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A importancia pericial do estudo comparativo histomorfologico do osso humano e de outros generos

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A

A IMPORTANCIA PERICIAL DO ESTUDO

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COMPARATIVO IDSTOMORFOLOgiCO DO.

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HUMANO E DE OUTROS GENEROs/

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do

grau de Doutor em

Odontologia Legal e Deontologia.

PIRACICABA- SP

(2)

SATURNINO APARECIDO RAMALHO

Cirurgião-Dentista

A

A IMPORTANCIA PERICIAL DO ESTUDO

COMPARATIVO IDSTOMORFOLÓGICO DO OSSO

A

HUMANO E DE OUTROS GENEROS

Tese apresentada à Faculdade Odontologia de Piracicaba

Universidade Estadual

Campinas, para obtenção

grau de Doutor

Odontologia Legal e Deontologia. de da de do em

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Daruge Banca examinadora:

Prof". DI". Cláudia M.• de A. Sampaio Prof. Dr. Eduardo Daruge

Prof. Dr. Eduardo Daruge Jr. Prof. Dr. Nelson Massini

Prof. Dr. Roberto José Gonçalves

PIRACICABA- SP - 2000

(3)

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Ramalho, Saturnino Aparecido.

A importância pericial do estudo comparativo histomorfológico do osso humano e de outros gêneros. I Saturnino Aparecido Ramalho.-- Piracicaba, SP: [s.n.], 2000.

200p. : il.

Orientador : Pro f. Dr. Eduardo Daruge.

Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, F acuidade de Odontologia de Piracicaba.

I. Ossos - Histologia I. Daruge, Eduardo. !I. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marilene Girello CRB I 8-6159, da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba I UNICAMP.

(4)

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~.,

UNICAMP

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Tese de DOUTORADO, em

sessão pública realizada em 23 de Fevere~ de 2000, considerou o

I \ candidato SATURNINO APARECIDO RAMALHO aprova~o. \

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NELSON

MASSIN~~~

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5. Prof. Dr. EDUARDO DARUGE JUNIOR __ ~--+---1

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(5)
(6)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

AOS MEUS PAIS

APP ARECIDA EUNICE E W ALDO MIRO,

por terem me dado a vida, pelo carinho, pelo amor e pela dedicação constante.

Tenho acima de tudo a honra de ser filho de vocês.

(7)

À MINHA ESPOSA MARGARETH,

que suporta as minhas discussões sem nunca esmorecer. Pelo seu carinho e incentivo neste trabalho e em minha vida.

(8)

_ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA.RamaJho, _ _ _ _ _ _ _

(9)

Em especial, ao meu Mestre e Orientador,

Prof. Dr. EDUARDO DARUGE,

pela prova de humildade, conhecimento e sabedoria irradiantes e por ter despertado em mim o amor pela Odontologia Legal.

(10)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Ao Prof. Dr. NELSON MASSINI,

meu primeiro mestre em Odontologia Legal, ainda na graduação, pelo exemplo de luta e determinação.

(11)

Aos Profs. Dr. ROBERTO JOSÉ GONÇALVES e

Dr. EDUARDO DARUGE JR.,

pela contribuição e apoio inconteste em todo transcorrer do curso.

(12)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturnínoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

À Prof". Dr3

• HELOÍSA AMÉLIA DE LIMA CASTRO,

pela cessão do laboratório de Histologia do Departamento de Morfologia da FOP-UNICAMP, para a realização das fotomicrografias.

À Prof".

Dr.

ELIENE APARECIDA ORSINE NARV AIS ROMANI,

pois sem sua incansável colaboração e dedicação a microscopia deste trabalho não seria possível.

(13)

Ao amigo PAULO DO AMARAL, Técnico em Histologia,

pela colaboração na parte histológica deste estudo.

Ao fotógrafo e amigo, PEDRO SÉRGIO JUSTINO,

pelo empenho na realização do trabalho fotográfico deste estudo, sem nunca ter medido esforços.

(14)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

À caríssima Bibliotecária da Faculdade de Odontologia da Pontificia Universidade Católica de Campinas, ANA LAURA MACHADO PESSA,

pelo auxílio na busca e montagem das referências bibliográficas.

À Bibliotecária da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP,

HELOÍSA MARIA CECCOTTI,

pela colaboração na diagramação e montagem deste trabalho.

À Auxiliar de Bibliotecária da Faculdade de Odontologia de Piracicaba-UNICAMP, DORALICE NASCIMENTO LEAL ROMANO,

pela colaboração na pesqmsa das referências bibliográficas.

À Prof". Dra. MARIA BEATRIZ GOBBY BANDINI,

meu agradecimento na leitura e correção deste manuscrito.

(15)

Ao colega LillZ FRANCESQUINI JR.,

pela atenção, amizade e apoio que sempre estiveram presentes em nosso convívio.

Às funcionários do Departamento de Odontologia Social e Preventiva, Sra. DINOLY ALBUQUERQUE LIMA e

Sra. CÉLIA REGINA MANESCO,

pelo auxílio constante e prestativo em todos os momentos.

À todos aqueles que, embora não citados aqui, contribuíram para que este trabalho fosse concluído.

