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Reforma da previdência: efeitos da emenda constitucional nº 103 de 12 de novembro de 2019 no benefício de pensão por morte

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LARISSA NUNES DOS SANTOS

REFORMA DA PREVIDÊNCIA:

EFEITOS DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103

DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 NO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE

Araranguá 2020

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LARISSA NUNES DOS SANTOS

REFORMA DA PREVIDÊNCIA:

EFEITOS DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103

DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 NO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientadora: Prof.ª Elisângela Dandolini, Esp.

Araranguá 2020

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LARISSA NUNES DOS SANTOS

REFORMA DA PREVIDÊNCIA:

EFEITOS DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103

DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 NO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Araranguá, 14 de dezembro de 2020.

______________________________________________________ Professora e orientadora Elisângela Dandolini, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof.ª Nádila da Silva Hassan, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof.ª Rejane da Silva Johansson, Esp.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, pois sem ele eu não teria chegado até aqui.

À minha família que me acompanhou durante essa longa caminhada acadêmica, sempre me incentivando, e não deixando que eu me abalasse nos momentos mais difíceis.

Às minhas amigas, Fernanda Macan e Rúbia Vieira, que permaneceram ao meu lado em todos os momentos, durante esses cinco anos de graduação. E em especial, à Agatha Zacca, que me ajudou quando mais precisei. Não tenho palavras para demonstrar o tamanho da minha gratidão.

Agradecimento especial, aos meus colegas de trabalho que me sempre deram o suporte necessário nessa caminhada, sendo que, todos de alguma forma, contribuíram para a minha formação, me incentivando e acima de tudo, me ensinando.

Agradeço a minha orientadora, Elisângela Dandolini, pela sua dedicação, paciência e disponibilidade em me orientar, meus sinceros agradecimentos e admiração para sempre.

Gostaria de agradecer meu namorado, Lucas, por tanto. Obrigada pela compreensão, apoio e acima de tudo, pela paciência. Obrigada por tudo que fez e faz por mim.

Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho e para o meu desenvolvimento, muito obrigada.

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“Não podemos ser tudo, mas podemos ser várias coisas na nossa trajetória” (Mario Sergio Cortella).

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RESUMO

O presente trabalho tem por objeto a análise dos efeitos da Emenda Constitucional nº 103 de 12 de novembro de 2019 no benefício de pensão por morte, bem como expor a opinião os autores acerca deste tema. Para atingir esse objetivo utilizou-se como método de pesquisa, a pesquisa bibliográfica e documental, incluindo arquivos online. Primeiramente, o trabalho apresenta uma explanação sobre a história da seguridade social no Brasil, bem como os regimes previdenciários vigentes. Em seguida, trata do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), seus beneficiários (segurados e dependentes) e alguns princípios pertinentes ao direito previdenciário. Antes de iniciar o principal objeto de estudo do trabalho, estudamos o benefício de pensão por morte, bem como, os beneficiários, requisitos, data de início e formas de cessação do benefício. Por último, analisou-se as principais modificações oriundas da EC nº 103/2019, dentre elas, a nova regra de cálculo e a irreversibilidade das cotas, bem como realizou-se uma análise doutrinária acerca das modificações no benefício de pensão por morte. Com o estudo, considerando as mudanças trazidas pela reforma da previdência no cálculo do benefício e na previsão de irreversibilidade de cotas, verificou-se que essas alterações não foram benéficas aos dependentes do segurado.

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ABSTRACT

The present essay has as its analysis object the effects of the Constitutional Amendment number 103 of November 12, 2019 in the death pension benefit and also expose the opinion of the authors about this topic. In order to reach this goal, the method of research called bibliographic and documental research was used, including online files. Firstly, the essay presents an explanation about the history of social security in Brazil and its current schemes. In the sequence, it brings facts about Regime Geral da Previdência Social (RGPS), its beneficiaries (insured and their dependents) and some principles which are pertinent to Social Security Law. Before working on the main goal of this assignment, we studied the death pension benefit, also the beneficiaries, requisites, beginning dates and ways of cessation of the benefit. At last, the modifications deriving from EC nº 103/2019, among them, the new calculus rule and the irreversibility of quotas, besides a doctrinaire analysis concerning the modifications on the death pension benefit was done. With the study, considering the changes brought by the social security remodel on the calculus rules and the prevision of irreversibility of quotas, it was verified that those alterations were not beneficial to the insured’s dependentes.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Períodos de duração do benefício ... 38

Tabela 2 – Tempo de contribuição dos homens ... 45

Tabela 3 – Tempo de contribuição das mulheres ... 46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

2 SEGURIDADE SOCIAL E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL ... 12

2.1 DEFINIÇÃO E COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ... 13

2.2 DEFINIÇÃO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ... 15

2.2.1 Regime Geral da Previdência Social (RGPS) ... 15

2.2.1.1 Filiação e inscrição ... 16

2.2.1.2 Segurados e dependentes ... 18

2.2.1.2.1 Segurados ... 18

2.2.1.2.2 Dependentes ... 19

2.3 PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ... 21

2.3.1 Princípio da Solidariedade ... 21

2.3.2 Princípio da vedação do retrocesso social ... 22

2.3.3 Princípio da proteção ao hipossuficiente ... 22

2.4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL ... 23

2.4.1 Universalidade da cobertura e do atendimento ... 23

2.4.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços as populações urbanas e rurais. ... 24

2.4.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços ... 24

2.4.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios... 24

2.4.5 Equidade na forma de participação no custeio ... 25

2.4.6 Diversidade na base de financiamento ... 25

2.4.7 Gestão quadripartite ... 26

3 BENEFÍCIO DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA E À MATERNIDADE ... 27

3.1 PENSÃO POR MORTE ... 27

3.2 BENEFICIÁRIOS (DEPENDENTES) DA PENSÃO POR MORTE ... 28

3.2.1 Classe I ... 28

3.2.2 Classe II ... 30

3.2.3 Classe III ... 31

3.3 REQUISITOS DA PENSÃO POR MORTE ... 32

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3.4 HABILITAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS ... 35

3.5 DATA DE INÍCIO DE BENEFÍCIO ... 36

3.6 CÁLCULOS DA RENDA MENSAL INICIAL (RMI) ... 36

3.7 REVERSIBILIDADE DE COTAS ... 37

3.8 HIPÓTESES DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO ... 37

3.9 PERDA DO DIREITO À PENSÃO POR MORTE ... 39

4 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103/2019 NO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE ... 41

4.1 NOVA REGRA DE CÁLCULO DA RENDA MENSAL INICIAL E IRREVERSIBILIDADE DE COTAS ... 41

5 ANÁLISES DOUTRINÁRIAS A RESPEITO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103/2019 ACERCA DO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE ... 44

6 CONCLUSÃO ... 51

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1 INTRODUÇÃO

A Previdência Social disponibiliza benefícios e serviços a seus segurados e dependentes, cujo auxílio pode variar de acordo com o plano. (AMADO, 2020, p. 1).

