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APOSTILA Gestao Projetos Culturais

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S U M Á R I O S U M Á R I O

Gestão de Projetos Culturais Gestão de Projetos Culturais

SUMÁRIO SUMÁRIO

AB

ABERERTUTURARA ... 33

APRESE

APRESENTNTAÇÃOAÇÃO ... 33

MÓDU

MÓDULO 1 – LO 1 – DEFDEFINIÇINIÇÕES INIÕES INICIAICIAISS ... 55

UNIDADE

UNIDADE 1 – PROJ1 – PROJETOSETOS ...55 UNIDADE 2

UNIDADE 2 – PROJET– PROJETOS CULOS CULTURAISTURAIS ... 1010 UNIDADE

UNIDADE 3 – IDE3 – IDENTIFICAÇÃNTIFICAÇÃO DO PRO DO PROBLEMAOBLEMA ... 1414 ATIVIDADE

ATIVIDADE – P– PARTE ARTE 11 ... 2323

MÓDU

MÓDULO 2 – ESLO 2 – ESTRUTTRUTURAÇÃURAÇÃO DO PROO DO PROJETJETOO ... 2525

UNIDADE 1

UNIDADE 1 – FORMULAÇÃO – FORMULAÇÃO DO OBJETIVO...DO OBJETIVO... 2525 UNIDADE 2 – I

UNIDADE 2 – IDENTIFICAÇÃDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO...O DO PRODUTO... 3030 UNIDADE 3

UNIDADE 3 – ESTRUTURA – ESTRUTURA LÓGICA DO LÓGICA DO PROJETOPROJETO ... 4444 ATIVIDADE

ATIVIDADE – P– PARTE ARTE 22 ... 5050

MÓDUL

MÓDULO 3 – ORDENAO 3 – ORDENAÇÃO DO PROÇÃO DO PROJETJETOO ... 5353

UNIDAD

UNIDADE 1 – FASESE 1 – FASES, ATIVI, ATIVIDADES E DADES E SUBPROSUBPROJETOSJETOS ... 5353 UNIDADE 2 – DET

UNIDADE 2 – DETALHAMENTALHAMENTO DAS ATIVIDADO DAS ATIVIDADESES ... 5656 ATIVIDADE

ATIVIDADE – P– PARTE ARTE 33 ... 7070

MÓDU

MÓDULO 4 – CONFILO 4 – CONFIGURAGURAÇÃO DO PRÇÃO DO PROJEOJETOTO ... 7171

UNIDADE

UNIDADE 1 – 1 – TEMPO DO TEMPO DO PROJETOPROJETO ... 7171 UNIDAD

UNIDADE 2 – RECURE 2 – RECURSOS HUMANSOS HUMANOSOS ... 7373 UNIDADE

UNIDADE 3 – 3 – ORÇAMENTOORÇAMENTO ... 8282 ATIVIDADE

ATIVIDADE – P– PARTE ARTE 44 ... 8888 AUTOAV AUTOAVALIAÇÃOALIAÇÃO ... 8888 BIBLIO BIBLIOGRAFIGRAFIAA ... 8989 ENCERR ENCERRAMENTOAMENTO... 9494

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ABERTURA

ABERTURA

A

A

PRESENTAÇÃOPRESENTAÇÃO Olá! Seja bem-vindo ao curso Projetos Culturais!

Olá! Seja bem-vindo ao curso Projetos Culturais! Para começar, n

Para começar, não deixe de aceão deixe de acessar, ssar, no ambientno ambiente e ‘‘on-lineon-line’’, as in, as instruçõesstruções!!

Lá, você encontrará novas informações sobre como navegar no ambiente virtual de apre

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Estamos iniciando a parte avançada do programa de Capacitação em Projetos Culturais do MinC. Estamos iniciando a parte avançada do programa de Capacitação em Projetos Culturais do MinC.

Neste curso, chamado Projetos Culturais, vamos refletir sobre o

Neste curso, chamado Projetos Culturais, vamos refletir sobre o instrumento práticoinstrumento prático destinado ao planejamento e à elaboração de projetos cu

destinado ao planejamento e à elaboração de projetos culturais.lturais. Para concluir o curso, você deverá

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Esperamos que continue conosco nesta próxima etapa: o curso avançado!a próxima etapa: o curso avançado! Acesse, no ambiente

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MÓDULO 1 – DEFINIÇÕES INICIAIS

UNIDADE 1 – PROJETOS Todos fazemos projetos... Alguns mais simples, outros complexos... Mas todos esses projetos têm algo em comum...

Nessa definição, encontramos alguns termos-chave essenciais. Vamos conhecê-los...

Objetivo...

Um objetivo, um projeto – essa é uma regra básica. O projeto deve ter um, e só um objetivo – um resultado,output , saída, produto, claramente identificável em termos de custos, prazos e qualidade.

Transitório...

Um projeto tem um ciclo de vida predeterminado, com um começo e um fim. O projeto termina quando seu objetivo é atingido.

Produto...

Qualquer classe de bens, tangíveis ou intangíveis – desde bens materiais até serviços, ideias. Por exemplo, um projeto que tem como propósito estudar a factibilidade do levantamento da vida cultural de uma região, tem como produto uma série de ideias de como fazê-lo, e não um volume encadernado ou um CD gravado, que são simples suportes ao produto.

O termo produto tem o mesmo valor do termo inglês output , aquilo que é feito aparecer no final do processo, o pro(adiante) –ductio(ação de guiar).

Singularidade...

Um projeto é um empreendimento único, qualquer alteração de conteúdo ou de contexto corresponde, necessariamente, à modificação do projeto.

Complexidade...

Um projeto é um compósito articulado de ações – atividades do projeto se dão tanto linearmente como em paralelo. Só faz sentido modelar um projeto quando as atividades necessárias à obtenção de seu objetivo não podem ser ordenadas ou avaliadas imediatamente.

Um projeto é uma organização transitória, que compreende uma sequência de atividades dirigidas à geração de um produto singular em um tempo dado.

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Gestão de Projetos Culturais M Ó D U L O 1

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Outro conceito que precisamos conhecer éciclo de vida...

Ciclo de vida é a trajetória de um projeto, desde a sua ideação até sua finalização... Qualquer produto, serviço, projeto ou instituição passa por um ciclo de concepção, surgimento, crescimento, maturidade, declínio e desaparecimento. O ciclo de vida* pode se referir...

...ao transcurso de uma sequência de atividades que se inicia na configuração e se encerra com a redação de sua memória.

...à identificação do momento em que o produto é gerado.

...à demarcação do ciclo do projeto que vai de sua configuração a seu término.

Momentos de configuração do projeto...

Idealização...

Criamos uma visão geral do produto a ser gerado, imaginamos a dimensão do projeto.

Elaboração...

Planejamos suas diversas fases, estimamos recursos, custos e riscos envolvidos*.

Formulação...

Elaboramos o documento que apresenta o projeto.

Atenção... Antes de começarmos a transformar uma ideia em projeto, temos de verificar se o esforço que teremos de fazer vale a pena.

*ciclo de vida...

Embora a própria base do vitalismo, a idéia-força de que tudo, inclusive as formações sociais, passam por fases vitais – nascem, crescem, vivem a sua maturidade e morrem – seja extremamente discutível, o conceito tem se demonstrado útil em muitas circunstâncias.

*estimamos recursos, custos e riscos envolvidos...

Esse momento é extremamente importante porque a configuração de projetos encerra custos, tanto financeiros como não financeiros. Às vezes, esses custos são consideráveis.

Trata-se, portanto, de verificar se vamos ou não dar início ao processo de modelagem, isto é, trata-se de evitar o risco de investirmos tempo e recursos em algo que depois se mostrará não factível ou irrelevante.

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Ou seja...

A pré-modelagem equivale a uma visão genérica do que pretendemos realizar. Na pré-modelagem devemos responder questões amplas e genéricas* sobre o projeto...

