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REMESSA OFICIAL n /001 Campina Grande RELATOR: Aluízio Bezerra Filho, Juiz convocado em substituição ao Exmo. Des.

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ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Gah. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

REMESSA OFICIAL n°. 001.2011.009285-3/001 — Campina Grande

RELATOR: Aluízio Bezerra Filho, Juiz convocado em substituição ao Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

PROMOVENTE: Maria de Fátima Cruz Cabral DEFENSOR: José Alípio Bezerra de Mélo

• PROMOVIDO: Estado da Paraíba, representado por seu Procurador Francisco Glauberto Bezerra Júnior

REMETENTE: Juizo da 3a Vara da Fazenda Pública de Campina Grande

CONSTITUCIONAL e ADMINISTRATIVO — Ação ordinária de Obrigação de Fazer com pedido de tutela antecipada — Promovente portadora de Doença de Paget Crânio — Dever de assistência do Estado - Fornecimento de medicamento prescrito por profissional reconhecidamente idôneo - Procedência parcial do pedido — Remessa Oficial e Apelação Cível — Manutenção da sentença — Seguimento negado a ambos os recursos.

"Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde, que se qualifica como direito subjetivo inalienável assegurado a todos pela própria Constituição da República (art. 5', capta e art. 196), Ou fazer prevalecer contra essa prerrogativa limdamernal, uni interesse financeiro e secundário do

Estado, impõem aojulgador uma só e possível opção: aquela que privilegia o respeito indeclinável à vida e à saúde humaneis."

Vistos etc.

Maria de Fátima Cruz Cabral ajuizou ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada em face do Estado da Paraíba, feito que correu na 34 Vara da Fazenda Pública de Campina Grande, onde a promovente é portadora de Condropatia Patelofemural (CID M22.4), necessitando do medicamento ARTROLIVE (90 comprimidos mês).

Pugna para que lhe seja concedida a ante ação da tutela, determinando que o Estado da Paraíba distribua a medicação presc a por profissional médico, necessária para o tratamento de sua enfermidade.

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Com a inicial vieram documentos de fls. 06/09. Antecipação de tutela concedida, em parte, conforme despacho de fls. 12/13, determinando que o réu forneça, de imediato, o medicamento prescrito ou similar, com mesmo princípio ativo, consignado na inicial.

contestação às fls. 19/33.

procedência da ação.

Citado, o Estado da Paraíba apresentou Impugnação apresentada às fls. 43/44.

O Ministério Público (fls. 48/51) opinou pela Conclusos os autos, o MM. Juiz proferiu sentença (fls. 53/57), cuja párte final da decisão, transcrevo in verbis: "Ante o exposto, do mais que dos autos consta e princípios de direito aplicáveis à espécie, em consonância com o parecer Ministerial, JULGO PROCEDENTE, EM PARTE, A AÇÃO para determinar que o Estado da Paraíba forneça à autora, MARIA DE FÁTIMA CRUZ CABRAL, o medicamento prescrito pelo profissional médico, prontamente identificado, em quantidades necessárias para controle da doença, devendo o mesmo se submeter a exames periódicos na rede pública estadual de saúde com a periodicidade estabelecida pelo médico que a acompanha para análise da necessidade ou não da continuidade do fornecimento do medicamento, restando ratificada a medida antecipalória da tutela concedida, observada a ressalva ,feita na limdamentação da possibilidade da substituição do medicamento por outro com o mesmo princípio ativo. Sem

condenação em custas e honorários advocatícios pela parte ser assistida por Defensoria Pública do Estado, condenando o promovido apenas nas despesas processuais que tiverem sido necessárias para o trâmite regular do processo." Decisão sujeita ao duplo grau de jurisdição.

Não foi apresentado recurso voluntário.

A Procuradoria de Justiça (fls. 67/72) opinou pelo conhecimento e desprovimento da remessa.

É o relatório. Decido.

Cuida-se de Remessa Oficial oriundas de Sentença proferida pelo juizo da 3 a Vara da Fazenda Pública de Campina Grande que julgou parcialmente procedente o pedido da autora, determinando que o Estado da

Paraíba forneça o medicamento necessário para seu tratamento de saúde.

Consoante se extrai da Constituição Federal,

"compete solidariamente à União, Estados, Distrito Federal e Municípios o cuidado da saúde e assistência pública (art. 23, inc. II), bem como, a organização da seguridade social, garantindo a 'universalidade da cobertura e do atendimento' (art. 194, parágrctfo único, inc. I). Logo, por ser a saúde matéria de competência solidária entre os entes federativos, pode a pessoa acometida de doença exigir medicamentos de qualquer um deles".

Portanto, a divisão de atribuições prevista na Lei 8.080/90, norma que trata do Sistema Único de Saúde - SUS, não xime o demandado da sua responsabilidade garantida pela Constituição Federal.

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Justiça:

Este é o entendimento do Superior Tribunal de

"O funcionamento do Sistema Único de Saúde - SUS é de responsabilidade solidária da União, Estados-membros e Municípios, de modo que, qualquer dessas entidades têm legitimidade ad causam para figurar no. pólo passivo de demanda que objetiva a garantia do

acesso à medicação para pessoas. desprovidas de recursos financeiros"'

É de suma importância frisarmos que os serviços de saúde são de relevância pública e de responsabilidade do poder público, integrado em uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços federais, estaduais e municipais, o chamado Sistema Único de Saúde — SUS.