Diante da grande importância do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) na vida das pessoas, estudaremos os princípios que norteiam o ramo do direito previdenciário, dentre os quais destacamos a solidariedade, a vedação do retrocesso social e a proteção ao hipossuficiente.

Elencaremos as principais diferenças entre segurado e dependente, para que a compreensão do objeto do presente estudo fique mais clara.

Analisaremos mais adiante, no presente trabalho, acerca da concessão do benefício de pensão por morte, especialmente, após as alterações trazidas pela EC nº 103/2019, bem como a opinião dos autores acerca do tema, tendo em vista, que as mudanças ocorridas foram bastante significativas.

Dentro desse contexto, iremos verificar quais os reflexos da EC no benefício de pensão morte. Além disso, estudaremos de forma breve acerca da evolução histórica da seguridade social no Brasil, identificando os requisitos para a concessão dos benefícios, os beneficiários, a regra de cálculo e as formas de cessação do benefício.

Por fim, faremos uma análise com base no entendimento doutrinário, acerca da pensão por morte antes e após a promulgação da EC nº 103, destacando suas principais alterações.

Salienta-se que a escolha do tema é justificada pela importância do benefício de pensão por morte para os dependentes do segurado falecido. No entanto, em relação a EC nº 103/2019, observa-se uma redução considerável e maléfica para os dependentes do segurado falecido, considerando a nova regra de cálculo e a previsão de irreversibilidade das cotas.

Desse modo, podemos afirmar que o tema é de grande relevância e precisa ser debatido, tendo em vista, que a promulgação da EC prejudica aqueles que dependem exclusivamente do segurado, conforme veremos no decorrer do presente trabalho.

A pesquisa está estruturada em cinco capítulos, sendo o primeiro deles, de caráter introdutório. No segundo capítulo faz-se uma breve síntese sobre a história da seguridade social no Brasil, com base na Constituição Federal, quais os regimes que a compõem, sua definição e competência legislativa. Ainda, no mesmo capítulo, são abordados conceitos e

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características do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), quem são os beneficiários e alguns princípios do direito previdenciário.

Em seguida, no terceiro capítulo, passa-se ao estudo especifico do benefício de pensão por morte, descrevendo os requisitos para a sua concessão e a quem é devido, data de início de benefício, regras de cálculo, reversibilidade de cotas, formas de cessação e perda do direito ao benefício.

Por fim, no quarto e quinto capítulo, analisamos as modificações oriundas da EC nº 103/2019, bem como a opinião dos autores acerca do tema, objetivando gerar um debate, tendo em vista, de acordo com os entendimentos doutrinários, que essas alterações trazidas pela EC prejudicam aqueles que dependem exclusivamente do segurado.

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2 SEGURIDADE SOCIAL E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL

Inicialmente, antes de adentrarmos no assunto do presente trabalho, é de extrema importância que observamos o desenvolvimento histórico da seguridade e da previdência social.

A seguridade social sempre esteve amparada nas Constituições Federais, desde a Constituição de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988.

Na Constituição de 1824 havia uma simples menção à seguridade social, a qual estava prevista no art. 179, inciso XXXI, e se destacava como a constituição dos socorros públicos.

Posteriormente, na Constituição de 1891, sendo a primeira a conter a palavra aposentadoria, na qual determinava que a aposentadoria só poderia ser dada aos funcionários públicos em caso de invalidez a serviço da nação. (ANDRADE, 2014, p. 1).

Na vigência da Constituição de 1891, o grande destaque foi a lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923), que foi o marco da Previdência Social.

Em termos de legislação nacional, a doutrina majoritária considera como marco inicial da Previdência Social a publicação do Decreto Legislativo nº 4.682, de 24.1.23, mas conhecido como Lei Eloy Chaves, que criou as Caixas de aposentadoria e Pensões nas empresa de estradas de ferro existentes, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão aos seus dependentes em caso de morte do segurado, além da assistência médica e diminuição do custo de medicamentos. [...] (KRAVCHYCHYN et al., 2012, p. 35).

Na Constituição de 1967 não houve grandes mudanças no regramento previdenciário, porém, a disposição contida anteriormente no art. 157, passou a ser disposta no art. 158 com as mesmas disposições.

No entanto, na década de 70, a Lei nº 6.439 instituiu o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), reorganizando a Previdência Social. O SINPAS destinava-se a integrar as atividades da previdência social, da assistência médica, da assistência social e de gestão administrativa, financeira e patrimonial, entre as entidades vinculadas ao Ministério da Previdência e da Assistência Social. (MEIRELLES, 2009, p. 1).

No art. 4º da referida lei, observamos as entidades que integravam o SINPAS:

Art. 4º. [...]

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I - Instituto NacionaI de Previdência Social - INPS;

II - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS; III - Fundação Legião Brasileira de Assistência - LBA;

IV - Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor FUNABEM;

V - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social - DATAPREV; VI - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social - IAPAS.

[...] (BRASIL, Lei nº 6.439, 2020).

No entanto, foi com a Constituição de 1988 que foi usado pela primeira vez a expressão Seguridade Social, a qual é dividida em três áreas: a previdência social, a assistência social e a saúde, que visam a proteção de todos.

Na Constituição de 1988, seu capítulo II trata especificamente da Seguridade Social, iniciando no art. 194 ao art. 204.

Diante todo o exposto, tendo em vista que o tema a ser abordado está inserido no âmbito da previdência social, o presente trabalho não abordará os temas saúde e assistência social.

2.1 DEFINIÇÃO E COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

A seguridade social está inserida no sistema previdenciário brasileiro, e encontra-se amparado na Constituição Federal em encontra-seu capítulo II do título VIII, denominado Ordem Social.

A própria Constituição nos traz uma definição do que seria seguridade social em seu artigo 194, “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, CRFB, 2020).

Assim sendo, a seguridade social, de acordo com o artigo mencionado acima, é um conjunto de ações que visa garantir à população o acesso aos direitos básicos, como saúde e assistência social.

Importante relembrar, que a seguridade social é um sistema de proteção social que abrange mais três subsistemas, dentre eles: a previdência social, a assistência social e a saúde.

