Proposição de Indicadores do QUALISS Monitoramento e a
Classificação dos Indicadores em Domínios Especificados
Coordenação: Aluísio Gomes da Silva Júnior, MD. PhD Professor do ISC-UFF
Objetivo
contribuir, por meio de revisão crítica de seus indicadores e
de seus domínios, para reestruturação do Programa de Monitoramento
da Qualidade dos Prestadores de Serviços na Saúde Suplementar
(QUALISS) no sentido de sua ampliação em termos de capacidade de
avaliação, disponibilidade de informações que permitam a escolha de
prestadores por parte das operadoras e dos beneficiários de planos de
saúde suplementar.
Estratégia metodológica:
1. Reuniões com a equipe do QUALISS para discussão das diretrizes de
trabalho;
2. Revisão da literatura científica em busca de evidência para a definição
de indicadores assistenciais;
3. Análise de experiências nacionais e internacionais de avaliação de
prestadores;
4. Análise das informações obtidas por meio da aplicação dos indicadores
do QUALISS em um grupo de hospitais selecionados;
5. Análise dos indicadores e domínios adotados pelo QUALISS e
6. Proposição de novos indicadores, manutenção e atualização de
indicadores já utilizados, considerados adequados e a supressão de
indicadores considerados inadequados ao Programa.
Análise das Experiências Internacionais e Nacionais:
Foram consultadas páginas eletrônicas de órgãos públicos ou privados selecionados que efetuam avaliações sobre situação de saúde, incluindo prestação de serviços de saúde. Optou-se por fontes já utilizadas pelo Ministério da Saúde e experiências consagradas na avaliação de sistemas de saúde.
Foram analisadas as experiências e os indicadores do Ministério da Saúde do Brasil (Rede Interagencial de Informação para Saúde (RIPSA); o Caderno de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores: 2013 – 2015; o Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IDSUS); os indicadores do DATASUS e as experiências da Fundação Oswaldo Cruz (PROADESS); da Comissão Europeia de Saúde Pública; do National Health Service (NHS); do National Committee for Quality Assurance (NCQA) e do Center for Disease Control and
Prevention (CDC).
Além disso, foram realizadas buscas nas bases de dados Pubmed e BIREME, com vistas a levantar a melhor evidência disponível sobre os temas abordados.
Os domínios analisados foram:
Segurança;
Efetividade;
Eficiência;
Equidade;
Acesso e
Centralidade no Paciente.
Ao analisar os indicadores utilizados, buscou-se reagrupá-los na direção do principal objetivo do QUALISS, que é oferecer informações de qualidade assistencial que: permitam aos beneficiários melhores escolhas, às
operadoras capacidade de investir em redes assistenciais mais efetivas na solução de problemas de saúde e aos prestadores, aperfeiçoarem seus processos e desempenhos assistenciais.
Valorizaram-se os indicadores referentes à Efetividade - englobando Acesso e Equidade, Segurança e Centralidade no Paciente, na medida em que
oferecem informações importantes para o cumprimento do objetivo principal do Programa e a interface entre os atores da saúde suplementar.
Os indicadores referentes à Eficiência, embora importantes do ponto de vista gerencial, podem não ser levados em conta nas escolhas dos beneficiários. Para os prestadores são indicadores estratégicos na sustentabilidade
Os domínios propostos:
Segurança;
Efetividade (Acesso e Equidade);
Centralidade no Paciente.
Domínio Segurança :
O termo “Segurança do paciente” é definido no Programa Nacional de
Segurança do Paciente – PNSP, como a “redução, a um mínimo aceitável, do
risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde” (BRASIL, 2013 C).
O Domínio Segurança apresentava a seguinte composição
neste estágio
:E – SEG 01 - Taxa de densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central (CVC) na UTI adulto.
E – SEG 02 - Taxa de densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central (CVC) na UTI pediátrica.
E – SEG 03 - Taxa de densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central (CVC) na UTI pediátrica.
E – SEG 04 – Taxa de utilização de Cateter Venoso Central (CVC) na UTI adulto. E – SEG 05 - Taxa de utilização de Cateter Venoso Central (CVC) na UTI pediátrica. E – SEG 06 - Taxa de utilização de Cateter Venoso Central (CVC) na UTI neonatal. E – SEG 07 - Conformidade com os padrões de cirurgia segura.
