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PARECER nº 1/2017 INSTITUTO DE ACESSO AO DIREITO

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INSTITUTO DE ACESSO AO DIREITO

Largo de S. Domingos, 14, 1º . 1169-060 Lisboa T. 21 882 35 50 . Fax: 21 007 29 55

E-mail: iad.oa@cg.oa.pt https://portal.oa.pt PARECER nº 1/2017

Na reunião da Direção deste Instituto, realizada em 22/03/2017, foi deliberado elaborar parecer sobre o tema exposto no Abaixo-Assinado de diversos Colegas elaborado em Sintra, no dia 3 de novembro de 2016.

Expõem os Colegas signatários do referido documento, em suma, discordarem das alterações efetuadas no SINOA, nomeadamente no que toca à contabilização de sessões para os efeitos do disposto no ponto 9 da tabela anexa à portaria 1386/2004, de 10 de novembro, ao estabelecer que, em cada uma das fases processuais (inquérito, instrução e julgamento), deverão os Advogados descontar 2 sessões, contabilizando, assim, para os fins do mencionado ponto 9, apenas as sessões que excederem duas em cada uma daquelas fases.

Em primeiro lugar, impõe-se esclarecer que tal entendimento não resulta, ao contrário do que parece transparecer do abaixo-assinado apresentado, de qualquer alteração legislativa ou sequer de procedimentos, levados a cabo em junho de 2016. Na verdade, já em dezembro de 2015, no documento denominado “Elucidário do Acesso ao Direito”, elaborado por este Instituto, se apresentava no ponto 5.5 do título II sob a designação “Contabilização de sessões” o seguinte texto:

“5.5. – CONTABILIZAÇÃO DAS SESSÕES - No Ponto 9 da Tabela anexa à Portaria nº 1386/2004, de 10 de

Novembro lê-se: “Quando a diligência comporte mais de duas sessões, por cada sessão a mais…” o Advogado tem direito a uma compensação de 3 UR’S.

A plataforma SinOA está a ser adaptada para contemplar as diferentes fases processuais, por forma a que o Advogado apenas tenha que introduzir todas as sessões realizadas em cada uma delas, sendo o próprio sistema a efectuar a contabilização automática e a subsumir as 2 sessões em cada uma das fases.

Essa adaptação implicará também alterações nas aplicações SPAJ e Módulo Apoio Judiciário.

Enquanto esta intervenção não estiver concretizada terá que ser o Advogado a introduzir no sistema todas as sessões de julgamento, às quais acrescerão somente as sessões de cada uma das demais fases processuais que excedam o número de duas.

Por exemplo, se o profissional forense intervier em 2 assistências a arguido na fase de inquérito, em 4 sessões de debate instrutório na fase de instrução, e em 3 sessões na fase de Julgamento, o profissional forense deverá introduzir no SinOA, 3 sessões de julgamento e 2 sessões da fase de instrução (número que excede as duas sessões automaticamente contabilizadas no sistema). Não irá contabilizar nenhuma sessão da fase de inquérito uma vez que não foram excedidas as duas sessões. Assim, no pedido de pagamento de honorários deverá o profissional forense introduzir 5 sessões. “

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Igual entendimento era veiculado no Elucidário de dezembro de 2013, pelo que, frisamos, o entendimento contra o qual os Colegas subscritores do abaixo assinado se insurgem está longe de ser novo ou constituir qualquer alteração, surgida no ano 2016, relativamente á contabilização de sessões para efeito de contabilização de honorários no âmbito do acesso ao direito.

Importa, ainda assim, apreciar os argumentos aduzidos no referido abaixo assinado. Assiste razão aos subscritores do abaixo assinado quando referem que “Em parte alguma da tabela anexa à Portaria se preveem valores para as diferentes fases processuais”, mas antes para cada tipo de processo sem distinguir as referidas fases processuais.

