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Sentidos atribuídos por estudantes de uma universidade da Grande Florianópolis à comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais

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Academic year: 2021

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SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR ESTUDANTES DE UMA UNIVERSIDADE DA GRANDE FLORIANÓPOLIS À COMUNICAÇÃO NOS RELACIONAMENTOS

AFETIVO-SEXUAIS

Daniele Sommer

Resumo: Esta pesquisa possui como objetivo geral compreender os sentidos que estudantes

de uma universidade da região da Grande Florianópolis atribuem à função da comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais. Nesse estudo, a comunicação é entendida como um processo social multifatorial através do qual as pessoas transmitem ideias, expressam seus pensamentos e sentimentos. O instrumento de coleta de dados ocorreu através de entrevistas individuais, realizadas a partir de roteiro semiestruturado. Participaram da pesquisa quatro estudantes de uma universidade da Grande Florianópolis. A análise das entrevistas ocorreu por meio da metodologia de análise das práticas discursivas e produção de sentidos, tal como proposta por Spink e Medrado (2013). O conteúdo das entrevistas foi analisado a partir de quatro blocos temáticos: 1) sentidos atribuídos à comunicação; 2) dificuldades que se apresentam por falta de comunicação; 3) resolução de conflitos; e 4) facilidades que se apresentam pela comunicação. A análise indicou sentidos singulares atribuídos à comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais. Destaca-se que todos os participantes consideram o processo comunicacional um elemento relevante para a manutenção de uma boa dinâmica das relações afetivo-sexuais. Observou-se que os/as participantes utilizam modos distintos para se comunicar com seus/suas parceiros/as – utilizando a comunicação verbal, gestual e/ou corporal; que os/as entrevistados/as compreendem o processo comunicacional como uma forma de expressar e transmitir seus pensamentos e sentimentos aos/às parceiros/as; e que os/as participantes compreendem a comunicação como uma forma de auxiliar a resolução de conflitos em seus relacionamentos afetivo-sexuais.

Palavras-chave: Comunicação; Relacionamentos Afetivo-sexuais; Estudantes Universitários.

1.COMUNICAÇÃO: UM FATOR DE REFERÊNCIA PARA A QUALIDADE DOS RELACIONAMENTOS AFETIVO-SEXUAIS.

A comunicação, de forma geral, é compreendida como “o ato de transmitir e trocar signos e mensagens, referindo-se mais além a circulação de bens e pessoas” (MARCONDES FILHO, 2002, p.9). A comunicação é vista, ainda, como um processo que se faz presente em todas as relações e é por meio desse processo que os sujeitos envolvidos compartilham informações, transmitem ideias, expressam o que estão sentindo (BEREZA et al, 2005).

Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação da Universidade do Sul de Santa

Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicóloga. Orientador: Prof. Daniel Kerry dos Santos, Dr. Palhoça, 2018.

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Guareschi (1991) ressalta que a construção da realidade ocorre através da comunicação, destacando que é por meio desse processo que algo existe ou deixa de existir, na medida em que se torna comunicado. Ainda de acordo com o autor, a comunicação pode criar realidades, bem como fazer com que elas deixem de existir, caso sejam silenciadas.

A comunicação é compreendida como um processo social, que abarca diversos vetores, sendo eles sociais, históricos, subjetivos, temporais, e culturais (MARCONDES FILHO, 2004). Marcondes Filho (2004) ressalta que a comunicação foi apropriada pela linguística e que desse modo, acabou ocorrendo uma associação da comunicação com a linguagem, porém o autor compreende que é equivocado falar que a comunicação resume-se à linguagem, pois, segundo ele, existem muitas outras formas de se comunicar e que essas ultrapassam os limites da linguagem. Salienta que ocorre comunicação no silêncio, pelos olhares, nas comunicações indiretas e no contato dos corpos. Corroborando com essa reflexão, Bolsanello (1993 apud BEREZA et al 2005) destaca que os sujeitos se comunicam também pelo corpo, através dos movimentos que são realizados, por suas expressões corporais e faciais. Marcondes Filho (2004) complementa que, quando o nosso corpo se manifesta, ele é direto e verdadeiro. Não seria possível ao corpo manipular os gestos, as expressões, os comportamentos. Desse modo, os atos e gestos usados pelos sujeitos os denunciam, demonstrando o que realmente se quer expressar e comunicar.

A partir da compreensão dos autores referidos acima, identifica-se que a comunicação vai além das palavras usadas em um diálogo. Os corpos em relação também comunicam-se, demonstram os desejos, necessidades de cada sujeito, quando gostam ou não de algo. Nesse sentido, entende-se que é preciso considerar todas as formas de se comunicar.

Existem outros métodos possíveis para a efetivação da comunicação. Através do avanço tecnológico, vários novas formas de comunicar-se foram se destacando, mas será que a comunicação realmente é efetiva por esses meios? Marcondes Filho (2004) compreende que, devido à diversidade de meios de comunicação existentes na sociedade, a comunicação direta entre os sujeitos, comunicação não mediada pelas tecnologias, está se tornando cada vez mais incomum. Os sujeitos buscam comunicar-se, porém, apresentam dificuldades para realizar esse processo. Desse modo, pelo uso das tecnologias de comunicação, esse anseio por tornar-se compreendido também pode tornar-se falho, pois, nem mesmo pela comunicação direta, ou seja, aquela não mediada por tecnologias, os sujeitos conseguem efetivar esse contato (MARCONDES FILHO, 2004). Vigotsky (1934 apud TOASSA, 2014) compreende que a comunicação entre os sujeitos só pode ocorrer por meio da mediação, desse modo, os sujeitos só conseguem realmente comunicar algo para alguém, quando o receptor passa a

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compreender a mensagem recebida que este sujeito a significou e vivenciou em determinada situação de sua vida.

Cada vez mais, os equipamentos vêm sendo utilizados como meio de comunicação. Marcondes Filho (2004 p.8) compreende que isso ocorre devido ao fato dos sujeitos buscarem uma forma de preencher “o distanciamento, a separação entre as pessoas, as muralhas que erguemos e que nos barram de todos os demais”. As pessoas cumprimentam-se, conversam, vivem trocando palavras e estão em contato diariamente, mas não necessariamente ocorre uma comunicação efetiva entre elas. Marcondes Filho (2004) refere que qualquer conhecimento será incompleto se não for comunicável. Nesse sentido, entende-se que a reflexão só passa a existir na medida em que o sujeito transmite a mensagem ao outro e esse outro a significa de forma compatível com o que se desejou transmitir. O autor salienta que é possível que pessoas que vivem juntas por muitos anos não conhecem o outro realmente como ele é (MARCONDES FILHO, 2004). Desse modo, surge o questionamento: De que forma os relacionamentos afetivo-sexuais são experienciados na atualidade e qual o papel da comunicação nessas experiências?

