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ECLI:PT:TRL:2015: TYLSB.A.L

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ECLI:PT:TRL:2015:873.14.0TYLSB.A.L1.1.52

http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ECLI:PT:TRL:2015:873.14.0TYLSB.A.L1.1.52

Relator Nº do Documento

Manuel Marques rl

Apenso Data do Acordão

12/05/2015

Data de decisão sumária Votação

unanimidade

Tribunal de recurso Processo de recurso

Data Recurso

Referência de processo de recurso Nivel de acesso

Público

Meio Processual Decisão

Apelação improcedente

Indicações eventuais Área Temática

Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores

citação por via postal; pessoa colectiva; carta registada com aviso de recepção; registo nacional de pessoas colectivas;

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Sumário:

Uma das especialidades previstas na lei para citação das pessoas colectivas é que a citação realizada por via postal, através de carta registada com aviso de recepção (artº 228º, nº 1), é feita por carta «endereçada para a sede da citanda inscrita no ficheiro central de pessoas colectivas do Registo Nacional de Pessoas Colectivas» (artº 246º, nº 2) e não na sede de facto, conceito que a lei não reconhece.

(Sumário elaborado pelo Relator)

Decisão Integral:

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa: RELATÓRIO:

I. O Ministério Público, em representação dos trabalhadores JA e AS, instaurou processo especial de insolvência em face da requerida O, Lda, com sede na Rua ....

Realizadas diligências tendentes à citação da requerida, foi proferida sentença, na qual, após se considerar esta citada, se julgaram provados os factos alegados no requerimento inicial, tendo a final sido declarada a insolvência da requerida O, Lda.

Inconformado com essa decisão, veio JN, na qualidade de sócio da requerida, interpor o presente recurso de apelação, tendo nas suas alegações formulado as seguintes conclusões:

1.O Tribunal a quo tinha conhecimento do encerramento das instalações da insolvente a

16/12/2013 e no entanto tentou duas vezes a citação para essa mesma morada, posteriormente ao encerro;

2.Tendo-se frustrada a citação pessoal da insolvente poderia e deveria ter o Tribunal a quo citado na pessoa do representante legal nos termos do n.º 1 do art.s 223°do C.P.C.

3.O tribunal a quo tinha conhecimento da morada do representante legal, não fosse o mesmo ter notificado da sentença que decretou a insolvência;

4.A insolvente não foi citada, assim como o representante legal não foi citado; 5.Não foi dispensada a audiência do devedor nos termos do art.s 12.º do CIRE;

6.A falta de citação tem como consequência a nulidade de todo após a petição inicial nos termos da alínea e) do art.s 188.º e alínea a) do art.s 187.º ambos do CPC.

Termina pedindo seja concedido provimento ao recurso e revogada a decisão recorrida, determinando a nulidade de todo o processado após a petição inicial.

O M.P. apresentou contra-alegações, nas quais formulou as seguintes conclusões:

1 - A sentença em apreço não violou quaisquer preceitos legais, contrariamente ao alegado pelo recorrente.

2 - A citação da requerida foi concretizada em morada registada em documentos oficiais,

documentos estes que a empresa e seu legal representante estão obrigados a ter actualizados, tendo em conta os fins prosseguidos pelo registo e o objectivo de segurança jurídica, sob pena de ser desconhecido o seu paradeiro e considerar-se citado na morada que consta do registo.

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Rua Mouzinho da Silveira, n.º 10 | 1269-273 Lisboa Telefone: 213 220 020 | Fax: 213 47 4918 http://www.csm.org.pt | csm@csm.org.pt

(3)

Termina pedindo seja mantida a sentença recorrida. Colhidos os vistos, cumpre decidir.

*

II. As questões a decidir resumem-se essencialmente em saber se se verifica uma situação de falta de citação.

*

III. Relativamente à questão da citação da requerida, da documentação junta aos autos resultam provados os seguintes factos:

1.A sede da requerida inscrita no ficheiro central de pessoas colectivas do Registo Nacional de Pessoas Colectivas é a seguinte: Rua ....

2. Com data de 16/10/2014 foi enviada carta de citação da requerida (com aviso de recepção) para a referida morada, a qual foi devolvida, com a menção “fui informado na morada que se mudou”. 3. Com data de 24/10/2014 foi enviada, nos termos dos arts. 246º, n.º 4, e 229º, n.ºs 4 e 5, do CPC, uma segunda carta (com aviso de recepção) para citação da requerida para a morada da sede desta, tendo a mesma sido devolvida com a menção de “Dizem-me que se mudou”.

4. Com data de 10/11/2014 foi enviada, nos termos dos arts. 246º, n.º 4, e 229º, n.ºs 4 e 5, do CPC, uma terceira carta (com aviso de recepção) para citação da requerida para a morada da sede desta.

5. O funcionário dos Correios exarou então a seguinte declaração:

“No dia 11/11/14, de 11.00, Na impossibilidade de Entrega depositei no Receptáculo Postal Domiciliário da morada indicada a Citação a ela referente”.