Ensina Amado (2020, p. 133) que,

No Brasil, um dos grandes traços que diferenciam a previdência social da assistência social e da saúde púbica é o seu caráter contributivo, pois apenas terão cobertura previdenciária as pessoas que vertam contribuições ao regime que se filiaram, de

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maneira efetiva ou nas hipóteses presumidas por lei, sendo pressuposto para a concessão de benefícios e serviços aos segurados e seus dependentes.

Diante disso, podemos compreender que a diferença entre ambas é quanto ao caráter contributivo, haja vista que somente as pessoas que vertem contribuições ao regime pelo qual se filiaram, poderão ter o benefício concedido a seus segurados e dependentes. (AMADO, 2020, p. 133).

No art. 201 da Constituição Federal, temos um rol de prestações garantidas pela Previdência Social, devidas aos beneficiários,

Art. 201 A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. [...] (BRASIL, CRFB, 2020).

Em relação à competência legislativa, em regra, será competência privativa da União, legislar sobre seguridade social, conforme aduz o art. 22, inciso XXIII da CRFB, senão, vejamos:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...]

XXIII – seguridade social (BRASIL, CRFB, 2020).

No entanto, também será competência concorrente entre a União, Estados e Distrito Federal, legislar sobre previdência social, proteção e defesa da saúde, conforme art. 24, inciso XII da CRFB. Vejamos:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

[...]

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde (BRASIL, CRFB, 2020).

Assim, podemos concluir que a seguridade social visa garantir os direitos básicos à população, cabendo à União, de forma privativa, legislar sobre o tema, conforme disposição expressa na Constituição Federal.

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2.2 DEFINIÇÃO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

A previdência social pode ser definida como um seguro com regime jurídico especial, regido pelas normas de Direito Público, sendo de caráter contributiva, a qual disponibiliza benefícios e serviços aos segurados e seus dependentes, que irão variar conforme o plano de abertura. (AMADO, 2020, p. 1).

É importante destacar, que a definição de previdência social varia para cada país, porém, no Brasil é contributiva, conforme pode-se observar no art. 1º da Lei que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social,

Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Ainda, vale destacar que a finalidade de tal contribuição é assegurar meios de manutenção aos beneficiários, pelos motivos descritos acima, por exemplo a incapacidade ou desemprego involuntário.

Segundo os ensinamentos de Agostinho (2020, p. 1),

O seguro previdenciário, ou previdência, é essencial na vida de qualquer cidadão trabalhador que queira garantir certa medida de segurança ao seu futuro. O sistema previdenciário brasileiro é composto de dois Regimes básicos, quais sejam: Regime Geral de Previdência Social e Regimes Próprios de Previdência dos Servidores Públicos e Militares e de dois Regimes Complementares de Previdência Social, sendo eles: o privado, que pode ser aberto ou fechado no RGPS, e o público, que por sua vez por ser apenas fechado nos Regimes Próprios de Previdência Social.

Diante disso, destaca-se que a previdência é essencial na vida das pessoas, haja vista a segurança que proporciona, através dos benefícios e serviços concedidos aos beneficiários.

No presente trabalho, trataremos somente sobre o Regime Geral da Previdência Social (RGPS).

2.2.1 Regime Geral da Previdência Social (RGPS)

O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) é o conjunto de regras, incluindo direitos e deveres, no qual abarca a grande maioria dos trabalhadores, com exceção dos

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servidores públicos efetivos e militares que são vinculados a um Regime Próprio de Previdência Social, regime este instituído por entidade política.

É regido pela Lei nº 8.213/91, intitulada no título II, nomeado como “Do plano de benefícios da Previdência Social”, sendo de filiação compulsória e automática para os segurados obrigatórios, no entanto, permite que as pessoas que não estejam enquadradas como obrigatórios e não tenham regime próprio de previdência se inscrevam como segurados facultativos, passando a serem filiados ao RGPS. É importante salientar, que o RGPS é o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de segurados facultativos. (CASTRO; LAZZARI, 2019, p. 1).

No âmbito do RGPS, estão cobertos pelo sistema os segurados obrigatórios e os facultativos, formando dois grandes grupos de filiados, bem como as pessoas que se enquadrem como os seus dependentes (AMADO, 2020, p. 213).

2.2.1.1 Filiação e inscrição

Filiação e inscrição não podem ser confundidas, pois acontece em momentos distintos, conforme veremos a seguir.

A filiação decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o segurado facultativo (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

Nas palavras de Amado (2020, p. 273), a filiação seria

[...] a relação jurídica que liga uma pessoa natural à União/Previdência Social, bem como ao Instituto Nacional do Seguro Social, que tem o condão de inclui-la na condição de segurada, tendo a eficácia de gerar obrigações (a exemplo do pagamento das contribuições previdenciárias) e direitos (como a percepção dos benefícios e serviços).

Sendo assim, podemos afirmar que filiação é um vínculo jurídico entre o segurado e o RGPS, vínculo do qual decorre direitos e obrigações de ambas as partes. Para ter direito aos benefícios previdenciários, o segurado deve contribuir.

Já o RGPS tem o dever de pagar os benefícios e prestar os serviços previdenciários, observando os requisitos legais e ainda, tem o direito de exigir o pagamento das contribuições previdenciárias devidas pelo segurado.

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Por outro lado, a inscrição nada mais é que a formalização dessa filiação, na qual o segurado fornece os dados necessários para sua identificação à Previdência Social.

Segundo Castro e Lazzari (2019, p. 1), “Inscrição é o ato pelo qual o segurado e o dependente são cadastrados no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua caracterização”.

O art. 18 do Decreto nº 3.048/99, dispõe em seus incisos algumas exigências para a inscrição dos segurados, como:

Art. 18. [...]

I - empregado - pelo empregador, por meio da formalização do contrato de trabalho e, a partir da obrigatoriedade do uso do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas - eSocial, instituído pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio do registro contratual eletrônico realizado nesse Sistema; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).

II - trabalhador avulso - pelo cadastramento e pelo registro no órgão gestor de mão de obra, no caso de trabalhador portuário, ou no sindicato, no caso de trabalhador não portuário, e a partir da obrigatoriedade do uso do eSocial, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio do cadastramento e do registro eletrônico realizado nesse Sistema; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).

III - empregado doméstico - pelo empregador, por meio do registro contratual eletrônico realizado no eSocial; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). V - segurado especial - preferencialmente, pelo titular do grupo familiar que se enquadre em uma das condições previstas no inciso VII do caput do art. 9º, hipótese em que o INSS poderá solicitar a apresentação de documento que comprove o exercício da atividade declarada, observado o disposto no art. 19-D; e (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).

VI - segurado facultativo - por ato próprio, por meio do cadastramento de informações pessoais que permitam a sua identificação, desde que não exerça atividade que o enquadre na categoria de segurado obrigatório. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). (BRASIL, Decreto nº 3.048, 2020).

