Demandas Estimadas
As atividades desenvolvidas na bacia do Grande resultam em demandas crescentes por água. As estimativas têm como referência o ano de 2013 e as informações primárias e secundárias levantadas no diagnóstico, tais como as áreas irrigadas e os cadastros de usuários dos órgãos gestores de recursos hídricos.
As vazões de retirada correspondem à água captada dos corpos hídricos. As vazões de consumo correspondem à água efetivamente consumida considerando o coeficiente médio de retorno dos diferentes usos apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Taxas de retorno/consumo da água conforme o uso
Abastecimento Urbano
Abasteci-mento Rural Indústria Mineração
Dessedenta-ção Animal Agricultura Irrigada Retorno 80% 50% 80% 80% 20% 20% Consumo 20% 50% 20% 20% 80% 80%
A metodologia da estimativa de retirada, para cada uso, é abordada a seguir. São apresentados os principais resultados, com foco nas unidades de gestão – UGHs. No Apêndice os resultados estão organizados por município, ressaltando que se referem apenas às porções dos municípios que estão na bacia do Grande.
Cabe destacar que o modelo de organização dos dados do PIRH Grande é baseado em áreas elementares (cerca de 20 mil microbacias), que permitem a agregação de informações em diferentes recortes espaciais (município, UGH, unidade da federação, etc.). A alocação das demandas municipais nas microbacias foi realizada prioritariamente com o mapeamento de uso e cobertura do solo. Quando uma captação pode ser identificada pontualmente – como no caso de uma outorga industrial – esta é alocada diretamente na microbacia. Desta forma, as demandas de irrigação por pivôs centrais foram espacializadas nos respectivos pivôs mapeados, por exemplo.
Abastecimento Urbano e Rural
Usualmente, demandas de abastecimento são calculadas por métodos indiretos, baseados em coeficientes técnicos, em função de faixas populacionais regionalizadas (por unidade da federação, por exemplo).
Na presente estimativa optou-se pela consulta a base de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS 2013, que dispõe de grande conjunto de informações e indicadores por município. Os dados dos serviços de água e esgoto são atualizados anualmente desde 1995 e, assim, o SNIS tornou-se progressivamente mais robusto e consistente.
O dado municipal informado tende a apresentar maior aderência à realidade local, tanto em termos de consumo como de operação e distribuição da água ofertada pelas prestadoras de serviços de abastecimento. A retirada média per capita de água (l/hab/dia) de cada município foi estimada considerando o uso médio per capita (água que chega nas residências) e as perdas que ocorrem entre a produção de água nos sistemas de abastecimento e o uso efetivo. Desta forma, o coeficiente de retirada foi obtido pela seguinte relação:
RETpc = IN022 ÷ (1 − (AG006 − AG010 AG006 )) Onde:
IN022 = AG010 − AG019 AG001
RETpc = Retirada média per capita de água (l/hab/dia) IN022 = Uso médio per capita de água (l/hab/dia)
AG001 = População total atendida com abastecimento de água (habitantes) AG006 = Volume de água produzido (1.000 m3/ano)
AG010 = Volume de água consumido (1.000 m3/ano) AG019 = Volume de água tratada exportado (1.000 m3/ano)
Considerando que o banco de dados do SNIS pode apresentar algumas inconsistências, foi considerada aceitável retiradas no intervalo entre 125 e 500 litros por habitante por dia. Nos municípios com dados espúrios e nos que não apresentaram dados no SNIS 2013, foram adotados os valores de uso per capita máximo diário – por faixa populacional – provenientes do Atlas de Abastecimento Urbano (ANA, 2010), considerando ainda o índice estadual de perdas de água na distribuição.
Tabela 2 – Retirada média per capita de água (l/hab/dia), considerando o Atlas (ANA, 2010)
UF Índice de Perdas
Faixa Populacional (habitantes)
< 5000 5.000 a 35.000 35.000 a 75.000 > 75.000
SP 34,2 209,0 224,4 250,2 246,6
MG 33,1 205,9 221,2 246,6 243,1
Para a população rural foi aplicado um valor de retirada per capita de 125 L/hab/dia em ambas as unidades da federação, baseado em estudo da FGV (1998).