Ferreira e Fioroni compreendem relacionamento afetivo-sexual como um produto que é atravessado socialmente e historicamente. Os autores salientam que o modo em que ocorre a relação afetiva e sexual com o outro, a constituição dessa relação e o que se espera do parceiro, os “valores” que se procuram no outro são desejos que são atravessados pelo “tempo histórico” em que o sujeito encontra-se inserido.

Smeha e Oliveira (2013) compreendem que os relacionamentos afetivo-sexuais na atualidade passaram a ocupar diferentes modos de configuração, e que existem diversos aspectos que são influenciadores para que estejam ocorrendo essas mudanças. As autoras salientam, ainda, que as transformações que vêm ocorrendo são de certa forma, consequências das transformações sociais das configurações de família na contemporaneidade. Falcke e Zordan (2010) referem que a concepção de amor romântico, vista como base para o casamento e como valor cultural, ainda é muito enfatizada atualmente. Smeha e Oliveira (2013, p.34) corroboram que o amor é uma concepção que tem como variáveis em seu conceito “cultura, vivência e percepção que cada indivíduo tem desse sentimento”.

No estudo de Smeha e Oliveira (2013), identificou-se que os adultos buscam em seus relacionamentos afetivo-sexuais aspectos como “confiança mútua, diálogo sincero, respeito, fidelidade, identificação” (p.39). Porém, os autores destacam que, apesar de os sujeitos da pesquisa estarem em busca de relacionamentos saudáveis, eles acabaram apresentando dificuldades em abandonar suas vidas de solteiro. No estudo de Falcke e Zordan (2010), as

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autoras identificaram que os sujeitos participantes da pesquisa compreendiam que o casamento continuava sendo desejado, mas que não possuía posição principal em suas escolhas, assim como não percebem o amor com a concepção de algo eterno. As autoras salientam que os relacionamentos afetivo-sexuais atualmente podem ser caracterizados por apresentarem menor duração, menor manejo na resolução de conflitos e menor paciência entre os sujeitos e com o relacionamento (FALCKE E ZORDAN, 2010).

Smeha e Oliveira (2013) referem que é comum no ser humano sentir-se incompleto e buscar na relação com o outro um modo de se realizar de forma afetiva e de satisfazer essa necessidade de completude. Buscando alcançar essa satisfação, os sujeitos acabam por depositar responsabilidade ao seu parceiro, o encarregando como o responsável para que a sua felicidade venha a concretizar-se. Guedes e Assunção (2006) corroboram que nas relações afetivo-sexuais na contemporaneidade, os sujeitos esperam muito do outro. Essas expectativas são projetadas sobre o outro e, caso isso seja correspondido, esse sujeito busca por uma forma de satisfazer o seu parceiro também. Dessa forma, os autores compreendem que as relações muitas vezes são baseadas em uma expectativa do sujeito de que o outro faça algo que beneficie a si mesmo. Essa concepção refere-se aos investimentos narcísicos que são construídos pelos sujeitos em seus relacionamentos afetivo-sexuais, desse modo, os sujeitos vivem por uma espera de satisfação de seus desejos. Guedes e Assunção (2006) salientam que essas ações ocorrem como forma de manutenção da relação, e, quando se obtém uma reciprocidade nessa manutenção, a relação do casal mantém-se. Corroborando com esse pensamento, Andrade et al (2009 p. 144) compreendem que a satisfação na relação vai tornando-se mais efetiva na medida em que o relacionamento atende as expectativas e os desejos que se tem perante a pessoa amada.

Oliveira et al (2009) entendem que a empatia é um dos fatores que vem contribuindo para a qualidade na interação entre os sujeitos no relacionamento afetivo-sexual. Andrade et al (2009 p.145) referem que o “sexo, a intimidade, o comprometimento e a comunicação” são fatores que contribuem para a qualidade do relacionamento. Epstein & Schlesinger (1995 apud OLIVEIRA et al, 2009) compreendem que a má comunicação entre os sujeitos está entre “os maiores estressores da vida” e que esse estressor pode até tornar-se depressão e ansiedade nos sujeitos. Os autores referidos compreendem que existem variáveis importantes para que ocorra a qualidade do relacionamento e é importante compreender de que forma esses fatores podem influenciar para a qualidade e a satisfação da relação. Compreendendo que comunicação é um fator importante para a qualidade dos relacionamentos afetivo-sexuais, questiona-se: como a comunicação pode influenciar nesses relacionamentos?

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A questão da comunicação influencia os relacionamentos afetivo-sexuais, podendo ser geradora tanto de benefícios como de prejuízos (BOLZE et al, 2011). Desse modo, os casais podem apresentar, no relacionamento, uma forma direta e efetiva de comunicar-se, gerando assim benefícios, promovendo mais intimidade entre o casal, bem como conhecimento referente ao modo como seu parceiro comunica-se. De maneira contrária, a comunicação pode ocorrer de forma prejudicada, ocorrendo distorções no processo comunicativo, onde os sujeitos não conseguem expressar-se de modo efetivo, apresentando mais disponibilidade de gerar conflitos nos relacionamentos (BEREZA et al, 2005).

Afinal, como compreender se a comunicação é realmente efetiva ao se transmitir uma mensagem? Como identificar se o sujeito compreendeu o que foi dito a ele? Quais as variáveis relacionadas para que ocorra uma boa comunicação? Penteado (1977) salienta que, para que a comunicação seja compreendida pelos sujeitos, ambos precisam significar a mensagem da mesma forma, caso contrário a mensagem não será compreendida de forma adequada. O autor referido compreende que a comunicação humana é um processo que necessita da atenção dos sujeitos envolvidos nesse contexto e salienta que a comunicação envolve vários aspectos, sendo eles: 1) a experiência em comum de quem transmite e de quem recebe a mensagem e 2) a forma como os sujeitos significam essa mensagem e a atenção que é depositada do sujeito ao recebê-la. Percebe-se, portanto, que a atenção é um fator determinante na comunicação, e que sem ela não ocorre comunicação, pois a atenção é um fator e pode ser o contribuinte para gerar o entendimento do assunto comunicado (PENTEADO, 1977). Marcondes Filho (2004) corrobora que a comunicação pode ser efetiva quando o sujeito receptor torna-se impactado pela mensagem recebida, e somente através desse “impacto” que os sujeitos passam a viver realmente a comunicação.