(16)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

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SUMÁRIO Resumo ••••••••..••.••••••..•.•••.•...•••.••••.•..•••••..•.•..•.•.•..••••.••••...•••.•...•....••..•.••••• 19 Abstract .••••..••.•.••••.•.••.•••..•.••••••••••••..•.•••.•••.••.•••.••.•.••.•••...••..•.•••.••...•.•..•. 23 1 - Introdução ..••.•..•...•...••...••... 27 2 - Revisão da literatura •••.••••••••••••••.••..•.•....•.••..•.••••..•.•..•••.••••••.•.••..•....•• 35 2.1 -Proposição ...•....••...•... 77 3 - Material e Métodos •••.••..•••••••••••••••..•.•...••....•••••••••..•..••••••••••••.•••.••••.•• 79 3.1 - Material ••••..•..••.•••••••••••••••.••..••.••..•...•••••.•••••.•.••....•.••.•••..••.•... 81 3.2 -Métodos ••••••••..•..••.••.•••••••.•.•••.•••••.••...••••••••••••..••.••.•••.••..••••••.•.• 83 4 - Resultados •.••••..••••••.••••••.•••.••••••.•••••...••••.•••.•.•.•.•...•••.•••.•...•..•.••••.•. 87

4.1- Análise e interpretação das fotomicrografias ... 89

4.1.1 -Homem .••...•.••...•...•... 90 4.1.2 -Anta ••••...•.•••••.••••••••••••••.•••••••••••....•••••••••..••••••••••..••...•.•.•... 94 4.1.3 - Aracambé ...•... 98 4.1.4 - Boi ..•••..••.••...•.••••••••••.•••.••..••.•..••.••.•.••••••.•••..••..•..••.••••.••.•••.••• 102 4.1.5 -Cabra ...•..•..•... 106 4.1.6 -Cachorro-do-mato ...••... 110 4.1. 7 -Cão ...••...•...•...•... 114 4.1.8 -Capivara .••.•.•..•...••...•.••..•..••...••.••....•....••.••.•...•... 118

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____________________________ .SanwnmoA.Rrunallio __________________________ _

4.1.9 -Carneiro... 122

4.1.10 - Cateto .•.••...•.••••••••••..••••....•••.•.••••.•.•••.•..•.•••..•.•..••••.•••..•.•.•..• 126 4.1.11 - Cavalo ...••.•.••••••••••••...•••••...•.••••••.•••••••••.•.••••.•.•.••••.•.••••.••..••. 130 4.1.12 - Coelho •.•.•••••••••..•••.•..•...•••.••••••.••.••.••••••••••.••.•.•...•••..•.••.••.•. 134 4.1.13 - Cutia •.•.•••.••••••.••••••••••••..•...••••••••••••••••....••.•••.•...••••.••••...•••• 138 4.1.14 - Gato ••••••...••••••••••••••.••••••.•••.•••.••••.•.••....•..•••••.•.•.•..•.•••••...•••.•. 142 4.1.15 - Macaco-prego ••.•••••.••••...••••••••••.••••••••••••..••••..•••••••.•..•.•••..•• 146 4.1.16 - Onça ••••••••..•••.•.•••••.•••..••••...••••••.••••••••••...•.•...•.•.••••...••••••.••••. 150 4.1.17 - Ouriço ••••••••••.•••••••••••...•••..••••••••••••••••••••••••••••.••••••••.•••.•••.•••• 154 4.1.18 - Porco •.••••••••.•••.•.••.••••.•••••••..••••••••••.•••••.••••••.•.••••..••••..••..•••... 158 4.1.19 -Tamanduá-bandeira •••••...••••••••••••.•••...••••.••...•••.•••.••••.•.••• 162 4.1.20 -Veado-cervo •.•••••.••••••••....••••••••.•••••.••••••••••••••••••.••••.•.••.••..••. 166 4.2 - Quadro resumido das análises e interpretações dos

caracteres histomorfológicos •.•.•..••.•••••••.•••...•.••••.•.•....•••.••.•.••.... 170 4.3 - Síntese dos resultados •..•••••••.••••..••••••.•.••••.••••..••••.•.•••...••••••.••••••. 173 5 - Discussão •.••.••••••.•••.••.••••••.••..•••..••.•••..•••••••••.•.•.••..•..•••.••••.•..••••••..••••..• 177 6 - Conclusão .••••••••••••••.••••••••••••.•.•••....•....••.••••••.•••••...•••..••••....••.••..••••••• 183 Referências Bibliográficas •••••••••.•••...•••••..••.••••••.•••..••..•••••.••••••••••.••••.••••••• 189 Apêndice ..•...•.•...•••••.••.••••.•..•..•••..•...•....•.•••..•..•...•••..••••...•.••...•••..•• 197

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Saturnino A Ramalho, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

RESUMO

É fato notório que a identificação do osso ou fragmento deste contribui sobremaneira no esclarecimento de questões jurídicas. Quando não dispomos do esqueleto completo ou de ossos integros, a análise de características histomorfológicas ósseas tomam-se fator decisivo para a elucidação de certos casos de identificação. O propósito do presente estudo foi ampliar ou buscar novas possibilidades na identificação de fragmentos ósseos de seres humanos e de outros 19 mamíferos de maior proximidade com o homem. Assim analisamos os sistemas de Havers, os canais de Havers, os osteócitos e os canalículos dos osteócitos, do homem, da anta, do aracambé, do boi, da cabra, do cachorro-do-mato, do cão, da capivara, do carneiro, do cateto, do cavalo, do coelho, da cutia, do gato, do macaco-prego, da onça, do ouriço, do porco, do tamanduá-bandeira e do veado-cervo. Realizamos cortes histológicos por desgaste no tecido ósseo de cada mamífero estudado, no sentido longitudinal e transversal, e analisamos em microscopia de luz. Os resultados demonstram com clareza e precisão que a análise histomorfológica das estruturas citadas possibilitam a identificação e diferenciação dos gêneros estudados, ou então, excluem a possibilidade do fragmento ósseo examinado pertencer ao gênero HOMO.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SatuminoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _

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ABSTRACT

It is very well known that the identification o f the bone or a bone fragment means an extremely valuable contribution when the clarification of juridical issues is being performed. When the complete skeleton or whole

bones are not available, the analysis of the osseous histomorphologic characteristics becomes a decisive factor for the elucidation o f certain cases of identification. This present study has been conducted aiming at enlarging or searching for new possibilities for identizying osseous fragments of human beings or of some nineteen (19) mammals with characteristics closest to those of the human beings. Thus, the systems and the canais o f Harvers as well as the osteocytes and the canaliculi o f the osteocytes of the human beings, the anta, the aracambé, the ox, the goat, the grison, the dog, the capivara, the sheep, the cateto, the horse, the rabbit, the agouti, the cat, the capuchin-monkey, the puma, the hedgehog, the pig, the tamanduá-bandeira (the great anteater), and the veado-cervo (any deer) have been analyzed. The osseous tissue of the mammals have been histologically cut by abrasion - in the longitudinal and transversal way- and analyzed under light microscopy. The results have clearly and accurately shown that the histomorphologic analysis of the above mentioned structures makes it possible either to identizy and

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________________________ S,arurnmoA.~mallio• ______________________ _

differentiate the genders studied or to exclude the possibility that the osseous fragment may belong to the gender HOMO.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

1 - INTRODUÇÃO

Conjuntamente com a evolução de todas as ciências, a Odontologia Legal também experimentou significativos avanços e aprimoramentos nas últimas décadas. Isto possibilitou que seus estudiosos pudessem dar à

sociedade auxílio incomensurável no que tange a identificação humana, solucionando deste modo graves problemas judiciais e sociais.

Tarefa árdua a do perito odontolegista, visto que, além de conhecimentos puramente técnico-odontológicos, de acordo com ARBENZ (1962), necessita embasamento de outras áreas, como a do Direito, da Antropologia, da Matemática, da Química, da Física, da Medicina, e de outras, para que possa no amalgamar dessas ciências subsidiar posições de interesses judiciais.

Conforme citação de LEITE (1962) "os conhecimentos puramente odontológicos não dariam fmalidade jurídica a Odontologia, do mesmo modo que só a contribuição do Direito não bastaria para constituir a Odontologia Legal". Depreende-se daí quão vasto tem que ser os conhecimentos do perito odontolegista para que possa agir com fidelidade nas suas afirmações.

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Mesmo não sendo de ocorrência rotineira, os peritos, por vezes, são incumbidos de investigar e identificar a natureza de remanescentes mineralizados, que podem ser de osso humano ou de outros animais, ou até mesmo de fragmentos dentários humano ou não. Tais investigações visam fornecer subsídios para o esclarecimento de fatos de interesses jurídicos.

Esta análise embora possa parecer de relativa facilidade, pode se apresentar de formas diversas e sob inúmeras condições, de acordo com a natureza com que o "material" periciado se apresenta, o que a toma bastante complexa.

Quando a peça óssea a ser avaliada se acha íntegra, mesmo que isolada, sua identificação de plano é conseguida, considerando-se as características morfológicas e anatômicas que os ossos apresentam nos diversos gêneros animais. Portanto, o perito terá subsídios para afirmar com precisão que o osso examinado é pertencente ao gênero humano ou não.

Em determinadas situações, o material entregue para o exame pericial não é íntegro, e sim muito fragmentado ou destruído total ou parcialmente por agentes físicos, como o fogo, ou químicos, como ácidos ou bases fortes. Em circunstâncias tais far-se-à mister a realização de avaliações

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Saturnino A. Ramalho _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

histológicas, por meiO de microscopia, para que se analise caracteres histomorfológicos diferenciais entre cada gênero animal.

Essa avaliação deverá estar alicerçada em padrões de características histomorfológicas do tecido ósseo de alguns gêneros animais que tenham uma relação de proximidade ou convivência com o homem.

Na busca de trabalhos relativos ao tópico em questão, surpreendemo-nos ao encontrar referências extremamente limitadas em alguns livros de Odontologia Legal, Medicina Legal, bem como poucos trabalhos direcionados a este assunto. Isto nos mostrou cientificamente a necessidade da realização de um estudo mais amplo e mais profundo sobre a análise comparativa histomorfológica dos tecidos ósseos do homem e dos animais estudados.

Podemos evidenciar a importância deste estudo pelos trabalhos de

ARBENZ (1988), FÁVERO (1993), FRANÇA (1995) e CALABUIG (1998),

que estudaram as características diferenciais do tecido ósseo humano e de outros animais, tendo caracterizado dessa forma a sua importância em investigações periciais.

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Conseguimos somente um trabalho de OWSLEY et al. (1985), sobre

uma investigação pericial com finalidade de diferenciação entre osso humano e de veado, isto corrobora diretamente com a proposição deste trabalho.