A Figura 2 e a Figura 3 apresentam a distribuição das demandas de abastecimento nas microbacias. Observa-se que as demandas rurais são dispersas e com faixas reduzidas de valores, enquanto as demandas urbanas são mais elevadas e concentradas no território.
Figura 2 – Demanda de abastecimento urbano por microbacia
Indústria e Mineração
Há grande dificuldade de se estimar demandas nos setores industrial e mineral, uma vez que os dados na escala municipal são escassos, esbarrando, por exemplo, em questões de sigilo. Para calcular a demanda de água, foram consideradas as outorgas emitidas pelos órgãos gestores de recursos hídricos. Tais dados foram analisados e consistidos, permitindo concluir que a outorga industrial e mineral é representativa da demanda na bacia do rio Grande.
Além de fornecer dados mais precisos do uso nesta bacia, as outorgas estão diferenciadas entre superficiais e subterrâneas e representam o local exato das captações nas respectivas microbacias.
A Figura 4 apresenta a espacialização das demandas industriais por microbacia. Observa-se a clássica concentração da atividade nas proximidades dos principais núcleos urbanos, mas também em diversas microbacias de núcleos urbanos de menor porte e no espaço rural.
Figura 4 – Demanda industrial por microbacia
A demanda de água da mineração concentra-se no espaço rural, principalmente ao longo dos principais rios afluentes das unidades Sapucaí (GD 5), Guaçu/Pardo (GD 6), Pardo (UGRHI 04) e Mogi-Guaçu (UGRHI 09) (Figura 5).
Figura 5 – Demanda de mineração por microbacia
Dessedentação Animal
Para o cálculo da demanda para dessedentação animal, foi considerado o efetivo dos rebanhos nos municípios em 31/12/2012, conforme levantado na Pesquisa Pecuária Municipal (IBGE, 2013).
Na estimativa para o setor pecuário são considerados todos os rebanhos, inclusive aqueles menos expressivos. Para a aplicação de um único coeficiente per capita de uso da água por animal, a compatibilização de animais de diferentes portes é feita a partir de unidades hipotéticas, sendo mais comum a ponderação em relação ao bovino, que possui demanda média de retirada de 50 litros por dia por cabeça.
Neste sentido, foi aplicada a unidade BEDA – Bovinos Equivalentes para Demanda de Água – para cada município, utilizando a seguinte a relação:
BEDA = Bovinos + Bubalinos + Equinos + Muares + Asininos
1,25 + Ovinos + Caprinos 6,25 + Suínos 5 + Coelhos 200 + Aves 250
Fonte: Rebouças et al. (2006)
Desta forma, cabe ressaltar que embora o número de cabeças de outros rebanhos seja significativo na bacia, o consumo de um bovino equivale ao consumo de 5 suínos ou 250 galinhas, por exemplo. Como resultado, cerca de 90% da demanda para dessedentação animal da bacia provém dos próprios bovinos e cerca de 10% de cabeças equivalentes de outros rebanhos (galinhas, suínos, codornas, etc.). A Figura 6 apresenta a demanda animal por microbacia, apresentando forte dispersão no território por conta das características de manejo extensivo.
Figura 6 – Demanda animal por microbacia
Irrigação
A demanda para irrigação foi estimada com o levantamento de dois dados principais: áreas irrigadas (ha) e lâminas médias de aplicação (L/s.ha-1). A demanda corresponde à multiplicação entre estas duas variáveis.
Em função dos melhores dados disponíveis e dos refinamentos realizados no âmbito do PIRH Grande, a estimativa de área irrigada foi subdividida em três grupos:
1) Pivôs Centrais de Irrigação – mapeamento georreferenciado em imagens de satélite de 2013 (ANA & Embrapa, 2014);
2) Café, Cana-de-açúcar e Citros (laranja e tangerina) – levantamento subjetivo nos municípios da bacia em instituições representativas (cooperativas, CATI/SP, usinas sucroalcooleiras, etc.), realizado por consultoria especializada – referência 2013/2014;
3) Censo Agropecuário 2006 – considerado como complemento aos dois grupos anteriores, ou seja, foi adotada a área irrigada total excluindo aquelas em pivô central e das culturas café, cana, laranja e tangerina. Esta área complementar foi projetada até 2013 a partir das taxas anuais de crescimento da irrigação calculadas pela CSEI/Abimaq (2014).