O que o projeto irá gerar?*

Quais os beneficiários potenciais do resultado do projeto?*

Quanto valerá o projeto?*

Ao responder essas questões, eliminamos desvios, antecipamos dificuldades da modelagem do projeto.

Ou seja, o fundamental é termos certeza de que vale a pena o esforço. *questões amplas e genéricas...

O propósito é o de eliminarmos alternativas antes mesmo de despendermos qualquer recurso. Devemos, nesse momento, tentar responder a perguntas fundamentais, baseando-nos unicamente nos nossos conhecimentos, na nossa experiência e na percepção que temos sobre o projeto.

*O que o projeto irá gerar? ...  um bem artístico;  um divertimento;  um serviço;

 um novo conhecimento;  uma ideia.

*Quais os beneficiários potenciais do resultado do projeto? ...  um grupo de pessoas;

 uma comunidade;  a sociedade.

*Quanto valerá o projeto? ...  quanto custará;

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Muitas razões* podem nos levar a criar um projeto cultural...

As razões mais comuns para a criação de projetos culturais são a produção e preservação de bens, assim como a demanda por artes e espetáculos.

Algumas vezes, essas razões são inequívocas.

Outras, derivam de pressões e contrapressões de grupos de interesse.

Para que possamos estar seguros do sentido a dar ao projeto, devemos ter claras a origem e as motivações que levaram à sua configuração.

Aqui, também, algumas questões devem ser respondidas...

Por que o projeto deve ser modelado? ...  maximização de rendimentos;  novas oportunidades de mercado;  novos públicos;

 resposta a pressões políticas;  legitimação;

 novas barreiras de mercado;  novas tecnologias;

 resposta a concorrentes;  retração de mercados;  retração de públicos.

Quem exerce pressão para que o projeto s eja modelado? ...  o público;  os patrocinadores;  os grupos estruturados;  o governo;  os clientes;  os concorrentes;  os fornecedores;  a organização matriz;

*razões para criarmos um projeto cultural ...

Modelamos projetos para dar uma resposta estratégica a um desafio. Para fazê-lo devemos enfocar o projeto no sentido de dar uma resposta apropriada ao que provocou a sua necessidade.

Isto significa dizer que o projeto nascerá e provavelmente viverá em ambiente conflitante, que sofrerá tentativas de interferência política...

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 organizações dependentes;  outras organizações;

 reguladores.

Por quais meios essa pressão é exercida? ...  econômico;  financeiro;  comercial;  ilegal;  legal;  normativo;  político;  tecnológico.

Qual o ambiente em que o projeto deverá ser modelado? ...  adverso;  favorável;  em mudança;  estagnado;  otimista;  pessimista.

Além de serem extremamente variadas, as razões e condições que nos levam a modelar projetos culturais são determinantes da forma e do sentido que lhe daremos.

Por exemplo...

Exemplo 1...

Uma coisa é um projeto que vise conquistar novas plateias para o teatro experimental, devido a pressões de patrocinadores, que veem nisto uma oportunidade de promoção, em um ambiente estagnado...

Exemplo 2...

Outra, completamente diferente, é um projeto de recuperação de documentos motivado pelo surgimento de uma nova tecnologia de restauração, devido à ordem recebida da matriz de uma agência governamental , nas vésperas de uma avaliação de desempenho da instituição...

As razões para modelar um projeto, assim como suas características operacionais lhe dão sentidos particulares...

Técnico...

Quando orientamos o trabalho para atingir objetivos declarados, não permitindo que interferências externas de pessoas, grupos ou organizações incidam sobre a

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 Acomodação...

Quando procuramos satisfazer fontes de pressão, acomodar conflitos de interesse ou ajustar a negociação do projeto.

Evasão...

Quando trabalhamos para evitar a pressão direta, configurando o projeto em outras direções ou postergando sua configuração até que as pressões se dissipem.

Confronto...

Quando dirigimos o projeto para dominar as fontes de pressão. Veja, no ambienteon-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – PROJETOS CULTURAIS Em que um projeto cultural difere de outros projetos?

Instrumentos comuns aos manuais de projetos encontram pouco ou nenhum uso em projetos culturais, pois esses instrumentos...

 envolvem cálculos matemáticos e estatísticos de grande sofisticação1;  recomendam padrões de conduta2;

 tem operacionalização dispendiosa3.

1cálculos matemáticos e estatísticos de grande sofisticação...

Nos projetos que requerem grandes cálculos, o papel do especialista no setor cultural é o de orientar a confecção, controlar a gestão e avaliar os resultados e não de detalhar a modelagem do projeto.

2 padrões de conduta...

As recomendações sobre princípios de conduta, que figuram na maioria dos manuais de projetos, pecam por desconhecer diferenças culturais.

Provocaram, e ainda provocam, imenso descrédito sobre a gestão de projetos enquanto conjunto de técnicas fundamentadas. Isso é verdade não somente para projetos culturais como para iniciativas em todas as áreas e latitudes. A desconsideração das diferenças é absurda tanto para um africano, perplexo ante as recomendações relativas ao controle de duração dos tempos do projeto – um conceito estranho à maioria das culturas daquele continente – como para um agricultor norte-americano, de tradição solidamente arraigada, a quem recomendam que se comporte segundo os padrões das empresas de alta tecnologia doSilicon Valley .

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Ou seja, a cultura é um campo que tem contorno muito especial*...

Por exemplo...

Os gregos diriam que os objetos artificiais, construídos pelo homem são culturais... Os amantes do belo limitariam a cultura às artes...

Os humanistas diriam que cultural é aquilo que é relevante para o homem e para seu convívio com outros homens.

Os antropólogos estão convictos de que o objeto cultural é aquele que tem significado, aquele que explica nossa particularidade, nossa evolução.

Logo...

 o objeto cultural compreende uma forma, um suporte tangível ou intangível;  o objeto cultural representa algo que tem valor para um grupo social;

 o objeto cultural expressa um valor espiritual, representa sentimentos e conhecimentos de um grupo social, mesmo que manifestos por apenas um de seus membros – o artista.

Podemos então definir operacionalmente o projeto cultural como...

Iniciativa voltada para a ação sobre objetos reais e ideais que expressam valores espirituais – sentimentos e conhecimentos – significativos para um grupo social. *contorno muito especial ...

Quando tentamos integrar as diversas tendências de exame dos fenômenos culturais vemos que o ponto que têm em comum é a convicção de que existem objetos que são denotativos ou pelo menos que são mais denotativos de cultura do que outros.

3operacionalização dispendiosa...

Os instrumentos de operacionalização dispendiosa são descartados porque os benefícios prováveis de sua utilização no setor cultural estão, ou parecem estar – o que é indiferente no caso – situados aquém dos custos correspondentes. Isso ocorre com grande parte dos sistemas computadorizados de configuração de projetos, com as análises sofisticadas de demanda e com os sistemas lacrados de produção, os pacotes gerenciais.

Os projetos na área da cultura que requerem tecnologia de ponta são, em geral, projetos tecnológicos – como os de tecnologia de som ou os de controle digital de massa de dados – aplicados a temas de interesse cultural.

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E as questões econômicas dos projetos culturais?

Para começar, o segmento econômico cultura e lazer é um dos que mais crescem* no mundo.

*um dos que mais crescem...

As causas desse fenômeno são múltiplas. Derivam da utilização crescente de máquinas de controle numérico, das novas formas de trabalho, da liberação do tempo enquanto agente de produção.

Mas creio que há um argumento explicativo mais importante do que aqueles originários dos ciclos econômicos. O argumento é o seguinte: até bem pouco, a vida era tão curta que os não adaptados morriam antes de poderem gerar filhos.

No último século, no entanto, pela primeira vez na história, as novas formas de fazer a guerra e os avanços da medicina eliminaram as vantagens competitivas dos mais fortes e mais aptos fisicamente. Com isso, o processo biológico de seleção natural estancou.

Desapareceu no momento em que os mais fracos e menos aptos, em que os não adaptados às agruras da existência, tiveram a sua vida prolongada para além da paternidade. O momento em que os fisicamente menos resistentes passaram a deixar uma descendência antes de deixarem a existência.

