida”, ser “transmitida” e depois ser “compreendida”.

A recepção de informações sensoriais pela visão assume papel primordial para o surdo e a sua maior difi culdade será com a língua oral. A limitação ou ausência de percepção sensorial dos estímulos sonoros acarreta imensa difi culdade na compreensão e na expressão da língua oral.

A audição é o sentido relacionado diretamente à aquisição da língua oral e consequentemente as defi ciências auditivas, estão diretamente relacionadas com os distúrbios da fala.

A audição é o sentido que possibilita a aquisição da língua oral. É o sentido que estrutura a noção de tempo, e a língua oral é por consequência, uma sequência de sons organizados no tempo. Os sons se acabam no tempo, só podendo ser repetidos ou reproduzidos por gravação.

A audição é o sentido de alerta para o ouvinte, a mínima movimentação será o alerta para o surdo. O mundo para a pessoa surda é espacial. A mínima movimentação dos objetos e pessoas tem para o surdo, fundamental importância.

A audição é o sentido responsável pela recepção dos sons.

Segundo Machado (2003, p. 32), “a audição é um sistema funcional que serve para receber as vibrações sonoras e convertê-las em sinais apropriados para a transmissão ao longo das fi bras nervosas do cérebro”. Na visão clássica o sistema auditivo compõe-se de três partes: sistema receptivo periférico; vias auditivas que transmitem e integram os sinais acústicos e estrutura cortical na qual a mensagem é decodifi cada. O sistema receptivo periférico, recebe os estímulos sonoros e os transforma em impulsos elétricos, que são transmitidos pelas vias auditivas até o cérebro que por sua vez interpreta aquilo que ouvimos, ou seja dá o signifi cado do que se ouve.

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O cérebro recebe informações sonoras constantemente e seleciona os estímulos. Por exemplo, quando estamos conversando com um amigo e ao mesmo tempo em que caminhamos por uma rua no centro da cidade, com barulhos de carros, ônibus, apitos, buzinas somos capazes de selecionar os ruídos do ambiente para prestar atenção à voz do amigo e compreender o que é falado. Pela audição, o homem se mantém informado do que acontece à sua volta e, principalmente o que acontece à distância, por isso a audição é o sentido de alerta e defesa.

O sistema auditivo humano capta a informação sonora do ambiente, identifica a fonte sonora, reconhece o estímulo sonoro, discrimina os diferentes sons, interpreta os diferentes sons e atribui significado a cada um deles.

Veremos, então, que o sistema auditivo divide-se em: periférico, vias auditivas e estrutura cortical.

sistema auditivo periférico

O sistema auditivo periférico é formado por:

1. Orelha externa – pavilhão auditivo e meato acústico;

2. Orelha média – tímpano, ossículos da orelha (martelo, bigorna e estribo), tuba auditiva; 3. Orelha interna – canais semicirculares, cóclea ou caracol e nervo vestibular.

Veja a figura:

Figura 1.Sistema Auditivo Periférico: Orelhas externa, média e interna.

http://biologiaconcursos.blogspot.com.br/2011/05/labirinto-anatomia-da-orelha.html. Acesso em 31/3/2012

O sistema auditivo periférico tem a função de permitir a influência de um fenômeno físico. Recebe a informação sonora do meio ambiente, transformando-a em energia mecânica, que por sua vez é transformada em impulsos nervosos.

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Pesquisas indicam que o feto tem seu sistema auditivo periférico totalmente formado na 20a semana de

gestação, então é capaz de ouvir os batimentos cardíacos da mãe e a voz materna durante os quatro meses que antecedem seu nascimento. Ou seja, existe informação auditiva intraútero.

a orelha externa

Formada pelo pavilhão auricular ou pavilhão auditivo e meato acústico externo que termina no tímpano.

A orelha externa tem as seguintes funções: proteger a membrana timpânica contra danos mecânicos; captar e encaminhar a onda sonora para a orelha média e realçar a sensitividade para determinados sons. O pavilhão auricular é uma cartilagem elástica recoberta pela pele, ligamentos e músculos. Tem por função, a localização da fonte sonora.

O meato acústico externo faz a comunicação entre o meio ambiente e a orelha média. No meato observa-se a preobserva-sença de folículos pilosos, glândulas observa-sebáceas e glândulas ceruminosas.

O meato acústico externo tem cerca de 2,5 cm de comprimento e 1,25 cm de largura. A orelha externa, ao captar os sons numa área grande, os transmite para uma área vibratória menor. Com isso, o sinal é amplificado, otimizando-se a pressão sonora incidente no tímpano,

orelha média, ou cavidade timpânica

A cavidade timpânica está escavada no osso temporal é preenchida por ar e contém: os ossículos da audição – martelo, bigorna e estribo; os ligamentos; os músculos e a membrana timpânica.

A membrana timpânica é uma estrutura translúcida, uma membrana de pele muito fina, que separa a orelha externa da orelha média. O tímpano fecha o fundo do canal externo do ouvido, divindindo-o com a orelha externa. Pode ser comparado à membrana de um tambor que vibra, segundo as diferentes frequências, especialmente àquelas que estão entre 2500 a 3000Hz, ou seja, que correspondem à frequência dos sons da fala. A membrana timpânica é acinzentada e sua tensão é regulável graças às fibras concêntricas que lhe conferem elasticidade e às fibras radiais responsáveis pela resistência mecânica. A cadeia ossicular, ou seja os três ossinhos, martelo, bigorna e estribo, unem meios de densidades diferentes: ar (do meio externo) e líquido (da orelha interna) e tem a função de reduzir a reflexão do som para o mínimo ao mesmo tempo que faz a transmissão máxima do som.

Segundo Frota (2003), a tuba auditiva comunica a cavidade timpânica com a parte nasal da faringe e tem a função de arejar a orelha média e equalizar a pressão de ar externo com a pressão de ar da orelha média, protegendo-a de mudanças rápidas de pressão e mantendo a mucosa em bom estado.

A tuba auditiva é fechada e tem uma única comunicação com o fundo do nariz que se abre periodicamente, por isso quando assoamos o nariz às vezes sentimos o ar ir para o ouvido e ele fica um tempo tampado. Também sentimos o efeito da pressão do ar e o funcionamento da tuba auditiva quando viajamos de avião e sentimos o ouvido ficar tapado quando o avião faz aterrizagem.

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A tuba auditiva tem a função de manter o arejamento das cavidades da orelha média, o que é assegurado pela sua abertura intermitente O equilíbrio entre a pressão atmosférica e a do ar contido na cavidade timpânica é indispensável para que a unidade tímpano-ossicular vibre sem obstáculos.

Pode-se dizer que a orelha média é a ponte entre a orelha externa (meio aéreo) e a orelha interna (meio líquido). Essa ponte inicia-se na membrana timpânica, passa pela cadeia ossicular e termina na janela oval.

orelha interna

A orelha interna também chamada de labirinto é formada pelo labirinto ósseo e membranoso. Em outras palavras, a orelha interna constitui-se pelos sistemas coclear e vestibular.

