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O Modelo PASS: Contributos para uma Avaliação Inclusiva

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Academic year: 2021

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Ana Cristina Rosário

Psicóloga do SPO do Agrupamento de Escolas nº 4 de Évora

anacristinarosario@hotmail.com

O Modelo PASS: Contributos para

uma Avaliação Inclusiva

(2)

AVALIAÇÃO DO FUNCIONAMENTO COGNITIVO

O uso de testes para a avaliação psicológica na área da

inteligência é uma prática habitual entre os psicólogos.

No entanto, quando se trata de avaliar alunos com dificuldades

escolares

e/ou provenientes de meios sócio-culturais baixos

ficam-nos sempre algumas dúvidas sobre a adequabilidade dos

testes tradicionais de inteligência, nomeadamente os testes de

Q.I. (Rosário & Candeias, 2006).

Por

exemplo,

quando

uma

criança

provêm

dum

meio

sociocultural baixo e pouco estimulante tem muito menos

probabilidade de gozar de oportunidades educativas que lhe

permitam desenvolver as suas capacidades latentes, pelo que é

normal que obtenha pontuações relativamente baixas em provas

que medem aptidões desenvolvidas.

PASS

CAS

(3)

A avaliação dinâmica v.s. a avaliação

tradicional

Como resposta às críticas que se têm levantado à

avaliação tradicional centrada no desempenho e nos

produtos, surge a avaliação dinâmica ou centrada

nos processos, que constitui uma alternativa

interessante e prometedora, com implicações

importantes ao nível da planificação e da intervenção

específica (González, 1999).

(4)

O que é a avaliação dinâmica?

• A avaliação dinâmica desloca o foco do diagnóstico sobre o que

o aluno faz (avaliação estática ou baseada nos produtos), para o

que o aluno poderá conseguir fazer através da acção educativa

(avaliação do potencial cognitivo e de aprendizagem).

• Trata-se de uma avaliação compreensiva baseada na análise

dos processos de funcionamento com uma estreita ligação à

intervenção, que tem por fim desenvolver o potencial desse aluno.

• Neste sentido, a avaliação tradicional centrada nas classificações

normativas, dá lugar a uma avaliação centrada na compreensão

do potencial, com o intuito de identificar as estratégias mais

adequadas a uma intervenção promotora da aprendizagem e do

desenvolvimento do aluno, tendo o professor o importante papel

de mediador.

PASS

CAS

(5)

 Nesta comunicação defendemos, assim, a necessidade de

ultrapassar a tradicional perspectiva sobre a avaliação psicológica centrada nos défices, para uma perspectiva centrada no potencial do aluno para aprender e para se desenvolver.

 Esta forma de conceber a avaliação pressupõe uma continuidade

entre avaliação e intervenção educativa, por contraste à avaliação tradicional centrada nas classificações diagnósticas de difícil

transposição para a prática pedagógica.

 A emergência do paradigma de avaliação centrado no

desenvolvimento do potencial do aluno alicerça-se em políticas geradoras de uma educação para todos (avaliação inclusiva).

(6)

O Sistema de Avaliação Cognitiva

Contributos para uma Avaliação Inclusiva

(7)



De acordo com o modelo PASS, a aprendizagem escolar

depende do adequado funcionamento de processos

cognitivos básicos que são: a Planificação, a Atenção e os

processamentos Simultâneo e Sucessivo.



Estes 4 processos são avaliados por um instrumento que

foi concebido especificamente para este fim e que se

designa por Sistema de Avaliação Cognitiva (SAC),

tradução do original Cognitive Assessment System (CAS)

(Naglieri & Das, 1997).

(8)

DESCRIÇÃO DO SAC

O SAC é um instrumento de aplicação individual e

destina-se a crianças e jovens dos 5 aos 17 anos.

Tendo em consideração que está organizado de acordo

com a teoria PASS, então o SAC compreende quatro escalas,

cada uma delas é constituída por provas que avaliam o

processo cognitivo correspondente, sendo também possível

avaliar globalmente os quatro processos cognitivos através de

um resultado compósito das quatro escalas – Escala Completa.

A Bateria Básica inclui oito provas (duas para cada

processo cognitivo do PASS) e a Bateria Standard inclui 12

provas (três para cada processo cognitivo do PASS) (ver

Quadro).

PASS

CAS

(9)

Séries de Palavras

Repetição de Frases

Velocidade Oral/Frases e Questões

Matrizes Não-Verbais

Relações Verbais-Espaciais

Memória de Figuras

Componentes e Provas do SAC (Naglieri & Das, 1997)

Emparelhamento de Números

Planificações de Códigos

Planificação de Conexões

PLANIFICAÇÃO

PROCESSAMENTO

SUCESSIVO

PASS CAS PREP

ATENÇÃO

Atenção Expressiva

Detecção de Números

Atenção Receptiva

PROCESSAMENTO

SIMULTÂNEO

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PASS

CAS

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RESULTADOS NO SAC

A pontuação obtida na Escala Completa constitui um bom preditor do desempenho académico. Por sua vez, as pontuações nas escalas individuais PASS são relevantes para predizer o êxito ou o fracasso em áreas específicas do rendimento académico e para o diagnóstico diferencial.