Primeiro temos uma abertura de oportunidades. A cultura passa a ser algo mais essencial do que era. A nossa evolução biológica havendo cessado, ou pelo menos desacelerado, o que nos resta como perspectiva e possibilidade? Parece que, como espécie, a única possibilidade evolutiva que nos resta é a da evolução cultural: a da expansão das faculdades da mente, a da compreensão do universo. Isto, é claro, se sobrevivermos fisicamente à estupidez da nossa civilização, que deteriora rapidamente o meio em que vive.

Em segunda instância, como para a evolução biológica, na evolução cultural a diversidade e não a unicidade é a determinante das chances de cada grupo. Quanto mais diversos e diferenciados forem os atributos culturais de um grupo, maior a chance de que o processo de sua evolução tenha curso. É nesse sentido que a herança social, o capital cultural, se torna a maior força.

Somos hoje, em todo mundo, múltiplos, diferentes e razoavelmente integrados. Ainda que à força, ainda que a integração inter-racial, intercultural e inter-religiosa tenha sido e continue sendo extremamente problemática, nós temos uma vantagem competitiva em relação aos outros setores da economia.

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Porém, apesar disso, existem algumas questões que não são muito entusiasmantes... Hoje a cultura está relacionada à vida econômica na qual sobrevivem os mais aptos, os que melhor estão adaptados à competição e à globalização.

No plano econômico, a cultura é especialmente frágil... ...pelas ameaças externas.

...pelo poder massificador dos gigantes do mercado.

...pela baixa capacitação gerencial dos profissionais que atuam na área. De um lado...

O setor cultural oferece oportunidades imensas para a evolução da sociedade, para a realização pessoal e para a ampliação dos horizontes.

De outro lado...

O setor cultural exclui os não aptos, a partir de critérios que não são nem sociais, nem pessoais, nem culturais – são critérios econômicos e administrativos*.

Então, dar um sentido econômico aos projetos culturais é uma atitude, ao mesmo tempo, inadequada e inevitável*.

Isso mesmo, Djanira! Se o projeto tem uma relação custo-benefício positiva, ele será comparado a outras iniciativas também rentáveis financeiramente...

*critérios econômicos e administrativos...

Os que pretendem levar adiante projetos culturais devem entender que estão comprometidos em uma luta pela sobrevivência, uma luta travada segundo as regras, ou falta de regras, da economia de mercado, que se torna mais acirrada na medida em que a cultura se torna um bom negócio.

*inadequada e inevitável ...

Inadequada porque nada do que diz respeito à cultura deveria sofrer restrições, constrangimentos ou ordenação.

Inevitável porque, na atual configuração dos Estados e das economias, inexiste outra forma de atender aos dois propósitos para os quais são formulados os projetos: a obtenção de meios e a gestão de recursos escassos, isto é, financiamento e gerenciamento, outro tema igualmente vasto e intrincado.

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Se os benefícios do projeto não são comerciais, ele será comparado a outras iniciativas não rentáveis.

Logo, em uma economia de mercado, existem dois tipos de iniciativas culturais...

Tipo 1...

Iniciativas culturais que são comercialmente sustentáveis – seu determinante é o custo de oportunidade, o retorno* comparado a outras iniciativas.

Tipo 2...

Iniciativas culturais que independem de considerações econômicas – seu determinante também é a concorrência.

Veja, no ambienteon-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Guto, como identificamos e justificamos o problema que o projeto visa solucionar?

A vontade individual ou de um grupo, aliada ao conjunto de pressões, justifica um projeto.

Por isso, as razões que levam* à construção desse projeto devem estar bem claras. *retorno...

O cotejo dos benefícios gerados com os benefícios que possam advir de outras demandas, o qual pode ser direto, em espécie, ou indireto, como no caso da propaganda.

*razões que nos levam a construir um projeto cultural ...  aproveitar incentivos e apoios governamentais;  aproveitar recursos naturais ou refugos industriais;  atender a demandas de uma comunidade;

 atender a uma prescrição legal;

 atender a demandas comerciais insatisfeitas;

 atualizar administrativamente uma organização da área cultural;  atualizar tecnicamente um serviço;

 conservar bens intangíveis ou tangíveis, móveis ou imóveis;  demonstrar a viabilidade de um empreendimento;

 desenvolver a produção artesanal;

 desenvolver ou adquirir um novo sistema;  desenvolver um novo serviço cultural;  erigir um bem ou implementar um serviço;

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Apesar disso, a avaliação da pré-modelagem de um projeto deve ser rápida e de custo próximo a zero.

Quando investimos recursos e tempo em uma ideia, tendemos sempre a procurar aproveitá-la, mesmo quando não há razão para tal.

Assim, na avaliação pré-modelagem de um projeto, devemos...

 procurar reunir o máximo de informações e opiniões1sobre a ideia que está gerando o projeto;

 definir com precisão o produto do projeto2;

 reunir colaboradores para discutir a ideia do projeto3.  estabelecer sistemas de controle;

 estimular a criação e a manifestação de indivíduos, grupos ou comunidades;

 exportar bens ou serviços culturais;

 importar, adaptar, melhorar ou desenvolver técnicas e tecnologias;  levar a efeito uma campanha educativa;

 melhorar a qualidade de produtos oferecidos;

 obter financiamento ou outro tipo de apoio para um empreendimento;

 preservar bens intangíveis ou tangíveis, móveis ou imóveis;  promover mudanças na estrutura ou no estilo de uma organização

cultural;

 quebrar situações de monopólio ou oligopólio;  substituir importações.

1reunir o máximo de informações e opiniões...

Principalmente sobre as pessoas, grupos e instituições familiarizadas com o assunto e sobre outros projetos de mesma natureza realizados ou não.

2definir precisamente o produto do projeto...

Na área da cultura a má definição de produtos tem causado prejuízos imensos, desacreditado boas ideias e afastado investidores.

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Para completar a frase, coloque as letras na ordem certa.

Uma das principais atividades na pré-modelagem de um projeto é a identificação do PROBLEMA. O problema é uma questão proposta para a qual pretendemos dar uma solução. O problema é uma situação negativa ou de carência que o projeto pretende superar. Entendi o que é um problema, Guto. Mas, e se ele não tiver solução?

Temos de ter certeza da relevância do problema, de que ele realmente existe, de que ele é central, que não é imaginário nem hipotético...

3discutir a ideia do projeto...

As técnicas de conclave mais utilizadas são as seguintes:

 obrainstormingtradicional – chamado dethink up– constituído de uma reunião de um grupo limitado de pessoas, entre 5 e 10 participantes, cujo objetivo é o de gerar, espontaneamente, tantas ideias quantas forem possíveis num período limitado de tempo, sobre um tema ou problema específico. Os participantes devem externar suas ideias, por mais absurdas que essas possam parecer, sem o receio de crítica ou julgamento;

 key-words– consiste em listar numa folha de papel ou editor de texto, o mais rápido possível, todas as ideias que venham a mente sobre o tema abordado, mantendo o foco continuamente, sem preocupação com a escolha e a ordenação das palavras ou mesmo com a sua correta redação;

 mind mapping – especialmente utilizada quando o tema apresentado é complexo ou extenso, e possui tópicos mais importantes ou áreas genéricas que podem ser destacados e dispostos no topo de folhas de papel ou editores de texto, aplicando-se a técnicakey-word a cada um deles. É importante reservar uma folha, chamada de miscelânea, onde serão colocadas as palavras que porventura não se enquadrem sob nenhum dos tópicos apresentados;

 galaxy – esta técnica inicia-se com a disposição do tema no centro de uma folha de papel ouflip chart , e circunde-o. A seguir, escreva

uma nova ideia, circunde-a e ligue-as por meio de uma linha. A cada próxima ideia repita a operação, tomando o cuidado de conectar as ideias relacionadas umas às outras; mantendo as que não se relacionam entre si, conectadas ao tema central. Na maioria das vezes, de um tópico surgem ideias relacionadas, que promovem o surgimento de novas ideias.