O labirinto ósseo formado pela cóclea, vestíbulo e canais semicirculares, são preenchidos por perilinfa, substância com alta concentração de sódio.

O labirinto membranoso está contido dentro do labirinto ósseo, que é um sistema fechado de ductos que se comunicam entre si e estão preenchidos por endolinfa.

A endolinfa é uma substancia com alta concentração de potássio e baixa concentração de sódio. O labirinto membranoso tem a função de transdução do estímulo mecânico em impulso nervoso (MACHADO, 2003).

Em termos gerais podemos afirmar que a orelha interna é formada pela cóclea, labirinto e canal auditivo interno.

A cóclea é o órgão sensorial responsável pela decodificação dos sons e evoca o sentido da audição. O sistema vestibular é constituído pelos canais semicirculares, sáculo e utrículo e informam o Sistema Nervoso Central (SNC) sobre a posição e movimentos da cabeça.

Na cóclea estão localizadas as células receptoras ciliadas que são as células sensoriais da audição, divididas em células ciliadas internas e externas. As células ciliadas internas produzem uma mensagem elétrica codificada que é enviada pelas vias nervosas ao lobo temporal. São receptoras de sons mais intensos, de frequência fina.

As células ciliadas externas não são células receptoras, ou seja, não codificam a mensagem sonora, e funcionam como um sistema de amplificação sonora aumentando em até 50 dB a intensidade do estímulos sonoros.

As células ciliadas são assim chamadas, porque são formadas por cílios que se deslocam acompanhando o movimento da endolinfa e da perilinfa. O deslocamento dos cílios provoca variações alternadas do potencial elétrico que por sua vez estimula os terminais nervosos do nervo coclear que estão em contato com as células ciliadas desencadeando o potencial de ação, que é registrado nas fibras do nervo coclear. Quando o som penetra pela janela oval por meio da movimentação do estribo, forma-se uma onda na perilinfa, que segue pela cóclea transmitindo sua vibração até a janela redonda pela movimentação dos cílios.

Em termos gerais, podemos afirmar que a partir da cóclea sai o nervo auditivo que vai pelo canal auditivo interno até o cérebro. Neste canal interno, que é de osso também, passa o nervo facial (responsável pela

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movimentação de músculos da face) e o nervo vestibular (responsável pelo equilíbrio). Este canal tem ligação direta com a cavidade dentro de nossa cabeça onde está o cérebro.

No sistema vestibular periférico encontram-se os canais semicirculares, também chamados de labirinto, que são estruturas localizadas na orelha interna que não participam do processo de audição. Nos canais semicirculares estão os receptores que informam sobre equilíbrio da cabeça, aceleração linear do movimento e posicionamento da cabeça no espaço. São responsáveis pelo equilíbrio e sensação de deslocamento, ou seja, as funções do sentido vestibular.

Cada canal semicircular termina em uma saliência, a ampola, onde estão localizadas células sensoriais ciliadas, imersas em uma massa gelatinosa, que detectam movimentos e enviam ao cérebro impulsos nervosos. Com o movimento da cabeça, o fluido de cada canal pressiona a massa gelationosa, estimulando os cílios sensoriais que enviam os impulsos nervosos ao cérebro, onde são interpretados. Como resposta, há uma adequação motora para se restabelecer e manter o equilíbrio corporal. Para um equilíbrio corporal perfeito é necessária a ação conjunta de três sistemas: vestibular, proprioceptivo e visual.

Figura 2. Sistema Auditivo periférico. Canais semicirculares

Figura disponível em <http://www.infoescola.com/anatomia-humana/audicao/>. Acesso 31/3/2012

Quando movimentamos a cabeça, o líquido se desloca dentro dos canais, com isso, estimula nervos específicos, que enviam ao cérebro informação sobre a posição do nosso corpo em relação ao ambiente. O nosso cérebro interpreta a mensagem e comanda os músculos que atuam na manutenção do equilíbrio do corpo.

Por isso, alguns tipos de perda de audição podem estar associados a desconfortos de equilíbrio.

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Mecanismo da audição

O som se espalha por meio de uma vibração pelo ar. Esta vibração é captada pela orelha externa (pavilhão auditivo e canal externo do ouvido), atinge a membrana do tímpano, que funciona como se fosse uma membrana de um tambor muito sensível. Estas vibrações fazem a membrana timpânica vibrar. Na membrana do tímpano encontra-se fixado um pequeno osso chamado martelo. O martelo está articulado em outro osso chamado bigorna que por sua vez articula-se no estribo. Este conjunto de pequenos ossos se movimentam com a vibração da membrana do tímpano e amplificam esta vibração como um sistema de “roldanas” transmitindo esta vibração a uma pequena membrana que se encontra encostada no estribo e oclui o canal da cóclea. O canal da cóclea é cheio de um líquido e tem a forma em espiral como de um caracol. Com a vibração da cadeia de ossinhos que consequentemente faz vibrar a membrana da cóclea, este líquido se movimenta dentro da espiral coclear.

A espiral é revestida internamente de células que tem cílios, que ficam embebidos neste líquido e se movimentam com a movimentação do líquido. Para melhor compreensão, seria como uma plantação de trigo, que se movimenta com o vento em várias direções. Esta movimentação gera uma pequena energia elétrica que é transmitida ao cérebro pelo nervo da audição onde será decodificada e gerar a compreensão dos sons.

Fonte: <http://surdez.org.br/como_escutamos.asp. Acesso em 31/3/2012>.

Entenda melhor o funcionamento da audição analisando a fi gura 3.

Figura 3. Funcionamento da audição.

<http://www.amigosdaaudicao.com.br/>. Acesso em 31/3/2012

1. Meato acústico 6. Janela redonda

2. Membrana timpânica 7. Tuba auditiva

3. Martelo 8. Cóclea

4. Bigorna 9. Nervo auditivo

5. Estribo unidadE i

|

SISTEMA AUDITIVO

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17

Resumidamente explicamos o mecanismo da audição como as ondas sonoras que fazem vibrar a membrana timpânica. A cadeia de ossículos recolhe as vibrações projetadas no tímpano e as conduzem até o ouvido interno por meio da janela oval. Assim, as ondas sonoras passam do meio aéreo para o meio líquido. O estribo vibra contra a janela oval fazendo com que o fluido do ouvido interno vibre, estimulando os cílios da membrana tectória da cóclea, que ao se deslocarem produzem um processo eletroquímico resultando em estímulos nervosos que serão transmitidos ao córtex temporal no cérebro.

