FEIRA DE CIÊNCIAS COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA
Alanna Crystine Lima Farias de SOUSA (UEPA) alannacrystine@gmail.com Glauce Catarine Malheiros MAIA (UEPA) glaucemmaia@gmail.com Maria Dulcimar de Brito SILVA (UEPA) mariadulcimar@gmail.com Prisna Jamile Santos LEDER (UEPA) jamille_leder_23@hotmail.com
RESUMO
O Ensino de Ciências vem passando por mudanças metodológicas que visam maior aproximação e entendimento dos alunos acerca dos acontecimentos e fenômenos que os cercam. Por essa razão uma feira de ciências foi realizada no espaço de conveniência do campus de educação (CCSE) da UEPA pelas turmas de licenciatura plena em ciências naturais com as habilitações de química e biologia, a qual tinha como objetivo integrar os conhecimentos de química e biologia para auxiliar na aprendizagem dos participantes (alunos de graduação, de ensino fundamental e médio). Nesta feira foi realizado um experimento para demonstração dos conteúdos de ácidos e bases, além de um jogo de memória “memoQuim” para auxiliar na aprendizagem sobre a utilização dos elementos químicos no cotidiano.
PALAVRAS-CHAVE: feira de ciências; experimentação; jogos.
Área temática: Ensino de Química.
INTRODUÇÃO
A educação em ciências é um processo que vem sofrendo graves dificuldades desde seu início, pois o conteúdo referente a ela tem sido visto por muitos estudantes como abstrato, fictício, sem aplicabilidade e envolvimento com o seu cotidiano (LIMA, 2008).
Ainda segundo os autores, mostrar de forma lúdica a química, desmistificando a visão abstrata desta disciplina entre os estudantes, é capaz de facilitar o diálogo entre o ensino aprendizagem.
O Ensino de Ciências objetiva não só o aprendizado dos conteúdos, mas também uma mudança de postura com relação à procura do conhecimento, dessa forma, ser o agente ativo desta procura. (SOARES; MUNCHEN; ANDAIME, 2013). Ainda segundo eles, o ensino deve se utilizar ferramentas como softwares, jogos, experimentação para alcançar maior aprendizagem dos alunos.
Nas aulas de química, sabe-se que o professor só tem a preocupação de transmitir conteúdo, sem contextualização ou aproximação da realidade do aluno, fazendo com que o mesmo perca o interesse dos conteúdos e causando certa resposta pela disciplina, dessa forma não havendo relação
com o conhecimento prévio do aluno com o conteúdo ministrado, assim, consequentemente, não havendo aprendizagem.(GUIMARÃES, 2009). Para o ensino de química, é importante falar da importância desta na compreensão da natureza, e para isso, é importante fazer experimentos e jogos que facilitem o aprendizado, e dessa forma possam entender as explicações científicas para as transformações visualizadas. (FARIAS; BASAGLIA; ZIMMERMMAN, 2009).
Acredita-se que sem a prática da experimentação o aluno possa ter dificuldades acentuadas para compreender temas e conceitos trabalhados em sala de aula. Esta metodologia trás consigo o despertar o interesse escolar do aluno, juntamente com o desejo de se obter uma maior compreensão de observações analisadas em tais experimentos. Vale ressaltar que a experimentação deve ser atualizada como uma instrumentalização, ou seja, deve ser um instrumento facilitador do ensino-aprendizagem, aliado com a prática em sala de aula (GUIMARÃES, 2009).
Para Lima (2008), o jogo é uma ferramenta de auxilio educacional, utilizando-se da diversão para auxiliar o processo de ensino aprendizagem e adotando para ampliação do conhecimento, facilitando a relação professor - aluno.
A feira de ciências é considerada um espaço informal de ensino, que promove a obtenção e troca de conhecimentos entre os alunos, sejam eles expositores ou não, e a comunidade visitante do evento científico. A promoção desse tipo de atividade científica tem como desafio principal por em prática de forma lúdica (através de experimentos e/ou jogos) e eficaz os conteúdos abordados em sala de aula, buscando, assim, aguças ainda mais o conhecimento científico dos alunos. (MELO, 2012). Essa afirmação pode ser evidenciada no trecho abaixo:
“... incentivar a atividade científica, favorecimento da realização de ações interdisciplinares; estimular o planejamento e execução de projetos, estimular o aluno na busca de elaboração de conclusões a partir de resultados obtidos por experimentação; desenvolver a capacidade na elaboração de critério parava compreensão de fenômenos ou fatos, pertinentes a qualquer tipo, quer cotidiana, empírica ou científica; proporcionar os alunos expositores uma experiência significativa no campo sócio científico de difusão de conhecimentos; integração da escola com a comunidade.”