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Temos de ter certeza de que não estamos confundindo o problema com a ausência de uma solução.

Existem alguns caminhos para definir o problema...

Um é a utilização de um diagrama de causa-efeito. Outro é a elaboração de uma árvore de problemas.

Quando, ao invés de um problema, temos vários problemas, temos vários projetos, ou seja... 1 problema = 1 produto = 1 tempo = 1 projeto

2 ou 3 problemas = 2 ou 3 produtos = 2 ou 3 projetos Para identificar o problema central do projeto, devemos...

 expressá-lo da forma mais sucinta possível;  evitar o uso deoue dee;

 evitar expressões comotalvez,provavelmente...

 verificar se não se trata de uma hipótese de solução ou de uma ausência de solução.

Não devemos confundir um problema com o que supomos ser sua solução ou com uma ausência de solução*.

Atenção...

Quando apresentamos a ausência de solução – como se fosse o problema – induzimos a adoção da solução que imaginamos.

*ausência de solução...

Um caso típico de problema fictício deriva de que muitas vezes vemos o que outros conseguiram e queremos o mesmo para nós, para nossa organização ou para o nosso grupo.

Deixamo-nos convencer de que nos falta algo e nos lançamos a configurar um projeto que, geralmente, visa solucionar um problema que não existe.

Os exemplos mais frequentes de problemas fictícios são encontrados na luta pela obtenção de equipamentos – principalmente na área de informática – no desejo de maior conforto, na luta porstatuse na briga pela obtenção de serviços especializados.

Um teste prático para evitar essa armadilha é verificar como a ideia do projeto foi lançada. Se os termosseria bom queeeu bem que gostariaforam usados, estamos já em uma zona de perigo.

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Isso é bastante comum e leva a muitos equívocos na área de projetos culturais*...

Por exemplo, para obtenção de financiamento, o problema que um projeto visa resolver não pode ser a falta de dinheiro.

Na configuração do projeto, devemos explicar como o financiamento pretendido é o melhor caminho para superação de um problema.

Na configuração do projeto, devemos explicar por que e para que pretendemos obter o financiamento*.

Quadro –

Equívocos mais Comuns na Identificação de Problemas

Ausência de solução

O que acontece quando o projeto é modelado a partir de uma ausência de solução O que seria um problema real Projeto Aquisição de computadores Faltam computadores Faltam manifestações Não há instalações Não há informação sobre a cultura local Organização de espetáculos Recuperação ou construção de espaços culturais Mapeamento ou levantamento da cultura local Baixa capacidade de armazenamento e processamento da informação O acervo cultural e os costumes locais não se coadunam com manifestações públicas. O acervo material é diminuto ou foi perdido Os levantamentos efetuados no passado estão mal indexados ou simplesmente não foram levantados

O problema real não existe, ou pode ser resolvido sem informatização. Muitas vezes a informatização é feita para dar um ar “moderno” aos serviços a um custo injustificável.

Manifestações são “recuperadas”, isto é, inventadas ou importadas, com prejuízo da cultura (aculturação) e perplexidade da população local.

O espaço é usado para outras finalidades, o acervo é importado ou inventado. É freqüente encontrarmos exposições de fotos sobre a construção ou recuperação do espaço como único acervo a ser mostrado.

Desperdício de esforços e descrédito das populações-alvo. Há regiões que são pesquisadas a cada vez que muda a

autoridade responsável pelo setor cultural. É a indústria do diagnóstico, que recolhe informações, sem indicar remédios.

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* por que e para que pretendemos obter o financiamento...

Invariavelmente esses por quee para queestão relacionados a um problema, a uma situação negativa, que o projeto, obtidos os recursos, irá resolver. Para instituirmos, por exemplo, um centro cultural, solicitamos financiamento para adaptar um imóvel ou para a aquisição do acervo inicial ou para outra providência do gênero, porque o nosso capital não é suficiente.

O problema não é a carência de dinheiro, mas a circunstância de que nos falta um lugar ou de que nos falta o material para poder operar o centro.

É necessário ainda explicar como pagaremos o que nos foi emprestado ou justific ar a aplicação do que nos será concedido.

Muitos projetos que solicitam financiamentos a órgãos nacionais – públicos ou privados – e a órgãos internacionais não resistem a uma análise preliminar.

Esses projetos não deixam claro o problema que pretendem resolver.

Esses projetos confundem o problema com uma hipótese de solução ou com ausência de solução.

Esses projetos acabam sendo recusados porque simplesmente não existe um problema... Ou porque o problema não é aquele que está nele relatado...

Existem vários instrumentos que nos ajudam a fazer uma análise objetiva do problema que vai possibilitar a modelagem do projeto.

Odiagrama da árvore de problemaspossibilita a identificação das relações de causa/  efeito, a partir da definição de um problema central.

Odiagrama da árvore de problemas hierarquiza os problemas, suas causas e seus efeitos.

Os passos para a elaboração do diagrama da árvore de problemas são...

Passo 1...

Identificar os problemas* que levaram a modelar o projeto, atentando para as ausências de solução.

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Passo 2...

Eleger o problema central* que o projeto tentará solucionar.

Passo 3...

Identificar os problemas que são causas do problema central*.

Passo 4...

Identificar os problemas que são efeitos causados pelo problema central*.

Passo 5...

Desenhar o diagrama da árvore de causa/efeito... *identificar os problemas...

Um problema é um fato negativo.

A afirmativanão há apoio para o artesanatoencerra não um problema, mas uma ausência de solução. Isso porque esconde a conjetura de uma solução – dado o devido apoio, o artesanato irá florescer – não submetida à análise técnica.

Uma formulação correta de problema seria os métodos e técnicas de artesanato estão sendo perdidos.

*eleger o problema central ... Dois lembretes:

 vários problemas irão necessitar de vários projetos para serem equacionados;

 problemas críticos não são obrigatoriamente os mais evidentes.

* problemas que são causas do problema central ...

O projeto deve estar voltado para problemas existentes. Devemos evitar trabalhar sobre problemas possíveis, imaginados ou futuros.

* problemas que são efeitos causados pelo problema central ...

Também os efeitos devem ser expressos sob a forma de problemas. Devemos evitar relacionar efeitos vagos ou metafóricos.

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Vejamos um exemplo de como desenhar aárvore de problemas...

Para desenhar a árvore de problemas, temos de, inicialmente, identificar o problema central... Coloque as causas imediatas abaixo do problema central...

Coloque as causas mediatas e remotas abaixo das causas imediatas... Continue colocando as causas abaixo de cada problema...

Coloque os efeitos imediatos acima do problema central...

Coloque os efeitos mediatos e remotos acima dos efeitos imediatos... Continue colocando os efeitos de cada problema...

Liste todo tipo de causa e de efeito, mesmo aqueles que não tem solução ou são muito complexos... Penúria Econômica Local Imitações e Falsificações Desqualificação da Demanda Perda de Qualidade do Artesanato Local Produção Industrializada Demanda por Quantidade Diminuição da Renda Diminuição do Preço Perda das Técnicas Originais Ofertas de Melhores Salários Diminuição do Turismo Cultural Desinteresse dos Colecionadores Dispersão dos Artesãos EFEITOS CAUSAS EFEITOS CAUSAS

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Gestão de Projetos Culturais M Ó D U L O 1

22

Verifique se não há confusão entre causa e efeito...

Lembre-se, cada retângulo deve conter apenas um problema...

Aárvoreexpressa a relação entre as causas – asraízesdo problema central – e os seus efeitos – osgalhosda árvore.

Ou seja...

Aperda de qualidadedo artesanato de uma região é o problema central do projeto. Osefeitos do problemadeterminam uma crise econômico-social grave.