Conforme apontado anteriormente, a comunicação influencia no modo como ocorre a relação entre os sujeitos. Assim, compreende-se que o fator comunicacional pode ser gerador de qualidade nos relacionamentos, promovendo uma satisfação no modo de relacionar-se. Por outro lado, uma má comunicação pode vir a gerar conflitos entre os sujeitos envolvidos.

Compreende-se conflito conjugal como um fenômeno multidimensional que possui relação com a frequência em que ocorre, o motivo pelo qual ocorrem as situações conflituosas, a intensidade dessas discussões, bem como o modo pelo qual os sujeitos utilizam estratégias de resolução para solucionar os conflitos enfrentados (BENETTI, 2006). Bolze et al (2013) ressaltam que é complexa a definição de conflito conjugal, devido ao fato de existirem variáveis envolvidas nesse conceito. Pode-se compreender o conflito conjugal como discordâncias que são facilmente solucionadas, como também, pode-se compreender que,

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através do conflito, possam ocorrer agressões físicas e psicológicas. Os autores salientam que a forma como ocorrem as resoluções dos conflitos é um fator importante para que se tenha um aumento ou uma diminuição da ocorrência dos conflitos enfrentados pelo casal (BOLZE, et al, 2013).

Em seu estudo, Braz et al (2005) identificou que, quando ocorrem situações de conflito, a maior parte dos casais do seu estudo acabaram reagindo de uma forma negativa, apresentando uma forma considerada inadequada na relação, como vistas em ações como gritar, xingar, demonstrar afetos negativos como raiva ou nervosismo, ou até mesmo acabavam por ficar sem dialogar com o parceiro. Desse modo, o autor compreende que, referente às formas de resolução de conflito, quando o casal não se comunica e não dialoga, acaba ocorrendo um destaque de agressões verbais, que acabam por magoar o parceiro envolvido na relação.

Bolze et al (2013) realizou um estudo em Santa Catarina e identificou que tanto homens como mulheres buscam fazer uso principalmente da negociação, por meio do diálogo, procurando dessa forma solucionar os problemas, as situações conflituosas que enfrentam no relacionamento, tentando gerar uma compreensão de ambas as partes sobre o ocorrido. O estudo ressalta que, apesar de os sujeitos buscarem fazer uso da compreensão através do diálogo, o método de resolução de conflitos que mais impacta os sujeitos pesquisados é a agressão psicológica menor. Nesse método de resolução, mesmo que homens e mulheres busquem solucionar os conflitos por meio do diálogo, os sujeitos apresentam de modo eventual comportamentos que tenham como objetivo ofender o parceiro.

Andrade et al (2009) referem que a comunicação é um dos motivos responsáveis para que ocorra a qualidade do relacionamento. Desse modo, compreende-se que a comunicação tem extrema importância no método de resolução dos conflitos, porém é preciso que essa comunicação ocorra de maneira adequada, para que seja capaz de oferecer uma resolução assertiva e eficaz, evitando que situações que apenas busquem ofender o sujeito ocorram e que se tornem desgastantes para o relacionamento.

Norgren et al (2004) compreendem que a satisfação conjugal é um conceito que implica na realização dos desejos e necessidades de cada sujeito, que projetam no outro uma responsabilidade pela realização desses desejos. Andrade et al (2009, p.145) referem que “satisfação em um relacionamento corresponde a avaliação em nível individual da qualidade do relacionamento”. A partir do pensamento dos autores, compreende-se que a satisfação é algo complexo e de origem individual de cada sujeito, em relação ao relacionamento, em relação a forma como o compreende e espera que seus desejos sejam realizados.

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Andrade et al (2009) compreendem que para que ocorra uma satisfação conjugal, existem fatores associados para que essa relação seja efetiva. Aspectos como: expressão dos afetos, proximidade, capacidade de resolução de conflitos e a forma de comunicação do casal são aspectos considerados importantes para que ocorra uma satisfação na relação, colaborando para o ajustamento conjugal (NORGREN et al, 2004). Corroborando com esse pensamento, Oliveira et al (2009) destacam que as deficiências na comunicação conjugal acabam por gerar consequências nocivas à saúde, e salienta a importância dos métodos de resolução como forma de melhorar a interação no relacionamento.

Diante da problemática exposta, a presente pesquisa aprofunda a compreensão acerca dos sentidos que os sujeitos atribuem à comunicação em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Para essa finalidade, propõe-se realizar uma pesquisa que visa compreender os sentidos que estudantes universitários atribuem à comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais. A pesquisa em base de dados para a fundamentação desta pesquisa foi realizada a partir de uma revisão narrativa de literatura nas plataformas Scielo, Pepsic e BIREME.

Essa pesquisa possui como objetivo geral compreender os sentidos que estudantes universitários atribuem à função da comunicação nas relações afetivo-sexuais. Como objetivos específicos, buscou-se problematizar os sentidos atribuídos à comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais; analisar de que forma ocorrem as dificuldades pela falta de comunicação referente aos relacionamentos afetivo-sexuais; e analisar o papel que estudantes universitários atribuem à função da comunicação na resolução de conflitos em relacionamentos afetivo-sexuais.

Considerando a literatura consultada, é possível identificar a relevância desse tema. Percebe-se que, devido ao fato de a comunicação (ou a falta dela) estar presente nas relações afetivo-sexuais, a comunicação acaba tornando-se um fator influenciador para o modo como ocorre a relação entre o casal. A comunicação destaca-se ainda como geradora de satisfação, quando o casal consegue se comunicar de modo efetivo, compreendendo as necessidades de cada sujeito envolvido nessa relação. Porém, a comunicação também pode ser geradora de conflitos quando acaba ocorrendo com pouca qualidade. Dessa forma, torna-se importante compreender os sentidos que os sujeitos atribuem à comunicação em seus relacionamentos, assim como significam esse fator na resolução de conflitos. Desse modo, justifica-se a importância social desse tema, visando compreender formas que busquem pela qualidade nas interações afetivo-sexuais. Compreende-se ainda a relevância social que essa pesquisa possui, como contribuição para a intervenção na prática profissional do psicólogo, visto que esse tema apresenta-se comumente na prática clínica.