Destacamos alguns pontos importantes de uma Feira de Ciências: a troca de ideias, do reconhecimento do trabalho do outro e de seus próprios limites, do relacionamento com outras pessoas (colegas, professores, público); aprendizagem na área de comunicação, como por exemplo, mudança da visão de educação; estímulo à reflexão e à análise crítica; ampliação dos conhecimentos.
A amostra científica de ciências naturais “Experimentando a Ciência” foi realizada no dia 12 de dezembro de 2014 no espaço de conveniência do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), da Universidade do Estado do Pará (UEPA).
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização do experimento ”O líquido que tira o sangue das mãos”, foi-se feito duas soluções: na primeira foi dissolvido açafrão em água, para pintar uma folha de papel A4, e a segunda, uma mistura de água e amoníaco para deixar esta base mais fraca, possibilitando o contato com a pele.
Para a realização do “memoQuim”, utilizou-se papel coche para imprimir as cartas que depois foram plastificadas com papel contact. O jogo possuía 24 cartas, nas quais 12 continham o nome e símbolo dos elementos mais abundantes na terra, e as outras 12 cartas continham informações referentes à aplicabilidade cotidiana dos mesmos.
Na feira de ciências, a exposição apresentou três momentos. No primeiro momento foi desenvolvido o experimento, no qual se borrifou a solução de água e amoníaco nas mãos do público presente no estande, e depois, foram orientados a pressionar as mãos no papel contendo a solução de água e açafrão.
No segundo momento, aplicou-se o jogo, onde foi-se feito um “duelo” entre os participantes. Para jogar, foram-se viradas as cartas ao contrário, a fim de que os participantes formassem pares para encontrar o elemento correspondente a aplicabilidade. O ganhador seria aquele que conseguisse maior número de pares de cartas.
No terceiro momento, aplicou-se um questionário, o qual continha 4 perguntas subjetivas sobre as práticas realizadas, para avaliar se a experimentação e o jogo ajudou no entendimento dos conceitos de ácidos e bases.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando as respostas dos alunos sobre a feira, serão feitas análises com base nas respostas dos alunos.
A feira teve visitantes com idades de 10 a 23 alunos, onde a Tabela 1 mostra as idades e o sexo dos visitantes da feira, totalizando 20 pessoas, das quais 8 eram do sexo feminino e 12 do sexo masculino.
IDADES FEMININO MASCULINO 10 ANOS 1 - 16 ANOS 1 2 17 ANOS 4 5 19 ANOS - 2 20 ANOS - 1 21 ANOS - 1 22 ANOS 1 1 23 ANOS 1 -
As questões 1 e 2 são referentes à experimentação realizada, abordando o conteúdo de ácidos e bases. Estas questões foram feitas a fim de comprovar que o uso do lúdico auxilia na aprendizagem dos alunos. A questão 3 foi elaborada para saber se o jogo contribuiu, de alguma forma, com a aprendizagem dos elementos químicos presentes no cotidiano e a questão 4, para verificar se as atividades contribuíram no conhecimento destes.
Questão 1: “O que você achou do experimento? Por que?”
Todos os participantes disseram que acharam interessante, e que o experimento facilitou a aprendizagem da explicação por traz de alguns fenômenos do cotidiano, como mostra as respostas dos participantes P1 e P2, respectivamente: "Muito interessante, porque pude ver como eles reagem e que eles estão presentes na nossa vida. Não sabia que o amoníaco era uma base". "Muito legal. Pude entender que alguns coisas são explicados pelos conceitos de ácidos e bases".
Pode-se perceber que a feira de ciências possibilita aprendizagem de conhecimentos científicos através de experimentos que expliquem o cotidiano, assim havendo troca de saberes e de vivências entre os participantes e os expositores (MOTA et al, 2012).
Questão 2: “O experimento ajudou na compreensão do conteúdos de acidez e basicidade?” Todos os participantes concordaram que o experimento ajudou no entendimento dos conteúdos ministrados, mostrado na resposta do participante P3: "Sim. Me ajudou a entender como os ácidos e bases estão inseridos no dia a dia, como o ácido muriático, soda cáustica".
Mediante as respostas acima, podemos observar que os experimentos auxiliam na aprendizagem de conteúdos de química, assim mostra, de forma simples, o conteúdo ministrado (SOUSA; SILVA, 2012).
Questão 3: “O que você achou do jogo memoQuim?”
