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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE GUSTAVO CAUS ISFER DESLOCAMENTO DE ABOMASO E MASTITE DE VERÃO

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(1)

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

GUSTAVO CAUS ISFER

DESLOCAMENTO DE ABOMASO E MASTITE DE VERÃO

CURITIBA

2013

(2)

GUSTAVO CAUS ISFER

DESLOCAMENTO DE ABOMASO E MASTITE DE VERÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário.

Orientador: Prof. Wellington Hartmann

Orientador Profissional: Marcio Barciella Veiga

CURITIBA

2013

(3)

TERMO DE APROVAÇÃO

GUSTAVO CAUS ISFER

DESLOCAMENTO DE ABOMASO E MASTITE DE VERÃO

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção título de Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, de de 2013.

___________________________________ Curso de Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Wellington Hartmann Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.a Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que estiveram ao meu lado atrás deste desejo de cumprir a meta de me tornar um Médico Veterinário. Todos, por menor que seja a cooperação, fizeram parte desta conquista.

Agradeço aos profissionais que pude acompanhar durante meus estágios, que puderam me passar a calma de suas experiências.

Agradeço aos professores, que não foram só mestres, mas se tornaram amigos com quem pude dividir muitas alegrias.

Agradeço a meus pais e irmãos por sempre poder contar com eles.

Agradeço a Manuelle pelo amor, companheirismo, paciência... e muito mais. Obrigado pelo nosso amor.

Agradeço aos meus avós que mesmo ausentes, eu sei que sempre estiveram comigo a cada passo que eu dei.

O fim desta jornada é apenas o inicio de tantas outras que percorrerei na minha vida tendo em vocês meus alicerces.

(5)

Meu destino eu mesmo faço e ao santo pai eu entrego, Sei que um dia eu sossego, mas não vai ser por fracasso.

(6)

RESUMO

No período de 4 de Março a 3 de Maio de 2013 foi realizado o estágio obrigatório na Policlínica Veterinária Pioneiros, localizado na região de Carambeí-PR, totalizando 360 horas de carga horária. O orientador profissonal foi o médico veterinário Márcio Barciela Veras. Acompanhando as áreas de clínica médica, cirúrgica, reprodutiva e controle sanitário, com diversos profissionais, pois a Clínica é composta por onze médicos veterinários. Foram atendidos 184 casos, sendo 72 de clínica médica e 112 de clínica cirúrgica de bovinos leiteiros. O presente trabalho dá ênfase ao deslocamento de abomaso e mastite bovina. A casuística de atendimentos predominava as raças Holandesa, Pardo-suíço e Jersey. A região tem vocação específica para a produção leiteira, com produtividade média de 37 litros/vaca/dia, nas fazendas selecionadas.

(7)

ABSTRACT

In the period from March 4 to May 3, 2013 was held the compulsory internship at Pioneer Veterinary Clinic, located in the region of Carambeí-PR, totaling 360 hours of workload. The supervisor was profissonal veterinarian Marcio Barciela Veras. Accompanying the areas of clinical, surgical, and reproductive health control with several professionals, as the clinic is composed of eleven veterinarians. 184 cases were treated, 72 of 112 medical and surgical clinic of dairy cattle. This work emphasizes the displaced abomasum and mastitis in cattle. The series of visits predominated the Holstein, Brown Swiss and Jersey. The region has a specific vocation for dairy production, with an average yield of 37 liters / cow / day in selected farms.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - POLICLÍNICA VETERINÁRIA PIONEIROS ... 16 FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS GÁSTRICOS DOS

BOVINOS ... 19 FIGURA 3 - DESENHO ESQUEMÁTICO DO DESLOCAMENTO DE

ABOMASO PARA A ESQUERDA, QUANDO O ABOMASO ASSUME UMA POSIÇÃO ANORMAL FICANDO ENTRE O

RÚMEN E A PAREDE DO ABDÔMEN ... 20 FIGURA 4 - INCISÃO FLANCO DIREITO ... 27 FIGURA 5 - DESENHO ESQUEMÁTICO DO DESLOCAMENTO DE

ABOMASO PARA A DIREITA, QUANDO O ABOMASO

APRESENTA UMA ROTAÇÃO DE 180o ... 29 FIGURA 6 - SALA DE ORDENHA EM BOAS CONDIÇÕES HIGIÊNICAS ... 42

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - NÚMERO DE ATENDIMENTOS CLÍNICOS REALIZADOS NO

PERÍODO DE ESTÁGIO ... 16 TABELA 2 - NÚMERO DE INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS REALIZADAS

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Av - Avenida

bpm - batimentos por minuto C - graus Celsius

cm - Centímetro

DA - Deslocamento de abomado

DAD - Deslocamento de abomaso à direita DAE - Deslocamento de abomaso à esquerda g - gramas IV - Intravenoso kg - Quilograma l - litros mg - miligramas ml - Mililitro MV - Médico veterinário PR - Paraná VA - Vólvulo abomasal VO - Via oral

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ... 15

2.1 CARGA HORÁRIA E ORIENTADOR ... 15

2.2 APRESENTAÇÃO DA POLICLÍNICA VETERINÁRIA PIONEIROS ... 15

2.3 CLÍNICA MÉDICA ... 16

2.4 CLINÍCA CIRÚRGICA ... 17

3 REVISÃO DE LITERATURA – DESLOCAMENTO DE ABOMASO ... 18

3.1 ABOMASO ... 18

3.2 DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA ESQUERDA (DAE) ... 19

3.3 FATORES DE RISCO ALIMENTAR ... 21

3.3.1 Nutrição e manejo pré-parto ... 21

3.3.1.1 Altos níveis de alimentação com grãos ... 21

3.3.1.2 Alimentação com fibra bruta ... 22

3.3.2 Fatores de risco, idade e criação ... 22

3.3.3 Estação do ano ... 22

3.3.4 Produção leiteira ... 22

3.3.5 Final da prenhez ... 23

3.3.6 Doenças concomitantes ... 23

3.3.7 Fatores econômicos ... 23

3.4 SINAIS CLÍNICOS DO DAE... 24

3.4.1 Diagnóstico do DAE ... 24

3.4.2 Diagnósticos diferenciais do DAE ... 25

3.4.3 Tratamento do DAE ... 25

3.4.4 Omentopexia pelo flanco direito, método de Hannover ... 26

3.4.4.1 Anestesia e preparação cirúrgica ... 26

3.4.4.2 Técnica cirúrgica ... 27

3.4.5 Achados necroscópicos ... 28

3.4.6 Prevenção e controle ... 28

3.5 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A DIREITA (DAD) ... 28

3.5.1 Sinais clínicos e diagnóstico diferencial do DAD ... 29

3.5.2 Diagnóstico DAD ... 30

(12)

3.5.4 Correção cirúrgica DAD ... 31

3.5.5 Prevenção e controle DAD ... 32

4 DESLOCAMENTO DE ABOMASO - RELATO DE CASO ... 33

4.1 HISTÓRICO DE CASO CLÍNICO ... 33

4.2 ANAMNESE ... 33 4.3 EXAME CLÍNICO ... 33 4.4 DIAGNÓSTICO ... 34 4.5 TRATAMENTO ... 34 4.6 TÉCNICA CIRÚRGICA ... 34 4.7 DISCUSSÃO ... 35 5 MASTITE BOVINA ... 37 5.1 INTRODUÇÃO ... 37

5.2 ANATOMIA DA GLÄNDULA MAMÁRIA ... 37

5.2.1 Glândula mamária da vaca adulta ... 38

5.2.2 Suprimento sanguíneo ... 38

5.2.3 Teto ... 39

5.2.4 Influência da idade e do estágio de lactação ... 39

5.3 PRINCÍPIOS PARA O CONTROLE DA MASTITE ... 39

5.3.1 Imersão das tetas em solução desinfetante após a ordenha ... 39

5.3.2 Pré-imersões ... 40

5.3.3 Terapia antimicrobiana intramamária em vacas secas ... 40

5.3.4 Controle de mastite ambiental ... 41

5.3.5 Higiene e práticas de ordenha ... 41

5.3.6 Estratégias nutricionais ... 42

5.3.7 Nutrição ... 42

5.3.8 Manejo da cama e do estábulo ... 43

5.3.9 Influência da ordenhadeira mecânica ... 43

5.4 CLASSIFICAÇÃO GERAL DE MASTITE CONTAGIOSA E AMBIENTAL ... 44

5.4.1 Mastite aguda ... 44

5.4.2 Mastite gangrenosa aguda ... 45

5.4.3 Mastite crônica ... 45

5.5 DIAGNÓSTICO DE MASTITE CLÍNICA ... 45

5.5.1 Diagnóstico da mastite subclínica... 46

(13)

