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A EVOLUÇÃO DO DESENHO DA CRIANÇA. Marília Santarosa Feltrin 1 -

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Academic year: 2021

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A EVOLUÇÃO DO DESENHO DA CRIANÇA

Marília Santarosa Feltrin1 - ma_feltrin@yahoo.com.br

Resumo: o presente trabalho cujo tema é a “Evolução do desenho da criança” teve por objetivo identificar o processo de aquisição da figura humana por meio da linguagem escrita pelas crianças da Educação Infantil. Este projeto foi implantado na unidade de educação infantil Casa da Criança Manacá, que atende crianças de 0 a 6 anos do município de Americana-SP. A leitura dos textos selecionados pela pesquisa exploratória possibilitou analisar as etapas da evolução dos desenhos das crianças. Além disso, foi possível realizar atividades com 6 crianças de 3 anos a 3 anos e meio, trabalho que possibilitou verificar como alas concebem o desenho da figura humana e suas implicações para o desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: desenho, educação infantil, desenvolvimento infantil.

Apresentação

Aliado a minha prática no trabalho na Educação Infantil no ano de dois mil e oito na Casa da Criança Manacá, tive a oportunidade de acompanhar as crianças de três anos a três anos e seis meses (maternal II) durante todo o ano nas atividades pedagógicas, despertando assim meu interesse em desenvolver o projeto de ação educativa com elas.

Sendo assim, em março de dois mil e nove iniciei um projeto com a finalidade de estudar como a criança evolui através do desenho e como ela se apropria da construção da figura humana, bem como a própria influencia na aquisição da noção corporal.

A metodologia utilizada durante as atividades foram diversificadas incluindo material escrito de diversos gêneros cuja finalidade era perceber o nível de noção corporal em que cada criança se encontrava para posteriormente seguir com as demais etapas do projeto que são a observação, análise e o registro dos desenhos.

O que passarei a relatar neste texto é justamente o desenvolvimento do projeto que apliquei.

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Motivações ao trabalho com desenho e algumas referências teóricas

Um dos propósitos que me levaram a escolher a instituição de Educação Infantil mais especificamente a Creche, para a realização desta pesquisa foi a busca de elementos que poderiam auxiliar nas minhas reflexões acerca do como o cuidar e o educar vem sendo trabalhado nas unidades de educação da primeira infância.

A prática educativa nas creches requer um trabalho integrado, com cuidados relativos à higiene, alimentação e bem estar a Educação Infantil, deve tratar de criar condições para que a criança se aproprie de formas de agir e de significações presentes em seu meio social, auxiliando-a a desenvolver sua afetividade, motricidade, imaginação, raciocínio e linguagem. Tal proposta é fruto do reconhecimento da Educação Infantil como primeira etapa da educação básica, direito garantido pela LDB em seu artigo 21. Reconhecer a criança como sujeito histórico, é garantir a ela uma educação de qualidade que a contemple como sujeito completo, consciente de sua condição e proporcionar a ela situações em que possa expressar-se de múltiplas formas.

Além da motivação acima mencionada, fui impulsionada a desenvolver esta pesquisa neste campo devido à minha prática com a Educação Infantil no ano de dois mil e oito na Casa da Criança Manacá, onde tive a oportunidade de acompanhar as crianças de três anos a três anos e seis meses (maternal II) de idade durante todo o ano nas atividades pedagógicas, despertando assim meu interesse.

Sendo assim, em março de dois mil e nove iniciei o projeto com a finalidade de estudar como a criança evolui através do desenho, como ela se apropria da construção da figura humana, e como esta construção influencia na sua aquisição da noção corporal. A metodologia utilizada durante as atividades foi diversificada, incluindo material escrito de diversos gêneros cuja finalidade era perceber o nível de noção corporal em que cada criança se encontrava para posteriormente seguir com as demais etapas do projeto que são: observação, análise e o registro dos desenhos.