Todos os participantes disseram que gostaram do jogo e que puderam perceber que os Tabela 1: Tabela de idade e sexo dos visitantes da feira
elementos químicos estão no cotidiano deles, como mostra a resposta do participante P4: “Legal porque eu pude descobrir os elementos químicos presentes na minha vida”. Também pode-se perceber que estes não sabiam das aplicabilidades dos elementos, mas que puderam aprender com o jogo, evidenciado na resposta do participante P5: “Pude aprender onde eles são utilizados como o titânio que é utilizado em próteses”.
Como pudemos ver, os jogos ajudam na aprendizagem de conteúdos de química, pois proporcionam aos alunos uma forma prazerosa e criativa de estudar, estimulando o aluno a buscar conhecimento científico (SOUSA; SILVA, 2012).
Questão 4: “As atividades (experimento e jogo) contribuíram para seu conhecimento?”
Os participantes, disseram que as práticas realizadas foram proveitosas e ressaltaram que se as escolas fizessem práticas como essas, a aprendizagem seria melhor, evidenciados nas respostas dos participantes P6 e P7, respectivamente: "Sim. Pude aprender sobre ácidos e bases e pude ver a química aplicada no nosso dia a dia. Se a escola que estudei meu ensino médio tivesse feito coisas do tipo, facilitaria muito que eu entendesse os conteúdos de química". "Com certeza. Ver a química na minha vida foi uma surpresa porque nós (ensino médio) estudamos pra passar em provas e decoramos muita coisa e isso seria evitado se o professor de química fizesse isso com a gente".
As atividades lúdicas contribuem para o ensino de conteúdos pois desperta a curiosidade, interesse e a imaginação, provocando os alunos a buscar explicações científicas (NASCIMENTO; BARRETO, 2013). O jogo e o experimento apresentados contribuíram para a compreensão de eventos do cotidiano através das explicações científicas, assim, facilitando a aprendizagem (SOUSA et al, 2012).
CONCLUSÃO
Diante do exposto, pode-se dizer que a feira de ciências possibilita o ensino de forma lúdica e simples, abordando a teoria e a prática, facilitando, assim, a aprendizagem, de modo que instiga o aluno a participar e interagir com a sociedade e com meio no qual está inserido.
REFERÊNCIAS
FARIAS, C. S.; BASAGLIA, A. M.; ZIMMERMMAN, A. A importância das atividades experimentais no ensino de química. 1º CPEQUI – 1º Congresso Paranaense de Educação Em Química, Paraná, 2009.
GUIMARÃES, C. C. Experimentação no ensino de química: caminhos e descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química nova na escola, Vol. 31, nº 3, Agosto, 2009.
MELO, E. S. N. A prática pedagógica: tecituras e reflexões a partir das experiências no pibid – Pedagogia - UFRN. XVI Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino (ENDIP) - UNICAMP. Campinas, 2012.
LIMA, M. E. C. Feiras de ciências: o prazer de produzir e comunicar. In: PAVÃO, A. C.; FREITAS, D. Quanta ciência há no ensino de ciências. São Carlos: EduFSCar, 2008.
MOTA, C. C. P.; GOÉS, J.; RODRIGUES, L. L.; SANTOS, I. M.; MASSENA, E. P. Feira de ciência: atividade inovadora na formação docente? XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI). Salvador, 2012.
NASCIMENTO, T. P.; BARRETO, M. V. S. A importância de atividades lúdicas na aprendizagem de crianças com necessidades especiais. Universidade Estadual do Ceará (UECE), 2013.
SOARES, A. B.; MUNCHEN, S.; ADAIME, M. B. Uma análise da importância da experimentação em química no primeiro ano do ensino médio. Encontro de Debates no Ensino de Química (EDEQ), 33º, Rio Grande do Sul, UNIJUI, 2013.
SOUSA, H. Y. S.; SILVA, K. O. Dados orgânicos: Um jogo didático no ensino de química. Holos, ano 28, vol. 3, 2012.
SOUSA, E. M.; SILVA, F. O.; SILVA, T. R. S.; SILVA, P. H. G. A importância das atividades lúdicas: uma proposta para o ensino de ciências. Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação (VII CONNEPI). Palmas, 2012.
ANEXO 1
Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Sociais e Educação
Curso de Licenciatura em Ciências Naturais – Química
DISCIPLINA:RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
Idade:__________ Gênero: _________________ Data:____/____/____
1. O que você achou do experimento?
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2. O experimento ajudou na compreensão do conteúdo de acidez e basicidade?
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3. O que você achou do jogo “memoQuim”?
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4. As atividades (experimento e jogo) contribuíram para seu conhecimento?
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