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Decisão Monocrática. Vistos, etc.

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Academic year: 2021

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Poder Judiciário

Tribunal de Justiça do Estado da Taraiba

Gabinete da Desembargadora Maria de Tátána Moraes Oezerm Cavalcanti

Decisão Monocrática

APELAÇÃO CÍVEL N° 200.2007.735991-31001

RELATORA : Dr.' Maria das Graças Morais Guedes — Juíza Convocada APELANTE : Banco Santander (Brasil) S/A

ADVOGADO : Antônio Braz da Silva APELADO : Lucy Maria Barreira Real

ADVOGADO : Aderbal da Costa Villar Neto e outro

APELAÇÃO CÍVEL. EXIBIÇÃO DE

DOCUMENTOS. PROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO. PONTOS DO RECURSO DISSOCIADOS DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. NÃO CONHECIMENTO. APRECIAÇÃO, APENAS, DO TÓPICO RECURSAL

QUE TRATA DA MATÉRIA DISCUTIDA NOS AUTOS. EXTRATOS BANCÁRIOS. DOCUMENTOS COMUNS ÀS PARTES. EXIBIÇÃO PELO BANCO. NECESSIDADE. SEGUIMENTO NEGADO A ESSE PONTO DO APELO, POR ESTAR EM CONFRONTO COM JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO RESPECTIVO TRIBUNAL E DE TRIBUNAL SUPERIOR. ART. 557, CAPUT, CPC.

Não se devem conhecer dos pontos do recurso que exprimam razões dissociadas dos fundamentos da sentença, por violação ao disposto no art. 514 do CPC.

À luz da jurisprudência pátria, "os extratos de movimentação de poupança são considerados documentos comuns às partes - poupador e banco -, sendo infundada a recusa do réu em exibi-los.'

Vistos, etc.

' TJPB — ia Câmara Cível — Proc. n°20020070109349/001 — Relator: Des. Manoel Soares Monteiro — J: 27108/2009.

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Trata-se de Apelação Cível interposta pelo Banco Santander/Real S/A contra sentença (fls. 53/56) do MM. Juiz de Direito da 15a Vara Cível da Comarca da Capital, proferida nos autos da Ação de Exibição de Documentos (Proc. n° 200.2007.735991-31001) ajuizada por Lucy Maria Barreira Real.

A autora requereu, na exordial, a exibição dos extratos das contas poupanças que possuía no Banco Paraiban (incorporado pelo ora promovido — Banco Real), para, após analisar os expurgos inflacionários ocorridos nas épocas dos planos Bresser e Verão, ajuizar eventual ação de cobrança.

Na sentença vergastada (fls. 53/56), o magistrado a quo julgou procedente o pedido, estabelecendo prazo de 30 (trinta) dias, para o banco/promovido "fornecer extratos das contas poupanças n° 01.137-1 e 06.981-

8, Agência n.- 43 (Agência TambaCI), referente ao período de janeiro de 1986 a maio de 1991, sob pena de que sejam julgados verdadeiros os fatos que por meio destes documentos a parte pretendia provar, conforme disposições do art. 359 do CPC". (fl. 56).

Nas suas razões recursais (fls. 58/86), o promovido/recorrente, entendendo que a autora já pleiteava, na presente demanda, a cobrança das diferenças de expurgos inflacionários, destinou quase todo o seu recurso à abordagem da referida matéria, alegando a prescrição para a aludida cobrança, a ausência de direito adquirido para a atualização monetária das contas-poupança, e a inexistência de diferenças decorrentes dos planos Bresser, Verão e Collor. Em seguida, questionou a suposta incidência de correção monetária e juros e se insurgiu contra o valor dos honorários advocatícios. Somente, ao final, referiu-se à questão da exibição dos extratos bancários, alegando tratar-se de obrigação impossível, pelo fato de nunca ter incorporado o Paraiban Crédito Imobiliário SIA, mas, tão somente, o Banco Paraiban S/A. Ainda nesse tema, aduziu que as instituições financeiras não estão obrigadas a guardar documentos por mais de 20 (vinte) anos, sendo, por isso, inviável a postulação da autora.

Com essas considerações, requereu a reforma da sentença, para que se julgue improcedente o pleito exordial.

Apesar de intimada, a apelada não apresentou contrarrazões (fl. 101).

No parecer de fls. 08/111, a Douta Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do recurso.