Figura 4. Sistema Auditivo

<http://www.amigosdaaudicao.com.br. php/>. Acesso em 31/3/2012

Na função auditiva há dois componentes diferentes e complementares:

1. Transmissão do som, da origem ao órgão de Corti (processo mecânico).

2. Percepção do som, da origem dos impulsos nervosos no órgão de Corti até o córtex

cerebral.

Vimos até aqui o processo de recepção do som até a cóclea, que é o processo mecânico e a percepção do som pelas células ciliadas da cóclea e a origem dos impulsos elétricos.

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Para que haja a recepção e a percepção adequada dos sons é necessário:

»

conduto auditivo externo permeável;

»

tímpano íntegro;

»

equiparação de pressão (pressão atmosférica = caixa do tímpano);

»

integridade e mobilidade relativa dos ossículos;

»

pressão correta dos líquidos labirínticos;

»

integridade de células sensoriais, vias nervosas e centros superiores.

vias auditivas

Compostas pelas fibras nervosas que partem do núcleo coclear e seguem pelo tronco cerebral, as vias auditivas têm a função de transmitir e integrar os sinais acústicos.

Algumas fibras seguem pelo mesmo lado do ouvido (direito e esquerdo), enquanto a grande maioria das fibras segue cruzada.

Aquelas fibras provenientes da orelha direita seguem para o hemisfério esquerdo e as fibras provenientes da orelha esquerda seguem para o hemisfério direito.

A maioria das informações sonoras da orelha direita é processada no hemisfério esquerdo e a maioria das informações sonoras da orelha esquerda é processada no hemisfério direito. No entanto, o hemisfério direito recebe informações da orelha direita tanto quanto o hemisfério esquerdo recebe informações da orelha esquerda.

Figura 5. Sistema Auditivo

http://www.portalterceiraidade.com.br/dialogo_aberto/saude_equilibrio/siemens/coluna0004.htm. Acesso 31/3/2012

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Estrutura cortical

A estrutura cortical é responsável pela decodificação da mensagem, ou seja, pelo reconhecimento e identificação do som, discriminação, análise, interpretação e significado.

Os hemisférios direito e esquerdo recebem os sinais acústicos das vias auditivas que passam no tronco cerebral. Existem áreas primárias e secundárias.

É importante salientar a interação dos dois hemisférios, e eles são complementares porque interagem pelo corpo caloso, que é a base da relação inter-hemisférica. Isso significa que a representação de cada ouvido se dá nos dois hemisférios, não havendo representação completa no hemisfério contralateral.

As áreas primárias recebem os sinais acústicos, prolongam e estabilizam a transmissão para as áreas secundárias. As áreas secundárias também são responsáveis pela função de reconhecimento e associação sonora.

Pesquisas indicam que na área secundária direita são processados sons ambientais e musicais e a área secundária esquerda é responsável pelo processamento dos sons da fala.

O hemisfério direito é dominante para reconhecer contornos como a música e informações do todo. Segundo Machado (2003), o hemisfério esquerdo é dominante para o reconhecimento e processamento das informações sequenciais, ou seja, os sons da fala e a linguagem.

A audição é então muito mais do que captar os sons do ambiente e localizar a fonte sonora. Ouvir implica em perceber, compreender, localizar, dar atenção, analisar, armazenar e memorizar a informação sonora, habilidades essas realizadas pelo sistema nervoso central.

distúrbio de Processamento auditivo central

Segundo Machado (2003), o processamento auditivo se refere à capacidade de detectar e interpretar os eventos sonoros e as habilidades envolvidas nos processos de localização da fonte sonora, reconhecimento, compreensão, memória e atenção seletiva aos sons que dependem da capacidade biológica inata e da experiência acústica no meio ambiente. Para esta autora, processar uma informação significa que os sinais que atingem os órgãos sensórios serão identificados, reconhecidos e memorizados... A percepção é o resultado do processamento, uma vez que envolve funções mentais, linguagem e cognição.

Processar auditivamente uma informação sonora significa que os sinais que atingem o sistema auditivo serão identificados, reconhecido e memorizados.

Há crianças que não apresentam perdas auditivas, porém tem dificuldades em processar a informação sonora.

Distúrbios de processamento auditivo central podem afetar 5% das crianças em idade escolar e pode ser definido como uma alteração na forma de como o cérebro reconhece e interpreta os sons, principalmente os sons sequenciais da fala.

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Cada criança precisa ser avaliada individualmente, porque as manifestações de identificação, reconhecimento e memorização e são diferentes para cada criança.

O sistema auditivo pode estar intacto, mas o cérebro não reconhece, não interpreta e consequentemente não processa a informação auditiva e uma característica mais frequente encontrada em crianças com distúrbios de processamento auditivo central pode ser a audição inconsistente no dia a dia.

As causas de distúrbios de processamento auditivo central na maioria das vezes são desconhecidas mas podem estar relacionadas com:

»

traumas;

»

infecções de ouvido crônicas;

»

associada a outras deficiências no caso de crianças com deficiência múltipla e surdocegueira;

»

anoxia;

»

síndrome do álcool fetal;

»

lesões no nervo auditivo;

»

lesões no tronco cerebral;

»

lesões no córtex cerebral.

É importante frisar que o diagnóstico de distúrbio de processamento auditivo central só pode ser feito por testes que detectam a compreensão dos sons da fala e do sistema funcional auditivo.

O que observamos nas crianças com distúrbios de processamento auditivo central:

»

dificuldades em prestar atenção quando em atividades em grupo;

»

dificuldade de não entender ou não ouvir mensagens, por isso, algumas vezes,

diagnosticados inadequadamente com perda auditiva;

»

facilidade em se distrair quando em ambiente ruidoso;

»

atenção curta, se cansando em atividades longas;

»

dificuldade em localizar a fonte sonora;

»

dificuldades com instruções longas, e demonstrando desinteresse por histórias;

»

demonstração de reações mais lentas; tempo de processamento mais lento;

»

dificuldades na leitura;

»

frequentemente repetem o que foi dito;

»

dificuldade em memorizar instruções verbais;

»

dificuldade me decorar sequências do dia a dia: dias da semana, meses do ano;

»

dificuldade em compreender piadas e trocadilhos;

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21

»

Dificuldade em lembrar palavras e isolar o som dentro da palavra.

»

reconhecimento de melodias facilmente;

»

Repetição de perguntas frequentemente;

»

Dificuldades em entender instruções pela fala quando em ambiente ruidoso;

»

Dificuldades em falar ao telefone e selecionar o estímulos;

»

reconhecer melodias facilmente.

»

acompanhar ritmos;

»

preferencias por sons musicais, mas nem sempre reconhecem os significados da

letra da música.

As crianças com distúrbios de processamento auditivo têm dificuldades em:

»

analisar sons;

»

entender sons;

»

lembrar sons;

»

localizar fonte sonora;

»

selecionar sons que se quer ouvir.