Além da necessidade de conhecer na prática o cotidiano das Creches, o presente trabalho aguçou em mim o interesse por entender como a criança pequena (3 anos) adquire a representação da figura humana. Para melhor conhecer a criança é preciso aprender a vê-la, e observá-la enquanto brinca isso é necessário para poder intervir favoravelmente em seu desenvolvimento; o brilho dos olhos, a mudança de expressão

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do rosto, a movimentação do corpo. Estar atento à maneira como desenha o seu espaço, aprender a ler a maneira como escreve a sua história.

O que é preciso considerar diante de uma criança que desenha é aquilo que ela pretende fazer: contar-nos uma história e nada menor que uma história, mas devemos também reconhecer, nesta intenção, os múltiplos caminhos de que ela se serve para exprimir aos outros a marcha de seus desejos, de seus conflitos e receios. (WINNICOTT apud MOREIRA, 1971, p. 212)

Segundo MOREIRA (2008), o desenho para a criança é sua primeira escrita, é através dele que ela manifesta suas impressões, isto é, se serve do desenho para se expressar. O que se pode perceber é que no ato de desenhar, pensamento e sentimento estão juntos; o desenho para a criança pequena torna-se um instrumento da linguagem oral ainda não totalmente dominada por ela. Sendo assim, o desenho possibilita à criança expressar seus sentimentos, idéias e impressões do mundo que a cerca.

MOREIRA (2008) relata que em cada estágio do desenvolvimento o desenho assume um caráter próprio, que define maneiras de desenhar bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade.

Durante a pesquisa, pude observar que as crianças, ao desenharem, demonstraram grande interesse em partilhar comigo e também com a professora o que haviam produzido, buscando constantemente afirmação de se estava “certo” o que haviam desenhado.

Para relatar as fases do desenho,valho-me dos textos lidos. Basicamente neles, penso fazer-se necessário, para uma melhor compreensão, dividir o desenvolvimento do desenho infantil em estágios.

A criança pequena desenha pelo prazer do gesto, pelo prazer de produzir uma marca. Conforme MOREIRA (2008) trata-se de um jogo de exercício que a criança repete muitas vezes para certificar-se do seu domínio sobre aquele movimento. Esta afirmativa ficou evidente logo no início da pesquisa, pois observando os primeiros desenhos das crianças, elas ficavam surpresas com a marca deixada sobre o papel, e a cada movimento mais uma marca surgia, tal descoberta era objeto de fascínio para elas. Esta descoberta sela um ciclo importante para a evolução do desenho da criança, pois evidencia a descoberta das formas.

Após este primeiro estágio em que o desenho não passa de um prazer de repetir os gestos para produzir uma marca, aparecem as garatujas, que são a evolução dos

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“rabiscos” para a formação de “marcas” arredondadas (bolinhas) que darão origem futuramente a representação da figura humana. A partir do instante em que a criança já domina as formas circulares e já possua uma melhor coordenação motora, seus desenhos têm um salto qualitativo, pois passa a configurar uma intenção de linguagem escrita.

A diferença essencial entre uma criança no período sensório-motor e uma no subperíodo pré-operacional de operações concretas é que a primeira está relativamente restrita a interações diretas com o ambiente, enquanto a última é capaz de manipular símbolos que representam o ambiente. (RODRIGUES apud MOREIRA, 1980)

Nesta fase a criança inicia o processo de significação, ou seja, ela manifesta o interesse em nomear os seus desenhos, cuja finalidade é expressar suas idéias, sentimentos e emoções. É importante que o adulto explore a linguagem oral, pois além de obter da criança suas impressões acerca do que desenhou, o estímulo da linguagem oral favorece o seu desenvolvimento na linguagem escrita. MOREIRA (2008) relata que “em termos de desenho as formas são agora mais estruturadas, porém a cor ainda é arbitrária e a ocupação do espaço ainda não obedece nenhuma regra”(MOREIRA, 2008, p. 46.) Em conformidade com a autora, pude perceber esta dificuldade de delimitação do papel quando apliquei as atividades junto às crianças, tal dificuldade é totalmente admissível pela faixa etária em que se encontravam durante a pesquisa, ou seja 3 anos e 6 meses, pois a noção espacial começa a ser assimilada por volta dos 4 a 5 anos de idade.