É o relatório. _Decido:

Cumpre, de logo, esclarecer que grande parte das razões expostas no recurso (exceto o tópico relativo à exibição dos extratos) não merecem ser sequer conhecidas, por estarem dissociadas dos fundamentos da sentença e do próprio pedido contido na inicial.

Como visto, o objeto da presente ação é, tão soMente, a exibição de documentos, quais sejam, os extratos das contas-poupanças que a autora mantinha

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no Paraiban (incorporado pelo promovido — Banco Real) durante o período descrito na exordial.

Embora tenha mencionado que os aludidos extratos podem servir para eventual ação de cobrança de expurgos inflacionários dos planos Bresser e Verão, esse pleito (de cobrança) ainda não faz parte dessa demanda, que, repita-se, se limita ao tema da exibição daqueles documentos.

Tanto é assim que, na sentença vergastada, não houve qualquer

tipo de condenação ao pagamento de diferenças de expurgos, tendo o comando sentenciai determinado, tão somente, a exibição dos extratos, sob penas das

cominações legais.

Apesar disso, o promovido/recorrente destinou quase todo o seu apelo à discussão sobre suposta cobrança de expurgos inflacionários, alegando a prescrição do suposto pleito (de cobrança), a ausência de direito adquirido para a atualização monetária das contas-poupança, e a inexistência de diferenças decorrentes dos planos Bresser, Verão e Collor.

O art. 514, II, do Código de Processo Civil estabelece que "a

apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá (...) os fundamentos de fato e de direito."

Com tal dispositivo, a norma processual exige que o apelo ataque os fundamentos da decisão recorrida, ou seja, que a motivação do recurso diga respeito à sentença objeto da insurgência.

Diante do que foi exposto, percebe-se, facilmente, que grande parte do apelo (exceto o ponto que trata da exibição dos extratos) violou o aludido comando legal, afrontando, pois, o princípio da dialeticidade, que impõe a existência de congruência lógica entre o recurso e o julgado.

Até mesmo o tópico destinado à abordagem dos honorários advocatícios está dissociado do que ficou decidido na sentença, pois, em seu apelo, a parte alega que o juiz fixou os honorários em 15% do valor da condenação e requer o arbitramento por apreciação equitatitiva, em valor nominal (art. 20, §4°, CPC), quando, na realidade, o magistrado sentenciante já estipulou os honorários de acordo com o pleitado pelo apelante, estabelecendo o montante na importância fixa de R$500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 20, §4°, CPC.

Sobre a impossibilidade de se conhecer de argumentos dissociados da causa, assim se manifesta a jurisprudência pátria:

APELAÇÃO CÍVEL. (...). AÇÃO DE COBRANÇA. APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO. RAZÕES DISSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. INOBSERVÂNCIA DO ARTIGO 514 E 515 DO CPC.

- Não há como conhecer do recurso que reflete

argumentos dissociados dos fundamentos da

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sentença, configurando flagrante inobservância do disposto nos artigos 514 e 515 do CPC. 2

Na verdade, somente o tópico recursal intitulado de

"Impossibilidade Quanto à Obrigação de Apresentar os Extratos" (fls. 83/84)

deve ser apreciado, pois é o único ponto do apelo que guarda relação com o pedido da autora e com os fundamentos da sentença, os quais abordam a questão da exibição de documentos.

Nesse ponto, o promovido/apelante tenta se eximir da exibição postulada, sob a alegação de que se trata de obrigação impossível, pelo fato de nunca ter incorporado o Paraiban Crédito Imobiliário S/A, mas, tão somente, o Banco Paraiban S/A. Ainda nesse tema, aduz que as instituições financeiras não estão obrigadas a guardar documentos por mais de 20 (vinte) anos, sendo, por isso, inviável a postulação da autora.

Quanto ao primeiro argumento, observa-se, de logo, que este não socorre a pretensão do promovido, pois em nenhum momento a autora alegou que suas contas poupanças eram Vinculadas ao Paraiban Crédito Imobiliário S/A, mas sim ao Banco Paraiban, o qual foi adquirido pelo ora demandado (Banco Real), como confirmado por ele próprio às fls. 38/39.