Ainda, sobre a inscrição dos dependentes, há previsão legal no art. 22 do mesmo decreto, vejamos:

Art. 22. A inscrição do dependente do segurado será promovida quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante a apresentação dos seguintes documentos: (Redação dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002)

I - para os dependentes preferenciais:

a) cônjuge e filhos - certidões de casamento e de nascimento;

b) companheira ou companheiro - documento de identidade e certidão de casamento com averbação da separação judicial ou divórcio, quando um dos companheiros ou ambos já tiverem sido casados, ou de óbito, se for o caso; e

c) equiparado a filho - certidão judicial de tutela e, em se tratando de enteado, certidão de casamento do segurado e de nascimento do dependente, observado o disposto no § 3º do art. 16;

II - pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos mesmos; e

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Diante do exposto, destaca-se que a principal diferença entre filiação e inscrição é quanto ao momento em que ambas ocorrem, sendo a primeira um vínculo jurídico entre o segurado e o RGPS, enquanto a segunda, é a formalização dessa filiação.

2.2.1.2 Segurados e dependentes

Os beneficiários do RGPS estão elencados na Lei 8.213/91, e são divididos em segurados e dependentes. Estudaremos a seguir as principais diferenças entre ambos.

2.2.1.2.1 Segurados

Inicialmente, faz-se necessário conceituar quem pode ser considerado segurado da previdência social.

Segundo Kravchychyn et al (2012, p. 126),

É segurado da previdência social, nos termos do art. 9º e seus parágrafos do Decreto nº 3.048/99, de forma compulsória, a pessoa física que exerce atividade remunerada, efetiva ou eventual, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, a título precário ou não, bem como aquele que a lei define como tal, observadas, quando for o caso, as exceções previstas no texto legal, ou exerceu alguma atividade das mencionadas acima, no período imediatamente anterior ao chamado “período de graça”. Também é segurado aquele que se filia facultativa e espontaneamente à Previdência Social, contribuindo para o custeio das prestações sem estar vinculado obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência – RGPS ou a outro regime previdenciário qualquer.

Assim, de acordo com as palavras de Kravchychyn et al (2012, p. 126), os segurados estão nos termos do artigo 9º do Decreto nº 3.048/99. Dentre os requisitos acima elencados, podemos destacar a pessoa física que pratica atividade com remuneração ou aqueles que se filiam de forma espontânea à previdência social.

Ainda, dentro do grupo dos segurados, temos os segurados obrigatórios e os segurados facultativos, que serão diferenciados a seguir.

Quanto aos segurados obrigatórios,

[...] em regra, se enquadram as pessoas que exercem atividade laboral remunerada no Brasil, exceto os servidores públicos efetivos e militares já vinculados a Regime Próprio de Previdência Social, instituído pela entidade política que se encontrem vinculados. (AMADO, 2020, p. 213).

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A lei nº 8.213/91 traz o rol dos segurados obrigatórios, no entanto, como as categorias dos segurados não são objeto do presente trabalho, deixarão de ser explicadas para que seja dado prosseguimento ao tema.

Os segurados facultativos, estão classificados no art. 11, §1º do decreto nº 3.048/99, mas que também não serão explicados, por não fazerem parte do objeto de estudo do presente trabalho. Assim, buscamos apenas trazer a conceituação deles:

Com base no artigo 14, da Lei 8.212/91, o segurado facultativo é a pessoa natural que não trabalha e objetiva uma proteção previdenciária, filiando-se ao RGPS mediante a inscrição formalizada e o ulterior pagamento da contribuição previdenciária. (AMADO, 2020, p. 271).

Com relação aos segurados, são previstos os seguintes benefícios: Aposentadoria por incapacidade permanente, Aposentadoria por idade e tempo de contribuição, Aposentadoria Especial, doença, Salário-família, Salário-maternidade e Auxílio-acidente.

2.2.1.2.2 Dependentes

Para a seguridade social, dependentes são aquelas pessoas que embora não estejam contribuindo, a Lei de Benefícios elenca como possíveis beneficiários do RGPS, levando em consideração o vínculo familiar com o segurado do regime, fazendo jus às seguintes prestações: pensão por morte, auxílio-reclusão, serviço social e reabilitação profissional. (CASTRO; LAZZARI, 2019, p. 1).

Segundo Dias e Macedo (2012, p. 169),

Os dependentes são denominados beneficiários indiretos do Regime Geral de Previdência Social. Fala-se em beneficiários indiretos pelo modo como adquirem o direito à proteção previdenciária. Enquanto os segurados adquirem a condição de beneficiário por ato próprio (exercendo atividade remunerada prevista em lei ou contribuindo, caso não exerça atividade remunerada), o direito dos dependentes fica condicionado à existência da qualidade de segurado de quem dependem economicamente.

Desse modo, afirma-se que os dependentes são denominados beneficiários indiretos pelo modo com que adquirem a segurança advinda do regime previdenciário, enquanto os segurados, são aqueles que adquirem essa condição por ato próprio, de forma voluntária.

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Logo, os dependentes apenas adquirem a proteção previdenciária se houver a comprovação da dependência econômico-financeira entre eles e um segurado.

No art. 16 da Lei nº 8.213 temos o rol de dependentes, vejamos:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (BRASIL, Lei nº. 8.213, 2020).

Contudo, conforme já exposto acima, os dependentes precisam comprovar a dependência econômica do segurado, a fim de que possam usufruir dos benefícios como dependentes.

Os dependentes são divididos em classes, ou seja, cada inciso do artigo mencionado anteriormente representa uma classe.

Essas classes

[...] formam a ordem de vocação previdenciária, visto que a existência de dependentes de qualquer das classes do referido artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. Por exemplo: se determinado segurado casado ajudava na manutenção de sua mãe, com o seu falecimento, somente o cônjuge sobrevivente terá direito à pensão, uma vez que é dependente da classe I e a mãe é dependente da classe II. (DIAS; MACEDO, 2020, p. 179).

Importante salientar que a dependência econômica da classe I, indicada pelo inciso I do art. 16 da Lei nº 8.213/91, é presumida. Já a dependência econômica das demais classes deve ser devidamente comprovada, conforme redação dada pelo art. 16, §4º, vejamos, “A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.” (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Quanto aos dependentes dos segurados (obrigatórios e facultativos), estes serão explicados de forma mais detalhada no terceiro capítulo, em tópico específico. A seguir, veremos os princípios norteadores do direito previdenciário.

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2.3 PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Primeiramente, antes de adentrarmos de fato no tema do presente trabalho, incumbe apresentarmos os princípios que norteiam o ramo do direito previdenciário.