No aspecto de subsidiar esta pesquisa, quanto as características histomorfológicas do tecido ósseo humano e de outros animais, encontramos trabalhos realizados por: GETTY (1981), DYCE et al. (1990), JUNQUEIRA & CARNEIRO (1990), HALL (1991), ERIKSEN et al. (1994), STEVENS et al.(1995), e QIN et al. (1999).

Em um estudo realizado por RAMALHO & DARUGE (1994), sobre a caracterização das diferenças histomorfológicas dos tecidos dentários mineralizados com fins periciais, temos uma similar e estreita linha de trabalho com a que agora realizamos.

Trabalhos como os de : ECKERT et al. (1988), NELSON (1992), HOLDEN et al. (1995), GRÉVIN et al. (1998), sobre as alterações do padrão histomorfológico do tecido ósseo humano produzida pelo calor, também consubstanciam este estudo, pois são voltadas ao campo pericial.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ .SatuminoA.Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Alguns trabalhos acerca de identificação analisando o trabeculado ósseo por meios radiográficos realizados por V AN DER STEL T et ai. (1986), OWSLEY et al. (1993) e KAHANA et al. (1998), mesmo sem relação intrínseca com este estudo, são de grande valor no que tange às perícias de identificação.

Segundo DARUGE e MASSINI (1978) "o perito precisa ser minucioso no seu exame, atilado na sua observação, prudente e preciso na sua conclusão. E tudo tendo visto, indagado, analisado, deve ainda o perito, com serena imparcialidade, firmar o fato, negar o fato ou confessar honestamente a insuficiência ou a incapacidade da perícia para chegar a qualquer conclusão."

Assim sendo, se por meio dos caracteres histomorfológicos não se for possível a identificação precisa, far-se-á a exclusão da espécie em questão.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SatuminoA.Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

2- REVISÃO DA LITERATURA

Para realização da análise comparativa histomorfológica dos sistemas de Havers, canais de Havers, osteócitos e seus canalículos, com a finalidade de se conseguir características diferenciais em cada gênero estudado, consultamos as seguintes literaturas científicas, como descrito a segurr.

SNOW & LUKE (1970) relataram a identificação positiva de duas memnas desaparecidas em Oklahoma City. Os remanescentes ósseos encontrados estavam bem preservados, o que permitiu a identificação dos corpos pelas características morfológicas dos ossos.

HANCOX (1972) descreveu que existem duas grandes diferenças entre o tecido ósseo lamelar e o não lamelar. A primeira consiste na organização das fibras colágenas. A segunda deriva do arranjo das lacunas dos osteócitos, que no osso lamelar dispõem-se em modelos regulares e ordenados, dos quais irradiam canalículos que se intercomunicam com os prolongamentos irradiados de outras lacunas.

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Muitos autores evidenciaram essa lacunas nas junturas lamelares, e que podem ser vistas, quando o preparo for adequado, com maior freqüência no interior delas.

O autor relata também que o número e diâmetros dos sistemas haversianos variam nos ossos de um mesmo indivíduo por exercerem atividades diferentes. Por exemplo, o osso fibular tem poucos e amplos ósteons, o que indicaria o aumento da taxa de "turnover" ósseo, enquanto que o femural apresenta ósteons pequenos e numerosos.

SOPHER (1972) relatou sucintamente as várias formas de identificação de restos humanos: impressões digitais, análise dentária, reconhecimento visual, de objetos pessoais, identificação pela análise do esqueleto, por exame médico (autópsia e achados radiográficos), achados soro lógicos, tricológicos e a identificação por exclusão.

STEVENS (1972) relatou que a identificação de um cadáver, especialmente quando houve considerável mutilação não é tarefa fácil e agradável, mas tem grande importância do ponto de vista legal e sociológico.

Nos casos de desastres em massa, como acidentes aeronáuticos, a identificação individual dos corpos baseada em evidências médicas e

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---~SarurnmoA.Ramallio ______________________ _

patológicas é praticamente impossível, a menos que a identidade individual das vítimas seja conhecida.

A identificação de um corpo pode ser analisada sob quatro aspectos: primeiro, no caso da justiça suspeitar da morte não ser rotineira ou súbita; segundo, se o corpo ou corpos forem encontrados escondidos em lugar remoto já em estado de decomposição ou mutilados, circunstâncias estas que sugerem a possibilidade de um crime; terceiro, um desastre em massa, como incêndio em edificio, quando o número e a identidades das pessoas envolvidas não são conhecidos; quarto, no caso de desastres aéreos, quando nenhuma pessoa em terra foi envolvida, sendo então sabido com razoável certeza que as vítimas são de um grupo limitado de pessoas, ou seja, fazem parte do acidente somente os passageiros e os tripulantes, cujas identificações podem ser conseguidas junto às companhias aéreas, sem dificuldades, na maioria das vezes.

Segundo THOMPSON (1978), o método para dedução de idade que combina o estudo de variáveis histológicas com o das peças macroscópicas oferece três vantagens sobre outros métodos histológicos. A primeira requer pequena quantidade de cortical óssea; a segunda possibilita comparações

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diretas entre os grupos; a terceira permite que as extremidades superiores possam ser usadas para se obter a idade dos esqueletos.