Da mesma forma, deve ser rechaçada a alegação de que a instituição financeira não teria a obrigação de guardar os extratos ao longo dos anos, porquanto, conforme preceituado pelo do art. 1 0, §1°, da Resolução Bacen n.° 913/84, as instituições financeiras estão obrigadas a "manter arquivos dos microfilmes, de fácil consulta, devidamente ordenados, classificados e catalogados, sem prejuízo de outras medidas que objetivem facilitar e agilitar consultas, reconstituição de operações e atender outras exigências da fiscalização."

Destarte, ao contrário do que sustenta o recorrente, é obrigação da instituição financeira a manutenção dos arquivos de seus clientes até que se consume a completa prescrição de ações do correntista/poupador.

Nesse diapasão, proclama a jurisprudência do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - MEDIDA CAUTELAR DE

EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS

PREQUESTIONAMENTO - AUSÊNCIA - DEVER DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS CONFIGURADO - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO.

(...) II - Conforme assente jurisprudência desta Corte, tratando-se de documento comum às partes, não se admite a recusa de exibi-lo, notadamente guando a instituição recorrente tem a obrigação de

1 TJRS — 12a Câmara eive) - Apelação Chiei N°70020074621 - Relator: Alzir Felippe Schmitz — J:

08/11/2007.

VI '"

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mantê-lo enquanto não prescrita eventual ação sobre ele. (•..). 3

No mesmo sentido, pronuncia-se este Egrégio Tribunal de Justiça:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS, INDISPENSÁVEL À DEMANDA PRINCIPAL. OBRIGAÇÃO DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. (...).

A instituição bancária está obrigada a exibir os documento do correntista, em razão da Resolução no 913184 do BACEN, segundo a qual o banco tem o dever de microfilmar todos os documentos gerados a partir de suas operações, incluindo os extratos bancários das cadernetas de poupança.

Sendo os extratos postulados na exordial documentos comuns às partes (por se referirem às contas de titularidade da autora), é imperativa a exibição pelo banco, à luz do que preceitua o art. 844, II, CPC:

Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:

II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio, condômino, credor ou devedor; (...).

Sobre a matéria, colaciono precedente desta Corte:

PROCESSUAL CIVIL. (...) APELAÇÃO CÍVEL. Ação de exibição de documentos. Extratos bancários. Poupança. Sentença. Procedência do pedido. Irresignação. Documento comum às partes. Exibição obrigatória. (...). Desprovimento do apelo.

- Os extratos de movimentação de poupança são

considerados documentos comuns às partes - poupador e banco - sendo infundada a recusa do réu em exibi-los

Ressalte-se, inclusive, que o magistrado a quo estabeleceu a correta cominação legal para a hipótese de descumprimento, qual seja, a admissão como verdadeiros dos fatos que, por meio do documento, a parte pretende provar, nos termos do art. 359, I, CPC:

STJ — 3a Turma - AgRg no Ag 13256701SP — Relator: Ministro Sidnei Beneti — J: 28/09/2010. 4TJPB — 2a Câmara Cível — Proc. n° 03820060000874/002 — Relatora: Des.a Maria das Neves do E.A.D. Ferreira — J: 17/11/2009.

5TJPB — ia Câmara Cível — Proc. n°20020070109349/001 — Relator: Des. Manoel Soares Monteiro — J: 27/08/2009.

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Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar: 1- se o requerido não efetuar a exibição (...).

Portanto, tendo o magistrado decidido em consonância com a legislação e jurisprudência aplicáveis à espécie, deve ser integralmente mantida a sentença de primeiro grau.

Registre-se que, estando o ponto conhecido do recurso em confronto com jurisprudência dominante deste Egrégio Tribunal e de Tribunal Superior, sequer é necessário o seu exame pelo órgão fracionário, devendo ser-lhe negado seguimento monocraticamente, em consonância com o art. 557, caput, CPC:

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Grifei).

Com efeito, prescinde-se da remessa do recurso ao órgão colegiado.

Face ao exposto,

NÃO CONHEÇO

dos pontos do recurso que estão dissociados dos fundamentos da sentença, por violação ao principio da dialeticidade (art. 514, II, CPC) e

NEGO SEGUIMENTO

ao único tópico conhecido (referente à exibição de documentos) por estar em confronto com jurisprudência dominante deste Egrégio Tribunal e de Tribunal Superior.

P.I.

João Pessol, 13 de janeiro de 2012. ,

Dr.a Maria das Graças Morais Guedes Juiza Convocada

G/08

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TR1BUNNt. DE JUSIICeN

CovedeundoTio, udiefiátia .

Baittra,d0

Cf

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