5.5.3 Exame bacteriológico ... 46

5.5.4 Testes bioquímicos e outros testes ... 46

5.6 ETIOLOGIA DA MASTITE ... 47

5.7 MASTITE DE VERÃO ... 47

5.7.1 Etiologia ... 47

5.7.2 Epidemiologia ... 47

5.7.3 Fonte de infecção e modo de transmissão ... 48

5.7.4 Fatores de risco ... 48 5.7.5 Importância econômica ... 48 5.7.6 Patogênese ... 48 5.7.7 Doença clínica ... 49 5.7.8 Tratamento ... 49 5.7.9 Controle ... 50

6 MASTITE DE VERÃO – RELATO DE CASO ... 51

6.1 ANAMNESE ... 51 6.2 EXAME CLÍNICO ... 51 6.3 DIAGNÓSTICO ... 52 6.4 TRATAMENTO ... 52 6.5 DISCUSSÃO ... 52 7 CONCLUSÃO ... 53 REFERÊNCIAS ... 54

(14)

1 INTRODUÇÃO

A pecuária leiteira atual visa maior produtividade e a manutenção das características de qualidade do leite. A procura por genética, formulações nutricionais bem balanceadas que elevem a produção e a sanidade desses animais é constante. Essa exigência acaba muitas vezes levando os animais ao seu limite produtivo, o que pode acarretar diversos problemas relacionados à saúde e bem-estar animal.

O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo e cresce a uma taxa anual de 4%, superior a de todos os países que ocupam os primeiros lugares, respondendo por 66% do volume total de leite produzido nos países que compõem o Mercosul (EMBRAPA -GADO DE LEITE, 2008).

Arapoti, Carambéi e Castro são os municípios localizados na região do ABC, constituindo uma das maiores bacias leiteiras do Brasil com capacidade de produção de quase 3 milhões de litros/dia, totalizando aproximadamente 100.000 animais na região, com elevado valor genético. As colônias holandesas buscam cada vez mais a tecnificação do seu rebanho, o que muitas vezes provoca estresse aos animais, deixando-os susceptíveis a doenças metabólicas que podem levar ao deslocamento de abomaso, entre outras estima a Cooperativa Castrolanda, Castro-PR.

Na clínica médica e cirúrgica de bovinos leiteiros tornou-se muito comum a detecção do deslocamento de abomaso para esquerda (DAE), deslocamento de abomaso para direita (DAD) e a torção de abomaso para direita (vólvulo).

O deslocamento de abomaso tem como principais fatores predisponentes: o fornecimento de alimentos concentrados com baixo teor de fibras rapidamente fermentáveis, com tendências a ocasionar a acidose; o acúmulo de areia no abomaso lesionando sua mucosa; condições de estresses metabólicos como a hipocalcemia que provoca a atonia de abomaso e doenças sistêmicas como a metrite aguda que induzem a toxemia (ANDREWS et al., 2008).

Desta forma é provável que a atonia e o acúmulo de gases no abomaso sejam o principal fator desta enfermidade (SMITH, 2006), que tem como tratamento cirúrgico a omentopexia e abomasopexia e tratamentos conservadores que serão enfatizados ao longo deste trabalho como também seus diagnósticos diferenciais, sinais clínicos, diagnósticos, tratamento, prevenção e controle.

(15)

Para atuar na clínica médica de bovinos, os veterinários devem ser conhecedores e peritos no que se refere aos princípios de epidemiologia, nutrição, clínica médica e clínica cirúrgica (RADOSTITS et al., 2000).

(16)

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

2.1 CARGA HORÁRIA E ORIENTADOR

O estágio foi realizado na Policlínica Veterinária Pioneiros durante o período de 04/03/2013 a 03/05/2013, totalizando 360 horas, onde foram acompanhadas as atividades nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, clínica reprodutiva, biotecnologias da reprodução, diagnóstico por imagem e diagnóstico laboratorial na espécie bovina.

Durante o período de estágio, obteve-se a oportunidade de acompanhar todos os médicos veterinários da empresa e desta forma, observar diferentes condutas profissionais. Os orientadores profissionais foram os Médicos Veterinários Márcio Barciela Veras e Edomar Kiefer. O primeiro na área de biotecnologia da reprodução e diagnóstico por imagem; e o último, na área de clínica médica e clínica cirúrgica.

2.2 APRESENTAÇÃO DA POLICLÍNICA VETERINÁRIA PIONEIROS

A Policlínica Veterinária Pioneiros atua no segmento há mais de 15 anos. Seus fundadores Carlos Gandara, Edeomar Kiffer, Julio Matsuda já atuavam na região de Carambei-PR há mais de 35 anos. Cinco anos atrás foi fundada a Central Pioneiros de Reprodução de Embriões. O respaldo que já existia na clínica médica e cirúrgica agora está se concretizando na área de reprodução de grandes animais.

Atende principalmente os produtores de leite das Cooperativas Batavo e Frísia, em diversas áreas, como clínica médica, clínica cirúrgica, reprodução e fazendo todo o controle sanitário dos animais na área de atuação da cooperativa.

A demanda de atendimentos é dividida por 11 médicos veterinários para atender toda a região que se estende pelos municípios dos Campos Gerais. A sede da empresa está localizada na chácara Renata, na Av. dos Pioneiros s/n no municipio de Carambei-PR (Figura 1).

(17)

FIGURA 1 - POLICLÍNICA VETERINÁRIA PIONEIROS, 2013

FONTE: Arquivo pessoal

2.3 CLÍNICA MÉDICA

Durante as visitas técnicas realizadas às propriedades, pode-se observar que os animais são desafiados à produção leiteira diariamente. Recebem uma dieta extremamente a base de concentrados, com diferenciado nível nutricional (altos teores de proteína e energia) a base de diversos produtos como caroço de algodão, silagem de sorgo, silagem de milho, ração B19® e outros. Sempre buscando redução do intervalo de partos, redução do período voluntário de espera e aumento na produção de leite, exigindo um aumento notável do metabolismo do animal, deixando-os susceptíveis a fatores que venham a desequilibrar a sua homeostase. Dessa forma, afecções clássicas do gado leiteiro de alta produção fizeram parte da casuística observada.

Foram atendidos 72 casos clínicos, conforme se pode observar na Tabela 1.

TABELA 1 - NÚMERO DE ATENDIMENTOS CLÍNICOS REALIZADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO, MARÇO A MAIO DE 2013 Enfermidades Atendimentos Clínicos

N.o %

Pneumonia em neonatos 11 15,28

Diarreia em neonatos 08 11,11

TPB (Tristeza Parasitária Bovina) 14 19,44

Pneumonia 17 23,61 Metrite 07 9,72 Mastite 03 4,17 Laminite 02 2,78 Clostridiose 01 1,39 Indigestão simples 07 9,72 Arritmia cardiáca 02 2,78 TOTAL 72 100,00

(18)

2.4 CLINÍCA CIRÚRGICA

As ocorrências cirúrgicas eram frequentes na rotina da Policlínica Pioneiros, havendo um número elevado na incidência de deslocamento de abomaso.

Os procedimentos cirúrgicos na sua grande maioria eram realizados com os animais em estação, apenas com a cabeça presa no canzil de alimentação, os quais geravam facilidade e tranquilidade durante todo o ato cirúrgico.

Como rotina e pela situação a campo, as cirurgias eram realizadas com o máximo de anti-sepsia possível da parte do estagiário e do cirurgião; e procurava-se montar uma infraestrutura que tornasse o ato cirúrgico prático e confortável para ambas as partes.

Foram atendidos 112 casos de clínica cirúrgica durante o estágio (Tabela 2).

TABELA 2 - NÚMERO DE INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS REALIZADAS NO PERIÓDO DE ESTÁGIO, DE MARÇO A MAIO DE 2013

Descrição Intervenções Cirúrgicas

N.o %

Omentopexia pelo flanco direito 74 66,07 Abomasopexia pelo flanco direito 14 12,5

Vulvoplastia 02 1,79

Descorna 01 0,89

Ressecção de tumor de terceira pálpebra 03 2,68

Cesareana 11 9,82

Sutura de tetos 07 6,25

(19)

3 REVISÃO DE LITERATURA – DESLOCAMENTO DE ABOMASO

3.1 ABOMASO

O abomaso é o quarto compartimento dos estômagos dos ruminantes (Figura 2). É análogo ao estômago dos monogástricos. Consiste de uma região pilórica, fúndica e corpo. Normalmente repousa ventralmente na linha média. Cranialmente, o abomaso é relacionado ao omaso e retículo através de uma banda de músculo liso. O abomaso é altamente irrigado recebendo o sangue arterial pelas artérias gástrica esquerda e gastroepiplóica. Os troncos ventrais e dorsais lançam ramos nervosos (parassimpático) para o abomaso enquanto os gânglios celíaco e mesentérico cranial e plexos nervosos do mesentério servem de sítio para sinapse dos neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso simpático. A função do abomaso consiste em posterior digestão do substrato degradado parcialmente pelo rúmen, retículo e omaso (BREUKING, 1991).