As pessoas ouvintes podem ter dificuldades em entender a complexidade dos distúrbios de processamento auditivo central porque as experiências auditivas são diferentes. O educador precisa compreender a diferença entre ouvir e interpretar o que se ouve. A dificuldade da criança é compreender o significado da informação sonora muito mais do que ouvir o som.

Estratégias a serem utilizadas pelo educador

»

dar instruções repetidas e sistemáticas para memorizar e processar a informação;

»

o educador precisa adequar-se ao ritmo de processamento do aluno e respeitar o ritmo de aprendizagem do aluno;

»

dar ordens em estruturas sintáticas simples e repetição da ordem;

»

dar pistas visuais e é necessário considerar o resíduo visual e as adaptações de contrastes, cores e ambientes;

»

dar informações claras e precisas;

»

usar frases curtas e manter a mesma estrutura sintática;

»

repetir a informação;

»

evitar ambientes ruidosos nos momentos de atenção e aprendizagem.

(22)

22

Com base nos estudos efetuados realize os exercícios 1 e 2 porpostos, marcando a informação correta:

1. O Sistema auditivo é composto de:

a. sistema periférico, vias auditivas e cérebro.

b. sistema periférico, vias auditivas centrais e estrutura cortical. c. sistema periférico, vias auditivas e estrutura cortical.

d. orelha média, orelha interna e orelha externa. 2. A função da orelha externa é:

a. proteger a membrana timpânica contra danos mecânicos. b. captar e encaminhar a onda sonora para a orelha média. c. realçar a sensitividade para determinados sons.

d. todas as alternativas anteriores. 3. Assinale a informação correta:

a. A orelha média pode ser considerada a ponte entre a orelha externa

e a orelha interna. Essa ponte inicia-se na membrana timpânica, passa pela cadeia ossicular e termina na janela redonda.

b. O tímpano é uma membrana de pele muito fina, que fecha o fundo do

canal externo do ouvido e divide este canal do ouvido interno. Esta membrana é muito móvel e vibra como se fosse uma membrana de um tambor.

c. Trata- se de uma “bolsa” preenchida por ar, comunica-se com a

nasofaringe por meio da tuba auditiva. Possui em seu interior a cadeia ossicular, composta por: martelo (em contato direto com a membrana timpânica); bigorna e estribo (em contato coma cóclea através da janela oval).

4. Assinale a alternativa incorreta:

a. A membrana timpânica é uma estrutura translúcida que separa a orelha

externa da orelha média e vibra segundo as diferentes frequências.

b. Martelo, bigorna e estribo são três ossículos da orelha interna e unem

meios de densidades diferentes: ar (do meio externo) e líquido (da orelha interna) e tem a função de reduzir a reflexão do som para o mínimo ao mesmo tempo que faz a transmissão máxima do som.

c. A tuba auditiva comunica a cavidade timpânica com a parte nasal da

faringe.

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23

d. A orelha média é a ponte entre a orelha externa (meio aéreo) e a

orelha interna (meio líquido).

5. Marque a resposta correta:

a. Na cóclea estão localizadas as células receptoras ciliadas que são as

células sensoriais da audição, divididas em células ciliadas internas e externas.

b. As vias auditivas são compostas pelas fibras nervosas que partem do

núcleo coclear e seguem pelo tronco cerebral.

c. A e B estão corretas. d. Somente A está correta. 6. Assinale a afirmativa incorreta:

a. O hemisfério esquerdo é dominante para reconhecer contornos

como a música e informações do todo e o hemisfério direito é dominante para o reconhecimento e processamento das informações sequenciais, sons da fala e a linguagem.

b. Existe uma interação entre os dois hemisférios, portanto, eles são

complementares porque interagem pelo corpo caloso, que é a base da relação inter-hemisférica.

c. A representação de cada ouvido se dá nos dois hemisférios, não

havendo representação completa no hemisfério contralateral.

d. A estrutura cortical é responsável pela decodificação da mensagem,

ou seja, pelo reconhecimento e identificação do som, discriminação, análise, interpretação e significado.

7. Assinale a informação correta indicando a letra correspondente ao texto

a ser complementado:

Na cóclea estão localizadas as células receptoras ciliadas que são as células sensoriais da audição, divididas em células ciliadas ______________( ) As células ciliadas internas produzem uma mensagem elétrica_________( ) que é enviada pelas vias nervosas ao ____________( ). São receptoras de sons mais intensos, de frequência _____( ).

a. codificada. b. lobo temporal. c. fina.

d. internas e externas.

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24

8. Assinale a alternativa correta:

a. As células ciliadas externas não são células receptoras, que codificam

a mensagem sonora, e funcionam como um sistema de amplificação sonora aumentando em até 50 decibéis a intensidade do estímulos sonoros.

b. Quando o som penetra pela janela oval por meio da movimentação

do estribo, forma-se uma onda na endolinfa, que segue pela cóclea transmitindo sua vibração até a janela redonda pela movimentação dos cílios.

c. A orelha interna é constituído por um complexo de membranas que

formam canais e cavidades, cheios de endolinfa, que flutuam dentro da perilinfa, que por sua vez as separam e protegem da carapaça óssea situada na intimidade do osso mais duro do corpo humano, o osso temporal.

d. No sistema vestibular periférico encontra-se os canais semicirculares,

também chamados de labirinto que são estruturas localizadas na orelha interna que também participam do processo de audição.

(25)

UNIdAdE

II

PErda auditiva E surdEz

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(27)

27

cAPíTUlO 2

Conceitos. Tipos de perdas auditivas e

diferentes causas.

Em muitos casos, o diagnóstico médico consegue identificar a causa mais provável da perda auditiva, mas nem sempre isso é possível. A ocorrência de gestações e partos com histórico complicado, bem como a manifestação de doenças maternas no período próximo ao nascimento da criança, podem inviabilizar a identificação dessa causa. Por isso mesmo, em cerca de 50% dos casos, a origem da deficiência auditiva é atribuída a “causas desconhecidas”. Quando se consegue descobrir a causa, o mais frequente é que ela se deva a doenças hereditárias, rubéola materna e meningite. O conhecimento da história de cada pessoa – época em que ocorreu a surdez e grau de prejuízo; tipo de atendimento reabilitacional recebido, oral ou oral com sinais/gestos; estimulação feita para a aquisição da linguagem; aproveitamento dos resíduos auditivos – , bem como o trabalho com a família, auxiliando-a a aprender a lidar com a diferença do filho, têm contribuído para que a pessoa com surdez ocupe seu lugar na sociedade.

Todas as mulheres devem ser vacinadas contra a rubéola, que constitui uma das principais causas de surdez congênita em nosso País.

A criança jamais deve tomar remédio sem receita médica; um antibiótico, por exemplo, pode conter aminoglicosídeo, substância que geralmente prejudica a audição de forma irreversível.