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2. MÉTODO

2.1 DELINEAMENTO E PARTICIPANTES

Essa pesquisa caracteriza-se como de natureza qualitativa. Em relação ao objetivo, classifica-se como exploratória.

Com intuito de compreender de melhor forma o fenômeno a ser estudado, a coleta de dados foi realizada através de entrevistas individuais e semiestruturadas. As entrevistas ocorreram no em um serviço de Psicologia de uma universidade de Santa Catarina, localizada na região da Grande Florianópolis. A escolha pelo local se justifica por considerarmos que ele garante boas condições para a realização da entrevista, como preservação do sigilo, silêncio e acessibilidade aos/às participantes. Ao todo foram entrevistados quatro sujeitos entre os dias 30 de setembro até 11 de outubro. O contato com esses sujeitos ocorreu por meio da amostragem não probabilística Bola de neve. Os critérios de seleção dos/as participantes foram: faixa etária dos 18 a 30 anos, serem estudantes de nível superior de uma universidade de Santa Catarina e já terem tido algum relacionamento afetivo-sexual.

No contato presencial de realização das entrevistas com os sujeitos participantes desta pesquisa, foram apresentados os objetivos, bem como o termo de consentimento. O termo apresentado para os participantes da pesquisa foi o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que formalizou o consentimento para gravação de voz. Para que os sujeitos fizessem parte desta pesquisa foi necessária a concordância com o termo, sendo este assinado pelos sujeitos e pelos pesquisadores para formalizar a participação na pesquisa. Cada participante recebeu uma cópia do termo, bem como os pesquisadores possuem uma cópia. Esses documentos estarão sobre responsabilidade dos pesquisadores responsáveis pelo período de cinco anos. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Sul de Catarina (Unisul).

2.2 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTO

Após a realização das entrevistas, foram efetuadas as transcrições das entrevistas na íntegra. Com as entrevistas transcritas, procedeu-se à organização e a categorização dos

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dados. As categorias foram formuladas de acordo com os objetivos desta pesquisa, buscando enfatizar as práticas discursivas e as produções de sentidos narradas pelos sujeitos no momento das entrevistas. Foram utilizados pseudônimos para preservar a identidade dos sujeitos entrevistados.

A análise dos dados coletados foi realizada tendo como referência a metodologia de análise das práticas discursivas e de produções de sentidos conforme definem Spink e Medrado (2013). Os autores compreendem sentido como uma construção social, por meio do qual os sujeitos interpretam e significam o que acontece ao seu redor, a partir das relações em que se encontram inseridos em variados contextos relacionais, culturais, políticos e históricos. A noção de práticas discursivas é definida por Spink e Medrado (2013) como a “linguagem em ação”, ou seja, a forma como os sujeitos se apropriam dos discursos, produzem os sentidos singulares e os significam nas suas relações e vivências. As práticas discursivas possuem três dimensões em sua composição, sendo estas: linguagem, história e pessoa. A compreensão de linguagem utilizada pelos autores é a “linguagem em uso”. Sendo esta entendida como uma prática social que busca abarcar os aspectos da linguagem e a compreensão que ocorre referente à linguagem em contextos sociais e interacionais.

Outro aspecto que nos ajuda a compreender a metodologia de Spink (2013) é a história, sendo esta vista a partir de um olhar temporal. Os autores trabalham com a noção de tempo em três distinções: tempo longo, tempo vivido e tempo curto. O tempo longo refere-se à cultura, a qual vai sendo definida através da “história da civilização”, ou seja, a formação dos discursos no passar dos anos. O tempo vivido concerne às linguagens sociais que vão sendo incorporadas por meio dos “processos de socialização”, sendo aqui adicionado o processo de ressignificação das vivências ocorridas historicamente. Já o tempo curto trata-se de uma marca criada pelos processos dialógicos, é por meio desse aspecto que se é capaz de atribuir sentidos para as “experiências humanas”. O tempo curto ocorre por meio das “interações sociais, onde sujeitos utilizam a comunicação diretamente, face a face” (SPINK; MEDRADO, 2013. p. 32). A partir das concepções apresentadas referentes ao tempo da metodologia de Spink (2013), identifica-se que os sentidos vão sendo construídos através de processos históricos e sociais.

Os autores abordam ainda um terceiro aspecto para a compreensão à noção de práticas discursivas, sendo este aspecto a pessoa (SPINK; MEDRADO, 2013). Spink e Medrado (2013) compreendem a categoria “pessoa” como “relação social”, sendo esta vista como participante para realização das produções de sentidos por meio das produções discursivas que vão sendo criadas nas interações.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS/AS PARTICIPANTES

Como meio de obtenção da coleta de dados foram entrevistados quatro participantes. Reforça-se que foram utilizados pseudônimos para preservar o sigilo das informações. Dos quatro entrevistados, três são homens cisgênero e uma mulher cisgênero e todos se encontram no momento das entrevistas em relacionamentos afetivo-sexuais. Rafael possui 22 anos e se identifica como heterossexual. Está em relacionamento afetivo-sexual com sua parceira por três anos e três meses. No momento, não estão morando juntos. Já o participante Luiz, possui 22 anos e se identifica como homossexual. Está em relacionamento afetivo-sexual com seu parceiro por 6 anos e 10 meses. Luiz e seu parceiro moram juntos.

A participante Júlia possui 27 anos. Júlia optou por não definir sua orientação sexual no momento da realização da entrevista. Possui relacionamento-afetivo-sexual aberto, como ela define, com duas parceiras. O tempo do relacionamento com essas parceiras se divergem, com uma parceira, a qual mora junto, encontra-se em relacionamento afetivo-sexual há 2 anos e 8 meses, já com a outra parceira que não mora junto, o relacionamento ocorre há 5 meses. Eduardo possui 21 anos e identifica-se como heterossexual. Está em relacionamento com sua parceira há 1 ano e não moram juntos. Na tabela abaixo seguem informações que caracterizam os/as participantes da pesquisa.

Tabela 1 Caracterização dos/as participantes

Nome Idade Identidade de Gênero Orientação Sexual relacionamento? Está em um relacionamento Tempo de

atual

Moram juntos?

Rafael 22a cisgênero Homem Heterossexual Sim 3 anos e 3 meses Não

Luiz 22a Cisgênero Homem Homossexual Sim 6 anos e 10 meses Sim

Júlia 27a Cisgênero Mulher Não define Sim 2 anos e 8 meses/ 5 meses

Sim (com uma parceira)

Eduardo 21a Cisgênero Homem Heterossexual Sim 1 ano Não

Fonte: elaboração da autora, 2018.