Segundo Kravchychyn et al. (2012, p. 51),

É certo que princípio é uma ideia, mais generalizada, que inspira outras ideias, a fim de tratar especificamente de cada instituto. É o alicerce das normas jurídicas de certo ramo do direito; é fundamento da construção escalonada da ordem jurídico-positiva em certa matéria.

A seguir, passaremos a analisar cada um dos princípios do direito previdenciário segundo a classificação de Kravchychyn et al. (2012, p. 52-54), que classifica como princípios gerais do direito previdenciário: a solidariedade, a vedação do retrocesso social e a proteção ao hipossuficiente.

2.3.1 Princípio da Solidariedade

Sobre este princípio, conceitua Dias e Macedo (2012, p. 99)

A seguridade vai permear toda a seguridade social. Seja na sua instituição, na distribuição do ônus contributivo (aqueles que têm maior poder contributivo devem contribuir mais), na prestação do amparo (a proteção social deve socorrer primeiramente os mais necessitados) ou na participação da maioria da população em prol de uma minoria necessitada. Este princípio pode ser considerado o vetor de todo o arcabouço da seguridade social, como a bússola do sistema, aplicável na interpretação/aplicação das suas normas, assim como na sua normogênese.

Destaca-se, portanto, que este é considerado um dos princípios mais importantes em se tratando de direito previdenciário, tendo em vista, que ele visa o amparo social dos mais necessitados.

Ainda, Amado (2020, p. 29), aduz que

Essencialmente a seguridade social é solidária, pois visa a agasalhar as pessoas em momentos de necessidade, seja pela concessão de um benefício previdenciário ao segurado impossibilitado de trabalhar (previdência), seja, pela disponibilização de um medicamento a uma pessoa enferma (saúde) ou pela doação de alimentos a uma pessoa em estado famélico (assistência).

Como podemos observar, o princípio da solidariedade é fundamental, visando auxiliar os desamparados e todos aqueles que enfrentam momentos de necessidade. Estando, inclusive, previsto na Constituição Federal, em seu art. 3º, inciso I, como objetivos fundamentais construir uma sociedade livre, justa e solidária. (BRASIL, CRFB, 2020).

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2.3.2 Princípio da vedação do retrocesso social

Tal princípio encontra-se subentendido na Constituição Federal, em seu art. 7º, o qual dispõe de um rol de direitos dos trabalhadores urbanos e rurais sem prejuízo de outros que visem à melhoria de sua condição. (BRASIL, CRFB, 2020).

Por este princípio, entende Kravchychyn et al. (2012, p. 52) que, “o rol de direitos sociais não seja reduzido em seu alcance (pessoas abrangidas, eventos que geram amparo) e quantidade (valores concedidos), de modo a preservar o mínimo existencial. ”

Assim, o mínimo à existência da pessoa humana deve ser preservado, não podendo o rol de direitos ser reduzido, haja vista a necessidade e importância do amparo social.

Portanto, de acordo com Corrêa (2019, p. 1), se uma norma infraconstitucional extinguir ou limitar um direito já assegurado, principalmente as de cunho social, em tese, poderá padecer de inconstitucionalidade.

2.3.3 Princípio da proteção ao hipossuficiente

Sobre este princípio, ensina Kravchychyn et al. (2012, p. 53),

[...] não se trata de defender que se adote entendimento diametralmente oposto na aplicação das normas, por uma interpretação distorcida dos enunciados dos textos normativos: o intérprete deve, dentre as várias formulações possíveis para um mesmo enunciado normativo, buscar aquela que melhor atenda à função social, protegendo, com isso, aquele que depende das políticas sociais para sua subsistência.

Logo, desse princípio, destaca-se a necessidade e importância de atender à função social, especialmente, visando garantir o acesso à justiça aos mais necessitados, a fim de que permaneçam ao menos, com o mínimo para a subsistência.

Esse princípio, também conhecido como equidade, busca que seja garantida aos hipossuficientes a proteção social, e, portanto, quando possível, exige que a contribuição destes seja menor que os demais, ou seja, equivalente ao seu poder aquisitivo, na proporção de suas condições financeiras.

Vistos os princípios basilares, passa-se ao estudo dos princípios da seguridade social previstos na Constituição Federal.

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2.4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL

O art. 194, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988, elenca sete princípios constitucionais aplicáveis a seguridade social. São eles:

Art. 194. [...]

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - equidade na forma de participação no custeio;

VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (BRASIL, CRFB, 2020).

Conforme Amado (2020, p. 24), esses princípios são tratados como objetivos do sistema pelo contribuinte, destacando-se que a interpretação e o grau de aplicação se torna variável dentro da seguridade social, a depender do campo de incidência, se for sistema contributivo (previdência) ou no sistema não contributivo (assistência social e saúde pública).

A seguir, passaremos a analisar, individualmente, cada um desses princípios.

2.4.1 Universalidade da cobertura e do atendimento

Entende-se por universalidade de cobertura, que a proteção social deve alcançar todos os eventos, com a finalidade de manter a subsistência de quem dela necessite. A universalidade do atendimento, por outro lado, significa a entrega das ações, prestações e serviços da seguridade social a todos que necessitem, tanto em termos de previdência social, quanto no caso da saúde e da assistência social. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

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2.4.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços as populações urbanas e rurais

Nesse princípio é conferido tratamento igualitário para os trabalhadores urbanos e rurais, disponibilizando a eles os mesmos benefícios e serviços prestados pelo sistema da seguridade social.

É importante frisar, que os critérios para a concessão das prestações da seguridade social serão os mesmos, no entanto, tratando-se de previdência social, o valor do benefício pode ser diferente. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

2.4.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços

Seletividade significa dizer que os benefícios serão concedidos a quem deles realmente necessite. Por outro lado, entende-se por distributividade que, na concessão de benefícios e ou serviços, visa-se o bem-estar e a justiça social. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

Para exemplificar, podemos utilizar o benefício do amparo assistencial, que são destinados aos idosos e deficientes físicos que demonstram condição de miserabilidade, ou seja, àqueles que não se encontram nessas condições, não farão jus a este benefício.

2.4.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios

Entende-se por esse princípio, que o benefício concedido legalmente, não poderá ter seu valor nominal reduzido, inclusive, não pode ser objeto de desconto, excetos aqueles previstos por lei ou ordem judicial.

No entanto, o §4º, do art. 201, da Constituição Federal, prevê um reajustamento no que concerne os benefícios previdenciários. Vejamos: “É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei”. (BRASIL, CRFB, 2020).