REDONDO, Maria Cristina da Fonseca. Deficiência auditiva-/ Maria Cristina da Fonseca Redondo, Josefina Martins Carvalho. – Brasília : MEC. Secretaria de Educação a Distância, 2000.

As pessoas com surdez apresentam diferentes graus de perda auditiva, desde de surdez leve, passando por aqueles que com auxílio de próteses readquirem a capacidade auditiva e surdos profundos que não conseguem ou não desejam adquirir a língua oral e só se comunicam por meio da língua de sinais. Além disso, existem surdos congêntos a e aqueles que adquirem a surdez: antes ou depois de adquirir a língua oral.

.

A perda auditiva pode ser de vários graus de forma que a pessoa pode ainda ter resíduo auditivo, percebendo sons mais intensos ou ter uma perda profunda que impede a percepção da maioria dos sons. Quando a pessoa nasce com a perda auditiva o impacto desta na aquisição de língua oral será fundamental. O que fazer? Qual a possibilidade de comunicar-se por sistemas linguísticos?

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definições e conceitos

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada em Assembleia Geral das Nações Unidas, ONU, em 2006, e ratificado pelo Congresso Nacional em 2008, definiu em seu artigo

1o que pessoas com deficiências são “aquelas que têm impedimentos de longo prazo, de natureza

física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igual igualdades de condições com as demais pessoas”.

A perda da audição é considerada uma deficiência sensorial.

O Decreto no 5.296, de 2/12/2004, que trata da acessibilidade de pessoas com deficiências, definiu

a deficiência auditiva como “perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz”.

Vamos, então, compreender com o é feita a “medida da audição” de uma pessoa para entendermos o significado de perda auditiva.

A audição humana é medida em decibéis, um valor relativo, que significa a menor intensidade possível de ser ouvida e a sensação de intensidade é diferente de pessoa para pessoa. O limiar de audibilidade para a maioria das pessoas encontra-se em 20 dB (nível de audição), ou seja é o limite mínimo de detecção do som que a maioria das pessoas sem perda auditiva conseguem perceber. Assim, quanto maior for o valor dos decibéis, maior será a intensidade

do som.

Já o conceito de frequência, significa a oscilação da onda sonora em um intervalo de tempo e dá a característica do som grave o do som agudo.

A relação de frequência e decibéis colocada em um gráfico representa a curva de audição relacionada com os limiares de sons que uma pessoa pode ouvir em cada frequência, desde as mais graves, 250 Hz até as mais agudas 4000 a 8000 Hz, passando pelas frequências da maioria dos sons da voz humana, 500, 1000 e 200 Hz.

As perdas auditivas podem ser classificadas em:

Audição normal: 0 - 20 dB Perda leve: 21- 40 dB Perda moderada: 41-70 dB Perda severa: 71- 90 dB

Perda profunda: acima de 95 dB

Figura 5. Audiograma de sons familiares

Figura disponível em: .<http://cfq8.wordpress.com/category/8%C2%BA-ano/som-e-luz/>. Acessado em: 23/3/2012

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29

Figura 6. Audiograma. Grau de perda auditiva

Figura disponível em: <cfq8.wordpress.com>. Acessado em: 23/3/2012.

Figura 7. Audiograma e classificação da perda auditiva

<http://artdentalcentre.com/modules/com_gcalendar/?audiograma-1286>. Acesso em 31/3/2012.

As perdas auditivas podem ser monoaural ou binaural, ou seja, podem acometer um ouvido ou ambos, e ainda podem ser de diferentes graus, ou seja, mais intensa em um ouvido e mais leve em outro. Isto acarreta a heterogeneidade das pessoas com deficiência auditiva, desde aquelas com perdas leves até pessoas com perdas auditivas profundas. O símbolo “O” se refere à orelha direita e o símbolo “X” se refere à orelha esquerda.

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30

Uma pessoa com perda auditiva é considerada com deficiência auditiva. Cabe aqui discutirmos os termos “deficiência auditiva” e “surdez”. Podemos ter a ideia de que “surdez” significa uma perda profunda ou ausência da percepção de sons. No entanto, o conceito de “surdez” é muito mais amplo e envolve questões culturais da comunidade de pessoas surdas.

Do ponto de vista clínico, médico, biológico e segundo a Organização Mundial de Saúde, a pessoa com perda auditiva é realmente considerada com deficiência auditiva, classificada segundo o grau da perda: leve, moderada, severa ou profunda.

Devido ao impacto da perda auditiva na aquisição de linguagem e da língua oral, a possibilidade linguística para a pessoa com perdas severas e profundas será a língua de sinais. Mas, mesmo com perdas leves de audição, a fala pode estar comprometida e a pessoa pode optar por comunicar-se pela língua de sinais. Referendado em Moura (2000) o conceito de surdo, é aquele indivíduo com perda auditiva que não quer ser caracterizado pela deficiência auditiva, mas sim pela sua condição de pertencer a um grupo minoritário de pessoas com uma cultura própria, com uma língua própria, a de sinais, e que querem ser respeitados pela sua diferença. Portanto, a comunidade surda não que ser chamada de deficiente auditivo.

E foi a comunidade surda que por meio de protestos, eventos, publicações, nos últimos 15 anos, que reformulou a educação de surdos Brasil, discutindo leis e deliberações e hoje temos escolas bilíngues para surdos, com o ensino da língua de sinais como primeira língua e a Língua Portuguesa, na modalidade escrita, como segunda língua.

tipos de perdas auditivas – classificações

As perdas auditivas podem ser classificadas segundo o local da lesão, pela idade em que elas ocorrem e quanto ao grau da perda.

de acordo com o grau da perda, podem ser

Audição normal: 0 - 20 dB; Perda leve: 21- 40 dB; Perda moderada: 41-70 dB; Perda severa: 71- 90 dB; Perda profunda: acima de 95 dB.

Ministério da Educação do Brasil, em 2005, publicou a seguinte classificação:

Surdez leve – de 16 a 40 dB. Nesse caso, a pessoa pode apresentar dificuldade para ouvir o som do “tic-tac” do relógio, ou mesmo uma conversação silenciosa (cochicho).

Surdez moderada – de 41 a 55 dB. Com esse grau de perda auditiva, a pessoa pode apresentar alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou o canto de um pássaro.

Surdez acentuada – de 56 a 70 dB. Com esse grau de perda auditiva, a pessoa poderá ter alguma dificuldade para ouvir uma conversação normal.

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Surdez severa – de 71 a 90 dB. Nesse caso, a pessoa poderá ter dificuldade para ouvir o telefone tocando ou ruídos de liquidificador na cozinha.