Ascausas do problemasão...

 a perda das técnicas originais de produção artesanal;

 a concorrência de produtos industrializados mais baratos, fabricados em série e que atendem a uma demanda crescente;

 a dispersão dos artesãos em busca de melhor remuneração. Veja, no ambienteon-line, a síntese desta unidade.

Penúria Econômica Local Imitações e Falsificações Desqualificação da Demanda Perda de Qualidade do Artesanato Local Produção Industrializada Demanda por Quantidade Diminuição da Renda Diminuição do Preço Perda das Técnicas Originais Ofertas de Melhores Salários Diminuição do

Turismo Cultural Desinteresse dosColecionadores

Dispersão dos Artesãos EFEITOS CAUSAS EFEITOS CAUSAS

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ATIVIDADE – PARTE 1

Agora que você já sabe da importância de identificar o problema que preten de ser superado pelo projeto, é hora de colocar isso em prática!

Nessa atividade, iremos esboçar um projeto cultural – temporário e de pequena dimensão – em quatro etapas.

Na primeira etapa da atividade, iremos identificar o problema para o qual o projeto pretende apresentar uma solução.

Objetivo

Identificar uma situação negativa que o projeto pretenda superar, por meio da elaboração de um diagrama da árvore de problema.

Tarefa

Elabore um diagrama da árvore que identifique e justifique o problema para o qual o projeto pretende dar uma solução.

Para executar esta tarefa, considere...  o problema central;

 as causas do problema central – raízes da árvore;  os efeitos do problema central – os galhos da árvore. Registre os dados desta atividade namatriz de atividade – parte 1.

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MÓDULO 2 – ESTRUTURAÇÃO DO PROJETO

UNIDADE 1 – FORMULAÇÃO DO OBJETIVO

O segundo passo da modelagem do projeto é definir o produto, ou seja, o produto que será gerado.

Lembre-se...

Um projeto é identificado pelo seu produto. 1 problema = 1 produto = 1 tempo = 1 projeto.

Logo, é fundamental que a identificação do produto seja clara, pois muitos projetos culturais tem objetivos difusos...

Objetivos pouco claros forçam a segmentação, a aplicação de recursos em várias direções, empobrecendo o projeto e, via de regra, deixando-o a meio caminho da conclusão.

Nos projetos culturais, a falta de clareza dos objetivos pode estar relacionada...  à declaração de objetivos encadeados1;

 ao condicionamento simultâneo2.

Um esforço imenso, que leva a lugar nenhum.

1à declaração de objetivos encadeados...

Uma vez conhecido o público alvo, passaremos a...  conhecer o público– primeiro objetivo;

   passaremos a... – segundo objetivo condicionado ao primeiro objetivo.

Podemos modelar um projeto sobre como conhecer o público-alvo.

Sobre o segundo segmento [  passaremos a...] não, pois teremos de conhecer o resultado da configuração do público-alvo antes de determinar o alcance e os recursos necessários à sua elaboração.

2ao condicionamento simultâneo...

Enquanto as bandas municipais realizam apresentações itinerantes, os músicos farão levantamentos sobre o estoque folclórico da região, de sorte que no dia da padroeira seja possível montar um espetáculo em que se combine...

 execução musical – primeiro objetivo;

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Gestão de Projetos Culturais M Ó D U L O 2

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Esses dois objetivos são paralelos*, ou seja, um não depende do outro para sua consecução...

Ainda que um terceiro objetivo, o espetáculo da festa da padroeira, dependa desses dois objetivos.

Existem, entretanto, situações em que vários objetivos precisam ser cumpridos.

Embora os projetos complexos – sequenciados ou realizados paralelamente – não sejam frequentes no campo da cultura, eles podem ocorrer.

Nesse caso, deve ser estruturado um programa, isto é, os projetos devem ser aglutinados, quer sob a forma sequencial – multiprojetos1– quer sob a forma de realização simultânea – projetos integrados2.

*dois objetivos paralelos...

O levantamento pode demandar muito mais tempo e preparo do que simples apresentações.

O que temos ou são dois projetos, um o do levantamento, outro o da apresentação das bandas – que podem encerrar-se com uma apresentação no dia da padroeira; ou três projetos, caso em que a apresentação constitui o terceiro projeto.

1multiprojetos...

No nosso exemplo anterior, [uma vez conhecido o público alvo, passaremos a]... é tipicamente um caso de multiprojeto, semelhante à prática de construção de estradas de ferro.

Usualmente, uma estrada de ferro é construída de modo a que cada fase é cumprida por um grupo diferente, dependendo o início de uma etapa da conclusão de outra.

2 projetos integrados...

No nosso exemplo anterior, [enquanto as bandas municipais realizam apresentações itinerantes, os músicos farão levantamentos sobre o estoque folclórico da região, de sorte que no dia da padroeira seja possível montar um espetáculo em que se combine...] está mais próximo de projetos integrados.

Projetos integrados são comuns no setor primário, em programas de desenvolvimento rural, quando atividades tão diversas como a eletrificação, a irrigação e a titulação de terras devem ser concluídas em sequência determinada, embora pouco dependam umas das outras para serem desenvolvidas.

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Atenção...

Não é a dimensão da tarefa ou o volume dos recursos envolvidos* que determina a visão de vários projetos, mas a diversidade de seus objetivos.

O objetivo do projeto pode ainda estar relacionado à geração de um produto, o qual nada mais é do que serviços a ele associados.

Por exemplo, quando compramos um equipamento, compramos também sua assistência técnica.

Ou seja, um produto e um serviço a ele associado.

O foco, o direcionamento do projeto, deve estar sempre voltado para um produto específ ico*.

Aárvore de objetivosé a técnica que mais nos ajuda a definir com clareza o produto de um projeto.

Vamos conhecê-la a seguir...

A árvore de objetivos descreve uma situação futura, a ser alcançada quando o projeto estiver concluído.

A árvore de objetivos – técnica associada à árvore de problemas – é extremamente útil à clara definição do produto a ser gerado pelo projeto.

*não é a dimensão da tarefa ou o volume dos recursos envolvidos...

A transferência física do templo de Abu-Simbel, por exemplo, foi um projeto único, ainda que enorme, enquanto o tratamento de um sítio de interesse cultural secundário pode implicar em um pequeno programa, em uma série de projetos muito simples, de restauração, de levantamento histórico, de turismo... Examinaremos adiante como resolver situações em que os problemas são múltiplos quando estudarmos os multiprojetos e os projetos integrados.

*voltado para um produto específico...

Para alguns projetos, a individualização do produto a ser gerado não apresenta maiores dificuldades. A discussão sobre o problema que o projeto visa resolver pode indicar imediatamente o produto a ser gerado.

Em outros casos, é necessária uma discussão mais aprofundada para que possamos identificar o produto que melhor contribua para a solução, ou que seja mais relevante, ou, ainda, cuja obtenção seja mais factível.

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Gestão de Projetos Culturais M Ó D U L O 2

28

PRODUTO DO PROJETO

Desse produto, derivamos o objetivo, a finalidade, enfim, o propósito do projeto. Dito de outra forma, temos de converter a árvore de problemas em uma árvore de objetivos.

Para construir a árvore de objetivos é necessário converter a hierarquia de causa/efeito da árvore de problemas* em uma árvore onde as causas/efeitos aparecem com meios/fins do projeto.

Vejamos como fazer essa transformação a seguir...

O que teremos aos perguntarmos o que resolveria no passo 1 da árvore de problemas?

*converter a hierarquia de causa/efeito da ‘árvore de problemas’ ...

No exemplo do artesanato, a perda da qualidade do artesanato originou um projeto que teve como produto o artesanato local recuperado.

Esse projeto constou do recrutamento de artesãos que estavam empregados na indústria local ou aposentados e no seu aproveitamento, com remuneração e garantias trabalhistas superiores às oferecidas pela indústria, como instrutores e artesãos cooperativados.

Os efeitos foram mais benéficos ainda do que os esperados. Graças a algumas externalidades, a situação econômica local não só se recuperou integralmente como ensejou novos projetos nas áreas da saúde e da educação.

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*transformando-as em condições positivas...