O abomaso é um produtor de ácido clorídrico e pepsinogênio e tem o pH fisiológico de 3. Alguns fatores podem diminuir a motilidade abomasal: distensão anormal do rúmen, retículo ou omaso; úlceras; ostertagiose; baixo pH; tamanho de partículas e conteúdo de fibra da dieta; conteúdo de aminoácidos, peptídeos e gordura no líquido duodenal; alta concentração de ácidos graxos voláteis e produção aumentada de histamina pelo rúmen. Outros fatores como endotoxemia, hiperinsulinemia, hipocalemia, estresse, alcalose metabólica, hipocalcemia, prostaglandinas, ausência de exercícios, altas concentrações de gastrina no sangue e acetonemia (BREUKING, 1991).

(20)

FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS GÁSTRICOS DOS BOVINOS

FONTE: Trent (1990)

3.2 DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA ESQUERDA (DAE)

À procura de uma maximização na produção leiteira e bem-estar animal, muitos produtores investiram na estabulação dos animais ou também chamado free stall. O que trouxe diversos benefícios como poder controlar a nutrição dos animais e proporcionar mais conforto no verão. Entretanto, essa dieta quando mal balanceada pode provocar estresses metabólicos e outras afecções as vacas confinadas, podendo levar a um quadro de DA.

O deslocamento de abomaso para a esquerda (Figura 3) é a doença de abomaso que mais ocorre em bovinos leiteiros fêmeas e acontece quase que exclusivamente a esses indivíduos. A etiologia exata do DAE não é facilmente entendida, mas a ocorrência tem sido relacionada com o estresse, condições de temperatura adversas, troca de lote e doença concomitante (SMITH, 2006). Como também principalmente no período pós-parto, durante a parição o útero grávido desloca o abomaso para a frente e para esquerda; após o parto o orgão retorna a posição normal em vacas saudáveis. Para permanecer deslocado após o parto, o abomaso deve estar em atonia e com subsequente acúmulo de gases ocasionado por algum estresse, doença concomitante ou deficiência do órgão (ANDREWS et al., 2008).

A susceptibilidade racial não foi comprovada, porem está sob investigação. No entanto, acredita-se que afecção geralmente acomete vacas de produção mais alta,

(21)

predominantemente no início da lactação, embora possa ocorrer ocasionalmente no final da prenhez (ANDREWS et al., 2008).

A ocorrência máxima dos deslocamentos do abomaso se dá durante as primeiras seis semanas de lactação, podendo acontecer esporadicamente, em qualquer estágio da lactação ou da gestação. Também podem ser afetados touros e bezerros de qualquer idade. O deslocamento de abomaso em bezerros, touros, novilhas antes do primeiro parto, e vacas secas, pode ser crônico, por não apresentar suspeita nesses grupos, como em fatores de manejo, onde tem uma observação menos cuidadosa, quando comparados com vacas em ordenha (REBHUN, 2000).

O deslocamento de abomaso é uma síndrome multifatorial onde a atonia abomasal é um pré-requisito absoluto para a sua ocorrência (BREUKING, 1991). O gás produzido pela fermentação microbiana distende o abomaso e provoca o deslocamento. A alimentação com altos níveis de concentrado para bovinos leiteiros resulta em redução da motilidade abomasal e aumento no acúmulo de gás abomasal (SARASHINA, 1991). Existe uma hipótese em que o lado do deslocamento está relacionado com o tamanho do rúmen: rúmen pequeno, deslocamento para esquerda, rúmen grande, deslocamento para direita (SANTOS, 2008).

FIGURA 3 - DESENHO ESQUEMÁTICO DO DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A ESQUERDA, QUANDO O ABOMASO ASSUME UMA POSIÇÃO ANORMAL FICANDO ENTRE O RÚMEN E A PAREDE DO ABDÔMEN

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3.3 FATORES DE RISCO ALIMENTAR

3.3.1 Nutrição e manejo pré-parto

Com base em observações no rebanho leiteiro, encontram-se associações significativas entre o balanço energético negativo pré-parto, refletido como um aumento na concentração dos ácidos graxos, não esterificados e a ocorrência do DAE. Ótima condição corpórea, manejo alimentar subótimo, dietas pré-parto que contem matéria seca, alto mérito genético e baixa parição constituem as condições tidas como fatores de risco significativos. Vacas alimentadas com dietas altamente energéticas durante o período seco tornam-se obesas, fato que pode resultar no declínio da ingestão de matéria seca antes do parto, o qual, se ocorrido durante os meses quentes de verão, também diminui a ingestão de matéria seca, o que sugere que uma lipidose hepática possa ser um importante fator de risco (RADOSTITS et al., 2000).

A cetose, diagnosticada antes da ocorrência do DAE, e implicada como fator de risco, sendo associada com a baixa ingestão de matéria seca, que pode reduzir o enchimento ruminal e seu volume, diminuindo a motilidade do pré-estomago e, potencialmente, a motilidade abomasal. O baixo volume ruminal também oferece menos resistência ao DAE (RADOSTITS et al., 2000).

3.3.1.1 Altos níveis de alimentação com grãos

O DAD é uma disfunção da quantidade de material processado, porque se relaciona a doenças associadas com alta produção leiteira e alimentação a base de concentrados. O alto nível de alimentação com grãos aumenta o fluxo da ingestão ruminal para o abomaso, causando um aumento na concentração dos ácidos graxos voláteis (AGV), que pode inibir a motilidade do abomaso. O grande volume de metano de dióxido de carbono, encontrado no abomaso depois de uma alimentação com grãos, pode-se tornar uma armadilha, causando a sua distensão e deslocamento (RADOSTITS et al., 2000).

(23)

3.3.1.2 Alimentação com fibra bruta

A concentração das fibras brutas, na alimentação das vacas leiteiras, menor que 16-17% é considerada um fator de risco significativo para o aparecimento do

DAE. Alguns estudos epidemiológicos iniciais revelam que as vacas acometidas de

DAE são mais altamente produtoras que as suas companheiras, e que elas pertencem a rebanhos mais produtores de leite que as sem DAE. As vacas acometidas eram mais velhas e mais pesadas que as demais examinadas. Em resumo, a alimentação a base de rações com alto teor de carboidratos, níveis inadequados de forragem e níveis de fibras brutas abaixo de 17%, durante as ultimas semanas de prenhez, provavelmente é um importante fator alimentar de risco (RADOSTITS et al., 2000).

3.3.2 Fatores de risco, idade e criação

A média de DAE, comparada com o VA, e de 7,4 para 1. O risco para as duas doenças aumenta com a idade, situando-se o maior fator de risco entre os quatro e sete anos de idade. O gado leiteiro possui um risco maior de desenvolver o DAE do que o gado de corte, e também a fêmea tem um risco maior do que o macho em desenvolver DAE (RADOSTITS et al., 2000).

3.3.3 Estação do ano

A probabilidade do aparecimento de ambas as doenças, VA e DAE, é variável durante o ano, com um número menor durante de casos no outono, sendo maior em janeiro e março. A maior incidência da doença na primavera pode-se relacionar à diminuição do suprimento de forragem nas fazendas no meio-oeste dos Estados Unidos; em outras regiões do mundo, a doença ocorre durante todo o ano, independentemente da incidência do parto (RADOSTITS et al., 2000).

3.3.4 Produção leiteira

A relação entre a alta produção leiteira ou alto potencial de produção e o DAE

foi examinada em vários estudos, porém os resultados são inconclusivos; em alguns casos, a grande incidência da doença ocorre em vacas de alta produção de leite. No

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entanto, estudos posteriores não encontraram diferença na produção leiteira entre rebanhos de alta e baixa produção. A correlação genética entre DAE e a produção leiteira é muito escassa, podendo ser independente da seleção (RADOSTITS et al., 2000).