Surdez profunda – acima de 91 dB. Nesse caso, a pessoa poderá ter dificuldade para ouvir o ruído de caminhão, de discoteca, de uma máquina de serrar madeira ou, ainda, o ruído de um avião decolando.

de acordo com o local de lesão

Perda auditiva condutiva é assim denominada quando a lesão encontra-se na orelha externa ou média. Perda auditiva ou surdez neurossensorial se refere à lesão na cóclea e ou no nervo auditivo (VIII par). A surdez central acontece quando localizada nas vias auditivas centrais e ocorre se as vias auditivas de ambos hemisférios estão comprometidas.

Assim, as perdas auditivas podem ser de diferentes graus sendo a lesão que ocasiona a perda localizada em diferentes partes do sistema auditivo. É importante diagnosticar as perdas auditivas neurossensoriais porque são irreversíveis devido à lesão na cóclea e ou VIII par.

O mesmo se aplica para a surdez central, no entanto, localizar a lesão na maioria das vezes não é tarefa bem sucedida, pois as lesões do córtex auditivo são muito difíceis de serem localizadas anatomicamente. Podem ocorrer perdas mistas, de caráter neurossensorial agravado por uma perda condutiva. Perda auditiva ou surdez mista se refere à lesão na cóclea e ou nervo auditivo e também na orelha média e ou externa.

Pela época de aquisição

As perdas auditivas podem ser congênitas quando ocorrem antes ou durante o nascimento. As perdas auditivas adquiridas são aquelas que acontecem após o nascimento. Aqui, há que se ressaltar as perdas auditivas na infância. O fator determinante será o nível de linguagem e o quanto a criança foi exposta à língua oral até o momento da perda auditiva.

Portanto, considera-se como perda auditiva congênita aquela adquirida antes da aquisição da língua oral, que antecede o aparecimento das primeiras palavras e frases. Atualmente, utiliza-se a classificação de

perda pré-lingual para antes da aquisição da língua e pós-lingual quando acontece após a aprendizagem

da língua oral.

causas das perdas auditivas e da surdez

Perda auditiva condutiva

O problema está localizado na orelha externa e/ou orelha média.

Quando localizada na orelha externa é uma perda frequentemente reversível, que podem ocasionar dor e desconforto como otite externa, corpos estranhos e rolhas de cera. Podem acontecer mal formação do conduto auditivo externo e mal formação do pavilhão auricular.

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Veja a informação sobre a importância da cera no ouvido e porque é um mecanismo de defesa. A cera é uma produção normal da pele do canal externo de nosso ouvido. Ela serve para proteger a pele fina que reveste o canal do ouvido contra germes e substâncias que podem contaminá-la ou ferí-la. A cera de dentro do canal não deve ser retirada, cera não é sujeira. Devemos somente retirar com uma toalha, por exemplo, a cera que aparece na orelha na parte de fora por estética. Não devemos introduzir nada dentro do canal do ouvido (hastes flexíveis com algodão, cotonetes ou similares), pois além de tirar o revestimento normal de cera, ainda podemos empurrá-la mais para o fundo do ouvido, onde normalmente não tem cera e entupir o canal auditivo.

Existem pessoas que produzem muita cera a vida toda ou em algumas fases da vida e chega a formar um tampão que impede a passagem do som. Este tampão ou “rolha” de cera deve ser removida por médico. Não faça lavagem ou remoções em farmácias ou com pessoas não habilitadas que podem causar problemas graves como perfuração no tímpano ou infecções.

Fonte: http://surdez.org.br/conteudo.asp?id=2

Quando localizada na orelha média, a perda auditiva pode ser devido a uma otite média caracterizada por uma infl amação que pode ter ou não origem infecciosa, porque a cavidade timpânica está obstruída por líquido, secreção ou pus. Geralmente é acompanhada por sinais de dor, febre e infecção e acompanhadas de quadros respiratórios. O tratamento é farmacológico e reversível.

Quando as otites são muito frequentes e reincidentes, então pode acarretar em uma perda auditiva permanente.

Perda auditiva neurossensorial

Quando a lesão auditiva está localizada no ouvido interno, na cóclea ou nervo coclear, são perdas auditivas irreversíveis, porque há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Podem ser genéticas, hereditárias, associadas às síndromes, mal formações, traumas e por causas infecciosas como meningite e rubéola.

surdez central

A surdez central, não necessariamente, signifi ca diminuição da sensitividade auditiva, mas sim, manifesta-se por diferentes graus de difi culdade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral.

A difi culdade principal, na surdez central, é com o processamento da informação sensorial. Pode acontecer em casos de síndromes genéticas, prematuridade e lesão no sistema nervoso.

A problemática da surdez central diz respeito ao processamento da informação sonora, à interpretação daquilo que se ouve e envolve difi culdades auditivas quanto à atenção, memória, reconhecimento, discriminação, análise e atribuição do signifi cado.

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As causas das perdas auditivas também podem ser classificadas segundo a época da lesão podendo ser pré-natal; perinatal e pós-natal.

causas pré-natais

São aquelas que acontecem antes do nascimento

desordens genéticas ou hereditárias:

Cerca de 60% das perdas auditivas pré-linguais são de origem genética. Este dado explica a maioria dos casos de surdez irreversíveis que acontecem antes do nascimento e que muitas vezes não é identificada a alteração genética responsável pela perda auditiva.

A surdez hereditária pode ter origem sindrômica e não sindrômica, sendo esta última responsável por cerca de 70% dos casos consequentemente é mais frequentemente encontrada.

Uma em cada oito pessoas surdas transporta um gene recessivo da surdez, portanto o aconselhamento genético é indicado para se saber as probabilidades de transmissão.

Cerca de 60 a 70% dos casos de surdez hereditária são autossômico recessivo e 2% estão ligadas ao cromossomo X.

A surdez autossômica dominante (AD), em geral, é evolutiva e ocorre mais tardiamente.

A surdez autossômica recessiva (AR), geralmente, é não evolutiva e mais grave, ou seja, as perdas são classificadas como severas e profundas.

causas relativas ao fator rh

Decorrente da incompatibilidade do fator Rh– do sangue materno com o do feto Rh+.

Na maioria dos casos, vem acompanhado de lesões no sistema nervoso, e associado a quadros de encefalopatia não evolutiva infantil (paralisia cerebral).

causas relativas a doenças infectocontagiosas.

Rubéola

A síndrome da rubéola materna, quando a gestante contrai rubéola pode desencadear perda auditiva associada ou não a outros comprometimentos. A rubéola causa surdez bilateral, nas frequências médias de intensidade que pode ser de moderada a severa. Quando a doença ocorre no primeiro trimestre de gestação, pode levar mais frequentemente à catarata, surdez, mal formação cardíaca, microcefalia e baixo peso do bebê.

A rubéola se caracteriza por uma infecção benigna, causada por vírus, com sintomas de febre leve, glândulas levemente inflamadas e exantema róseo, máculo-papular e puntiforme que tem início na cabeça,

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indo em direção aos pés. É discreto, excepcionalmente confluente e apresenta máxima intensidade no segundo dia, podendo desaparecer no sexto dia.