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A comunicação pode ocorrer de forma verbal e não-verbal. Compreende-se a comunicação verbal como a comunicação em que os sujeitos compartilham de signos e mensagens, transmitem seus pensamentos e sentimentos por meio da linguagem. Porém a comunicação não se resume apenas à linguagem. A comunicação não verbal, por exemplo, pode ser compreendida por meio dos gestos, dos atos que os sujeitos realizam e que não se limitam à linguagem (MARCONDES FILHO, 2004). O autor pontua que qualquer conhecimento será incompleto se não for comunicável. Nesse sentido, entende-se que a reflexão só passa a existir na medida em que o sujeito transmite a mensagem ao outro e esse outro a significa de forma compatível com o que se desejou transmitir. Essa reflexão referente à mensagem compreendida, por ocorrer tanto por meio da linguagem como pela expressão dos corpos. Nas relações, os corpos também se comunicam, demonstram os desejos, necessidades de cada sujeito, quando gostam ou não de algo. Nesse sentido, entende-se que é preciso considerar as múltiplas formas de se comunicar. Satir (1977) compreende a comunicação como um “comportamento não-verbal e verbal” localizado em um contexto social, sendo assim, entendida como um processo de “interação” que engloba “símbolos e indícios” que são utilizados pelos sujeitos ao transmitir e receber mensagens. Ao questionar aos participantes sobre como compreendem a comunicação, pudemos observar que, no geral, todos/as atribuíam sentidos semelhantes aos processos comunicacionais.

Dessa forma, os/as entrevistados/as destacam a comunicação como um processo a partir do qual podem transmitir ideias, informação e compreensão referente ao outro ou à mensagem que se tenta transmitir. Para o participante Rafael: “[...] comunicação, eu acredito que seja a forma de uma pessoa passar algo para outra... passar algo que tu entendas ou queiras transmitir para outra pessoa”. O participante Luiz, por sua vez, compreende comunicação como “[...] o compartilhamento de ideias entre um com o outro, a comunicação é uma conversa entre uma pessoa e outra, né? Então, a comunicação seria informação, seria troca de ideias”.

Assim, é possível correlacionar os sentidos atribuídos à comunicação às reflexões propostas por Marcondes Filho (2004). O autor compreende que o processo de comunicação não funde duas pessoas numa só, não se transfere uma ideia para o outro, pois não é possível que um sujeito veja o que está no interior de outro. O que ocorre é um compartilhamento, uma forma de vínculo que é estabelecido entre dois seres, que buscam transmitir modos subjetivos, particulares, de si mesmo para o outro (MARCONDES FILHO, 2004). O autor destaca que “há comunicação quando consigo fazer com que o outro atinja a mesma faixa de frequência

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de meu pensamento, entre em minhas ideias, as sinta como eu” (MARCONDES FILHO, 2004 p. 99).

A participante Júlia, ao relatar sua compreensão por comunicação, destaca que identifica a necessidade de compreensão do outro quando este recebe a mensagem que a participante tenta transmitir. Em sua fala, refere que “temos que ser claras no que a gente fala, e, constatar se a pessoa que nos comunicamos recebeu essa mensagem corretamente”. O participante Eduardo também identifica a necessidade em deixar as coisas claras no processo comunicacional com sua parceira: “[...]É, sempre deixando as coisas assim [...] bem claras assim, né”.

Os sentidos a respeito da “clareza na comunicação”, conforme relatados por Júlia e Eduardo, corroboram com os apontamentos de Satir (1977), que destaca que é fundamental que as pessoas comuniquem-se com clareza para que assim consigam dar e receber informações para outras pessoas de forma que sejam compreendidas. A autora salienta que é necessário que ocorra uma permissão por parte de quem transmite a mensagem referente ao que se passa em seu íntimo, para que, desse modo, o outro consiga compreender de forma mais adequada a mensagem a ser recebida.

O processo de “escutar o outro” foi destacado pelos participantes como um elemento importante para a compreensão da mensagem recebida. Para Penteado (1977), a comunicação depende das “experiências em comum” que transmissor e receptor possuem, bem como a atenção que se deposita à mensagem. O autor ressalta que, sem atenção, não há comunicação. A atenção seria o início para que se possa aproximar-se de um entendimento referente à mensagem (PENTEADO, 1977). Destaca-se que, nas entrevistas realizadas, os participantes ressaltaram que compreendem o uso da atenção como fator para que ocorra o entendimento da mensagem recebida por seus parceiros afetivo-sexuais. Júlia destaca que compreende que a comunicação é “também escutar, né? A pessoa que você está se comunicando... é importante”. Luiz também sinaliza que “para saber se tá bom ou não, tem que conseguir ouvir a pessoa e saber o que ela está sentindo, e se não tiver essa comunicação tu nunca vais saber, o relacionamento não dá certo se não for desse jeito”. Dessa forma, compreende-se que, embora os participantes não tenham usado a palavra “atenção”, podemos interpretar que essa disponibilidade para “escutar o outro” estaria diretamente relacionada com a atenção dispensada à dinâmica do relacionamento.

Identificou-se que os participantes também compreendem a comunicação como uma forma de expressarem os sentimentos que sentem pelo parceiro/a. Ao serem questionados sobre o papel da comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais, Rafael relata: “eu acredito

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que mostra o sentimento que a pessoa tem pela outra... o modo que a pessoa é importante pra ti”. Já Eduardo refere que, além de entender a comunicação como uma “forma de compreender o outro”, a comunicação serviria como um meio de proporcionar maior intimidade entre o casal, “eu acho que também passa muito pela intimidade, acho que a comunicação acaba que constrói uma intimidade entre o casal. Na questão do relacionamento, acho que um dos pontos principais é isso”.

Julia e Luiz destacam que o processo de comunicação seria fundamental nos relacionamentos afetivo-sexuais. Segundo Luiz, “é o mais importante que tem num relacionamento, acho que é a comunicação […]”. Em encontro com essa fala, Júlia ressalta que compreende a comunicação como “o pilar das relações. Acho das relações saudáveis, né? Eu acredito que é saudável para relação ter uma comunicação afetiva”. Podemos observar, portanto, que os participantes compreendem o processo de comunicação como um elemento importante para que ocorra a compreensão interpessoal em seus relacionamentos afetivo-sexuais.