É importante considerar que o uso da água para irrigação se dá principalmente nos meses mais secos, ou seja, coincidindo com a menor disponibilidade hídrica e impactando de forma mais expressiva no balanço hídrico. Ou seja, as demandas de irrigação não são bem representadas por uma média anual, embora este valor seja referência para comparação com os demais usos. Desta forma, foram utilizados como indicadores duas lâminas: média anual e média do mês de maior irrigação.
Para os grupos 1 e 3 foram adotadas as lâminas médias municipais de irrigação extraídas dos bancos de dados dos estudos elaborados pelo ONS (2003; 2005). Nestes estudos, a lâmina representa o consumo com base na necessidade hídrica de uma “cultura média”, ou seja, reflete a necessidade de diferentes culturas presentes no município ponderada pela respectiva importância de cada cultura em termos de área plantada. No grupo 2 foram adotadas as lâminas municipais específicas do café, da laranja e da tangerina extraídas do banco de dados do estudo Matriz de Coeficientes Técnicos elaborado por SRHU & Funarbe (2011). Para a cana, foi adotada uma
Considerando estas fontes de informações e a segurança hídrica, foram adotadas para a bacia a média das lâminas dos 10 (dez) municípios com maior consumo específico. Desta forma, resultaram as seguintes lâminas (Tabela 3):
Tabela 3 – Lâminas médias de irrigação e áreas irrigadas
Cultura Lâmina
(L/seg/ha)
Área Irrigada Identificada (ha)
Café (média anual) 0,1102
44.400
Café (máximo mensal) 0,1820
Citros (média anual) 0,1116
143.850 Citros (máximo mensal) 0,2894
Cultura Média (média anual) 0,1725 Pivôs: 121.800 Outras Culturas/métodos:
195.900 Cultura Média (máximo mensal) 0,4534
Apesar da importância em termos de área irrigada, as lâminas específicas da cana-de-açúcar são muito mais baixas que as das demais culturas, resultando em demandas inferiores. A irrigação de cana é bastante heterogênea, envolvendo inclusive a aplicação de vinhaça (fertirrigação) misturada com água em diferentes proporções. Além disso, costuma ocorrer como irrigação de salvamento (ou suplementar), ou seja, nos primeiros estágios mais sensíveis ao déficit hídrico e/ou em períodos de estiagem mais prolongada, concentrando a aplicação entre os meses de julho, agosto e setembro.
Conforme estimativas do setor1, boa parte da região produtora da bacia (vertente paulista e triângulo mineiro) possui de baixa a média necessidade de irrigação, considerando a tolerância de 150 mm de déficit acumulado para cana-de-açúcar (Figura 7). O déficit adicional no triângulo mineiro e nas UGRHI 08, 12 e 15 pode alcançar 140 mm.
De acordo com o estudo, as UGRHIs 04 e 09 (Pardo e Mogi-Guaçu) apresentam a maior parte de seus municípios sem necessidade de irrigação do ponto de vista da necessidade hídrica da cultura. Entretanto, observa-se nestas regiões áreas expressivas de fertirrigação (apenas vinhaça ou misturada com água) seja pela viabilidade econômica ou pela oportunidade de ganhos de produtividade com a necessidade de
dispersar efluentes (vinhaça). Por fim, cabe destacar a proximidade das áreas plantadas com as usinas como importante fator de viabilidade econômica da irrigação.
Figura 7 – Necessidade de irrigação em cana para déficit hídrico limite de 150 mm por ano
Considerando, portanto, as necessidades hídricas da cana e o manejo da irrigação na bacia, foram consideradas lâminas reduzidas de aplicação para dois grupos de áreas irrigadas identificadas: áreas irrigadas sem fertirrigação e áreas irrigadas com mistura de vinhaça com água (fertirrigadas com mistura) (Tabela 4). Não foram consideradas áreas apenas fertirrigadas (com aplicação apenas de vinhaça).