Observe inicialmente a formulação textual da árvore de problemas, simplesmente convertendo-a para termos positivos.

Não tente ajustar a árvore de problemas ou de objetivos até terminar a conversão.

Vejamos um exemplo de como desenhar aárvore de problemas...

1...

Temos de desenhar um esquema idêntico ao da árvore de problemas, porém deixando retângulos vazios... Reescrever, em cada retângulo, as condições negativas da árvore de problemas, transformando-as em condições positivas*.

2...

O que eracausasna árvore de problemas, passa a sermeiosna árvore de objetivos. O que eraefeitos, passa a serfins.

Penúria Econômica Local Imitações e Falsificações Desqualificação da Demanda Perda de Qualidade do Artesanato Local Produção Industrializada Demanda por Quantidade Diminuição da Renda Diminuição do Preço Perda das Técnicas Originais Ofertas de Melhores Salários Diminuição do Turismo Cultural Desinteresse dos Colecionadores Dispersão dos Artesãos EFEITOS CAUSAS EFEITOS CAUSAS

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3...

Terminada a conversão, devemos examinar as relaçõesmeio-fins, para verificar se não foram omitidas relações importantes e produtos intermediários. O ideal é trabalhar de cima pra baixo, iniciando com osefeitos/fins e terminando com ascausas/meios.

4...

Finalmente, complementar as relações que estiverem faltando. Acrescentar, se necessário, produtos e objetivos secundários. Eliminar os objetivos que não sejam desejáveis, os objetivos que não sejam realisticamente alcançáveis, os absurdos e os eticamente condenáveis.

5...

Verificar se o grau de exigência na formulação de cada item é necessário e suficiente como precondição para o nível imediatamente superior.

6...

Retomar e reformular aárvore de problemas, se necessário, após concluir a conversão. Repetir esse processo tantas vezes quantas forem necessárias.

Veja, no ambienteon-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO

Aárvore de objetivosfornece uma série de produtos passíveis de serem obtidos no projeto.

A escolha do produto central depende da interpretação do que é mais apropriado, do que está dentro do alcance de quem pode apoiar o projeto...

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Ou seja, sobre um dos retângulos daárvore de objetivos.

Os níveis que expressam os propósitos do projeto* são...

Produto...

Produto* é qualquer classe de bens, tangíveis ou intangíveis – desde bens materiais até serviços – ou ideias geradas pelo projeto.

*níveis que expressam os propósitos do projeto...

Não existem regras universais para as denominações da amplitude dos objetivos. São convenções que variam bastante.

Recuperação Econômica Local Eliminação das Imitações e Falsificações Requalificação da Demanda Recuperação da Qualidade do Artesanato Local Diferenciação da Produção Industrializada Demanda por Qualidade Aumento da Renda Aumento do Preço Recuperação das Técnicas Originais Cobertura de Oferta de Salários Aumento do Turismo Cultural Recuperação do interesse dos Colecionadores Integração dos Artesãos FINS MEIOS * produto...

Preferencialmente utilizaremos produtopara traduzir o termo em inglêsoutput , que é a expressão internacional corrente.

Produto é o termo em português menos impreciso dentre as muitas convenções encontradas na literatura sobre projetos.

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Finalidade...

Finalidades* são objetivos maiores do projeto, isto é, o que será beneficiado ou modificado se equando o objetivodo projeto for atingido.

Objetivo...

Objetivo* é aquilo que será alcançadoquandoo projeto estiver concluído.

Metas...

Metas* são objetivos intermediários quantificáveis.

Lembre-se...

Um projeto é, basicamente, a descrição dos recursos e dos passos necessários para se alcançar um determinado objetivo*.

*objetivo...

Algumas convenções denominam o objetivo de propósito. Outras definalidade específica. Outras, ainda, deobjetivo geral .

O objetivo do projeto muitas vezes é expresso de forma distinta da do produto, outras vezes se confunde com ele.

Por exemplo, um projeto de intervenção em um centro cultural que tem como produto ocentro reestruturado. O objetivo do projeto –reestruturar o centro– e o produto –centro reestruturado– são praticamente a mesma coisa.

Em um projeto de cálculo de viabilidade de um espetáculo, o produto será a

viabilidade calculadae o objetivo será verificar em que condições ainiciativa é viável .

*metas...

Algumas convenções denominam de metas os objetivos intermediários ou

subobjetivos. *finalidade...

Algumas convenções denominam a finalidade de propósito. Outras, de objetivo maior ouobjetivo amplo.

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O que caracteriza em primeira instância o projeto é o seu objetivo, único e preciso*, ou seja, seu produto.

O produto é aquilo que estará realizado quando o projeto estiver concluído. Um truque útil para verificar se o produto está bem definido...

O produto deve sempre poder ser expresso no particípio passado – coisa estruturada, viabilidade calculada...

Logo, o produto deve expressar alguma coisa concluída, pronta. Definido o produto, temos de especificá-lo...

Fixado o produto, o objetivo, as finalidades gerais do projeto, devemos especificar o produto, ou seja...

 a quantidade1ou volume;  a qualidade2;

 o tempo de vida3. *um determinado objetivo...

Quando o produto não é determinado, não é identificável e explicável para qualquer um, quando não informa sobre a origem a quantidade e a qualidade dos recursos, quando não ficam claras as etapas e a forma de como esses recursos serão aplicados, é possível se ter boas intenções, é possível se ter ambições viáveis, mas não se tem um projeto.

E isso é comum no campo da cultura: tem-se um projeto incompleto, cuja chance de sucesso é diretamente proporcional ao grau de rigor alcançado na sua definição.

*objetivo, único e preciso...

Se o objetivo é nebuloso ou difuso como será possível determinar os objetivos intermediários, as metas que, somadas, irão viabilizar a iniciativa? Se forem vários os produtos, como precisar a linha mestra, o caminho crítico do projeto?

1quantidade...

Aquantidadeou volume, por exemplo, tantas peças restauradas, ou pessoas treinadas, ou espetáculos realizados.

2qualidade...

Aqualidade, seguindo a ordem do exemplo visto no itemquantidade: tipo e

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34

A seguir, devemos estudar a demanda para o produto.

O estudo de demanda* se destina a estimar a quantidade e o preço do produto do projeto que clientes ou usuários estariam dispostos a por ele pagar.

O estudo de demanda do projeto focaliza o volume de bens e serviços absorvidos por clientes e usuários.

O estudo de demanda do projeto se destina a verificar se existe mercado para o projeto.

O estudo de demanda do projeto procura determinar oquantumdo produto gerado pelo projeto o mercado, o governo, as organizações não governamentais e outros agentes estariam dispostos a consumir.

A demanda do projeto pode ser classificada a partir de vários critérios, entre eles...

Mercado...

Alguns produtos têm mercado, isto é, têm clientes e usuários dispostos a pagar um preço por eles.

Demanda social ...

Alguns produtos pela demanda de usuários que não podem [projetos sociais] ou não se interessam [projetos públicos] em pagar pelo produto – chamados bens públicos, categoria em que se enquadra a maioria dos projetos culturais.

3tempo de vida...

Otempo de vida– o ciclo de vida do produto –, ainda seguindo o exemplo do item quantidade: a garantia contra deterioração das peças e do restauro, o período até o retreinamento ou o progresso para outras etapas de capacitação, a duração de cada espetáculo e dos efeitos esperados.

*estudo de demanda...

Utilizamos aqui o termoestudo de demandaem lugar deestudo de mercado

para evitar confusões com os estudos relativos à comercialização e porque grande parte dos produtos da área cultural não tem propriamente um mercado, embora tenha uma demanda.

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Os passos fundamentais para a elaboração do estudo de demanda* são...  foco do projeto;

 tempo de vida útil do produto;  histórico do produto;

 classificação do produto.

Vejamos cada um desses passos a seguir...

Foco do Projeto

O enquadramento do projeto – tanto para obtenção de financiamento como para a sua administração – é função da sua finalidade*.