BASS (1979) apresentou uma revisão de publicações ao longo de dez anos (1969-1978) sobre os métodos utilizados no campo da antropologia fisica para determinação de idade, sexo, raça e altura obtidos a partir de esqueletos humanos. São feitas comparações com trabalhos publicados entre 1958-1968 em seis categorias: 1- Exame visual dos ossos; 2 - Medições antropométricas de osso; 3 - Medições antropométricas com subseqüente uso de estatística; 4 - Tempo e seqüência de erupção dos dentes; 5 - Exames radiológicos de estruturas ósseas internas; 6 - Exame microscópico da estrutura interna do osso. Utilizando microscopia realiza-se a contagem dos osteócitos de fragmentos ósseos para a determinação da idade.

Os resultados indicaram que menores índices de erros, ou de variação da idade quando comparada com a real, foram para o remur (6,5 anos). A tíbia e o úmero tiveram variações de até 7,5anos, e a ulna teve variações de até 9 anos.

KIESER-NIELSON (1980) dividiu o processo de identificação de pessoas em quatro etapas :

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

1. coleta e registro de dados pós-morten; 2. coleta e registro de dados ante-morten; 3. comparação dos dois anteriores;

4. realização de um relatório sobre os resultados da comparação. Com esta seqüência o autor relatou que consegue ter nenhuma ou pouca perda de evidências, que embasarão as afirmações de sua perícia.

GETTY (1981) afirmou que os ossos longos dos animais são tipicamente cilíndricos e alongados com extremidade alargadas. Aparecem nos membros onde atuam como colunas de suporte e como alavancas. A parte cilíndrica, designada diáfise ou corpo, é tubular e limitada à cavidade medular, que contém a medula óssea.

Relatou também que a arquitetura óssea pode ser melhor estudada, em cortes longitudinais e transversais do tecido ósseo. Estes cortes mostram que o osso consiste de uma camada externa de substância compacta densa, na qual está a substância esponjosa frouxamente arranjada. O osso compacto é composto de substância íntersticial e matriz óssea depositada em camadas chamadas lamelas. Uniformemente espalhadas em todas as partes da substância intersticial do osso, há cavidades, chamadas lacunas, onde se alojam os osteócitos (célula óssea). Dessas lacunas irradiam-se

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prolongamentos em todas as direções, chamados canalículos, que se anastomosam com os de outras lacunas, para assim nutrirem a célula óssea. A maior parte das lamelas de osso compacto é arranjada concentricamente em torno dos canais vasculares longitudinais. Estas unidades cilíndricas são chamadas de sistema de Havers ou osteônio. Variam de tamanho e em cortes transversos sistemas haversianos aparecem como anéis concêntricos em torno de uma abertura circular. Os canais longitudinais, no centro dos sistemas da Havers, são chamados canais haversianos ou canais nutrícios; contém um ou dois vasos sangüineos e são unidos a outros, comunicando-se com a cavidade medular e com a superficie através de canais transversos, chamados canais de Volkman.

BASS & DRISCOLL (1983) realizaram um estudo sobre

identificação de esqueletos ósseos encontrados no Tennessee, no período de setembro de 1971 a setembro de 1981, totalizando 111 casos. Em 30% dos casos onde não existia nenhum tipo de identificação foi possível fazer-se uma identificação positiva; em outros 11%, uma identificação provável. O crânio ou apenas ossos do crânio foram os elementos mais encontrados, seguidos do remur, mandíbula e osso ilíaco. Concluiu-se que, dos 111 casos relatados, 20

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

ou 22% tratava-se de ossos de animais , enquanto que 80 a 89% tratava-se de ossos humanos.

BUCHNER (1985) relatou que, na sociedade moderna, a identificação de restos humanos é necessária tanto no aspecto legal como no social. Há vários métodos, mas todos eles remetem a um processo básico: a comparação. Além disso, a identificação depende de registros feitos antes da . morte da pessoa, assim como da quantidade e grau de preservação dos restos.

O método mais simples e mais usado é a identificação por parentes e anugos, o que tem levado a inúmeros erros. O reconhecimento por meio roupas e pertences pessoais também é largamente utilizado. Assim como o anterior, leva a muitos erros, uma vez que podem ter sido perdidos ou trocados. Os métodos mais confiáveis de identificação são aqueles inerentes ao próprio corpo. A checagem das impressões digitais é o método mais preciso. Se não puder ser utilizado, o método dental passa a ser o de maior importância. Em casos de mutilação, decomposição, queima ou fragmentação de corpos, outros métodos como o radiológico, médico, esquelético, sorológico e capilar devem ser empregados. O exame do esqueleto pode levar à determinação da idade, sexo, raça e estatura do indivíduo. Do nascimento à adolescência, a idade precisa pode ser obtida pelo desenvolvimento dental, e

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em adultos pelo exame da sínfise púbica. Os dados advindos desses métodos, quando reunidos, fornecem comparações suficientes para que se estabeleça identificação conclusiva.

OWSLEY et al. (1985), em um caso recente de antropologia forense em Louisiana, realizaram a distinção entre espécies de seis pequenos fragmentos ósseos. O objetivo principal era saber se eles faziam parte de um úmero fraturado de uma mulher morta a tiros e jogada no rio Mississippi. Esses fragmentos foram recuperados pela força policial dentro de um jeep em um posto de gasolina onde o veículo havia sido limpo. O suspeito alegou à

polícia que esses fragmentos eram de um veado que ele havia abatido recentemente. O pequeno tamanho dos pedaços impossibilitou que fosse feito o reconhecimento dos ossos baseado na anatomia e espessura da cortical. O exame microscópico foi possível. Esta análise envolveu comparação entre ossos de veados e da própria vítima, que teve coletados os ossos durante a autópsia.