Por exemplo:

Resultados baixos no processamento sucessivo estão relacionados com dificuldades na descodificação da leitura;

Resultados baixos na planificação e no processamento simultâneo estão relacionados com dificuldades no cálculo e no raciocínio matemático;

Resultados baixos na atenção e na planificação surgem em crianças com défice de atenção e hiperactividade;

Resultados baixos nos 4 processos PASS surgem em crianças com dificuldades intelectuais e desenvolvimentais;

Resultados elevados nos 4 processos PASS surgem em crianças com sobredotação.

PASS

CAS

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VANTAGENS DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO COGNITIVA

O SAC apresenta algumas vantagens face a outros instrumentos de avaliação psicológica mais tradicionais, nomeadamente:

 foi construído tendo por base uma teoria moderna do funcionamento cognitivo (ou seja, a concepção da inteligência em termos de processos cognitivos torna possível a educabilidade cognitiva);

 os resultados da avaliação não se situam apenas ao nível daquilo que o sujeito é capaz ou não de realizar, mas também ao nível das estratégias que utiliza na resolução de problemas;

 os seus itens parecem ser livres de conhecimentos adquiridos, por exemplo, não discriminando os sujeitos em função do nível sócio-económico (Rosário, 2007).

A utilização do SAC permite: (i) identificar os pontos fortes e débeis da aprendizagem; (ii) o diagnóstico diferencial (p.e. dificuldades de aprendizagem, défices de atenção, atraso mental, sobredotação, …); e, (iii) delinear uma intervenção adequada.

PASS

CAS

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(14)

 A Teoria PASS tem merecido grande aceitação no campo das

dificuldades de aprendizagem, na medida em que numerosos estudos têm demonstrado a validade dos seus constructos (González, 1999).  Por sua vez, o SAC tem-se revelado um instrumento fiável e válido para

a avaliação dos processos cognitivos PASS implicados na aprendizagem e no comportamento (Rosário, Candeias & Cruz, 2007).

 Face aos tradicionais testes de inteligência, nomeadamente os testes de Q.I., o Sistema de Avaliação Cognitiva (SAC) apresenta a grande

vantagem de se basear numa moderna teoria do funcionamento cognitivo, ligando a teoria à prática (Das, Naglieri & Kirby, 1994).  Ou seja, a inteligência deixa de ser considerada como algo estável,

tratando-se sim de uma estrutura sustentada em processos capazes de sofrerem modificabilidade, sendo esta mudança produzida pela

interacção do aluno com o meio social (Candeias, 2009; Cruz & Fonseca, 2002).

(15)



Para concluir, podemos afirmar que:



Uma educação inclusiva requer novas práticas de

avaliação e de intervenção que se focalizem no potencial

dos alunos e na sua capacidade de modificabilidade aos

níveis do funcionamento cognitivo, motivacional e da

aprendizagem (Candeias, 2009).



Numa educação inclusiva, a avaliação e a intervenção

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Referências Bibliográficas

Das, J. P., Naglieri, J. A. & Kirby, J. R. (1994). Assessment of cognitive processes: The P.A.S.S. theory of intelligence. Toronto: Allyn and Bacon.

Candeias, A. A. (2009). Avaliação inclusiva: uma avaliação centrada na compreensão do potencial de desenvolvimento. In A. Candeias (Cord.), Educação Inclusiva: Concepções e

Práticas (pp.21-37) . Évora: CIEP – Universidade de Évora.

Cruz, V. & Fonseca, V. (2002). Educação cognitiva e aprendizagem. Porto: Porto Editora.

González, J. E. J. (1999). Psicología de las dificultades de aprendizaje. Una disciplina científica emergente. Madrid: Síntesis.

Naglieri, J. A. (1999). Essentials of CAS assessment. New York: John Wiley & Sons, Inc.

Naglieri, J. A. & Das, J. P. (1997). Cognitive Assessment System. Administration and Scoring Manual. Itasca, Illinois: Riverside Publishing.

Rosário, A. C. & Candeias, A. A. (2007). Avaliação dinâmica do potencial cognitivo/ aprendizagem: Diagnóstico do processamento cognitivo em alunos de baixo desempenho. Revista de Educação Especial e Reabilitação, 4 (2), 143-156.

Rosário, A. C.; Candeias, A. A. & Cruz, V. (2007). Avaliação dos processos cognitivos implicados na leitura. Revista Educação: Temas e Problemas, 4 (2), 143-156.

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Referências

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