Logo, é preciso ter claro o ponto focal de demanda.

Um produto cultural pode interessar a outra área*, o que facilita a obtenção de * passos fundamentais para a elaboração do estudo de demanda...

Tais estudos são uma parte altamente especializada das atribuições dos economistas.

Como para outros itens de modelagem do projeto, tratamos de indicar uma série de tarefas não necessariamente especializadas – suficientes no caso de projetos de pouca envergadura – e úteis para preparar os levantamentos e considerações anteriores ao envolvimento de especialistas, que costuma ser dispendioso.

*função da sua finalidade...

São comuns projetos na área da cultura com fins educacionais. Também são comuns projetos que tratam da cultura com fins sociais. Projetos como esses serão financiados e enquadrados pelos seus fins.

Por exemplo, um projeto de recuperação de artesanato tem como fim a melhoria das condições sociais de uma comunidade, ele será um projeto social. Isso quer dizer que a prioridade será dada à melhoria das condições sociais e não à recuperação do artesanato.

Se uma alternativa mais interessante do ponto de vista da economia comunitária for apresentado, o projeto de recuperação do artesanato será sacrificado. Logo, projetos como esses terão sua viabilidade analisada pela ótica do social ou educacional, se for o caso.

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36

Tempo de vida útil do produto

A duração da demanda é a característica mais difícil de ser determinada*.

Para estimar a vida útil do produto, podemos usar o conceito deciclo de vida...

Ou seja, mesmo que não possamos medir o que vai acontecer, podemos estimar o momento do produto*.

* produto cultural pode interessar a outra área...

Por exemplo, se o fim de um projeto de desenvolvimento musical for a educação de base, é possível obter financiamento junto aos órgãos governamentais de educação. Mas há que se ter atenção para o fato de que o projeto será monitorado e avaliado como educacional, não como cultural.

Se atrair poucos alunos, é provável que o projeto venha a ser abandonado, em que pese a excelência do seu resultado em termos culturais, porque na área da educação geralmente conta mais a abrangência – educação para todos – do que fatores como a formação de uma elite musical.

Hoje em dia a maior confusão se dá quando o projeto cultural é articulado com o turismo. Há que ter bem claro que a maior parte dos projetos de turismo cultural é constituída por projetos com fins turísticos comerciais e não com fins culturais.

A cultura entra no projeto como parte do seu processo, não como fim. Isso não quer dizer que tais projetos devam ser descartados ou que, necessariamente, sejam danosos à cultura.

Eles podem ser proveitosos para o setor – afinal, de que adianta um bem cultural ao qual ninguém tem acesso? – como podem ter seus benefícios revertidos em parte para a cultura. O turismo predatório pode ser convertido em turismo conservacionista, por exemplo.

*mais difícil de ser determinada...

Em que pese a controvérsia teórica sobre se produtos, serviços, entes sociais... obedecem a um ciclo similar ao dos seres vivos, a ideia é útil em várias etapas da modelagem.

A bem da verdade, a projeção de um ciclo de vida é, geralmente, feita a sentimento. Mesmo a identificação do momento da curva em que se encontra o produto é problemática.

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Por exemplo...

A análise preliminar do ciclo de vida de umasérie de espetáculos de dança regional realizada em uma cidade média do interior pode ser assim expressa...

Embrionária...

Planejamento dos espetáculos; fase de investimento sem retorno que corresponde à modelagem do projeto*.

Lançamento...

O primeiro espetáculo é lançado e enfrenta as dificuldades iniciais; muitas vezes o projeto sofre modificações*.

*estimar o momento do produto...

Por exemplo, podemos chegar a conclusão de que o produto já se encontra no seu declínio, não valendo a pena o investimento no projeto.

Ou que é ainda tão inovador que teremos dificuldades em obter dados que nos informem sobre os riscos envolvidos no projeto.

Ou, ainda, de que o produto é de ciclo curto, requerendo velocidade de inversão e previsão para saída rápida do mercado, como ocorre com a maioria dos produtos ligados à moda.

*modelagem do projeto...

Na preparação dos espetáculos, o timingdo lançamento é essencial para o sucesso do projeto.

É na modelagem que tudo deve ser pensado e previsto. Se houver outra atração ou se o dimensionamento de público for mal feito, por exemplo, o projeto pode fracassar inteiramente.

CICLO DE VIDA DO "PRODUTO" DANÇA REGIONAL

Embrionária Lançamento Crescimento Maturidade Declínio

Receita

Líquida

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Crescimento...

Nessa fase, duas dificuldades são típicas...

 o produto não decola e deve ser abandonado;

 o crescimento do produto está acima da capacidade de produção* prevista no projeto.

Maturidade...

Fase de colheita; muitas vezes essa etapa é extremamente curta, pois se passa rapidamente do crescimento ao declínio.

Declínio...

A atenção deve estar voltada para a retirada do produto do mercado*.

No estudo da demanda, sempre que possível, situações similares e anteriores ao projeto devem ser apresentadas sob a forma de séries estatísticas de origem e de consumo.

Histórico do projeto

Relato do histórico de geração e consumo do produto, relacionando-o à localização e época do projeto.

Mais ainda, existem bens que são demandados diretamente... Outros que são demandados indiretamente...

*acima da capacidade de produção...

A receita líquida obtida da venda de ingressos, seja pelo número de espetáculos, seja pela afluência do público, deve crescer rapidamente.

*retirada do produto do mercado...

No caso de espetáculos, o declínio costuma ser extremamente rápido, seja pela saturação do público, seja pelo surgimento de outras atrações.

É preciso conhecer ométier . Uma retirada antecipada pode implicar em perdas de investimento, enquanto uma retirada postergada pode comprometer todo o ganho do projeto, inclusive inviabilizar projetos futuros de mesma natureza.

Atenção especial deve ser dada na correlação com similares e substitutos, como acontece, por exemplo, com o cinema, o teatro e a televisão. *o projeto sofre modificações...

É importante que, na modelagem, sejam previstas condições de flexibilização, ou seja, alternativas de reforço de propaganda, por exemplo, para essa fase.

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Há ainda bens, cuja procura é derivada da procura por outros produtos.

Existem ainda produtos destinados ao consumo imediato1e aqueles que têm grande durabilidade2.

Logo, a frequência da produção e da aquisição, o perfil de consumo, as estratégias de produção serão tão diferentes quanto diversas forem os tipos de produtos gerados pelo projeto.

Classificação do projeto

 forma, mais ou menos direta, como a demanda se manifesta*;  durabilidade do produto.

*demanda se manifesta...

Adquirimos alguns bens – como os alimentos – para satisfazer necessidades diretas. Outros – como um forno – para nos permitir a produção de outros bens. Obviamente, a demanda por esses tipos de bens obedece a condicionantes diferentes. Por exemplo, a demanda por cursos de balé gera uma demanda derivada por malhas e outros equipamentos associados à dança.

Pode ocorrer, no entanto, que a demanda por cursos de balé decline e que o mesmo não ocorra com a demanda por malhas, que não servem só a um único propósito e podem estar sendo procuradas para a prática de ginástica, ou estarem na moda.

1consumo imediato...

Por exemplo, uma feira de comidas regionais. 2grande durabilidade...

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Combinando essas duas referências, podemos classificar os bens culturais...

Entendida essa classificação, podemos agora calcular sua demanda.

A demanda por bens é determinada pelas aspirações e necessidades dos consumidores.

Os fatores que devem ser considerados no estudo da demanda dos produtos, a serem gerados, são...

Bens de consumo corrente...

 a faixa de preço do produto;

 o percentual da renda que os eventuais consumidores estariam dispostos a gastar na aquisição do produto;

 as motivações* dos eventuais consumidores.

Bens de consumo durável ...

 a faixa de preço do produto;

 os estoques do produto em poder dos eventuais consumidores;  as necessidades de reposição dos estoques1;

 o número de consumidores em potencial;  a renda dos eventuais consumidores;

 as motivações2dos eventuais consumidores. *motivações – bens de consumo corrente...