Porém, ao contrário do que parece ser o entendimento dos subscritores do abaixo assinado- que defendem que tal omissão deveria ser lida no sentido de se realizar uma soma de todas as sessões ocorridas em cada processo, independentemente da sua fase processual, descontando-se apenas duas, o que daria lugar ao pagamento do acréscimo estipulado no ponto 9 da referida tabela anexa, em relação a cada uma das restantes sessões, independentemente da fase processual em que ocorressem- entendemos que, tal interpretação, pese embora refletisse, sem qualquer dúvida, maior justiça na estipulação dos valores a pagar no âmbito de cada intervenção dos Advogados em sede do Acesso ao Direito, teria de advir da estatuição expressa deste entendimento na referida portaria e tabela anexa, o que não aconteceu.

Na verdade, o artigo 26º, n.º 3 da portaria 10/2008, de 3 de janeiro, estabelece “Se o profissional forense for nomeado para as restantes diligências do processo, nos termos do n.º 5 do artigo 3.º, apenas é devida compensação pelo processo”, ao mesmo tempo que a tabela publicada em anexo à portaria 1386/2004 prevê (nomeadamente no que ao processo penal diz respeito) honorários atribuídos por processo e não por fase processual. Em suma, estipulando-se na portaria honorários para o processo e não para cada uma das fases processuais, tal valor incluirá a intervenção do Advogado em todas as fases processuais, independentemente de efetivamente ocorrerem, como sucederá na fase de inquérito (já que a nomeação do Defensor poderá ocorrer apenas no despacho de acusação, ato com o qual aquela fase processual se encerra) ou na instrução.

A consequência de tal previsão era a fixação indistinta do mesmo valor de honorários por cada processo, independentemente de a nomeação de defensor ocorrer na fase de

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inquérito ou mesmo em sede de instrução, obrigando a intervenção do defensor em diversas diligências, ou apenas em fase de audiência de julgamento.

Foi para corrigir essas situações que a tabela anexa à portaria 1386/2004 previu, no seu ponto 9, a existência de mais de duas sessões, estabelecendo-se uma compensação adicional a partir da terceira sessão.

Porém, fosse propositadamente, fosse por manifesta falta de qualidade da técnica legislativa utilizada, a verdade é que tal previsão refere a existência de três ou mais sessões por referência a cada diligência e não por referência à totalidade do processo, colocando um problema adicional à interpretação daquele ponto 9.

Ora, em face do exposto, parece-nos razoável o entendimento que foi alcançado entre a Ordem dos Advogados e os organismos do Ministério da Justiça que integram o Grupo de Trabalho, no sentido de se considerar que o acréscimo determinado pelo ponto 9 da tabela anexa à portaria 1386/2004 abrangerá todas as sessões que excedam duas em cada uma das fases processuais.

Entendemos, pois, que só a previsão expressa do acréscimo estipulado no ponto 9 da tabela relativamente a todas as sessões, independentemente da fase processual em que estas ocorram, poderia sustentar o entendimento expresso pelos Colegas subscritores do Abaixo-Assinado, entendimento que, de lege ferenda, se recomenda ao Conselho Geral, como posição a defender em sede de alteração da tabela de remuneração dos serviços prestados pelos profissionais forenses no quadro da proteção jurídica.

Questão com esta relacionada, embora não abordada no abaixo-assinado, é a da contabilização de sessões sempre que, pelas razões referidas no artigo 328.º, n.º 2 do Código de Processo Penal, seja necessário interromper a audiência de julgamento, implicando continuação da mesma no mesmo dia, no período da tarde. Parece-nos evidente que, não obstante a nota 1 da tabela anexa à portaria 1386/2004 ter sido revogada, mantém-se para efeitos da determinação do número de sessões previstas no ponto 9 da referida tabela: a interrupção que implique retomar a diligência no mesmo dia à tarde, deve redundar na contabilização de uma nova sessão.