Aproximadamente 24% dos rebanhos tiveram pelo menos um caso de deslocamento de abomaso para esquerda durante um período de três anos. A prevalência desta doença varia de rebanho para rebanho dependendo da localização geográfica, práticas de manejo, clima, entre outros fatores. Das desordens dos vólvulos abomasais (VA), o deslocamento de abomaso para esquerda é predominante com 85% até 95,8% das ocorrências (TRENT, 1990).

3.3.5 Final da prenhez

Devido ao fato de o parto aparecer como o fator precipitante mais comum, foi postulado que durante a prenhez o rúmen é levantado do assoalho abdominal pela expansão do útero, e o abomaso é puxado para frente à esquerda sob o rúmen. Depois do parto, o rúmen abaixa, aprisiona o abomaso, em especial se ele estiver atônico ou distendido, com alimento, como provavelmente deve estar, se a vaca é alimentada com grãos (RADOSTITS et al., 2000).

3.3.6 Doenças concomitantes

São presentes em 30% dos casos de VA e 54% de DAE. A grande incidência de doenças concomitantes com DAE sugere que a inapetência e a anorexia diminuam o volume ruminal, que pode predispor ao deslocamento. Doenças da parede do abomaso (úlceras secundária), bem como cetose e fígado gorduroso são doenças concomitantes comuns em vacas com DAE (RADOSTITS et al., 2000).

3.3.7 Fatores econômicos

As perdas econômicas com a doença consistem na queda de produção láctea durante o processo e no pós-operatório, alem do custo da cirurgia. Foram avaliadas 12.572 vacas. Do momento do parto até 60 dias depois do diagnóstico, as vacas com DAE produziram em média, 557 kg de leite a menos que as vacas sem problema, e 30% dessas perdas ocorreram antes do diagnóstico (RADOSTITS et al., 2000).

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3.4 SINAIS CLÍNICOS DO DAE

Os bovinos com DAE simples têm anorexia total ou moderada, defecção diminuída e de cor escurecida e viscosa, contrações ruminais diminuídas, hipoagalatia e não mastigam o bolo alimentar. A última ou penúltima costelas estão totalmente deslocadas para fora, mas o abdômen esta afundado na fossa paralombar. Olhos fundos e o pulso levemente elevado para 85 a 90 bpm (SMITH, 2006).

A cetonúria e o odor de acetona à respiração são comuns. A ausculta simultânea com a percussão revela um ping sobre a área preenchida por gás sobre o abomaso. Com o DAE, o ping pode estar localizado sobre qualquer lugar entre o oitavo espaço intercostal até a fossa paralombar (RADOSTITS et al., 2000).

O quadro clínico mais comum envolve em recusa de consumir alimento concentrado e/ou bocadas muito discretas, diminuição na produção leiteira e temperatura retal normal (ANDREWS et al., 2008). Estas são as maiores reclamações dos produtores rurais.

3.4.1 Diagnóstico do DAE

O diagnóstico de deslocamento para esquerda é de fácil execução, contanto que o médico veterinário sempre tenha em mente esta possibilidade quando realiza o exame clínico em vacas leiteiras. A auscultação, percussão e baloteamento do flanco esquerdo são utilizados para a confirmação do diagnóstico. Após o estetoscópio ser posicionado no último espaço intercostal, deve-se fazer a percussão. Caso se ouça um ping, ruído como a chuva caindo sobre um telhado de metal, é sinal que há um órgão repleto de gás. Para a confirmação é necessário uma anamnese completa. Pois há inúmeros diagnósticos diferenciais que podem provocar a retenção de gás em outros órgãos que não sejam o abomaso (ANDREWS et al.,, 2008).

Por isso é muito importante sempre seguir uma linha completa de anamnese para que não seja tomada uma decisão precipitada. A palpação retal é muito importante para a confirmação da DAE. É possível descartar diagnósticos diferenciais como a fisometra, metrite, identificar um vazio no flanco direito ou a dificuldade de palpar o rúmen devido à compressão do abomaso na parede do abdômen esquerdo do animal.

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3.4.2 Diagnósticos diferenciais do DAE

Diversas doenças comuns do pré-estomago, como indigestão simples, cetose primária, reticuloperitonite traumática e indigestão vagal (RADOSTITS et al., 2000). A síndrome da vaca gorda comumente pode ser confundida com DAE, devido a seus sinais clínicos, os animais superalimentados durante o período seco apresentam menor ingestão de alimentos e um balanço energético negativo mais severo no período pós-parto. Estes animais apresentam falta de apetite, perda de peso e queda na produção de leite.

Durante o estágio foi muito comumente observado o som de ping em vacas com metrite, que ainda não haviam se limpado após o parto. Entretanto nesses casos era realizado o baloteamento do lado direito para se auscutar se o abomaso encontrava-se na sua posição correta.

Segundo os clínicos cirúrgicos da Policlínica Veterinária Pioneiros, outros diagnósticos diferenciais são o ceco repleto de gás em algumas literaturas como a de (SMITH, 2006), ele foi relatado como raro, porém era muito diagnosticado nos CAMPOS GERAIS. A peritonite e aderência de órgãos na parede do abdômen também podem provocar o som de ping, como o timpanismo de rúmen, que será logo descartado devido a questões anatômicas durante a anamnese.

3.4.3 Tratamento do DAE

O tratamento pode ser abordado de duas formas: conservadora ou cirúrgica. Neste trabalho estão apresentadas as formas cirúrgicas de omentopexia e abomasopexia. A medida conservadora consiste em aplicação de borogliconato de cálcio, neostigmina e cartaticos salinos (drench), via oral (VO), tentando evitar o deslocamento do abomaso preenchendo o rúmen, com muito pouco sucesso. A técnica de rolar o animal até o abomaso retornar a sua posição normal não é utilizada, por sua dificuldade, e por sua baixa taxa de eficácia.

A omentopexia vem sendo a técnica de predileção por muitos profissionais pela facilidade de sua realização. Mas muitos médicos veterinários ainda contestam a sua capacidade de reter o abomaso em seu local de origem e culpam a técnica por ter muita recidiva. Estima a Policlínica Veterinária que em 88 casos de DAE e DAD

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aproximadamente 9%. A omentopexia pode ser realizada pelo lado esquerdo, método de Ultrech, ou pelo lado direito, método de Hannover.

Uma série de técnicas de sutura fechada para abomasopexia é recomendada, com finalidade de serem mais rápidas e mais baratas, porém as complicações que podem ocorrer ainda indicam que a laparotomia e a omentopexia são desejáveis. Na técnica de sutura fechada, o local preciso da inserção da sutura é desconhecido. As complicações consistem em peritonites, celulites, deslocamento abomasal ou evisceração, completa obstrução do pré-estomago e tromboflebite, da veia subcutânea abdominal (RADOSTITS et al., 2000).

3.4.4 Omentopexia pelo flanco direito, método de Hannover

A omentopexia é uma das técnicas para a correção do deslocamento de abomaso para a esquerda, mas pode ser utilizada para o deslocamento de abomaso para a direita e torção à direita. A omentopexia foi desenvolvida quando a única forma de corrigir a DAE era a abomasopexia paramediana, que exigia a colocação do animal em decúbito dorsal.

Essa técnica envolve a sutura da camada superficial do omento maior até o piloro na parede abdominal do flanco direito (TURNER, McILWRAITH, 1985). Segundo

REBHUN (2000) as principais vantagens desta técnica consistem na possibilidade de ser realizada em animais com pneumonia e com distúrbios esqueléticos, pois se evita a colocação do animal em decúbito dorsal, já que nessa técnica o animal permanece em estação durante todo o procedimento cirúrgico. Para um cirurgião experiente essa técnica tem grande probabilidade de sucesso.

3.4.4.1 Anestesia e preparação cirúrgica

O procedimento é realizado com o animal em estação, contido em tronco apropriado ou canzil. A região paralombar direita é preparada com tricotomia e lavada com sabão neutro. A anti-sepsia de rotina era realizada com cloreto de alquil dimetil benzil amônio (100%) junto com poliexietilenonilfenileter (CB 30). As técnicas de anestesias utilizadas podem ser o bloqueio paravertebral em L7, ou paralombar linear. Utilizando 60 a 80 ml de lidocaína a 2% (GARNERO &GARNERO, 2006).