Conforme mencionado acima, essa disposição garante a manutenção do valor real dos benefícios pagos pelo INSS através da incidência anual de correção monetária pelo INPC,

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na mesma data de reajuste do salário mínimo, que também está regulamentado no art. 41-A da Lei nº 8.213/91. (AMADO, 2020, p. 26).

2.4.5 Equidade na forma de participação no custeio

Busca-se com esse princípio, a garantia da proteção social aos hipossuficientes, exigindo-se quando possível, contribuição equivalente a seu poder aquisitivo.

Amado (2020, p. 1) explica que,

O custeio da seguridade social deverá ser o mais amplo possível, mas precisa ser isonômico, devendo contribuir de maneira mais acentuada aqueles que dispuserem de mais recursos financeiros, bem como os que mais provocarem a cobertura da seguridade social.

Sendo assim, entende-se que, o pagamento das contribuições para a seguridade social será proporcional à riqueza manifestada pelos contribuintes, ou seja, aqueles que possuem mais recursos financeiros deverão contribuir com um valor proporcional a sua riqueza.

2.4.6 Diversidade na base de financiamento

Esse princípio estabelece que a receita da Seguridade Social pode ser arrecada de outras fontes pagadoras, não ficando vinculada somente aos trabalhadores, empregadores e Poder Público.

A redação deste inciso foi alterada, e possui a seguinte escrita:

Art. 194. [...]

VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; (BRASIL, CRFB, 2020, grifo nosso).

Com o advento da EC nº 103/2019, o artigo foi alterado, passando a dar maior transparência ao orçamento da Seguridade Social para distinguir as receitas e despesas de cada área: saúde, previdência e assistência social. (CASTRO; LAZARRI, 2020, p. 1).

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2.4.7 Gestão quadripartite

Segundo Amado (2020, p. 28), esse princípio é decorrente de uma determinação contida no art. 10 da Constituição Federal, na qual assegura a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Ainda, o mesmo autor comenta que, a seguridade social será quadripartite, de índole democrática e descentralizada, envolvendo trabalhadores, empregadores, aposentados e Poder Público. (AMADO, 2020, p. 28).

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3 BENEFÍCIO DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA E À MATERNIDADE

No direito previdenciário temos os benefícios de proteção à família e à maternidade, que abrange os benefícios de pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-maternidade e o salário-família.

No presente trabalho passaremos a tratar especificamente do benefício de pensão por morte.

3.1 PENSÃO POR MORTE

Esse capítulo versa sobre o benefício de pensão por morte, que está previsto na Lei nº. 8.213/91, nos artigos 74 a 79 e no Regulamento da Previdência Social (RPS), artigos 105 a 115.

Segundo Amado (2020, p. 823),

A pensão por morte é um benefício previdenciário dos dependentes dos segurados, assim consideradas as pessoas listadas no artigo 16, da Lei 8.213/91, devendo a condição de dependente ser aferida no momento do óbito do instituidor, e não em outro marco, pois é com o falecimento que nasce o direito.

Diante disso, é evidente que a condição de dependente é verificada no momento do óbito do segurado, sendo a partir disso que nasce o direito dos dependentes, ou seja, com a morte do segurado.

E sobre isso, nas palavras de Dias e Macêdo (2012, p. 303)

A morte do segurado faz cessar a fonte de rendimentos daqueles que dele dependiam economicamente. O segurado, com o seu trabalho, sustenta a si e os seus dependentes econômicos. Com a sua morte, esses dependentes perdem a sua fonte de subsistência. Para fazer face a essa contingência social, é deferida a proteção previdenciária na modalidade de pensão por morte.

Assim sendo, quando o segurado vem à óbito, os que dele dependiam economicamente ficam desamparados. Por essa razão, há uma proteção previdenciária nesse sentido, buscando dar amparo a essas pessoas, denominadas dependentes.

A seguir, passaremos a estudar sobre todos os requisitos e características desse benefício, para assim, termos uma melhor compreensão sobre o tema do presente trabalho.

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3.2 BENEFICIÁRIOS (DEPENDENTES) DA PENSÃO POR MORTE

Primeiramente, é importante destacar que os beneficiários do RGPS se classificam em segurados e dependentes, e estão elencados na Lei nº. 8.213/91.

No art. 16 da referida lei, encontramos os dependentes do segurado, que são divididos em três classes, conforme veremos a seguir.

Importante salientar, que existem duas regras gerais antes de classificarmos os dependentes, que são: os dependentes de classe superior excluem os de classe inferior, e no caso de existir mais de um dependente de mesma classe, esses dividem igualmente o valor do benefício.

Portanto, se o dependente da classe I for considerado apto a receber o benefício, automaticamente, as classes II e III serão excluídas, extinguindo assim, o direito dos dependentes destas classes.

Vejamos quem são considerados dependentes do segurado, conforme dispõe a Lei nº 8.213/91:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Como podemos observar, os dependentes são divididos em três classes, sendo estas, representadas pelos incisos do referido artigo, que passaremos a estudar mais detalhadamente.

3.2.1 Classe I

Na classe I, os dependentes gozam do que chamamos de presunção absoluta de dependência econômica, isso quer dizer que, mesmo que o segurado instituidor da pensão por morte não provesse o seu sustento, os dependentes ainda assim fariam jus a esse benefício. Importante salientar que no caso de haver concurso com as classes II e III, os da classe I são

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preferenciais e não haverá posterior transferência de direito para as demais classes inferiores. (AMADO, 2020, p. 437).

No art. 16, inciso I da Lei 8.213/91 são mencionados o cônjuge, companheira e companheiro, na condição de dependentes do segurado. No entanto, além deles, o ex-cônjuge e o ex-companheiro (a) também são considerados dependentes, desde que haja a percepção de alimentos por ocasião da separação judicial ou divórcio. (AMADO, 2020, p. 437).

Ainda na classe I, no artigo já mencionado, temos como dependentes os filhos, devendo eles, obrigatoriamente, ser não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

Primeiramente, precisamos entender quais as formas de emancipação, tendo em vista que, o direito ao benefício de pensão por morte se dá aos filhos não emancipados, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos. Vejamos então o art. 128 da Instrução Normativa INSS 77/2015:

Art. 128. A emancipação ocorrerá na forma do parágrafo único do art. 5º do Código Civil Brasileiro:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independente de homologação judicial ou por sentença de juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em ensino de curso superior; e

V - pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. [...] (BRASIL, IN 77, 2020).

De acordo com o art. 128, destacado acima, a emancipação legal poderá ocorrer de diversas formas. Contudo, para que os filhos sejam considerados dependentes do segurado, não podem se enquadrar em nenhuma das formas de emancipação mencionadas no referido artigo, devendo ainda, possuir idade inferior a 21 (vinte e um) anos.