Ao relatarem sobre a forma como se comunicam com seus/suas parceiros/as, os participantes demonstraram modos singulares de comunicação em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Para Rafael, a comunicação entre ele e sua parceira ocorre através dos gestos: “eu acho que é mais a parte do carinho, é a demonstração de afeto. Estar junto, sempre acompanhando nos momentos que a pessoa goste, ou até mesmo abrir mão de algo que tu não gostes pela pessoa, para ti ajudares a pessoa também[…]”. Rafael explica sua forma de compreender a comunicação por via de atos e gestos: “eu acho que é melhor até, até porque as palavras eu acho que a gente acaba esquecendo em alguns momentos […]”. A respeito desse sentido atribuído por Rafael, a saber, de que a comunicação não ocorre somente por palavras, mas também por gestos, verifica-se que essa ideia também é compartilhada por Marcondes Filho (2004). Segundo o autor, seria equivocado falar que a comunicação se resume à linguagem verbal, pois, segundo ele, existem muitas outras formas de se comunicar que ultrapassam os limites desse tipo de linguagem.

Luiz destaca que a forma que busca se comunicar com seu parceiro ocorre por meio do “chamar para conversar”. O participante sinaliza que a comunicação é “tu poderes ter essa liberdade de conversar, de poder falar do que estás sentindo”. Complementa ainda que “a gente fala, „assim não está bom dessa forma‟; „isso aqui está bom‟. O que está bom normalmente a gente não fala (risos)”. Luiz percebe que “não falar” quando algo está bom acaba gerando uma desvalorização referente às ações que são consideradas boas para o relacionamento afetivo-sexual, pois, dessa forma, acabam não sabendo quando algo está

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positivo na relação e essas ações acabam não sendo mantidas. Já Eduardo, compreende que o “não falar” pode tornar-se algum conflito no futuro, demonstrando em sua fala, “às vezes, eu acho que o fato de ela não falar, é não necessariamente na intenção de brigar, mas sim na intenção de resolver. Eu acho que, às vezes, ela não falando, acaba prolongando alguma coisa que futuramente pode vir a gerar uma briga ou alguma coisa assim”.

Júlia e Eduardo descrevem que o modo que buscam para se comunicar também ocorre pelo modo verbal. Eduardo ressalta que: “a gente logo expõe assim um para o outro que a gente está precisando conversar sobre algum assunto” e destaca que é importante que essa comunicação sempre ocorra pessoalmente: “às vezes, quando a gente está longe, que a gente conversa por telefone, não é a mesma coisa, então a gente procura conversar pessoalmente”. Para Júlia, a conversa é a melhor forma de comunicação com suas parceiras: “através da conversa, porque nós passamos por experiências que a gente viu que dá certo, e o que não dá certo para o nosso relacionamento, o que é saudável e o que não é; e a gente conversa, né? E é bom falar sobre tudo que a gente sente”. A partir dos relatos de Júlia e Eduardo percebe-se como a comunicação entre os sujeitos pode ocorrer de formas distintas. É possível notar que cada sujeito atribui um sentido diferente para a comunicação em seus relacionamentos afetivo-sexuais, embora a maioria dos participantes destaque que preferem comunicar-se por meio da comunicação verbal.

Como referido, os participantes demonstram formas distintas de comunicação em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Percebeu-se que para Rafael, a comunicação entre ele e sua parceira ocorre mais por meio dos gestos. Para ele, a comunicação de modo não-verbal é mais importante, pois o sentido que apresenta à comunicação é que os gestos seriam mais lembrados do que as palavras, que são escutadas. Já Luiz, comunica-se com seu parceiro primordialmente por meio da comunicação verbal. A comunicação, para Luiz “é ter liberdade para poder falar sobre o que sente” com seu parceiro. Para Júlia e suas parceiras, é importante que a comunicação ocorra de forma clara, pois compreende a comunicação como fundamental para que sua relação permaneça saudável. A partir das narrativas de Eduardo, percebe-se que a comunicação entre ele e sua parceira apresenta-se com a necessidade em deixar as coisas claras, para que, futuramente, não venham a ocorrer conflitos entre ele e sua parceira.

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Através dos relatos dos participantes, identificou-se que ocorrem algumas dificuldades referentes à falta de comunicação em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Uma das dificuldades apresentadas foi a questão da falta de tempo para que ocorra o diálogo entre os parceiros. Dois participantes apontam este fator como impedimento para que ocorra a comunicação entre o casal. Segundo Luiz: “A gente não se comunica muito por causa da rotina. Porque a gente está numa rotina bem grande, sete anos morando juntos praticamente, então a gente acaba numa rotina bem grande, a comunicação sobre o nosso relacionamento, na situação que está, normalmente é muito rara assim, quando acontece.” Já Eduardo sinaliza que: “às vezes, a gente acaba não conversando, ou não, não por questão assim de não querer conversar, mas assim, que não tem tempo e tal, [...]”. No estudo de Bereza et al. (2005), observaram-se que os participantes da pesquisa também apontaram a falta de tempo como um dos empecilhos que dificultam a comunicação entre os parceiros.

Luiz e Eduardo apresentam a falta de tempo como dificultador para que não ocorra a comunicação, porém, identifica-se que, para Luiz, essa falta de comunicação não apresenta-se totalmente como um problema. Luiz compreende que o fato de já conhecer seu parceiro há tanto tempo faz com que consiga compreender melhor o ritmo um do outro. Eduardo, em contrapartida, possui uma concepção diferente sobre a falta do tempo em seu relacionamento, essa falta para que ocorra o diálogo acaba resultando-se em futuros conflitos na relação.

Para Eduardo, é importante que a comunicação seja realizada de forma adequada, pois, caso a comunicação seja prejudicada, pode vir a gerar algum conflito/desentendimento. Eduardo ressalta:

[...] ela não sendo feita da maneira correta, [...]às vezes pode ser que alguém não se expresse da maneira que deve se expressar e acaba gerando algum tipo de problemas. Ou até a outra pessoa não entende direito. Então, eu acho que às vezes essa falta de comunicação acaba prejudicando nesse sentido (Eduardo).

Explica que a forma ideal para se comunicar seria a evidenciação das coisas que não estão fazendo bem para ele e sua parceira, para que, desse modo, consigam compreender o que precisa ser trabalhado para que ocorra mais entendimento na relação. Identifica-se que Eduardo compreende que existe um modo adequado para que ocorra a comunicação, e que, caso esse modo não for colocado em prática, possíveis conflitos no relacionamento podem surgir posteriormente.