Tabela 4 – Lâminas médias de irrigação (cana) e áreas irrigadas Cana-de-açúcar Lâmina (L/seg/ha) Área Irrigada
Identificada (ha) Irrigada Suplementar (média anual) 0,0177
52.400 Irrigada Suplementar (máximo mensal) 0,0717
Irrigada Mistura (média anual) 0,0032
357.000 Irrigada Mistura (máximo mensal) 0,0129
Fertirrigada (apenas vinhaça) * - 174.800
*classe não considerada para estimativa de demanda
Considerando os resultados da pesquisa de campo e a área plantada total de cana de 2,76 milhões de hectares, 1,9% da área da bacia é irrigada com água pura, 12,9% com vinhaça diluída e 6,3% com vinhaça pura. Estes dados são compatíveis com os levantados para o Estado de São Paulo na safra 2011/20122, que foram de 2,31%, 13,49% e 4,76%3. Vale lembrar que do centro para o norte do Estado a necessidade hídrica aumenta (Figura 7).
2 Projeto Cana Pede Água – Encarte 3, acessível em: <http://www.canapedeagua.com.br/>
3 Estes percentuais de área irrigada foram aplicados sobre a área plantada em 10 municípios que não tiverem resultado de campo, e que os dados do Censo 2006 mostraram-se inconsistentes: Uberaba, Fronteira, Passos (MG), Casa Branca, Ribeirão Preto, Motuca, São Simão, Cravinhos, Santa Rosa de Viterbo e Barretos (SP).
A Figura 8 apresenta a demanda da agricultura irrigada por microbacia, com exceção da cana, associada aos 506 mil hectares irrigados identificados. Observa-se, por exemplo, a influência da citricultura e dos pivôs centrais de irrigação nas demandas na vertente paulista; e a influência do café irrigado nas proximidades do limite estadual e na região do reservatório da UHE Furnas.
A Figura 9 apresenta a demanda da cana irrigada por microbacia, apresentando faixas de valores significativamente inferiores – consequência tanto do menor uso específico da água quanto da dispersão da atividade na bacia. Entretanto, chama a atenção a área irrigada identificada, da ordem de 440 mil hectares (sendo 320 mil hectares de irrigação com mistura de água com vinhaça).
Figura 8 – Demanda de irrigação (exceto cana) por microbacia
Demanda Total
Considerando todos os usos abordados anteriormente, a Figura 10 apresenta a demanda total por microbacia da bacia do rio Grande. A Figura 11 e a Figura 12 apresentam um resumo da proporção entre os diferentes setores na demanda total da bacia. Os setores industrial e agrícola concentram cerca de 40% da demanda de retirada, cada. O abastecimento urbano é o terceiro maior uso da bacia, ocorrendo de forma mais concentrada no território.
Figura 10 – Demanda total por microbacia
Figura 11 – Retirada e consumo de água, por atividade – média anual 0,7% 13,9% 40,0% 2,3% 2,1% 40,9% RETIRADA 0,7% 6,0% 17,4% 1,0% 3,7% 71,1% CONSUMO
Figura 12 – Retirada e consumo de água, por atividade – máximo mensal
Conforme indicam a Figura 10 e a Figura 13, a vertente paulista da bacia (exceto UGRHI 01 – Mantiqueira) e as unidades mineiras GD 5 (Sapucaí) e GD 8 (Baixo Grande, no triângulo mineiro) apresentam as maiores demandas.
Figura 13 – Demanda total de retirada (m³/s) por atividade, por UGH e total – média anual
A Tabela 5 e Tabela 6 apresentam as demandas totalizadas por uso, por unidade de gestão e total, para retirada e consumo, respectivamente.