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3.4.4.2 Técnica cirúrgica

A técnica é iniciada com uma incisão de aproximadamente 20 cm na fossa paralombar, começando 4 a 5 cm abaixo do processo transverso da vértebra lombar (conforme Figura 4). Após a abertura da cavidade peritoneal o duodeno deve ser tracionado na direção ventral ao invés de estar na sua posição horizontal normal. A seguir o cirurgião deve passar o braço esquerdo numa direção caudal ao abomaso e ao rúmen alcançando o abomaso distendido localizado entre o rúmen e a parede abdominal esquerda.

O abomaso então deve ser esvaziado, é muito comum a utilização de sonda mamária acoplada a um equipo de coleta de embrião. A agulha deve ser inserida no interior da mão fechada numa direção caudal ao rúmen até a parte mais dorsal do abomaso deslocado. Neste ponto é feita a punção do órgão através da agulha, promovendo a liberação do gás acumulado. A agulha será retirada após a saída do gás contido no órgão. Essa retirada deve ser cuidadosa, com o dreno coberto para evitar a contaminação da cavidade peritoneal (TURNER & McILWRAITH, 1985).

FIGURA 4 - INCISÃO FLANCO DIREITO

FONTE: Arquivo pessoal

O abomaso será recolocado em sua posição normal colocando-se o antebraço esquerdo no topo do abomaso deslocado e afastando-se o mesmo na direção ventral e caudal ao redor da parte ventral do abdômen enquanto se promove leve tração ao omento. Após o retorno do abomaso a sua posição normal, o duodeno também deverá voltar a sua posição normal. O omento poderá ser visualizado através da incisão abdominal e parece ficar solto.

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O omento então deve ser sustentado e tracionado, sendo exteriorizado da cavidade abdominal. Na sequência o mesmo deve ser levemente retraído na direção dorsal, permitindo assim a localização de um segmento do omento adjacente ao piloro. Duas suturas de colchoeiro são realizadas entre as duas camadas da dobra do omento, peritônio e músculo abdominal transverso. A seguir o peritônio e a musculatura abdominal são suturadas no padrão de sutura continua simples sendo o omento incorporado nos dois terços ventrais da incisão. As camadas dos músculos oblíquos abdominais interno e externo juntamente com a pele são suturados com o padrão simples continuo (TURNER &McILWRAITH, 1985).

3.4.5 Achados necroscópicos

As carcaças de animais acometidos são observadas em abatedouros, o abomaso deslocado é aprisionado entre o rúmen e o assoalho da parede abdominal, contendo quantidade grande de liquido e gás. Em casos ocasionais, é fixado na posição por aderências que se originam de úlcera abomasal. O fígado gorduroso é comum em vacas que morrem de complicações de DAE poucos dias depois do parto (RADOSTITS et al., 2000).

3.4.6 Prevenção e controle

A incidência de deslocamento de abomaso para esquerda foi reduzida em rebanhos problemáticos pela manipulação da dieta que reduza a probalidade de atonia dos pré-estomagos e do abomaso causada pelas rações ricas em concentrado. Isso inclui a introdução pré-parto de alimentos concentrados, ensilados, o aumento no tamanho das partículas das forragens e a prevenção da hipocalcemia. A redução de outras doenças inflamatórias periparto, como a mastite e metrite, também reduz a incidência de deslocamento para esquerda (SMITH, 2006).

3.5 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A DIREITA (DAD)

O DAD ainda não é bem compreendido, mas ele é comparado ao DAE. A atônia abomasal pode ser a precursora da dilatação e o deslocamento, e consequentemente do vólvulo abomasal, a dilatação pode ser o resultado da distensão primária do

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abomaso. Nos bovinos adultos com DAD sem obstrução do piloro, parece que a causa mais provável é a atônia do abomaso. Em bezerros, pode haver obstrução do piloro que resulta em dilatação (RADOSTITS et al., 2000).

A torção de abomaso é muitas vezes uma sequela da dilatação, constituindo puramente um efeito mecânico do aumento de peso e do tamanho do órgão dilatado. A torção pode ocorrer em varias direções, por exemplo, o órgão pode ser girado dorsalmente em 90o a 180o ou no sentido anti-horário, em até 180o, visto pela parte caudal, ou a torção pode envolver o omaso (ANDREWS et al., 2008), conforme apresentado na Figura 5.

FIGURA 5 - DESENHO ESQUEMÁTICO DO DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A DIREITA, QUANDO O ABOMASO APRESENTA UMA ROTAÇÃO DE 180o

FONTE: Trent (1990)

3.5.1 Sinais clínicos e diagnóstico diferencial do DAD

O início da dilatação é insidioso, com inapetência, redução da produção de leite e graus variáveis de cetose. A ruminação cessa e as contrações ruminais ficam fracas e infrequentes. A quantidade de fezes se reduz, mas geralmente a sua consistência é diarréica e seu odor fétido, muitas vezes contendo sangue oculto. A temperatura retal permanece normal e a frequência cardíaca se eleva para 80 a 100 bpm. Também é possível notar sinais de cólica discretos e frequentemente ocorre distensão notável do flanco direito. Quando ocorre a torção os sinais se tornam hiperagudos. Depois, nota-se temperatura subnormal, frequência cardíaca de até 160 bpm, extremidades frias e apatia extrema. Esses sinais indicam choque grave, podendo-se observar frequentemente cólica. Nesse estágio o animal

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apresenta anorexia e o reto encontra-se vazio, exceto por algum muco com aspecto de piche (ANDREWS et al., 2008).

Uma área de ressonância timpânica é auscultada no lado direito com ausculta e percussão simultânea. O ping geralmente é confinado a uma área abaixo sobre as últimas cinco costelas na metade superior do abdome. A condição deve ser diferenciada de outras causa de pings, do lado direito, como a distensão fecal (com ou sem vólvulo), gás no cólon transverso, pneumorreto depois do exame retal, pneumoperitônio, fisometra (gás no útero) e vólvulo abomasal. Os pings de ceco, reto e fisometra geralmente são detectados em padrão linear logo abaixo do processo transverso das vértebras lombares, estendendo-se até a tuberosidade coxal (SMITH, 2006).

3.5.2 Diagnóstico DAD

A definição do diagnóstico não deve ser problema, quando aplicadas as técnicas de percussão, auscultação e baloteamento. E apenas auscultação no flanco direito, da mesma maneira descrito para o diagnóstico da DAE, no flanco esquerdo. Os mesmo ruídos de ping e de fluído, quando ouvidos no flanco indicam DAD. A confirmação da existência de torção se baseia na gravidade dos sinais clínicos; por exemplo, taquicardia, temperatura subnormal, sinais de choque e consistência do material fecal do conteúdo retal.

A palpação retal também pode revelar a presença de uma víscera marcantemente dilatada na região sublombar direita. O diagnóstico diferencial da

DAD, além da torção, inclui todas as causas de obstrução abdominal aguda, em particular, dilatação e torção de ceco, torção de intestino delgado, intussuscepção e perfuração de úlcera de abomaso (ANDREWS et al., 2008).

3.5.3 Tratamento DAD

Não havendo torção, com frequência tenta-se tratamento conservador com uso de antiácidos por via oral e espasmolíticos, vitaminas ou antibióticos, por meio de injeção. Isso não deve ser recomendado. Embora alguns casos de dilatação se recuperem espontaneamente, muitos não o fazem. Vários casos permanecem dilatados, desenvolvendo-se um estado crônico de dilatação de abomaso, com

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emagrecimento e redução de produção de leite e, por fim, o animal é descartado como refugo. Com frequência a dilatação progride para torção e uma cirurgia para corrigir esta é muito menos efetiva do que a correção da dilatação sem torção. Isso se deve ao grave estado de choque induzido no animal pelo DAD. A decisão sobre a realização da cirurgia em casos de DAD com torção depende do grau de choque. Em casos graves, recomenda-se o abate. No entanto, em animais de alto valor e em vacas menos gravemente afetadas, a cirurgia pode ser bem-sucedida (ANDREWS et al., 2008).

O prognóstico na dilatação à direita, deslocamento e vôlvulo será favorável, se o diagnóstico for feito poucos dias do início dos sinais clínicos e antes que uma grande quantidade de líquido se acumule no abomaso, o abate do animal, para salvar o prejuízo, pode ser o melhor modo de ação para bovinos de valor comercial baixo (RADOSTITS et al., 2000).

A terapia eletrolítica oral pode ser recomendada, particularmente no período pós-operatório após drenagem cirúrgica do abomaso distendido. Uma mistura de cloreto de sódio (50-100 g), cloreto de potássio (50 g), e cloreto de amônio (50-100g) pode ser administrada diariamente VO, juntamente com o tratamento parenteral, o tratamento com cloreto de potássio (50 g/dia) pode ser mantido diariamente, até que o animal retorne ao seu apetite normal (RADOSTITS et al., 2000).