Outro fator apontado como dificultador na comunicação entre os parceiros foi o fato de que alguns participantes destacaram que guardam as coisas que não gostam para si e posteriormente isso tende a gerar conflitos entre o casal. Júlia ressalta que às vezes em que

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guardou seus sentimentos e não compartilhou com suas parceiras, posteriormente isso acabou se transformando em algum tipo de conflito. Salienta: “Claro que às vezes tem coisas que não é esconder, tem coisas que às vezes, não tem necessidade de falar, [...], tem coisas que a gente guarda pra gente, digo, sentimentos, né? Em relação a sentimentos, né? É, todas as vezes que eu guardei esses sentimentos, gerou conflitos futuramente, sabe?”. Como observa-se em sua narrativa, Júlia identifica que guardar as coisas que não gosta faz com que posteriormente acabe “explodindo” com suas parceiras. Já Eduardo compreende que quando sua parceira opta por guardar as coisas para ela, ou acaba “relevando” e não compartilha com Eduardo, essa ação pode gerar conflitos no relacionamento, por não saber quais são as intenções de sua parceira. Ressalta: “eu acho que quando tiver alguma coisa para falar, falar, não relevar como ela faz muitas vezes, é, justamente pra não gerar nenhum tipo de problema, né[...]”.

O fato de adiar a resolução dos conflitos entre os parceiros faz com que, posteriormente, venham a ocorrer uma sobrecarga de situações que tendem a aparecer com mais intensidade (ZORDAN, WAGNER, MOSMANN, 2012 apud COSTA; CENCI; MOSMANN, 2016). Observou-se que essa sobrecarga apareceu no cotidiano dos relacionamentos afetivo-sexuais de alguns participantes, quando estes referem como importante o fato de não deixarem as coisas mal resolvidas para que não se torne um conflito.

3.3.4 Resolução de conflitos

A partir das narrativas dos participantes, foi possível identificar que o fato de não ocorrer uma comunicação efetiva com seus parceiros pode fazer com que surjam conflitos. Rafael e Eduardo descrevem a comunicação como essencial para que os conflitos não venham a ocorrer futuramente. Rafael entende que, quando falta a comunicação com sua parceira, isso pode vir a gerar um desconhecimento pelo o que os membros do casal combinaram referente à alguma atividade, gerando, assim, um conflito. Sinaliza em sua narrativa: “eu acredito que a falta de comunicação às vezes, prejudica, porque talvez eu estivesse esperando que, por exemplo: depois da aula ela iria lá para a casa e ela: „Não, não posso, porque eu já marquei outra coisa‟. Então, eu acredito que isso gere conflitos”. Compreende-se, a partir da narrativa de Rafael, que a falta de comunicação acaba gerando mal-entendido entre os parceiros, pois acabam não sinalizando suas ações. Observa-se que, por mais que Rafael destaque que utiliza mais da comunicação não verbal com sua parceira, esse demonstra em sua narrativa a

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compreensão que a comunicação verbal pode esclarecer dúvidas que surgem quando a comunicação não-verbal não “dá conta” de comunicar o conteúdo e a mensagem necessários. Eduardo, por sua vez, destaca que a comunicação deve sempre ocorrer, pois o fato de não expor suas intenções pode ser gerador de conflitos.

Para Luiz, a comunicação auxilia na resolução de conflitos, na medida em que ela ajuda a compreender, de forma mais adequada, o que o seu parceiro está sentindo. Sinaliza:

[...]a comunicação é essencial nesses tipos de situações, mas aí o que a gente acaba ouvindo o que o outro sente, é geralmente nas questões de conflitos, a gente vai ver o que a pessoa tá sentindo e o que a pessoa precisa, né? É na hora do conflito que a comunicação é o que melhora o relacionamento, porque daí a gente acaba ouvindo um o outro e acaba vendo o que que é melhor fazer naquele momento para a situação ficar melhor no relacionamento, né? (Luiz)

Rafael compreende o papel da comunicação como forma de auxiliar a resolução de conflitos:

Eu acho assim, que a parte de a conversa que eu vejo que ajuda bastante é o „parar e conversar‟ pra poder esclarecer as dúvidas um do outro, pra poder esclarecer o que um espera do outro, isso é bem importante num relacionamento, eu vejo que ajuda bastante assim, a gente. Pra gente, poder dizer: „não peraí, o que que a gente espera um do outro?‟. „Não, a gente não tá seguindo na mesma linha de raciocínio‟ Isso é uma coisa que eu acho que ajuda bastante (Rafael).

Dessa forma, compreende-se que os participantes consideram que a função da comunicação auxilia para que ocorra a resolução de conflitos de uma forma mais compreensiva entre os parceiros em suas relações afetivo-sexuais. O conflito se apresenta em todas as relações, mas ele nem sempre é visto como negativo, em alguns casos ele pode mostrar-se como positivo para o relacionamento (HINDE, 1997 apud VENTORINI E GARCIA, 2004). Luiz entende que os conflitos podem servir como uma forma de compreender melhor como está o relacionamento e dar mais atenção ao que é necessário, dessa forma, os conflitos na relação de Luiz podem ser compreendidos também como um fator positivo para que os parceiros consigam conhecer-se melhor.

3.4 FACILIDADES QUE SE APRESENTAM PELA COMUNICAÇÃO

Identificou-se que uma das facilidades apontadas pelos participantes foi o fator da convivência diária com seus parceiros como forma de conhecer tanto a dinâmica dessas relações como o modo de agir com seus parceiros. Para Luiz: “o relacionamento já está numa situação que já tem... (pausa) bastante mordomia. Então, a gente já está bem acostumado com

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o ritmo um do outro. Mas tem a questão de cada um poder ter seu espaço”. Já Júlia identifica que o tempo de convivência com sua parceira é um fator que gera intimidade na relação: “ainda mais com a Bruna, que é a minha namorada de dois anos e oito meses, que a gente mora juntas, sabe, sei lá, a gente está no momento mais íntimo. Quando você mora com uma pessoa você já atingiu a intimidade máxima, eu acredito”. Identificou-se que tanto Júlia quanto Luiz atribuíram o fato de estarem morando na mesma casa com o parceiro/a como um fator de maior intimidade e aproximação. Dessa forma, ressalta-se que Júlia e Luiz compreendem que o relacionamento torna-se mais íntimo ao dividirem a mesma casa, e que isso possui impacto na forma pela qual ocorre a comunicação.