0,4% 8,5% 24,5% 1,4% 1,3% 63,9% RETIRADA 0,4% 2,9% 8,3% 0,5% 1,7% 86,3% CONSUMO 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 GD 1 GD 2 GD 3 GD 4 GD 5 GD 6 GD 7 GD 8 UGRHI 01 UGRHI 04 UGRHI 08 UGRHI 09 UGRHI 12 UGRHI 15
Demanda de retirada por UGH
Abastecimento Rural Abastecimento Urbano Indústria
Tabela 5 – Demanda total de retirada (m³/s) por atividade, por UGH e total UGH Abasteci-mento Rural Abasteci-mento Urbano Indústria Mineração Desseden-tação Animal Irrigação Média Anual Irrigação Máximo Mensal TOTAL Média Anual TOTAL Máximo Mensal GD 1 0,05 0,15 0,50 0,01 0,19 0,43 1,11 1,33 2,01 GD 2 0,10 1,16 3,98 0,40 0,26 1,68 4,22 7,58 10,12 GD 3 0,20 1,58 7,16 0,08 0,48 4,40 9,84 13,90 19,33 GD 4 0,10 1,10 4,43 0,00 0,26 0,62 1,59 6,51 7,48 GD 5 0,19 1,22 4,33 0,85 0,35 1,66 4,31 8,59 11,25 GD 6 0,11 1,06 7,45 0,33 0,20 1,23 3,21 10,38 12,36 GD 7 0,07 0,78 2,34 0,10 0,34 1,26 2,77 4,89 6,40 GD 8 0,05 1,65 4,80 0,33 0,70 6,45 17,23 13,97 24,76 UGRHI 01 0,01 0,27 0,00 0,02 0,01 0,08 0,20 0,39 0,51 UGRHI 04 0,08 4,76 11,75 0,23 0,22 10,49 26,08 27,53 43,12 UGRHI 08 0,05 2,05 2,79 0,17 0,17 7,34 17,50 12,58 22,74 UGRHI 09 0,15 5,65 18,34 1,70 0,28 24,73 64,49 50,86 90,62 UGRHI 12 0,02 1,28 2,91 0,03 0,08 7,76 20,56 12,08 24,87 UGRHI 15 0,12 3,92 6,04 0,25 0,50 10,35 27,54 21,19 38,37 TOTAL 1,32 26,64 76,81 4,50 4,06 78,47 200,64 191,79 313,96
Tabela 6 – Demanda total de consumo (m³/s) por atividade, por UGH e total
UGH Abasteci-mento Rural Abasteci-mento Urbano Indústria Mineração Desseden-tação Animal Irrigação Média Anual Irrigação Máximo Mensal TOTAL Média Anual TOTAL Máximo Mensal GD 1 0,02 0,03 0,10 0,00 0,15 0,34 0,89 0,65 1,20 GD 2 0,05 0,23 0,80 0,08 0,21 1,34 3,37 2,71 4,74 GD 3 0,10 0,32 1,43 0,02 0,38 3,52 7,87 5,77 10,12 GD 4 0,05 0,22 0,89 0,00 0,21 0,49 1,27 1,86 2,63 GD 5 0,09 0,24 0,87 0,17 0,28 1,33 3,45 2,98 5,10 GD 6 0,05 0,21 1,49 0,07 0,16 0,98 2,56 2,97 4,55 GD 7 0,04 0,16 0,47 0,02 0,27 1,01 2,22 1,96 3,17 GD 8 0,03 0,33 0,96 0,07 0,56 5,16 13,78 7,10 15,73 UGRHI 01 0,01 0,05 0,00 0,00 0,01 0,06 0,16 0,13 0,23 UGRHI 04 0,04 0,95 2,35 0,05 0,18 8,39 20,86 11,96 24,43 UGRHI 08 0,03 0,41 0,56 0,03 0,14 5,87 14,00 7,04 15,17 UGRHI 09 0,08 1,13 3,67 0,34 0,22 19,79 51,59 25,23 57,04 UGRHI 12 0,01 0,26 0,58 0,01 0,06 6,21 16,45 7,13 17,36 UGRHI 15 0,06 0,78 1,21 0,05 0,40 8,28 22,03 10,79 24,54 TOTAL 0,66 5,33 15,36 0,90 3,24 62,78 160,51 88,27 186,00
Balanço Hídrico Quantitativo
Considerando os estudos de demanda hídrica, apresentado anteriormente, e de disponibilidade hídrica, apresentado na Nota Técnica nº 029/2014/SPR/ANA, este tópico retrata o balanço hídrico quantitativo da bacia do rio Grande. O balanço permite avaliar áreas críticas em termos de quantidade de água por meio do confronto entre demandas e disponibilidade de água por trecho de rio. Cabe destacar o refinamento de diversas informações no diagnóstico do PIRH Grande, tanto do ponto de vista das demandas quanto da disponibilidade hídrica.
Para fins de balanço hídrico, as demandas de retirada e de consumo são confrontadas com as vazões de referência Q7,10 e Q95%, que representam, respectivamente: a vazão mínima de 07 dias com 10 anos de tempo de retorno; e a vazão com 95% de permanência na curva de permanência de vazões. De forma geral, a vazão Q7,10 é mais restritiva, sendo o parâmetro adotado pelos órgãos gestores de recursos hídricos de Minas Gerais e de São Paulo.