A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) se refere às consequências para o feto quando a gestante contrai a rubéola. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, houve um surto de rubéola entre 1999 e 2001, sendo relatados por volta de 200 casos de SRC neste período. No ano de 2003, foram confirmados cerca de 20 casos.

Os recém-nascidos cujas mães contraíram rubéola na gestação podem apresentar: baixo peso, hepatoesplenomegalia, osteíte e púrpura. As seguintes malformações são frequentes: cardiopatia, microcefalia e catarata. Como consequência, os recém-nascidos poderão apresentar surdez, retardo mental, diabete, autismo, cegueira e degeneração do sistema nervoso.

É importante ressaltar que nessa publicação do Ministério da Saúde, os termos “retardo mental” e “autismo” são notificados. Isto se deve ao fato de como são solicitados os informes. Na realidade, a consequência não é o autismo, mas sim comportamentos de isolamento pela ausência de informação sensorial. A deficiência intelectual poderá ser uma consequência da lesão neurológica pela rubéola, ou consequência da privação sensorial visual e auditiva.

As campanhas de vacinação contra a rubéola tem surtido efeito e o número de casos de surdez por Síndrome da Rubéola Congênita tem diminuído.

Outro dado importante das pesquisas anteriormente mencionadas apontou que bebês que nasceram com SRC podem expelir e transmitir o vírus depois do nascimento. Um em cada três bebês, na faixa etária de seis meses de idade, continuou a transmitir o vírus. Por volta de um ano de idade, um cada dez bebês continuaram a expelir o vírus. Por isso, o Ministério de Saúde indica que os bebês que nasceram com SRC sejam isolados no berçário e que se proceda a vacinação preventiva nos familiares.

De acordo com o Ministério da Educação (BRASIL, 2005), no ano de 2003, foi estabelecida a meta de eliminação da rubéola e da SRC nas Américas até 2010. Para isso, é fundamental fortalecer o atendimento de crianças com infecções congênitas e outras malformações compatíveis com SRC para detectar os casos suspeitos, realizar exames diagnósticos e realizar as intervenções mais precocemente.

Sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, herpes

São infecções que podem acometer gestantes causam, geralmente, perdas auditivas associadas a outros comprometimentos como dificuldades motoras, deficiências visuais e baixo peso.

Ingestão de remédios ototóxicos

Isso ocorre quando a gestante contrai infecções que necessita tomar altas doses de antibióticos.

Ingestão de drogas ou alcoolismo materna

Também pode causar perda auditiva associada a outros comprometimentos como transtornos globais do desenvolvimento, microcefalia e déficit intelectual.

A desnutrição, carência alimentar da gestante, exposição à irradiação e diabetes também podem levar á perda auditiva do bebê.

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causas perinatais

Podem ocorrer devido à prematuridade, falta de oxigênio (anoxia) ou insuficiência de oxigênio (hipóxia) no parto ou até mesmo por infecção hospital que acomete o recém-nascido.

As causas que levam um bebê a nascer prematuro são especialmente as relacionadas ao aparelho genital feminino, alterações placentárias (placenta prévia e descolamento prematuro) e excesso de líquido amniótico. Outros fatores incluem: a idade materna, com maior incidência em mães mais jovens, infecções maternas e primiparidade. Porém, na maioria dos casos, a causa é desconhecida. O parto pré-termo é definido como àquele cuja gestação termina entre a 20ª e a 37ª semanas.

A surdez pode ser consequência da prematuridade associada ao uso de drogas ototóxicas na incubadora que precisam ser administradas em altas doses devido à infecções que podem acometer o recém-nascido prematuro.

As causas perinatais podem vir associadas a comprometimentos adicionais como problemas visuais, neurológicos ou físicos, porque a perda de oxigênio durante o parto pode trazer consequências associadas. No caso de infecção hospitalar durante o parto ou logo após o nascimento, o recém-nascido pode ter perda auditiva devido à própria infecção como meningite, ou então adquirir a surdez porque lhe forma administrados altas doses de drogas ototóxicas para debelar a infecção.

causas pós-natais

Meningite, sarampo, caxumba

A meningite é uma das principais causas da deficiência auditiva profunda e causa sérios comprometimentos no órgão da audição, pois o agente infeccioso penetra no ducto coclear ao longo dos vasos e do meato acústico interno.

A meningite é considerada uma doença endêmica porque ocorre ao longo de todo o ano, principalmente no inverno, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais. É causada por diversos agentes infecciosos como bactérias, vírus, parasitas e fungos. As meningites bacterianas e virais são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, pela sua magnitude e capacidade de ocasionar surtos.  Entre as meningites bacterianas a Doença Meningocócica (DM), é mais frequente entre as crianças menores de cinco anos de idade.

Após a implantação da vacina contra meningite no Brasil,  incluída no calendário básico de vacinação da criança a partir de 1999, foi observada redução superior a 90% dos casos de meningite.

Os principais sinais e sintomas são: (crianças acima de um ano de idade e adultos) febre alta que começa abruptamente, dor de cabeça intensa e contínua, vômito, náuseas, rigidez de nuca e manchas vermelhas na pele (petéquias).

Em crianças menores de um ano de idade, os sintomas descritos acima podem não ser tão evidentes, devendo-se atentar para a presença de moleira tensa ou elevada, irritabilidade,  inquietação com choro agudo e persistente e rigidez corporal com ou sem convulsões.

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O tratamento das meningites bacterianas tem de ser introduzido sem perda de tempo, porque a doença pode ser letal ou deixar sequelas, como surdez, dificuldade de aprendizagem, comprometimento cerebral. Já o sarampo pode causar otite média suporativa e labirintite que chega a destruir o ouvido interno e pode também causar perda auditiva neurossensorial de grau moderado a profundo.

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia, causada pela infecção, provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas, como febre alta, tosse, conjuntivite, manchas de Koplik (pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa bucal), exantema caracterizada pela vermelhidão no corpo. Além disso, as complicações infecciosas contribuem para a gravidade do sarampo, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. A vacinação contra o sarampo faz parte do calendário infantil de vacinas.

A caxumba é causa frequente de perda auditiva unilateral, do lado acometido. A caxumba é uma doença viral aguda, caracterizada por febre e aumento de volume de uma ou mais glândulas salivares, geralmente a parótida e, às vezes, glândulas sublinguais ou submandibulares.

Os sintomas da caxumba são: febre, aumento do volume das glândulas salivares localizadas na região da boca, principalmente, a parótida. Podem estar presentes outros sintomas como dor no corpo, dor de cabeça. Em homens adultos, pode ocorrer inflamação nos testículos (orquite) e, em mulheres acima de 15 anos, inflamação nos ovários (ooforite).