6.Nessa carta constava, além do mais, que:

“Nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 246º do Código de Processo Civil, fica V.Ex.ª citado para, no prazo de 10 dias, deduzir oposição, querendo à presente acção de insolvência, ficando advertido (a) de que na falta de oposição, consideram-se confessados os factos alegados na petição inicial, podendo a insolvência vir a ser decretada (n.ºs 1 e 5 do art. 30º do CIRE)”. Consta ainda que:

“A citação considera-se efectuada:

1.No dia da assinatura do aviso de recepção;

2.Se a carta tiver sido depositada na caixa postal, no dia do depósito (…) Ao prazo indicado acresce uma dilação de:

(…)

b) 30 dias, nos casos previstos no número 2”.

7.Decorrido o prazo para contestação resultante dessa carta, nada foi apresentado pela Requerida. *

IV. Da questão de mérito:

O presente recurso foi interposto pelo sócio da devedora/insolvente.

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insolvência, quando entenda que, face aos elementos apurados, ela não devia ter sido proferida. E, como se vê das alegações, o apelante não pretende discutir no presente recurso o mérito da sentença recorrida, mas apenas, e tão só, a questão da arguida falta de citação.

Efectivamente, sustenta o apelante que face à falta de citação da requerida, a sentença não deveria ter sido proferida.

Vejamos se lhe assiste razão.

Dispõe o art. 223º, nºs 1 e 3, do Código de Processo Civil, que as sociedades são citadas ou notificadas na pessoa dos seus legais representantes (nº 1), considerando-se ainda pessoalmente citadas ou notificadas quando o sejam na pessoa de qualquer empregado que se encontre na sede ou local onde funciona normalmente a administração (nº 3).

E estabelece o art. 246º do NCPC que o regime de citação de pessoas colectivas é idêntico ao da citação das pessoas singulares, com as devidas adaptações e as especialidades constantes dessa disposição legal.

Uma dessas especialidades é que a citação realizada por via postal, através de carta registada com aviso de recepção (artº 228º, nº 1), é feita por carta «endereçada para a sede da citanda inscrita no ficheiro central de pessoas colectivas do Registo Nacional de Pessoas Colectivas» (artº 246º, nº 2) e não na sede de facto, conceito que a lei não reconhece.

E sendo devolvida a carta, «é repetida a citação, enviando-se nova carta registada com aviso de recepção à citanda e advertindo-a da comunicação constante do nº 2 do artº 230, observando-se o disposto no nº 5 do artigo 229º» (artº 246º, nº 4).

Ou seja: desta segunda tentativa de citação deverá resultar claro para a citanda que a citação se considerará validamente «efectuada na data certificada pelo distribuidor do serviço postal» (artº 230º, nº 2), que deverá também certificar «o local exacto em que depositou o expediente e remeter de imediato a certidão ao tribunal» (artº 229º, nº 5), com as consequências legalmente aplicáveis (designadamente, que a falta de contestação importará a confissão dos factos articulados pelo autor da acção), «presumindo-se que o destinatário teve oportuno conhecimento dos elementos que lhe foram deixados» (artº 230º, nº 2, in fine).

Ora, esses trâmites foram todos cumpridos no caso em apreciação relativamente à citação da R. Efectivamente, no caso, após ter sido devolvida a carta para citação da requerida, sendo esta uma pessoa colectiva cuja inscrição no Registo Nacional de Pessoas Colectivas é obrigatória, foi

repetida a citação, mediante nova tentativa de citação postal, desta vez com a cominação de que a citação se considera efectuada na data certificada pelo distribuidor do serviço postal (art. 230º, n.º 2).

E não tendo sido de novo possível a entrega da carta (a 3ª que lhe foi enviada), por motivo

diferente da recusa, o distribuidor postal depositou a mesma no receptáculo da sede da requerida, o que certificou, com a data de 11/11/2014, nos termos do art. 228º, n.º 5 (art. 229º, n.º 5),

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considerando-se feita a citação (pessoal) nessa data (art. 230º, n.º 2).

Foram assim observadas pelo tribunal de 1ª instância as formalidades legais previstas na lei para a citação da R., devendo considerar-se a mesma validamente efectuada naquela data – neste

sentido, numa situação similar à presente, vide Ac. RE de 26/03/2015, relatado pelo Des. Mário António Mendes Serrano, acessível in www.dgsi.pt, cuja argumentação acompanhamos.

Improcede, por isso, a arguida falta de citação e, consequentemente, a apelação. Sumário:

Uma das especialidades previstas na lei para citação das pessoas colectivas é que a citação realizada por via postal, através de carta registada com aviso de recepção (artº 228º, nº 1), é feita por carta «endereçada para a sede da citanda inscrita no ficheiro central de pessoas colectivas do Registo Nacional de Pessoas Colectivas» (artº 246º, nº 2) e não na sede de facto, conceito que a lei não reconhece.

***

V. Decisão:

Pelo acima exposto, julga-se a apelação improcedente, desatendendo-se a arguida nulidade processual fundada na falta de citação da requerida, mantendo-se a sentença recorrida. Custas pelo apelante.

Notifique.

Lisboa, 12 de Maio de 2015 (Manuel Marques - Relator) (Pedro Brighton - 1º Adjunto)

(Teresa Sousa Henriques – 2ª Adjunta)

Referências

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