Produtos que estão na moda, produtos tradicionais... classificação dos bens culturais

bens de consumo

bens de consumo corrente [que são consumidos imediatamente, como alimentos];

bens de consumo durável [que são consumidos durante um prazo mais dilatado, como obras artesanais].

bens de procura derivada

bens intermediários [que são consumidos na produção de outros bens, como matérias-primas e serviços de terceiros]; bens de capital [que servem para produzir outros bens, como equipamentos e edificações].

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Bens intermediários...

 o consumo aparente do bem;  a oferta e preços atuais;  os consumidores potenciais;

 as projeções de crescimento dos consumidores.

Bens de capital ...

 os estoques existentes;  a oferta e preços atuais;  os consumidores potenciais;

 as projeções de crescimento econômico.

Dependendo da área do projeto, a identificação da demanda total pode ter maior ou menor precisão.

Por exemplo, a demanda por produtos exportáveis é objeto de estudos governamentais acurados e de fácil obtenção.

Em outro extremo, a demanda por um espetáculo artístico é determinada...

 por informações imprecisas – públicos de outros espetáculos no passado;  por dados obtidos a sentimento – informações derivadas da experiência e

da sensibilidade das pessoas envolvidas.

O cálculo da demanda total de um produto se dá a partir da estimativa de seu consumo...

Produto de consumo final ...

No caso de produtos de consumo final, a demanda total é calculada por seu consumo aparente...

consumo aparente* = oferta + importações - exportações 1reposição dos estoques...

Por exemplo, um eletrodoméstico – como a aparelhagem de som – tem uma vida útil determinada, isto é, há um momento em que não tem mais serventia e que deve ser reposta, se a renda do consumidor permitir.

2motivações – bens de consumo durável ...

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Produtos de consumo intermediário...

No caso de produtos de consumo intermediário*, a demanda total é calculada...  pela procura por bens de consumo final, em cuja produção são utilizados os

bens a serem gerados pelo projeto;

 pela relação entre os bens de consumo final e o consumo do bem intermediário a ser gerado;

 pela demanda conhecida do produto a ser gerado pelo projeto.

Para estimar a demanda, devemos considerar...

Em primeiro lugar ...

Para estimar a demanda, em primeiro lugar, devemos considerar os preços praticados. Ou seja, devemos relacionar os preços praticados para os produtos iguais, similares e substitutos* daqueles que serão gerados pelo projeto.

Por exemplo...

Uma representação teatral não pode ter ingressos com preços muito diferentes dos de outros espetáculos, nem muito mais caros que os de cinema.

* preços praticados para os produtos iguais, similares e substitutos...

Sempre que possível, devemos identificar a estrutura de custos dos concorrentes instalados, isto é, devemos procurar estabelecer quanto do preço corresponde...

 a custos de produção;  ao transporte;

 à margem de lucro... *consumo aparente...

Dados sobre consumo aparente podem ser obtidos junto a instituições financiadoras, agências governamentais ou órgãos setoriais e regionais. Para grande parte dos produtos de consumo final, deveremos proceder a levantamentos, estabelecimento de séries históricas, extrapolações...

Essa é uma parte importante de modelagem dos projetos e dos seus custos. De forma que para empreendimentos de grande envergadura, o que ocorre é que os estudos de mercado correspondem a projetos específicos, independentes, e que antecedem a configuração de projetos.

* produtos de consumo intermediário...

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Em segundo lugar ...

Para estimar a demanda, em segundo lugar, devemos considerar o perfil dos clientes potenciais do produto.

Ou seja, devemos conhecer as características da possível população consumidora do produto...

 sua classe de renda, no caso de consumidores finais;  seu tamanho, no caso de consumidores intermediários*;  seus hábitos de consumo...

Outros fatores que influenciam a demanda são...

 a delimitação da área geográfica – qual o tamanho e localização da região atendida pelo produto;

 a demanda insatisfeita – quanto da demanda total conhecida ou estimada do produto será atendida quando o projeto estiver concluído;

 a nova demanda presumida – porque o novo produto seria absorvido;  o deslocamento – como o produto substituiria bens e serviços* existentes.

Os principais elementos para projeção da demanda são o histórico do mercado e capacidade instalada de geração do produto do projeto ou de seus similares.

Logo, os componentes da análise da projeção da demanda de um produto são...  a renda média necessária ao consumo do produto;

 a formação do mercado, isto é, como foram historicamente se implantando o fornecimento do produto ou de seus similares;

 as séries históricas de consumo para a área geográfica a ser abrangida pelo projeto – localização;

 o ritmo de crescimento da oferta do produto;

 as séries históricas das suas importações e exportações;  os estoques existentes e as variações conhecidas no passado;

 a situação dos bens que podem ser substituídos pelos gerados pelo projeto;  a situação dos bens que podem substituir os gerados pelo projeto;

 as vantagens fiscais e os incentivos existentes;

 os fatores limitativos para o consumo – legislação, saturação, renda, etc. Veja, no ambienteon-line, a síntese desta unidade.

*consumidores intermediários... Por exemplo, como as lojas.

* substituiria bens e serviços...

Oferecer melhor qualidade, preço, tecnologia apropriada, portanto, ter capacidade de deslocar os atuais geradores/fornecedores.

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UNIDADE 3 – ESTRUTURA LÓGICA DO PROJETO

Identificado o produto, chegamos ao momento da aplicação de um instrumento fundamental na configuração de projetos...

A matriz de estrutura lógica*.

A matriz de estrutura lógica é um gráfico que resume as condições gerais de um projeto. A matriz de estrutura lógica denuncia um problema mal individualizado, um produto mal caracterizado, um objetivo mal definido.

A matriz de estrutura lógica destina-se a...

 permitir uma visão imediata, não detalhada, do objeto, intenções e condições do projeto;

 fixar critérios e meios de verificação de recursos e metas;  indicar as premissas e condições externas ao projeto. Vejam, no sentido vertical, a matriz informa...

MATRIZ DE ESTRUTURA LÓGICA DO PROJETO MEIOS DE VERIFICAÇÃO FINALIDADES OBJETIVO METAS RECURSOS INDICADORES DESCRIÇÃO PRESSUPOSTOS

E agora, Guto? O que fazer depois de identificado o produto?

*matriz de estrutura lógica...

A matriz de estrutura lógica tem recebido várias denominações: matriz lógica do projeto, matriz de regulação, marco lógico do projeto...

Qualquer que seja a linha de trabalho, a matriz de estrutura lógica, ou uma das formas da matriz, é utilizada como instrumento central de configuração.

Ao preenchermos a matriz de estrutura lógica, estaremos criticando o trabalho feito e ordenando o que ainda resta por fazer.

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...afinalidade, ou seja, o objetivo global, a política, em que o projeto se insere. ...oobjetivo, o produto, ou seja, o propósito do projeto, o que será alcançado quando o projeto estiver concluído.

...asmetas, ou seja, os diversos produtos intermediários que, sempre que possível, devem ser expressos quantitativamente.

...osinsumos, ou seja, os recursos necessários à obtenção do produto. Já, no sentido horizontal, a matriz informa...

...adescriçãosumária do projeto. ...osindicadoresde desempenho.

...osmeios de verificação, ou seja, os instrumentos e documentos de aferição dos indicadores.

...ospressupostos, ou seja, situações e fatores externos que, estando fora do controle e influência do projeto, podem alterar sua condição de viabilidade.

A matriz de estrutura lógica é um instrumento de verificação geral.

A matriz de estrutura lógica pode – e deve – ser reformulada tantas vezes quantas forem necessárias.

O único método seguro para o preenchimento da matriz de estrutura lógica é o de aproximações sucessivas...

Começamos sempre da esquerda para a direita e de cima para baixo...

finalidade

para alcançar esta finalidade deve-se gerar o seguinte produto

para gerar este produto deve-se alcançar as seguintes metas

para se alcançar estas metas, são necessários os seguintes insumos

Referências

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