No entanto, é importante destacar que, no caso de filho inválido, a dependência persiste até mesmo quando realiza a maioridade previdenciária aos 21 (vinte e um) anos de idade, desde que a invalidez tenha ocorrido antes dessa condição de maioridade. (AMADO, 2020, p. 445).

Vejamos ainda o art. 16, §2º, da Lei 8.213/91, que dispõe acerca do tema:

Art. 16. [...]

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§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.

[...] (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Neste caso, como podemos ver, é necessária a comprovação da dependência econômica, mesmo que o enteado e o menor tutelado equiparem-se a filho do segurado.

Destaca-se ainda, que não é possível a extensão da pensão por morte até os 24 (vinte e quatro) anos, como ocorre na pensão alimentícia, caso os filhos dependentes do segurado estejam cursando uma universidade.

A súmula 37 da TNU é clara nesse sentido, “A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário” (BRASIL, TNU, 2007). Razão pela qual, não há que se falar em prorrogação da pensão por morte.

Finalmente, em 2015, com a aprovação do Estatuto da Pessoa com deficiência, que entrou em vigor em janeiro de 2016, houve a alteração do art. 16, inciso I, da Lei nº 8.213/91, na qual o filho com deficiência grave passou a integrar a classe preferencial. (AMADO, 2020, p. 254).

Vejamos o art. 101 do Estatuto da Pessoa com Deficiência,

Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (BRASIL, Lei nº 13.146, 2020).

Portanto, o art. 101 da referida Lei, trouxe a inclusão do filho com deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave no rol dos dependentes.

A seguir, faremos os esclarecimentos necessários acerca da classe II.

3.2.2 Classe II

Na segunda classe, se encontram os pais do segurado, que apenas farão jus aos benefícios previdenciários caso inexista algum dependente preferencial (aqueles previstos na classe I). (AMADO, 2020, p. 454).

Importante destacar, que é necessária a demonstração de dependência econômica entre os pais e o segurado, sendo que o ônus da prova incumbe aos pais, que são os verdadeiros interessados em receber o benefício como dependentes.

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O Tribunal Regional Federal de Brasília foi bastante claro acerca do tema, vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ÓBITO EM 07.08.1999, POSTERIOR À LEI Nº 9.528/97. PAIS DE SEGURADA SOLTEIRA E SEM

FILHOS. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA. PROVA

EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. ADMISSIBILIDADE. TERMO

INICIAL. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS. APELAÇÃO PROVIDA. SENTENÇA REFORMADA. PEDIDO INICIAL PROCEDENTE. 1. A possibilidade de comprovação da dependência econômica dos pais em relação ao filho falecido por meio de prova testemunhal é admitida pela jurisprudência. Precedente (AC 2000.01.00.077359- 0/MG).

2. Na data do óbito a de cujus ostentava a qualidade de segurada da Previdência Social (fls. 24/31) e verificada a dependência econômica dos pais em relação ao filho, segundo depoimento das testemunhas (fls. 125/126), preenchidos estão os requisitos para concessão da pensão por morte.

3. Os pais do segurado têm direito a pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se provada a dependência econômica, mesmo não exclusiva (Súmula 229 do extinto Tribunal Federal de Recursos).

4. DIB: a partir da data do requerimento administrativo. (BRASÍLIA, TRF-1, 2014).

Diante do entendimento firmado pelo Tribunal, conforme extrai-se do julgado acima, é responsabilidade dos pais comprovar a dependência econômica do segurado, sendo admitida a prova testemunhal para esse fim:

[...] A possibilidade de comprovação da dependência econômica dos pais em relação ao filho falecido por meio de prova testemunhal é admitida pela jurisprudência. Precedente (AC 2000.01.00.077359- 0/MG). (BRASÍLIA, TRF-1, 2014).

Ainda, de acordo com Amado (2020, p. 455),

[...] é possível apontar duas características cumulativas da dependência econômica: o caráter substancial, pois precisa ser necessária ao sustento do pai ou da mãe do segurado, a habitualidade, posto que é curial que o segurado permanentemente preste apoio financeiro aos seus genitores, não podendo ser meramente eventual.

Portanto, diante disso, os pais só farão jus ao benefício de pensão por morte, caso não haja dependentes da classe I e caso seja demonstrada a dependência econômica, ainda que através da produção de prova testemunhal.

3.2.3 Classe III

Na terceira classe, temos o irmão, não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual, mental ou deficiência grave, conforme observa-se no inciso III, do artigo 16, do decreto nº 3.048/99.

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Importante frisar que, para receber o benefício, é necessário que inexistam dependentes nas classes superiores, assim como se demonstre a concreta dependência econômica. (AMADO, 2020, p. 456).

Conforme mencionado anteriormente, em havendo a aptidão de um dependente de classe I ou II, exclui-se automaticamente os dependentes interessados da classe III, eximindo a previdência social do pagamento de qualquer valor a essas pessoas.

Em resumo, se houver dependentes da classe I considerados aptos, aqueles que estiverem na classe II ou III não terão direito ao benefício.

3.3 REQUISITOS DA PENSÃO POR MORTE

Para a concessão desse benefício, é necessário destacar quais os requisitos necessários. São eles: qualidade de segurado do falecido, morte real ou presumida deste, existência de dependentes que possam se habilitar como beneficiários perante o INSS. No caso de cônjuge, companheiro ou companheira, estes terão que comprovar que a morte ocorreu depois de vertidas 18 contribuições mensais e pelo menos dois anos após o início do casamento ou da união estável. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

Isso significa dizer que, para haver a concessão do benefício, é requisito essencial o falecimento do segurado (de forma real ou presumida), assim como a existência de dependentes. Caso esses dependentes sejam companheiros ou cônjuge do falecido, precisarão comprovar que houve uma contribuição pelo segurado, de no mínimo 18 (dezoito) meses antes da data do óbito, e pelo menos 2 (dois) anos de relacionamento, antes da data do óbito.

Ainda, no caso de o cônjuge, companheiro ou companheira não comprovar o mínimo de 2 (dois) anos de casamento ou união estável, a pensão terá uma duração de apenas 4 (quatro) meses, vejamos o art. 77, §2º, inciso V, alínea “b”:

Art. 77. [...]

§2º O direito à percepção da cota individual cessará: V - para cônjuge ou companheiro:

[...]

b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

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Diante disso, é importante destacar, novamente, que a pensão terá duração de apenas 4 (quatro) meses em caso de não preenchimento dos requisitos dispostos na alínea “b”, inciso V, do art. 77.