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Aderimos nesta matéria, data venia, aos argumentos aduzidos no acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra de 12/10/2016 no âmbito do processo 107/13.4TNDB.C1, disponível em

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/1d5d11062d8d137b8025804c00359d58?OpenDocument , onde se elencam cinco razões para contabilizar como duas sessões aquelas que ocorram na manhã e tarde de um mesmo dia, a saber:

“Em primeiro lugar, porque não foi esta específica questão que a referida Nota quis esclarecer, mas apenas, depois de fixar o critério da interrupção da diligência para determinar o seu número, a de afastar da contabilização as interrupções verificadas no mesmo período, da manhã ou da tarde;

Em segundo lugar porque, a revogação da Nota 1 significa, objetivamente, a ausência de previsão legal do critério da interrupção da diligência, abrangendo então, quer interrupção entre o período da manhã e o período da tarde do mesmo dia, quer a interrupção entre um dia e o dia seguinte;

Em terceiro lugar, porque não prevendo a lei vigente antes da entrada em vigor da Portaria nº 1386/2004, de 10 de novembro, qualquer critério para solucionar esta questão que, então, nem sequer se colocava, da operada revogação não pode resultar automaticamente, o critério que a 1ª instância adotou, por falta de previsão legal;

Em quarto lugar, porque a Portaria nº 1386/2004, de 10 de novembro, se bem que para específicas situações, continua a distinguir o período da manhã e o período da tarde do mesmo dia, como sucede com o seu art. 5º, nº 1 ou com o nº 10 da sua Tabela anexa; e,

Em quinto lugar, porque, perante o vazio legal criado e uma vez que não foi revogado o nº 9 da referida Tabela anexa, a manutenção do critério da interrupção da audiência, nos termos em que o art. 328º, nº 2 do Código de Processo Penal a admite, é a solução que se nos afigura mais razoável e capaz de obstar aos inconvenientes decorrentes das desigualdades apontadas, tanto mais que a Constituição da República Portuguesa qualifica o patrocínio forense – onde se inclui o acesso ao direito e aos tribunais por via, além do mais, da proteção jurídica, de que o apoio judiciário é modalidade – de elemento essencial à administração da justiça, o que só será alcançável com a prestação de serviços de qualidade que, naturalmente, pressupõem a justa e adequada remuneração.”

Em conclusão:

1) Somos do parecer que, no atual quadro legislativo, carece de suporte a interpretação expressa no Abaixo-Assinado em análise, qual seja a de que a regra estabelecida no ponto 9 da tabela anexa à portaria 1386/2004, de 10 de novembro, deve ser interpretada no sentido de abranger todas as sessões de qualquer audiência, que ocorra ao longo de qualquer das fases processuais, que se verifiquem no processo.

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2) Pugnamos, de lege ferenda, no sentido da referida interpretação encontrar suporte legislativo, mediante a inclusão da previsão do pagamento de compensação (que antes entendemos como remuneração, a título de honorários) por qualquer sessão que ocorra nas diversas diligências do processo, além das duas sessões iniciais.

3) Reiteramos o entendimento repetidamente expresso por este Instituto em matéria de contabilização de sessões que decorram de manhã e de tarde: as sessões ocorridas na manhã e tarde de um mesmo dia, devem ser consideradas como duas sessões, para efeitos de contabilização expressa no mencionado ponto 9 da tabela anexa à portaria 1386/2004, de 10 de novembro.

4) Sugere-se ao Conselho Geral que adote as posições externadas nas conclusões 2 e 3, procurando integrá-las, de iure condendo, em alteração legislativa conducente à revisão da tabela de honorários dos Advogados que prestem serviços no âmbito da proteção jurídica.

Este é, salvo melhor opinião, o nosso parecer.

Discutido em reunião da Direção do IAD de 20 de abril de 2017.

Revisto pelo Relator (Rui Sampaio da Silva) e, subsequentemente, aprovado por unanimidade em reunião de 25/05/2017.

Remeta-se ao Conselho Geral, através do Pelouro do Acesso ao Direito e aos Tribunais. Lisboa, 25 de Maio de 2017

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