3.5.4 Correção cirúrgica DAD

Nos casos mais avançados de dilatação, deslocamento ou vôlvulo, é necessária a laparotomia para a drenagem do abomaso distendido e correção do vôlvulo, se presente. Para corrigir a desidratação e a alcalose metabólica, bem como para restituir a motilidade normal ao abomaso, é preciso hidroterapia intensiva no pré e operatório, algumas vezes por muitos dias. Estudos eletromiográficos de pós-operatório abomasal e motilidade duodenal revelam perda de motilidade, alguma motilidade retrógrada e perda da atividade do pico. Os colinérgicos são usados para restaurar a motilidade, não sendo porém, seguros. O transplante de conteúdo do rúmen, para restaurar a função ruminal e o apetite, promove um estímulo mais eficaz para restaurar a motilidade do trato gastrointestinal (RADOSTITS et al., 2000).

A composição dos líquidos e soluções eletrolíticas no deslocamento à direita e vôlvulo abomasal, é objeto de muita pesquisa. Há vários graus de desidratação,

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alcalose metabólica, hipocloremia e hipocalcemia. Com auxílio do laboratório, é possível monitorar a bioquímica sorológica durante a administração dos líquidos e eletrólitos, corrigindo assim, certas deficiências eletrolíticas pela adição dos eletrólitos apropriados. Sem o laboratório, o veterinário não tem escolha, mas deve usar soluções seguras e criteriosas. As soluções eletrolíticas balanceadas que contém sódio, cloreto, potássio, cálcio e uma fonte de glicose costumam ser suficientes (RADOSTITS et al., 2000).

As soluções isotônicas de cloreto de potássio e cloreto de amônio (KCI 100g, NaCl 80 g, H2O 20 litros), promovem uma fonte de potássio e cloretos, podendo corrigir a alcalose. Tal solução pode ser dada por via IV numa média de 20 litros em 4 horas, para vacas com 450 kg, de peso vivo, o que pode ser seguido pelo uso de solução eletrolítica balanceada numa proporção de 100-150 ml/kg por um período de 24 horas (RADOSTITS et al., 2000).

3.5.5 Prevenção e controle DAD

Nesses casos de dilatação à direita, deslocamento e vôlvulo abomasal (VA), não existe informação segura sobre o controle. Devido ao fato do seu mecanismo de patogenia ser semelhante ao DAE, parece racional recomendar os programas de alimentação usados para controlar o DAE (RADOSTITS et al., 2000).

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4 DESLOCAMENTO DE ABOMASO - RELATO DE CASO

4.1 HISTÓRICO DE CASO CLÍNICO

Durante o período de estágio na Policlínica Veterinária Pioneiros foram atendidos 62 casos de DAE, 19 casos de DAD e 7 vôlvulos abomasais, totalizando 88 casos, dos quais passamos a relatar um caso detalhadamente.

Identificação do animal:

- Número do animal – Propriedade – 1042 - Espécie – Bovina

- Raça – Holandesa - Idade – 5 anos

- Número de lactações encerradas – 2 - Peso – 630 kg

- Propriedade ׃Chácara Papagaios - Proprietário ׃Raul Los

4.2 ANAMNESE

No dia 18 de março – segunda-feira –, foi atendido um chamado, juntamente com o M.V Edomar Kiefer, na Chácara Papagaio, localizada em Carambeí, PR. O produtor queixava-se que o animal tinha apresentado uma brusca queda de leite, não estava se alimentando, e se encontrava debilitado e apático. O sistema de criação era em estabulação (free-stall), com dieta rica em concentrados e suplementações, água e sal mineral à vontade. A vaca estava no período de 3 semanas de pós-parto, e segundo o proprietário, o parto ocorreu sem complicações.

4.3 EXAME CLÍNICO

- Temperatura retal: 39,5oC - Frequência respiratória: 78 rpm - Frequência cardíaca: 116 bpm

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- Tempo de preenchimento capilar: 3” - Escore de condição corporal: 2,5

Ao examinar a vaca, na auscultação do lado esquerdo, associada à percussão, revelou-se um som anormal, percutindo um som metálico (ping), frequência ruminal reduzida, na palpação retal observou-se poucas fezes e escuras com certa viscosidade, fétidas e brilhantes, alimento mal digerido, odor cetonico. Apresentava um grau moderado de desidratação com as mucosas pálidas e secas, olho fundo, o pêlo era arrepiado e opaco.

4.4 DIAGNÓSTICO

Com o exame físico realizado, e as informações obtidas na anamnese, a suspeita de deslocamento de abomaso à esquerda se confirmou. Tendo assim um prognóstico reservado.

4.5 TRATAMENTO

Foi realizada a laparotomia exploratória pelo flanco direito, assim foi observado o abomaso deslocado, aparecendo entre o rúmen e a parede das costelas. O abomaso então foi esvaziado, com a utilização de sonda mamária acoplada a um equipo. A agulha deve ser inserida no interior da mão fechada numa direção caudal ao rumem até a parte mais dorsal do abomaso deslocado. Neste ponto é feita a punção do órgão através da agulha, promovendo a liberação do gás acumulado. Foi realizado o posicionamento do abomaso à sua localização fisiológica.

4.6 TÉCNICA CIRÚRGICA

Inicialmente realizou-se uma lavagem com água e detergente neutro, em seguida uma ampla tricotomia no flanco direito, após a tricotomia, mais uma vez lavado, desinfecção do local com solução de água e CB-301. O procedimento cirúrgico

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foi realizado com o animal em estação, com aplicação de anestésico local na linha de incisão, utilizando cloridrato de lidocaína 2% com vaso constritor (cada frasco de 50 ml). A cirurgia foi iniciada através de uma incisão vertical no flanco direito de ± 20 cm na fossa para-lombar começando 5 cm ventralmente ao processo transverso da vértebra lombar. Incisou-se a pele, músculo obliquo abdominal externo e interno, músculo abdominal transverso e cuidadosamente o peritônio.

Quando a cavidade peritoneal foi acessada, o duodeno foi tracionado na direção ventral ao invés de estar na sua posição horizontal normal. Com luvas estéreis, palpou-se o lado esquerdo do abomaso desviando o omento maior na direção cranial. O abomaso foi esvaziado usando-se agulha de sonda mamária com o auxílio de um equipo de coleta de embrião estéril. Colocou-se a agulha no abomaso, pressionando-se o mesmo com a mão para liberação do gás.

O abomaso retornou à sua posição normal, o omento foi então tracionado e exteriorizado na linha de incisão. Ele foi fixado na região superior da incisão da pele com uma pinça para fixação de campo enquanto se realizavam suturas ancoradas. Duas suturas de colchoeiro de categute cromado n.o 3 são depositadas através do peritônio e do músculo transverso abdominal, atravessando ambas as camadas da dobra do omento. O peritônio e o músculo transverso abdominal foram suturados no padrão de sutura contínua simples com categute n.o 3 ou 4, e o omento foi incorporado à linha de sutura nos dois terços ventrais da incisão. As camadas dos músculos oblíquos abdominais, externo e interno e a pele são fechadas como na laparotomia pelo flanco de rotina (TURNER & McILWRAITH, 1985).

4.7 DISCUSSÃO

A técnica utilizada pelos veterinários da Clínica obteve índices de sucesso aceitáveis de 91%, a não ser que haja no momento da cirurgia alguma aderência com o abomaso, e que neste caso, o animal venha ser descartado. Apenas 9% dos casos tiveram recidivas. Os procedimentos cirúrgicos observados durante o período de estágio para correção desta enfermidade conferem com os revisados na literatura.

Além do tratamento cirúrgico, o tratamento pós-cirúrgico é realizado utilizando-se um medicamento em que se tenha uma associação de antibiótico preferencialmente a base de penicilina, antiinflamatório, analgésico e antipirético que é suficiente para uma boa recuperação, e um conforto maior para o animal. Um estimulante gastrintestinal

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devido ao uso de antibiótico e um espasmolítico para prevenir uma cólica pela manipulação dos órgãos internos pode também ser aplicado.

O uso de antibiótico a base de cefalosporinas tem sido recomendado aos produtores, devido a sua carência zero para o leite, no entanto, devido a ter apresentado resultados insatisfatórios no combate às infecções pós-cirúrgicas, não está se constituindo na opção de tratamento pelos médicos veterinários da Pioneiros. Os animais tratados com este composto tiveram complicações como: peritonite e outras inflamações.