Em regra, não seria devida a pensão por morte quando na data do óbito tiver ocorrido a perda da qualidade de segurado. No entanto, a súmula nº 416 do STJ, traz a seguinte redação: “É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito” (BRASIL, STJ, 2009).

Assim, ainda que o segurado tenha perdido essa qualidade, a pensão por morte será devida aos dependentes no caso de o segurado ter cumprido os requisitos legais para ter concedida a aposentadoria.

E ainda no mesmo sentido, temos que

Quando da ocorrência do óbito do segurado, os dependentes que se acharem aptos a requerer o benefício devem fazê-lo habilitando-se perante a Previdência, realizando o agendamento pelo telefone 135 ou pela Internet, ou, ainda, comparecendo pessoalmente a uma agência do INSS (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

Diante do exposto acima, destaca-se que após o óbito do segurado, os dependentes devem se habilitar perante à Previdência Social (de forma remota ou presencial) a fim de que sejam verificados os requisitos para a concessão do benefício, assegurando o efetivo cumprimento do princípio da solidariedade e proteção ao hipossuficiente.

3.3.1 Morte presumida

Um dos requisitos essenciais para a concessão do benefício de pensão por morte é o falecimento do segurado, seja por morte real ou presumida, sendo que a primeira ocorre quando o óbito é devidamente comprovado, portanto, há a existência de um corpo (cadáver).

Já a morte presumida, se justifica em razão da falta de certeza do óbito, por ainda não ter sido encontrado, ou por ainda não ter sido identificado o cadáver.

No caso de morte presumida, a pensão poderá ser concedida provisoriamente, conforme aduz o art. 78 da Lei nº 8.213/91. Vejamos: “Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicial competente, depois de 6 (seis) meses de ausência, será concedida pensão provisória, na forma desta Subseção.” (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

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Assim sendo, após a declaração de morte presumida pelas autoridades, bem como o período de 6 (seis) meses de ausência do segurado, a Previdência concederá uma pensão provisória aos dependentes.

O posicionamento dos Tribunais também é no mesmo sentido. Vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE PRESUMIDA. CONCESSÃO. TERMO INICIAL. SENTENÇA DECLARATÓRIA DA MORTE PRESUMIDA. QUOTAS PARTES RESPEITADAS. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. CONSECTÁRIOS.

1. A dependência econômica da companheira e dos filhos menores é presumida (artigo 16, I e § 4º, da Lei nº 8.213/91).

2. Desaparecido o segurado e declarada a sua morte presumida por decisão judicial, devida é a pensão desde a data da sentença declaratória da morte presumida. [...] (BRASIL, TRF-4, 2020).

A morte presumida pode ser declarada sem decretação de ausência, conforme redação do art. 7º, do Código Civil,

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. (BRASIL, CC, 2020).

O §1º do art. 78, traz em sua redação que, “Mediante prova do desaparecimento do segurado em consequência de acidente, desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente da declaração e do prazo deste artigo”. (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Desse modo, havendo a comprovação da ausência/desaparecimento do segurado nas situações do art. 7º, conforme destacado acima, os dependentes poderão ter o benefício concedido de forma provisória. Cite-se, por exemplo, um segurado que estava em voo, cujo avião caiu no mar, sem sobreviventes localizados. Nessa situação do inciso I, considerando que é extremamente provável a morte do segurado (inciso I), há de ser concedido o benefício

Importante salientar que, nesses casos, somente poderá ser requerida a declaração de morte presumida, depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. (AGOSTINHO, 2020, p. 361).

Retomando o exemplo anterior, em caso de ainda haver buscas sobre o incidente fatídico, não será possível o reconhecimento do benefício, mas tão somente, quando as autoridades já tiverem feito todo o possível e ainda assim não tiverem localizado o segurado falecido.

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Exige-se, contudo, a comprovação do fato que gerou o desaparecimento. Servirão como prova hábil do desaparecimento, entre outras: (a) boletim do registro de ocorrência feito junto à autoridade policial; (b) prova documental de sua presença no local da ocorrência; (c) noticiário nos meios de comunicação.

Caso seja verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente, ficando os dependentes desobrigados de repor os valores recebidos, salvo em caso de má-fé.

Portanto, conforme previsão legal e posicionamento dos Tribunais, o pagamento do benefício em situação de morte presumida é devido a partir da decisão judicial que reconheceu a morte do segurado.

3.4 HABILITAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS

Os dependentes que se acharem aptos a requerer o benefício de pensão por morte, deverão, primeiramente, habilitar-se perante a Previdência Social, realizando o agendamento pelo telefone (135) ou pela internet (MEU INSS), ou ainda, comparecendo a uma agência do INSS. (AGOSTINHO, 2020, p. 361).

Conforme já verificamos anteriormente, aqueles que pertencerem a uma mesma classe, concorrem em igualdade de direitos perante a previdência social. Portanto, a existência de dependentes de qualquer das classes exclui do direito às prestações os das classes seguintes. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

Ainda, Castro e Lazzari (2020, p. 1) comentam que, “Inicialmente, devem ser beneficiários os que estão na célula familiar do segurado; depois, não existindo esta, fazem jus os genitores; por fim, seus irmãos ainda menores ou incapazes para prover a sua própria subsistência”.

Ainda, na falta de habilitação de outro possível dependente, a concessão do benefício não será protelada. Vejamos o art. 76, da Lei nº 8.213/91:

Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação. (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Portanto, diante disso, se algum beneficiário não se habilitar para o recebimento da pensão por morte, os demais beneficiários já habilitados não precisarão esperar a habilitação deste, ou seja, o benefício será repartido entre os beneficiários habilitados.

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E diante do exposto, faz-se necessário destacar que, qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependentes só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

3.5 DATA DE INÍCIO DE BENEFÍCIO

A definição da data de início da pensão por morte está relacionada à legislação vigente no momento do óbito e à capacidade do dependente que requerer o benefício. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

Vejamos o art. 74 da Lei nº. 8.213/91, acerca da data de início do benefício,

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta) dias após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Sendo assim, para definir a data de início da pensão por morte, é necessário observar a legislação vigente à data do óbito.

3.6 CÁLCULOS DA RENDA MENSAL INICIAL (RMI)

A pensão por morte será paga no mesmo valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento (100% do salário benefício), inexistindo carência. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 1).

No art. 75 da Lei nº 8.213/91, temos a previsão legal do cálculo da RMI, vejamos:

Art. 75. O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no art. 33 desta lei. (BRASIL, Lei nº 8.213, 2020).

Dessa forma, temos que o valor da pensão por morte será equivalente ao salário da aposentadoria que o segurado recebia, ou ainda, equivalente ao valor da aposentadoria por

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