As seções de osso de veado consistiam príncipalmente de osso plexiforme, um tecido de osso primário no qual os planos regulares longitudinal, radial, e os canais primários circunferenciais formam uma rede de osso simétrica. Onde ósteons foram observados, eles eram primários (o que

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho• _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

significa que não havia ocorrido remodelação). Estes ósteons primários eram uniformes em tamanho e forma e eram agrupados, tendo muito pouco osso intersticial entre ósteons.

No material da autópsia, havia presença de ósteons secundários (que são produtos da remodelação interna de osso compacto primário). Tais ósteons secundários eram variáveis em tamanho e forma, e seus canais eram menos uniformes em tamanho que os dos ósteons primários.

O exame dos fragmentos encontrados no veículo não revelaram osso plexiforme, mas sim ósteons secundários e variação em tamanho e forma de ósteons e canais de Havers. Além disso, fragmentos de ósteons estavam presentes como esperado no osso secundário remodelado, mas não em tecido primário. A média de números de ósteons por mm2 nos fragmentos de veado

eram similares à da autópsia humana. Geralmente a contagem era maior para o veado. O diâmetro dos canais Havers também provaram a diferença. Os da

autópsia eram maiores (esses cálculos incluíram ósteons em processo de remodelação). Os fragmentos não identificados foram comparados com os valores da autópsia. Assim, em muitos pontos, a estrutura histológica dos fragmentos do veículo do posto de gasolina pareciam-se com o do úmero da autópsia e não com os cortes do veado.

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Estudos comparativos de tecidos ósseos de vários animais levaram a caracteres que permitem a identificação entre espécies. Em geral, é dificil identificar osso humano com certeza em todos os casos porque alguns mamíferos têm características estruturais que lembram a microanatom.ía do osso humano (por exemplo, outros primatas, ursos e gatos). A presença ou ausência de osso plexiforme, por exemplo é útil para propósitos de identificação. Este tipo de osso aparece em alguns carnívoros e não freqüentemente em primatas, incluindo macacos jovens e crianças muito jovens. É o principal tecido ósseo em bovinos, suínos e em cervos, o que

inclui o veado.

KROGMAN & ISCAN (1986) relataram que entre os fatores que influenciam negativamente para a identificação do indivíduo estão remanescentes ósseos isolados ou fragmentados.

VAN DER STELT et al. (1986) relataram que a identificação de uma pessoa por meio de um fragmento ósseo da mandíbula é um problema forense comum, do qual podem advir significativas conseqüências.

Métodos convencionais requerem que grande parte da dentição esteja presente para que possa prover um padrão dentário específico, para que

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________________________ .SarurnmoA.Rrunafuo. ______________________ _

se correlacione com outros padrões ou registros radiográficos. Infelizmente , mudanças inadvertidas em geometria de projeção impedem o uso rotineiro da radiografia odontológica para se estabelecer a identidade pelo padrão do trabeculado ósseo intrínseco do osso esponjoso. Esta investigação explora a viabilidade do uso de uma técnica computadorizada para obtenção sistemática de radiografias e posterior comparação com radiografias periapicais já existentes.

Neste estudo, os autores conseguiram com imagens radiográficas digitalizadas por computador, em uma investigação com 16 indivíduos, identificar com precisão a fonte correta de todo fragmento ósseo estudado.

MURAD & BODDY (1987) investigaram os restos de um esqueleto humano encontrado perto de uma estrada, em 1985. Inicialmente descobriram que o indivíduo havia sofrido uma cirurgia na cabeça e havia sido parcialmente comido por um carnívoro grande, provavelmente um urso.

A caveira estava representada por um calvário bem preservado com falta da maior parte da face e da porção basilar. Alguns dentes superiores perdidos com alguns fragmentos de maxila e a mandíbula completa foram as únicas porções faciais recuperadas. A mandíbula e o calvário foram limpos de tecidos remanescentes e amostras de cabelo foram colhidas e preservadas.

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Havia um buraco no parietal esquerdo do indivíduo, o que foi mais tarde esclarecido, pois o mesmo havia sofrido um acidente de carro e passado por uma cirurgia na cabeça.

Foram achados também pedaços de remur, tíbia e úmero, asstm como do rádio direito. Depois disso, uma porção do osso ilíaco foi encontrada, e havia evidências de que o osso havia sido roído por um carnívoro grande.

Uma série de métodos foram utilizados, incluindo a observação do tamanho do mastóide e costelas; além disso, uma ligeira robustez da área da nuca sugeriram tratar-se de um homem. Isto foi em parte suportado por outras duas análises: uma de função mandibular e outra pela medição da circunferência femural.

Devido ao tamanho dos ossos, ao estágio de desenvolvimento dental, às evidências de união das falanges, e à reabsorção havia pouca dúvida de que os remanescentes eram de um adulto. Entretanto, regiões do esqueleto fundamentais para a determinação da idade, estavam faltando. Por isso, a idade foi estimada com base na atrição dental e endocranial, assim como no fechamento das suturas do crânio. Chegou-se à conclusão de que ele tinha entre 45 e 55 anos. Quando a identificação foi feita, descobriu-se que ele tinha 46 anos.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Saturnino A. Ramalho, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Revelou-se também que o indivíduo era caucasóide pela análise de seu cabelo.