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5 MASTITE BOVINA

5.1 INTRODUÇÃO

A mastite bovina é a enfermidade mais comum em vacas leiteiras adultas sendo responsável por 38% de toda a morbidade (SISCHO, 1990). Anualmente três de cada 10 vacas leiteiras apresentam inflamação clinicamente aparente da glândula mamária. Dos bovinos acometidos, 7% são descartados e 1% morre em decorrência da doença. A mesma pesquisa apresentou dados sugerindo que mais de 25% das perdas econômicas totais de bovinos leiteiros, associadas as doenças, podem ser diretamente atribuídas a mastite (SMITH, 2006).

Os impactos econômicos surgem através da queda na produção leiteira, perda na qualidade do leite, maior custo de produção e o descarte prematuro de vacas por perda de um ou mais quartos mamários, que se tornam fibrosos e improdutivos. Sua magnitude varia conforme a intensidade do quadro e o agente causador.

O estudo da mastite bovina é muito importante para minimizar esta queda de lucro e garantir ao produtor animais com maior tempo de produção. Devido a sua importância e ocorrência foi criada uma organização onde são difundidos estudos para esclarecer a doença e difundir novos tratamentos o National Mastitis Council.

Enfatizando a Mastite de Verão, uma infecção multifatorial aguda ou hiperaguda da glândula mamária da vaca não lactante, embora os sinais clínicos na maioria das vezes não sejam evidentes até a parição. A doença foi descrita nos quatro continentes em que há criação de gado leiteiro, sendo particularmente comum em alguns bovinos europeus como os da raça Holandesa (HILLERTON, BRAMLEY & WATSON, 1987).

5.2 ANATOMIA DA GLÂNDULA MAMÁRIA

A glândula mamária é essencialmente uma glândula cutânea. Acredita-se que tenha evoluído pela modificação de uma glândula sudorípara, e que retenha duas características comuns ׃desenvolvimento por meio de invaginação da ectoderme e epitélio de camada dupla de células secretoras internas e células mioepiteliais externas as quais, por meio de contração, promovem o fluxo de leite dos alvéolos periféricos para os ductos principais.

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Considerando sua função como fornecedora de imunidade e nutrição ao neonato, a glândula mamária evoluiu para uma estrutura composta altamente ramificada, com grande quantidade de alvéolos dilatados. Esse padrão permite a síntese e armazenamento de leite em grande escala.

Nenhuma função mamária é possível até que a vaca emprenhe, quando a glândula rudimentar e inativa mostra crescimento acentuado assumindo uma estrutura definitiva e só então inicia a síntese de secreção (ANDREWS et al., 2008).

5.2.1 Glândula mamária da vaca adulta

A glândula mamária da vaca contém quatro quartos, cada um representando uma glândula mamária individual drenada por um único teto. As quatro glândulas secretoras são estruturalmente separadas e funcionam de forma independente, sem fluxo de leite entre elas. O grande fluxo de sangue e o armazenamento de leite em geral conferem a glândula mamária lactante um peso de 50 a 60 kg. A sustentação desse alto peso fica por conta dos ligamentos suspensores de denso tecido fibroso, inseridos no interior da pelve, e dos tendões da parede abdominal (ANDREWS et al., 2008).

Os quartos mamários anteriores do úbere pesam cerca de 2/3 dos quartos posteriores, o que se traduz em maior produção de leite dos quartos posteriores (MORAES, 2010).

Na vaca adulta o tamanho do úbere não está necessariamente, associado à maior capacidade de produção de leite. Em novilhas, ocorre rápido crescimento durante a primeira prenhez e dessa forma o tamanho do úbere é um indicador limitado da capacidade futura de produção (SANTOS & FONSECA, 2007).

5.2.2 Suprimento sanguíneo

Durante a produção de 20 kg de leite por dia, 9.000 kg de sangue circulam pela glândula mamária da vaca. A maior parte desse alto suprimento é oriunda das artérias pudendas externas, derivadas dos troncos ilíacos externos, que chegam pelo canal inguinal. A glândula também recebe um suprimento sanguíneo adicional da artéria subcutânea, cranialmente, e da artéria perineal, caudalmente (ANDREWS

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5.2.3 Teto

Cada teto possui um único canal estreito que se abre dorsalmente em uma cisterna mais larga e revestida por epitélio de camada dupla. Normalmente, o canal do teto é mantido fechado pelo esfíncter de tecido muscular liso e tecido elástico circundantes. Portanto, em corte transversal o lúmen se mostra como uma estreita fissura estrelada, com revestimento de epitélio escamoso estratificado ceratinizado que forma várias pregas longitudinais as quais quase se encontram no centro. O teto é fortemente formado e bem adaptado para tolerar o estresse mecânico e induzido pelo bezerro durante a mamada ou pela ordenhadeira mecânica (ANDREWS et al., 2008).

5.2.4 Influência da idade e do estágio de lactação

A razão exata da influência da idade e do estágio de lactação não é conhecida. A alta taxa de prevalência de mastite próxima a parição é predominantemente uma consequência da alta taxa de novas infecções no período seco, e da supressão dos mecanismos de defesa da vaca no periparto.

O aumento da ocorrência da doença em animais mais velhos provavelmente não se da à maior suscetibilidade intramamária, mas sim a maior facilidade de penetração do patogeno no canal do teto e as infecções previas latentes (ANDREWS

et al., 2008).

5.3 PRINCÍPIOS PARA O CONTROLE DA MASTITE

5.3.1 Imersão das tetas em solução desinfetante após a ordenha

O procedimento mais importante na prevenção da mastite contagiosa é a adequada imersão das tetas em solução desinfetante após a ordenha. A imersão das tetas é mais eficaz que a aspersão porque propicia ótimo contato da solução com a pele da teta (SMITH, 2006).

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5.3.2 Pré-imersões

A pré-imersão é frequentemente empregada como medida de controle de mastite contagiosa e como meio para satisfazer as orientações da Pasteurized Milk

Ordinance, a qual requer ordenha de uma glândula mamária limpa seca e

previamente higienizada. Em geral, recomenda-se que o tempo de contato da pré-imersão seja de, no mínimo, 30 segundos antes da secagem da teta e a colocação dos copos da ordenhadeira (RUEGG &DOHOO, 1997).

A maioria dos desinfetantes atua provocando a morte dos patógenos potenciais, que são transmitidos para o canal da teta durante a ordenha. A morte dessas bactérias interrompe a transmissão de patógenos contagiosos como S. agalatiae e

S. aureus. Como a maior parte da transmissão ambiental ocorre mais comumente

entre ordenhas do que no momento da ordenha, esta desinfecção de curto prazo não impede a mastite ambiental.

Destacando a aplicação de desinfetantes com efeito residual antes da ordenha e a imersão das teteiras após a ordenha, a qual atua como barreira física eficiente na redução de ocorrência de mastite ambiental. Esses procedimentos são amplamente empregados na pecuária leiteira, mas a evidência que sustenta tais práticas é menos cativante que a que apoia o uso da imersão das teteiras em desinfetante após a ordenha, para controlar a mastite contagiosa (SMITH, 2006).

5.3.3 Terapia antimicrobiana intramamária em vacas secas

O segundo procedimento critico para controlar os patógenos da mastite contagiosa é a utilização da terapia intramamária em vacas secas. Em geral, as preparações utilizadas contem altas doses de preparações antibióticas de liberação lenta. Esse tipo de tratamento é altamente eficaz contra Streptococcus spp. Incluindo

S. agalactiae e Staphylococcus spp. A eficácia contra S. aureus é limitada;

aproximadamente 50% de tais infecções se curam quando tratadas no período seco. O tratamento da vaca seca não é eficaz para infecções Gram-negativos ou para aquelas causadas por Mycoplasma spp.

A mastite ambiental ocorre quando o reservatório de bactérias localiza-se fora da glândula mamária (como o ambiente da vaca, isto é, cama, estábulo), de modo que os microrganismos penetrem na glândula e provoquem a doença. A prevalência

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deste tipo de mastite é alta quando a mastite contagiosa esta sob controle. Assim, a mastite clínica provocada pelos patógenos ambientais torna-se mais prevalente em rebanhos submetidos a bom manejo e com baixa contagem de células somáticas (CCS) (SMITH, 2006).

5.3.4 Controle de mastite ambiental

O controle da mastite ambiental é mais problemático e não responde as medidas preventivas adotas para a mastite contagiosa. Portanto, a redução da exposição da extremidade da teta aos patógenos ambientais e a maximização da resistência da vaca as infecções intramamárias são as principais estratégias a serem implementadas para o controle da mastite ambiental. O contato das bactérias ambientais com a glândula mamária pode ser reduzido, porém nunca eliminado (SMITH, 2006).