Prescreve o art. 196 da Constituição Federal que

"a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação", sendo, portanto, reconhecido o direito de todos à saúde.

Deste modo, não cabe ao Poder Público escolher quem vai ou não se beneficiar dos serviços oferecidos aos cidadãos, uma vez que, todo planejamento deve ser feito de maneira responsável e organizada, permitindo a todas as pessoas que necessitam de exames e medicamentos iniciarem e continuarem o seu tratamento sem interrupções indesejáveis.

In casu, pretende o interessado tão somente assegurar o seu direito à vida e à saúde.

É que consoante os termos da Carta Magna brasileira, este é um direito de todo cidadão. Vejamos:

"Art. 6" - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazei; a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição". (grifei) Ademais, consta nos autos receituário firmado por profissional médico reconhecidamente idôneo, que indica a medicação considerada como sendo a mais eficaz e necessária ao tratamento da sua enfermidade.

A jurisprudência é uniforme em casos dessa espécie, de onde destaco o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do Recurso Extraordinário n° 247901/RS, que teve como relator o Min. Maurício Correia:

"DECISÃO: Iolanda Ribas, portadora de mandado de segurança contra ato do Secretário da Saúde e do

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Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, consistente em negar-se a fornecer-lhe, gratuitamente, medicamento de que necessita. 2. O Tribunal de Justiça «is. 90/93 e 107/111), razão do presente recurso extraordinário, alegando violação ao disposto nos artigos 50, LXIX: 165, § III; 167, I e VI e 196 da Constituição Federal. 3. Observo, no entanto, que a jurisprudência desta Corte é no sentido de que "o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (artigo 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir aos cidadãos, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico- hospitalar (...). O direito à saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a Iodas as pessoas - representa conseqüência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Públiéo, qualquer que seja a esfera institucional de sua atucLção no plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional" (AgRE n° 271.286/RS, Celso de Mello, DJ 24.11.00). No mesmo sentido: RE n° 195.192/RS, Marco Aurélio, Dl 31.03.2000. Ante o exposto; com base no artigo 21„s' 10, do RISTF, nego seguimento ao recurso. Intime-se. Brasília, 12 de setembro de 2001. Ministro Maurício Corrêa Relator".

• Vejamos o entendimento do Tribunal de Justiça

da Paraíba:

"ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL - Remessa Oficial - Portador de Linfoma Anaplástico CID 83.4 - Necessidade urgente de exame Pet-Scan - Procedimento de alto custo - Paciente sem condições

.financeiras -Direito à Vida e à Saúde - Dever do

Estado - Garantia Constitucional - Manutenção da sentença a quo - Desprovimento .da remessa oficial. É obrigação do Estado UNIÃO, ESTADOS-MEMBROS, DISTRITO FEDERAL E Municípios assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso à medicação ou congênere

necessário à cura, controle ou abrandamento de suas enfermidades, sobretudo, as mais graves RESP 656979/RS, Relator Ministro Castro Meira, r Turma,

DIU 07/03/2005, p. 230." 2

(LIPB. 3" CC, RO 200.2009.027969-2/001. Rel. Des. Genésio Gomes Pereira FiH,j. 20.04.201

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"MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DO SECRETA' RIO DE SAÚDE DO ESTADO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO QUE NÃO FAZ PARTE DA LISTA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. INDEFERIMENTO. INFRAÇÃO A DIREITO LIQUIDO E CERTO. CONCESSÃO DO PVRIT. Pratica ato escoimado ilegal o Secretário de Saúde que indefere o pedido .formulado pelo impetrante de que lhe fosse concedido o medicamento comprovadam ente essencial ao tratamento de doença que acarreta risco de vida, ao argumento de que não faz parte da lista de medicamentos excepcionais fornecidos pelo SUS —Sistema úlliCO de Saúde."'

Não basta, portanto, que o Estado meramente proclame o reconhecimento formal de um direito. Torna-se essencial que, para além da simples declaração constitucional desse direito, seja ele integralmente respeitado e plenamente garantido, especialmente naqueles casos em que o direito - como l o direito à saúde - se qualifica como prerrogativa jurídica de que decorre o poder do cidadão de exigir, do Estado, a implementação de prestações positivas impostas pelo próprio ordenamento constitucional.

Assim, observa-se que a matéria já foi amplamente discutida pelos tribunais pátrios, devendo ser priorizado o direito à vida e à saúde.

Sendo assim, NEGO SEGUIMENTO ao recurso, monocraticamente, com fulcro no art. 557, caput, do Código de Processo Civil Brasileiro, por ser o mesmo manifestamente improcedente e em confronto com jurisprudência dominante deste e de Tribunais Superiores.

P. I.

João Pessop,33 de março c 2012.

Aluído Bezerra Filho — Relator — Juiz convocado

(TJPB, Tribunal Pleno, MS n° 2002.004146-4, Rel. Des. Jorge Ribeiro Nábrega, j. 14.08.2002, DJ 21.08.2002)

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1RIBUNAL OE .113 1 Çit DifetOria JUdiCiaria Regiutrado errt

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