Outra facilidade que foi observada nas narrativas dos participantes foi a questão apontada por Júlia referente à conversa no relacionamento. A participante ressalta que a conversa é facilitadora para que ela e suas parceiras compreendam as coisas boas e ruins que já vivenciaram no relacionamento, e com isso fica o aprendizado referente à forma mais adequada de como agir em cada situação. Júlia ressalta que essa aprendizagem deu-se por meio da comunicação. A participante aponta a conversa como um meio para auxiliar o quanto as experiências vivenciadas atribuíram significados singulares para as parceiras. Rafael, por sua vez, compreende a conversa como um meio de esclarecimento das dúvidas sobre sua parceira, sobre como conhecê-la melhor e até mesmo o que se espera da relação, e que para ele, a conversa é importante, pois dessa forma ele e sua parceira conseguem compreender melhor como agir nas situações em que não se compreendem.

Já Luiz aponta: “que seria mais a questão de poder melhorar a situação no relacionamento, [...] sem tu ouvires a opinião do outro, tu não vais resolver nunca, não vai ver o que está bom pra ambos para poder melhorar a situação”. Identifica-se que os participantes apresentam compreensões singulares referentes à forma que a comunicação pode impactar no relacionamento, porém observa-se que os participantes citados compreendem a comunicação como um meio para gerar maior compreensão e esclarecimentos referentes ao parceiro/a, bem como a dinâmica da relação.

A qualidade nos relacionamentos afetivo-sexuais também se apresentou nas falas dos participantes como uma facilidade que a comunicação pode proporcionar. Apesar de não fazerem uso da palavra “qualidade” os participantes demonstram de outras formas essa compreensão. Ressaltam que a comunicação é necessária para que consigam se compreender melhor junto com seus parceiros/as, passam a possuir mais intimidade e conhecimento sobre sua relação e que isso tende a melhorar a dinâmica. Observa-se que os entrevistados/as compreendem que ocorre influência da comunicação para que ocorra qualidade dos

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relacionamentos. Norgren et al (2004) compreendem que o relacionamento afetivo-sexual é um dos pontos centrais da vida adulta e que a qualidade desse relacionamento implica em vários âmbitos da vida dos sujeitos, como a saúde mental e física, assim como na vida profissional e social desses sujeitos. Desse modo, compreende-se que é importante que em um relacionamento afetivo-sexual exista qualidade, pois ele será fator influente para outros aspectos da vida dos sujeitos participantes dessa relação.

Conforme se observou no decorrer das narrativas dos participantes, a compreensão referente ao processo de comunicação apresenta-se de forma singular para cada entrevistado/a. Porém, destaca-se que os participantes a compreendem como um fator fundamental para o desenvolvimento das relações. Através da comunicação, os participantes conseguem compreender seus parceiros/as, demonstrar seus sentimentos e pensamentos. Por meio desse fator, os/as entrevistados compreendem que conseguem identificar a forma mais adequada de como agir em determinadas situações, e que esse método pode vir a facilitar a compreensão da mensagem recebida, bem como fazer com que futuros conflitos não venham a ocorrer posteriormente.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das reflexões apresentadas nesta pesquisa e analisando as narrativas sinalizadas pelos estudantes universitários acerca da comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais, foi perceptível a importância atribuída à comunicação, seja por meio da linguagem, como dos gestos com seus parceiros. Os participantes, de modos singulares, atribuem sentidos que sinalizam a relevância do processo comunicacional, destacando esse processo como fundamental para a construção das relações afetivo-sexuais. Identificou-se entre os/as entrevistados diferentes formas e sentidos atribuídos ao processo comunicacional.

Foi possível observar a correlação entre as fundamentações teóricas com as narrativas sinalizadas pelos participantes referente a compreensão que possuem sobre o processo comunicacional. Tanto na teoria como nas narrativas dos participantes a comunicação apresenta-se como um meio de transmitir ideias, sinalizar pensamentos e sentimentos. A comunicação se apresenta como o uma forma de poder transmitir ao outro o que se pretende transmitir, bem como uma forma de esclarecer dúvidas, tanto sobre o comportamento dos parceiros/as como sobre a dinâmica das relações.

Identifica-se, ainda, que a comunicação pode ocorrer de diversas formas, e como sinalizado na fundamentação teórica, esse processo não se restringe à linguagem verbal, mas

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pode também se estender à comunicação não verbal, realizada por gestos e atos. Ressalta-se ainda, que a maior parte dos estudantes que participaram desta pesquisa sinalizou utilizar principalmente a comunicação verbal em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Destaca-se que não existe um modo certo ou errado para comunicar-se, todas as formas de comunicação são válidas e cada sujeito irá construir um sentido, através de seus relacionamentos, o modo mais adequado para realizar tal processo.

Outro fator observado foram os apontamentos dos participantes referentes à comunicação como meio de resolução dos conflitos em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Os participantes demonstraram compreender que a comunicação pode ser um método que auxilia para que ocorra a resolução dos conflitos. Porém, conforme ressaltado pelos participantes da pesquisa, é necessário que essa comunicação ocorra de forma adequada, de modo que os parceiros da relação demonstrem de forma clara suas intenções. Observou-se que, caso a comunicação ocorra de modo inadequado, os conflitos entre os parceiros podem acabar-se intensificando.

Com a realização desta pesquisa foi possível compreender que a comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais é um tema de grande relevância para ser pesquisado e dessa forma contribui para o exercício do profissional da psicologia em suas práticas. Foi possível ainda entender que ao realizar a pesquisa ocorreram ressignificações por parte da pesquisadora em relação ao assunto pesquisado. Identificou-se que o tema mostrou-se mais abrangente e com formas diferentes de compreensão frente ao tema, desse modo isso é ressaltado como um ponto positivo, pois pode-se compreender novos olhares referentes à comunicação nos relacionamentos afetivo-sexuais.

Ao analisar os dados coletados foi possível perceber que os entrevistados compreendem a comunicação como fator necessário para que ocorra melhor interação e compreensão com seus parceiros. Entende-se que o assunto estudado é amplo e que esta pesquisa não consegue dar conta das especificidades que se apresentaram nas narrativas dos participantes. Dessa forma, sugere-se maior exploração sobre o tema apresentado de forma a contribuir cientificamente com o assunto.

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