É na fase seguinte que a criança passa a buscar a semelhança com o real, isto é, o desenho começa deixar o campo simbólico e procura se aproximar da realidade, surgindo então a preocupação por parte da criança pela utilização da cor “correta” e também de situar os objetos na folha de acordo com o real, por exemplo: o sol é posicionado no alto da folha, a figura humana na parte inferior, assim como as árvores, animais, casa, etc. Contudo, as fases seguintes não fazem parte do objeto de pesquisa visto que a faixa etária por mim observada e analisada estavam entre 3 anos e 3 anos 6 meses de idade, portanto, as fases subseqüente tratam do processo de desenho num nível mais avançado, e debruçar-se sobre elas fugiria do que proponho como objeto de estudo para esta pesquisa.

A pesquisa foi iniciada em março de 2009 na Casa da Criança Manacá situada na área central da cidade de Americana. Sua clientela é composta de crianças de 4 meses a 3 anos e 6 meses de idade. A proposta pedagógica fundamenta-se no pleno

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desenvolvimento do aluno, enquanto construtor de sua história, valorizando os aspectos cognitivos, afetivos, sociais contemplando todas as áreas do conhecimento e do desenvolvimento do aluno, buscando a interação social, resgatando valores culturais e morais. Há área externa para as crianças desenvolverem suas atividades e ela é composta por um parque infantil com área verde e caixa de areia. Há também uma área externa coberta para atividades. A Creche possui sete salas sendo que começa no BI (berçário) até MII (maternal). A minha opção foi pelas crianças de Maternal II com idade de 3 anos a 3 anos e 6 meses por ter acompanhado esta sala no ano anterior e por terem maior autonomia.

Ao iniciar a pesquisa, expliquei a elas o que iríamos realizar juntos, questionando-as se gostavam de desenhar, se faziam isto com freqüência, a fim de sondar e, ao mesmo tempo, buscando uma interação maior entre eles. A receptividade das crianças com relação às atividades propostas foi grande.

Utilizei como metodologia de trabalho vários instrumentos: roda da conversa, materiais impressos (fotos, revistas, livros, etc.), músicas, tinta, lápis para colorir e outros, cuja finalidade era perceber o nível de noção corporal em que cada criança se encontrava para posteriormente seguir com as demais etapas do projeto que são a observação, análise e o registro dos desenhos.

Primeiramente, após uma rápida conversa sobre as partes do corpo, propus que encolhêssemos uma criança para ser “modelo” para a realização da atividade que foi feita no papel pardo. Durante a atividade fui questionando-os de como nós iríamos fazer para desenhar o amigo no papel, e eles próprios foram dizendo passo a passo como seria feita a atividade, revelando que já conheciam bem a noção corporal.

Ao passar dos meses fui propondo várias outras atividades, ao final delas sempre fechando com um desenho sobre o corpo, foram elas:

- fazer o desenho do corpo deles no papel pardo; - músicas relacionadas às partes do corpo,

- mostrar fotos delas mesmas, para sondar o que sabiam sobre as partes do corpo, fomos ao espaço aberto, onde poderiam aproveitar mais o espaço, brincar e dançar para que explorassem o movimento corporal.

Na sala de aula, após alguns meses de atividades, levei um quebra cabeça contendo braços, pernas, cabeça e tronco, para que colassem da forma que achassem

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que fosse a maneira correta, tendo como modelo o que havíamos desenhado no papel pardo que estava colado sobre a lousa.

Ao finalizar a pesquisa no mês de setembro pude perceber que as 6 crianças que vim acompanhando mais profundamente seus desenhos, as crianças nº. 2, 3, 4 e 6 saíram dos rabiscos e garatujas e começaram a dar forma ao seus desenhos, podendo observar que neles já possuem cabeça, corpo, braços e pernas. As crianças nº. 1 e 5 não evoluíram, continuaram nos rabiscos, porém usando várias cores, desenhando dentro do espaço delimitado.

Segue abaixo os desenhos e análise explicativa da evolução dos mesmos. Criança 1 – Ana Clara

Ana Clara é uma criança que freqüentou a creche desde seus 2 anos e meio um pouco tímida, não é de se expressar muito, somente com as outras crianças, mas sempre que era pedido alguma atividade ela fazia sem questionar.