A estatura foi calculada pelo método de Steele, que calcula o máximo tamanho de um osso pelos fragmentos do mesmo. Como os fragmentos remanescentes eram incompletos, para todos os cálculos necessários usaram-se também as fórmulas de Trotter e Gleser. Chegou-se à

variação entre 1,71m e 1,89m. O indivíduo tinha 1,83m.

ARBENZ (1988) relatou que o osso, do ponto de vista legal, se submetido à descalcificação por ácidos, perde toda a sua parte mineral, enquanto que, sob ação do fogo, somente a substância orgânica é destruída. Em vítimas de incêndio, os remanescentes ósseos tomam-se porosos e friáveis.

Nos ossos longos típicos, como o !emur e o úmero, a diáfise é

formada por osso compacto e as epífises de osso esponjoso, envolto por uma fina camada de osso compacto.

O autor citou que com conhecimento das características histológicas do tecido ósseo toma-se fácil o diagnóstico, mas deve-se levar em consideração os seguintes aspectos:

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1 - Nos ossos compactos, a substância fundamental é constituída de lamelas dispostas, algumas, sob a forma concêntrica ao redor dos canais de Havers, que contêm vasos sangüíneos e que se ramificam e se anastomosam. O conjunto formado por canais e !ameias recebe o nome de sistema de Havers. Dependendo da orientação do corte, os canais apresentam-se arredondados ou

alongados.

2 - Entre os sistemas, também chamados haversianos, a substância

fundamentallamelar forma os sistemas intermediários ou inter-haversianos. 3 - Nos ossos longos há, ainda, um sistema lamelar que limita a

medula óssea; é o sistema lamelar interno. Na superficie, abaixo do periósteo, encontram-se o sistema fundamental externo.

4 - O osso esponjoso também é formado por !ameias ósseas, porém não há sistema de Havers. Estes são substituídos por tubos de tamanhos

diferentes, que se comunicam entre si.

5 - Na matriz óssea verifica-se a presença de osteoplastos com seus prolongamentos (canalículos ósseos) delgados, anastomosados entre si e também com os dos sistemas vizinhos. Na periferia exibem trajeto recorrente.

Os osteoplastos são cavidades nas quais se alojam os osteócitos. Os prolongamentos destes se localizam nos canalículos. Os osteócitos são visíveis

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

nos cortes de osso fixado , descalcificado e corado. No osso seco, desgastado, os osteoplastos apresentam-se escuros à observação microscópica, uma vez que estão cheios de ar.

6 - Finalmente, em alguns ossos percebe-se a existência de fibras colágenas, que penetram no tecido ósseo, vindas do periósteo; são as fibras de Sharpey.

Segundo VEIGA DE CARVALHO, citado por ARBENZ (1988), a forma dos osteoplastos no boi, porco e rato é oval; no macaco, galo e coelho é espinhosa; no tatu é estrelada; na cobaia é piramidal; no gambá é arredondada; e, no homem e preguiça é fusiforme.

As dimensões destas células oscilam da seguinte forma : 1 O p,m no boi, porco e coelho; 15p,m na cobaia, galo, macaco, rato, preguiça e tatu; e , 20 p,m no gambá, ouriço e homem.

Os canalículos têm características diferenciais: entrelaçados em teia de aranha, no boi; ramificados, irradiados, no porco; em tufos, arborescentes, no rato; tortuosos, formando tramas, no ouriço; irregulares, irradiados, grossos, no macaco; ramificados, arborescentes, fmos, no galo; parcos, pouco ramificados, finos, no coelho; muito ramificados, formando tramas, grossos, no tatu; parcos, grossos, curtos, ramificados em plateau, na cobaia; grossos,

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ramificados, em tufos, dicotomisados, anastomosados, grosseiros, no gambá; ramificados, com pequenos nódulos, arborescentes, anastomoses raras, curtos, grossos, na preguiça; e, retilíneos, regulares, anastomoses freqüentes, longos, fmos, no homem.

Verificou-se também que no homem há mator quantidade de osteoplastos nas lamelas, quando se compara a outras espécies.

AZNAR, GOLDBACH e HINÜBER, citados por ARBENZ (1988), encontraratn em suas pesquisas formas, diâmetros, direções e números de canais de Havers com as seguíntes características: no homem as formas predominantes são de canais irregulares, de secção elíptica; nos animais, ao contrário, predomínatn as formas circulares. O diâmetro destas células no homem é três vezes maior que em outras espécies. A direção dos osteoplastos no homem é sempre paralela ao grande eixo do osso longo, e apresentam-se em menor número, comparado ao osso animal, talvez por causa da maior dimensão destas células no homem. Verificou-se também que o número de osteoplastos nas lamelas é maior no homem, e a distância entre eles também é superior , fato que se explica pelo maior desenvolvimento do sistema lamelar nesta espécie.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

ECKERT et al. (1988) afirmaram que entre os casos de mais dificil solução para a força policial e os investigadores médico-legais estão aqueles nos quais as vítimas foram deliberadamente queimadas para encobrir um crime, ou aqueles em que a cremação foi resultado de um acidente ou suicídio. A dificuldade se deve ao fato de que os corpos podem ser destruídos ou fragmentados. A primeira tarefa é identificar o corpo usando todos os meios possíveis, inclusive a ajuda de "experts" como patologistas forenses, antropologistas forenses, dentistas, toxicologistas e sorologistas, assim como investigadores de incêndios que podem contribuir com a investigação providenciando informação sobre a causa do fogo.