As Figuras a seguir apresentam o resultado do balanço hídrico, com demandas e disponibilidades acumuladas por microbacia. Há maior concentração de trechos críticos na vertente paulista da bacia e na região do triângulo mineiro (GD 8).
Figura 14 – Balanço hídrico quantitativo – retirada total e disponibilidade Q95%
Notam-se alguns padrões em regiões com maior número de microbacias com demandas superiores a 50% da disponibilidade hídrica:
a) Grandes centros urbanos (altas demandas urbanas e industriais) – como Franca, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Catanduva, Mogi Guaçu, Varginha e Uberaba –, em muitas situações localizados em regiões de cabeceira (baixa disponibilidade hídrica) e com demandas de outros setores (irrigação e agroindústria) no entorno do perímetro urbano (irrigação e agroindústria).
b) Irrigação em regiões de cabeceiras (baixa disponibilidade hídrica) – como na região de Casa Branca / Vargem Grande do Sul (cabeceiras das UGRHI 04 e 09); Guaíra / Miguelópolis (cabeceiras das UGRHI 08 e 12); Catanduva / Bebedouro (cabeceiras das UGHI 12 e 15); e Itapira / Mogi Guaçu (nascentes do rio Mogi Guaçu). Em alguns casos o uso agrícola da água conflita com o abastecimento de cidades de pequeno porte. Áreas com laranja (irrigação localizada) e grãos (milho, soja e feijão) com irrigação por pivôs centrais apresentam balanço mais desfavorável. c) Verifica-se criticidade também em diversos trechos que, mesmo com menores demandas
absolutas, apresentam baixa disponibilidade hídrica, o que se verifica principalmente em regiões de cabeceiras (próximas às nascentes). Por outro lado, o efeito dos reservatórios no aumento da disponibilidade hídrica atenua a criticidade do uso em certas regiões, como no entorno do reservatório de Furnas.
d) A aplicação de diferentes indicadores de balanço hídrico – disponibilidades Q95% e Q7,10 e demandas de consumo e de retirada (médias e máximas) – apenas intensifica a criticidade de regiões que já aparecem críticas no critério menos restritivo (Figura 16). Ou seja, trechos críticos e seu entorno passam para faixas superiores, mas não são apontadas novas regiões críticas com o uso dos diferentes indicadores.
Figura 16 – Balanço hídrico quantitativo – consumo total e disponibilidade Q95%
Figura 17 – Balanço hídrico quantitativo – consumo total e disponibilidade Q7,10
Referências
Agência Nacional de Águas - ANA. ATLAS Abastecimento Urbano de Água. 2010.
ANA & Embrapa. Agência Nacional de Águas e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil: ano-base 2013. Acordo de Cooperação Técnica 012/2013. Disponível em: <http://www.ana.gov.br/metadados>
CSEI/Abimaq. Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. Atualização da área irrigada no Brasil 2000-2013 [recurso eletrônico]. 2014.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE. Estimativas populacionais para os municípios brasileiros. 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2013/ >
Operador Nacional do Sistema Elétrico -. Estimativa das Vazões para Atividades de Uso Consuntivo da Água nas Principais Bacias do Sistema Nacional – SIN. Brasília, 2003.
ONS. Operador Nacional do Sistema Elétrico. Estimativas das Vazões para as Atividades de Uso Consuntivo da Água nas principais Bacias do Sistema Interligado Nacional – SIN. Brasília: ONS; FAHMA-DREER; ANA; ANEEL; MME, 2003. 201p.
ONS. Operador Nacional do Sistema Elétrico. Estimativas das Vazões para as Atividades de Uso Consuntivo da Água em Bacias do Sistema Interligado Nacional – SIN. Brasília: ONS; FAHMA-DZETA; ANA; ANEEL; MME, 2005. 205p.
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS. 2013. Disponível em: <http://www.snis.gov.br/>
SRHU & FUNARBE. Desenvolvimento de Matriz de Coeficientes Técnicos para Recursos Hídricos no Brasil. Relatório Técnico, 2011.