5.3.5 Higiene e práticas de ordenha

Como os microrganismos causadores de mastite contagiosa se disseminam entre as vacas no momento da ordenha (Figura 6), deve-se prestar atenção especial e observar o modo como as vacas são manejadas. Qualquer objeto que se mova entre as vacas é capaz de, potencialmente, funcionar como fômite. Isto inclui as mãos de ordenhadores, toalhas utilizadas para desinfecção antes da ordenha mecânica e bocais da ordenhadeira. Como regra geral, nenhum objeto ou superfície deve ser transportado de vaca para vaca sem previa desinfecção.

O uso excessivo de água para a preparação da glândula mamária antes da ordenha mobiliza bactérias contaminantes da pele e aumenta a contaminação da extremidade da teta durante a ordenha (SMITH, 2006).

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FIGURA 6 - SALA DE ORDENHA EM BOAS CONDIÇÕES HIGIÊNICAS

FONTE: Arquivo pessoal

5.3.6 Estratégias nutricionais

As estratégias nutricionais são componentes importantes dos programas de controle da mastite ambiental. O canal da teta permanece aberto por um período de tempo variável, porém relativamente curto, após a ordenha, fechando-se depois de no máximo 2 horas (McDONALD, 1977).

Procedimentos que mantém a higiene da extremidade da teta após a ordenha reduzem a incidência de mastite ambiental. O fornecimento de alimentos frescos palatáveis após a ordenha mantém as vacas em estação, propiciando melhores condições de higiene da extremidade da teta (TYLER et al., 1998).

5.3.7 Nutrição

A dieta adequada fornecida à vaca é critica para manter a função imune ótima e propiciar resistência as doenças. Em particular as deficiências de vitamina E e Selênio estão associadas com alta incidência de mastite clínica causada por bactérias Gram-negativas (SMITH, 2006).

Essa predisposição a maior suscetibilidade a doença não parece ser verdadeira para mastite causada por microrganismo Gram-positivos. Quando há mastite ambiental no rebanho, todas as vacas, secas ou não lactantes, devem receber dieta balanceada, incluindo a suplementação com micronutrientes. As concentrações de

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Selênio e a vitamina E do sangue podem ser determinadas durante o final da prenhez e início da lactação (SMITH, 2006).

5.3.8 Manejo da cama e do estábulo

Os materiais de cama utilizados no sistema de criação baia livre ou baia amarrada devem ser confortáveis, secos e biologicamente inertes. Os materiais orgânicos como, aparas de madeira ou palha, são confortáveis e secos; no entanto, as bactérias crescem ativamente nestes materiais quando são inevitavelmente inoculadas e contaminadas por sujidades ou resíduos fecais. As aparas de madeira são frequentemente incriminadas na ocorrência de surtos de mastite provocada por

Klebsiella spp.; os produtos oriundos de madeira seca são aceitáveis como cama,

particularmente se desidratados em fornos, antes do uso.

A palha inteira ou picada, frequentemente é incriminada na ocorrência de surtos de mastite, provocadas por Streptococcus spp. A areia é provavelmente um ótimo material de cama, porém vários instrumentos de limpeza são desgastados devido às propriedades abrasivas da areia. Independente do tipo de material utilizado na cama deve-se manter os estábulos limpos e confortáveis.

Os estábulos devem ser planejados de tal modo que a urina e as fezes sejam depositadas do lado de fora e não do lado de dentro. As fezes e outras sujialidades devem ser removidas 1 ou 2 vezes ao dia. A remoção das fezes elimina fonte de nutrientes necessários ao crescimento das bactérias e no inoculo destes micro-organismos no material utilizado na cama (SMITH, 2006).

5.3.9 Influência da ordenhadeira mecânica

A ordenhadeira mecânica pode atuar como fômite na transmissão de mastite contagiosa. O funcionamento inadequado dos sistemas de ordenha machuca os tetos e aumenta a susceptibilidade da vaca à mastite causada por bactérias. As ordenhadeiras devem propiciar nível de vácuo adequado e estável na extremidade da teta. Deve-se manter a taxa de pulsação adequada para permitir o repouso regular ou tempo apropriado da fase de massagem (OSTERAS et al., 1995).

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5.4 CLASSIFICAÇÃO GERAL DE MASTITE CONTAGIOSA E AMBIENTAL

A inflamação da glândula mamária, mastite, é quase sempre infecciosa e pode ser classificada como subclínica ou clínica. As infecções microbianas que envolvem

S. aureus, S.agalactiae, S. dysgalactiae, S. uberis, microrganismos coliformes, Pseudomonas spp., Mycoplasma spp. e outros patógenos causam sérios problemas

para a indústria leiteira.

A mastite subclínica manifesta-se quando a glândula mamária é infectada e há aumento no número de leucócitos (células somáticas). Nesta condição, a aparência macroscópica do leite é normal e não há sinais visíveis de inflamação da glândula mamária. Detecta-se mastite subclínica por meio de testes de rotina, como California

Mastitis Test (CMT), CCS recomendada pelo Dairy Herd Improvement Association (DHIA) ou cultura microbiológica de rotina de todos os quartos. Com o tempo, a maioria dos tipos de infecções subclínicas resulta em fibrose do tecido mamário, aumento de volume e endurecimento da glândula com redução na produção de leite. A mastite subclínica esta mais comumente associada com S. agalactiae e S.aureus.

A mastite clínica caracteriza-se pelo aspecto macroscópico anormal do leite e graus variáveis de inflamação da glândula mamária (hiperemia, calor, tumefação, dor). As características do leite podem variar desde a presença de alguns coágulos (mamite) a secreção serosa com grumos de fibrina. Além disso, a mastite clínica pode ser classificada em mastite aguda, mastite gangrenosa aguda e mastite crônica ativa (SMITH, 2006).

5.4.1 Mastite aguda

A mastite aguda caracteriza-se pela manifestação de dor e aumento de volume da glândula mamária, a qual pode ser edematosa ou muito dura, dificultando que o animal caminhe normalmente.

Os sinais sistêmicos podem ser anorexia, depressão e aumento da temperatura retal. As secreções podem conter flocos ou coágulos de leite podendo ser aquosa, serosa ou purulenta.

Os casos de mastite aguda podem ser infecções novas ou exarcebação de infecções crônicas (SMITH, 2006).

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5.4.2 Mastite gangrenosa aguda

A mastite gangrenosa não é uma manifestação comum. O animal apresenta anorexia, desidratação, depressão, febre e sinais de toxemia. O principal agente etiológico é o Staphylococcus e há envolvimento de um ou dos quatro quartos.

No início da enfermidade, a glândula apresenta hiperemia, tumefação e hipertemia. No entanto dentro de poucas horas, a teta torna-se fria e a secreção aquosa e sanguinolenta. Logo em seguida a glândula aparenta uma área azulada, estendendo-se da teta a varias partes da glândula. Essa área se esfacela dentro de 10 a 14 dias e é seguida por uma infecção bacteriana secundária, necrose e perda contínua da maior parte do tecido glandular no quarto atingido (SMITH, 2006).

5.4.3 Mastite crônica

Os animais com esta forma de mastite podem não manifestar sinais clínicos durante intervalos prolongados. As manifestações que não são bem caracterizadas podem, de tempo em tempo, exacerbar a infecção crônica, provocando sinais clínicos de infecção aguda.

Na mastite crônica, a destruição persistente de alvéolos e ductos da glândula mamária, com substituição por tecido cicatricial, resulta em menor capacidade de produção de leite (SMITH, 2006).

5.5 DIAGNÓSTICO DE MASTITE CLÍNICA

O diagnóstico da mastite clínica baseia-se no exame da glândula mamária e de sua secreção. A glândula infectada pode apresentar edema, hiperemia, dor e ou endurecimento. A secreção pode se apresentar serosa, com grumos ou ocasionalmente, sanguinolenta. É mais comumente verificada em vacas lactantes, mas também pode se desenvolver em vacas secas. Como esse grupo de animais não são inspecionados de forma minuciosa, alguns destes casos não são detectados até a época de parição.

A Mastite de Verão é uma doença aguda da glândula mamária não lactante pode acometer vacas, novilhas e até mesmo bezerras jovens. Em geral é provocada por uma infecção mista com Arcanobacteryum pyogenes e bactérias anaeróbias, principalmente Peptococcus indolicus (ANDREWS et al., 2008).

Referências

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