Em relação do Domínio Segurança, propõe-se a seguinte
relação de indicadores:
E- SEG- 01 Conformidade com os padrões de identificação do paciente,
E- SEG- 02 Taxa de densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central (CVC), com confirmação microbiológica, na UTI Adulto,
E- SEG- 03 Taxa de densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central (CVC), com confirmação microbiológica, na UTI Pediátrica,
E- SEG- 04 Taxa de densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central (CVC), com confirmação microbiológica, na UTI Neonatal e
Justificativas :
o fortalecimento da estratégia de uso efetivo de protocolos (indicadores 1 e
2) e
os temas apontados como essenciais para monitoramento dos eventos
adversos evitáveis – identificação do paciente, cirurgia segura e controle de
infecção (1,2,3,4,5).
Domínio Efetividade :
Segundo o PROADESS (2015), a efetividade é o grau com que a assistência,
os serviços e as ações atingem os resultados esperados.
O Domínio Efetividade, neste estágio, apresentava a
seguinte composição:
E-EFT-01 Implantação de diretrizes e protocolos clínicos.
E-EFT-02 Taxa de mortalidade institucional.
E-EFT-03 Taxa de mortalidade cirúrgica.
E-EFT-04 Taxa de mortalidade neonatal RN < 1500g.
A proposta de Indicadores para o Domínio Efetividade, já
reestruturado, englobando os domínios Acesso e Equidade, é:
E- EFT- 01 Monitoramento da implantação de diretrizes e protocolos clínicos,
E- EFT- 02 Monitoramento de medidas de garantia de acessibilidade à pessoa com deficiência - Checklist de acessibilidade,
E- EFT- 03 Monitoramento da implantação do acolhimento com classificação de risco,
E- EFT- 04 Monitoramento do tempo de espera na Urgência e Emergência, E- EFT- 05 Proporção de parto normal,
E- EFT- 06 Proporção de Internação em emergência por condições agudas que não deveriam requerer admissão hospitalar,
E- EFT- 07 Proporção de readmissão em emergência em até 30 dias da última alta hospitalar e
E- EFT- 08 Taxa de mortalidade neonatal entre recém-nascidos de baixo peso em maternidades.
Justificativa:
Os indicadores 04 - “Taxa de mortalidade neonatal RN<1500g”e
E-EFT-05 - “Taxa de mortalidade neonatal RN entre 1500g e 2500g”, por sua possível
redundância de análise, sugere-se a fusão destes na Taxa de mortalidade
neonatal entre recém-nascidos de baixo peso ao nascer em maternidades.
A Manutenção do Indicador E-EFT-01 - “Implantação de diretrizes e protocolos
clínicos” é indicada, pois avalia processos, portanto, indiretamente, seus
resultados. Como todo indicador desta natureza, a premissa é que a utilização
dos métodos mais adequados para o tratamento de determinadas patologias
se refletirão na obtenção de melhores resultados.
Os indicadores novos propostos são:
-A Proporção de parto normal (avalia a qualidade da atenção obstétrica e o abuso das cesarianas);
-O Percentual de admissão em emergência até 30 dias da última alta hospitalar (avalia a qualidade da assistência prestada e possíveis complicações em internações anteriores ).
-A Proporção de internação em emergência por condições agudas que não
deveriam requerer admissão hospitalar (em um primeiro momento tem um caráter
exploratório quanto à natureza das internações possivelmente
desnecessárias).Aponta também para deficiências na atenção ambulatorial da rede da operadora. Este indicador vem sendo adotado em muitas das experiências
observadas.
Os demais indicadores foram considerados adequados nesta nova configuração de domínio e, por isso, mantidos e atualizados.
Domínio Centralidade no Paciente:
Autores no mundo inteiro destacam a importância do envolvimento do usuário nas decisões em relação ao seu processo de cuidado e do reconhecimento pelo próprio usuário de seu papel central neste processo (DONABEDIAN, 1988; ROBINSON, 2008; HUDSON et al., 2011; MEAD; BOWER, 2000; STEWART et al., 2003, 2000; STEWART, 2001;
SOFAER; FIRMINGER, 2005; REEVE et al., 2013; PINHEIRO; SILVA JUNIOR, 2008; PINHEIRO; SILVA JUNIOR, 2009; NASCIMENTO-SILVA; SILVA JUNIOR; PINHEIRO, 2010; AYRES, 2004;
SANTOS-FILHO,2010).
Além disso, reconhecendo a diferença de pontos de vista entre prestadores e usuários, a literatura também recomenda que sejam buscadas informações relacionadas aos serviços diretamente com os usuários (LEE; SKÖTT; HANSEN, 2009; REEVE et al., 2013).