É relativamente comum, nos casos de caxumba, o comprometimento do sistema nervoso central, conhecido por meningite asséptica, e pancreatite. Não existe tratamento específico. São indicados repouso, uso de medicamentos analgésicos e observação de possíveis complicações. No caso de orquite (inflamação nos testículos), o repouso e o uso de suspensório escrotal são fundamentais para o alívio da dor.

remédios ototóxicos, em excesso ou sem orientação médica

Bebês prematuros ou que nascem com infecções que necessitam tomar doses altas e frequentes de antibióticos, por um largo período de tempo, podem vir a ter perda auditiva devido à dosagem do antibiótico, se a prescrição continuar após as primeiras semas de vida.

Exposição contínua a ruídos ou sons muito altos

É causa frequente de perda auditiva em adultos e associada à patologias ocupacionais, aquelas relacionadas à atividade laboral com exposição contínua ao ruído.

traumatismos cranianos: por quedas e acidentes

surdez súbita

Geralmente unilaterais caracterizadas por pressão no(s) ouvido(s) ou “estalos” que podem atingir níveis elevados em poucos dias. A surdez súbita é acompanhada de “estalos” intensos, podendo haver vertigem ao mesmo tempo.

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Causas mais frequente da surdez súbita:

»

lesões na cóclea ou no nervo auditivo;

»

formação de coágulos nos vasos sanguíneos que irrigam a cóclea, geralmente

associados à hipertensão;

»

processos infecciosos como sarampo;

»

alergias, como reação a soros, vacinas, picadas de abelha ou comidas;

»

tumor no nervo auditivo;

»

doenças autoimunes - quando o mecanismo de defesa do organismo ataca as células sensórias da cóclea identifi cando-as como corpo estranho;

»

excesso de ruído e exposição intensa ao ruído;

»

infecção bacteriana nos canais semicirculares - labirinto;

»

traumatismos do osso temporal.

Entre as síndromes que causam a surdez é importante esclarecer sobre a Síndrome de Usher, onde a pessoa surda pode vir a perder a visão a partir da pré-adolescência, na forma mais frequente.

A importância desse conhecimento está diretamente relacionada com a comunicação. Se a pessoa surda tem a língua de sinais como língua primeira e, portanto tem a modalidade visual espacial para receber informação do mundo, à medida em que perde a capacidade visual, esta modalidade de comunicação será diretamente afetada.

síndroME dE usHEr

Grupo heterogêneo de doenças, de natureza hereditária, caracterizadas por Retinose Pigmentar (RP) e Surdez Neurossensorial. A heterogeneidade é clínica e genética, sendo identifi cados vários genes responsáveis e as manifestações fenotípicas que produzem.

A Síndrome de Usher (SU) é a causa mais frequente de surdocegueira em adultos estima-se que 3 a 6% de crianças surdas tenham SU (DAVENPORT, 1997). Portanto, trata-se de uma dupla perda sensorial: visual e auditiva que compromete sobremaneira as possibilidades de comunicação.

Há quatro tipos cuja heterogeneidade clínica se relaciona com a heterogeneidade genética de acordo com localização dos genes e cromossomos.

»

SU tipo I;

»

SU tipo II;

»

SU tipo III;

»

SU tipo IV.

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síndroME dE usHEr tiPo i

»

Surdez neurossensorial severa e profunda bilateral, congênita.

»

Ausência de respostas a estímulos calóricos e rotatórios (resposta vestibular ausente).

»

RP aparece ao redor dos 10 anos, é progressiva, bilateral, com degeneração da função dos cones e bastonetes da retina, resultando em restrição do campo visual.

»

Cegueira noturna durante a infância.

»

É a causa mais comum de surdez e cegueira em países desenvolvidos.

síndroME dE usHEr tiPo ii

»

Surdez neurossensorial congênita, não progressiva, entre moderada e severa.

»

As respostas vestibulares são normais.

»

Sintomas da RP aparecem ao final da adolescência.

»

A função visual se conserva até a quinta ou sexta década de vida.

síndroME dE usHEr tiPo iii

»

Perda auditiva pós-linguística progressiva, disfunção vestibular variável, sintomas de RP com diminuição do campo visual e perda de acuidade visual central, geralmente na segunda década de vida.

»

Ocasionalmente comprometimentos neurológicos e retardo mental.

»

É rara e corresponde a 3% dos casos de Usher.

síndroME dE usHEr tiPo iv

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Surdez profunda e RP.

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Fenotipicamente é igual ao tipo I, porém com retardo mental associado.

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Embora não aceito por todos, a SU tipo IV pode ser por herança ligado ao

cromossomo X. São estudos baseados na observação de quatro irmãos relatados por Davenport et al (1978).

A perda auditiva é neurossensorial podendo chegar a perdas mais profundas perda auditiva bilateral e simétrica como na síndrome de Usher tipo 1.

No caso da Síndrome de Usher tipo 3, a surdez tem características progressivas e no tipo 2, a perda auditiva pode ser de moderada a severa.

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A Retinose Pigmentar caracteriza-se inicialmente cegueira noturna, dificuldade de adaptação ao escuro e diminuição do campo periférico. Mais tarde podem aparecer os sintomas mais comuns que são a diminuição da visão central e cataratas. No exame de fundo de olho pode se ver os típicos pontos ósseos, a diminuição da vascularização e a palidez da papila.

A retinose pigmentar caracteriza-se pela perda de campo visual periférico, dificuldades de adaptação com claro e escuro. A perda é progressiva pela degeneração das células da retina.

A retina é a camada interna do olho sensível à luz, situada no fundo do globo ocular. É formada por diferentes células que articuladas umas às outras transmitem a informação visual para o cérebro. Na retina as células fotorreceptoras são estimuladas e produzem uma imagem fiel do objeto, porém invertida e de menor tamanho. As células fotorreceptoras são de dois tipos: cones e bastonetes.

conEs - 6 milhões

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contém iodopsina;

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necessitam de muita luz para serem estimulados;

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responsáveis pela percepção de cores e formas detalhadas;

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estão concentrados na região da mácula de onde partem as fibras do nervo óptico.

bastonEtEs - 110-130 milhões

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contém o pigmento rodopsina;

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são sensíveis a presença de pouca luz;

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responsáveis pela percepção do claro e escuro;

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localizados por toda a área periférica da retina, fora da região da mácula.

Portanto, a degeneração dos cones e bastonetes trazem sérias consequências como a restrição do campo visual e a deterioração da percepção de detalhes e contrastes.

Na Retinose Pigmentar, os bastonetes se deterioram incialmente, por isso os sintomas de perda de campo periférico aparecem primeiramente.

Até o momento não há tratamentos de cura da Síndrome da Usher, portanto o acompanhamento genético para crianças surdas é aconselhável.

Importância do estudo genético:

1. conhecimento dos tipos clínicos da síndrome; 2. conhecimento da forma de herança genética;

3. conhecimento dos mecanismos genéticos envolvidos;

Referências

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