Pude perceber que nos desenhos ela procurava colocar diversas cores, usando bem espaço da folha, começou a dar indícios de que os desenhos iriam tomar formas.

Criança 2 – Eudi

Eudi freqüenta a creche desde seus 2 anos de idade, ele é uma criança alegre, falante, carinhoso, interessado, tudo ele se propunha a fazer. Ele já estava na fase das

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garatujas, porem sempre desenhando com poucas cores e usando pouco o espaço, mas atingiu o esperado, deu forma a seus desenhos, colocando cabeça, corpo e braços.

Criança 3 – Giovana

Giovana entrou na creche com seus 2 anos e 6 meses de idade, já era uma criança falante, mas muito insegura no começo, ficava muito perto da professora ao invés de se interagir com as crianças, iniciou este ano muito melhor, super interessada, se interagindo com as crianças, adora brincar e ser prestativa, seus desenhos ela usava poucas cores e os desenhos bem juntos, ao final do projeto me surpreendendo em desenhar o corpo se preocupando com os detalhes (olhos, boca, dedos).

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Criança 4 – Larissa

Larissa iniciou na creche com 2 anos de idade, ela era uma criança que se interagiu rápido com as outras, um pouco individualista no começo, mas que ao ser trabalhado isso foi superado, Larissa adorava desenhar, gostou muito fazer tudo que foi proposto a ela. Ao término deste projeto, Larissa foi transferida para a Emei por causa de sua idade e também por estar num nível mais avançado do que as crianças da creche. Ela evoluiu de forma esperada, pois sempre foi mais interessada que as outras.

Criança 5 – Amanda

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A Amanda iniciou na creche em 2009. É uma criança tímida, gostar de brincar, de ir à creche, interage bem com as crianças, e é calma. Pude observar em Amanda, por não estar acostumada a realizar atividades pedagógicas, que seus desenhos não evoluíram. Ela procurava desenhar de acordo com o que via às crianças de sua mesa.

Criança 6 – João Eduardo

João iniciou na creche com 2 anos e 6 meses. É uma criança agitada que não gosta de ficar muito tempo no mesmo lugar, gostava de desenhar rápido para poder brincar; não prestava atenção nas atividades, porém me surpreendeu ao ver sua evolução. João evoluiu, ao que podemos ver em seu desenho ele já desenha o corpo e procura nos perguntar de detalhes como saber dos olhos, boca, etc.

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Conclusão

Ao realizar esta pesquisa, pude concluir que as crianças que freqüentavam a creche desde seus primeiros meses de vida tinham conhecimento de vários tipos de leituras, tinham contato com diferentes tipos de materiais pedagógicos, brinquedos e conviviam em espaços diferentes que não fossem suas próprias casas. Já possuíam uma noção corporal e evoluíram em seus desenhos. Por sua vez, as crianças que entraram na creche neste ano de dois mil e nove ou tiveram, neste, mais tempo para se adaptarem à rotina da creche, mostraram indícios de que os seus desenhos iriam partir para as garatujas. Somente uma criança das seis que foram acompanhadas não atingiu evolução significativa, porém estão a cada dia se desenvolvendo e descobrindo mais seu corpo e buscando pela coordenação motora.

Assim posso dizer que o espaço escolar para a criança e para o seu desenvolvimento é de grande importância, pois a criança aprende não só a ter noção da figura humana, como ajuda no seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo.

O que me despertou a curiosidade foi a de saber até que ponto a parte afetiva da criança atrapalha seu rendimento na escola, principalmente nos seus primeiros anos de vida.

Posso concluir que essa ação educativa trouxe para mim um aprendizado significativo, aprendendo um pouco mais sobre o desenvolvimento da criança, sabendo

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respeitar os limites de cada uma, criando respeito e afetividade por estarmos trabalhando esse tempo juntos.

Bibliografia

1. ARFOUILLOUX, J.C – A Entrevista com a criança, Ed. Zahar, Rio de Janeiro, 1976.

2. MOREIRA, A. – O espaço do desenho: “a educação do educador”, Loyola, São Paulo, 1984.

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