Abaixo segue uma lista geral dos procedimentos necessários em casos de cremação ou vítimas severamente queimadas:

1 - Sobrepor a futilidade e a falta de confiança sentidas por aqueles que conduzem um exame desse tipo.

2 - Desenvolver uma aproximação para determinar a causa e maneira da morte.

3 -Determinar quais áreas esqueléticas estão faltando.

4 - Determinar a presença de objetos estranhos pelo exame radiográfico.

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5 - Determinar sexo, raça, idade, estatura, evidência de doença prévia, trauma ou gravidez da vítima.

6 - Determinar variações em traumas térmicos bem como trauma mecânico recente.

7 - Determinar a presença de evidência dental; examiná-Ia radiograficamente e documentá-la fotograficamente.

8 -Determinar evidência toxicológica e sorológica.

É preciso enfatizar que tais casos são de dificil solução e requerem uma investigação completa e minuciosa , usando o talento de "experts" em antropologia, odontologia, patologia forense, criminologia, investigação da cena do crime, toxicologia, sorologia, investigação do incêndio e investigação criminal.

A evidência da presença de arma de fogo é suportada por monóxido de carbono no sangue da vítima, indicando que foi assassinada e a morte foi encoberta pelo fogo. Pode ocorrer fratura de crânio com o fogo, mas também pode ser o resultado de um trauma interno pelo cano do revólver ou batida por outro instrumento (sem corte). Numa explosão o corpo é fragmentado e freqüentemente queimado. Neste caso pode não haver evidência de monóxido de carbono nos tecidos.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ .SatmninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

A destruição completa dos corpos ocorre apenas após longa queima ou em pilhas de madeiras, como vistas na cremação indiana ou japonesa, o que raramente ocorre.

A queima de um corpo depois de um homicídio, suicídio ou num acidente de aeronave, carro ou qualquer outro resulta numa cremação parcial. Este pode ser o principal resultado se o corpo for exposto a fogo ou calor que primeiramente afeta a pele. O exame inicial deve incluir uma investigação cuidadosa sobre a presença de um acelerante como gasolina ou outro líquido orgânico.

Observou-se que, após a cremação, a posição dos ossos é mantida, em especial os ossos da cabeça. Num exame inicial, deve-se observar se alguma região do corpo não foi queimada, o que informaria imediatamente a cor da pele. Além disso a palidez ou vermelhidão podem indicar presença ou não de monóxido de carbono no sangue, o que pode indicar que a vítima estava viva antes de exposta às chamas. Órgãos que não foram queimados podem ser meio para coletar fluidos corporais como sangue e urina na bexiga e bile - que pode ser usada para identificação de CO, S02, N02, cianeto,

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WHITTAKER & MACDONALD (1989) afirmaram que pequenos fragmentos de ossos ou dentes detêm características suficientes para possibilitar a determinação da espécie, o sexo e o grupo sangüíneo do fragmento em análises laboratoriais. Segundo os autores, alguns estudiosos sugeriram que a estrutura do osso em diferentes animais varia tanto que, a determinação da espécie pode ser detectada em exames por desgaste ou por desmineralização do tecido ósseo.

Afirmaram também que se pode detectar diferenças no tamanho e distribuição dos canais de Havers no osso compacto de diferentes tipos de animais. Como regra geral, os canais de Havers são maiores em tamanho, porém se apresentam em menor número no osso humano, comparado ao osso

de cão ou gato.

DYCE et al. (1990) concluíram, em um estudo de cortes longitudinais de ossos longos, que a forma do osso é determinada por uma camada ou córtex de substância compacta , composta de finas !ameias arranjadas principalmente em séries de tubos concêntricos ao redor de pequenos canais centrais. Cada um destes sistemas é conhecido como osteônio.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Saturnino A. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

JUNQUEIRA & CARNEIRO (1990) relataram que o tecido ósseo secundário, geralmente encontrado no adulto, é constituído por fibras colágenas organizadas em lamelas de 3 a 7 ~tm de espessura, que ficam paralelas entre si, ou se dispõem em camadas concêntricas em torno dos canais com vasos, formando os sistemas de Havers.

As lacunas com osteócitos situam-se entre as lamelas ósseas.

Nas diáfises dos ossos, as lamelas ósseas se organizam num arranjo típico, formando os sistemas de Havers, os circunferenciais interno e externo e os intermediários.

Cada sistema de Havers ou ósteon é formado por um cilindro longo, por vezes bifurcado, paralelo à diáfise e formada por quatro a vinte lamelas ósseas concêntricas. No centro desse cilindro ósseo há um canal revestido pelo endósteo, o canal de Havers, que contém vasos e nervos. Os canais de Havers comunicam-se entre si com a cavidade medular e com a superficie externa do osso por me10 de canais transversais ou oblíquos, chamados canais de Volkman.

Em exames com luz polarizada, cada sistema de Havers mostra alternância de lâminas claras e escuras; isto se deve às fibras colágenas, pela incidência de luz e o ângulo formado. As lamelas escuras são devido às

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fibrilas terem sido cortadas transversalmente e as que se mostram claras representam um corte oblíquo das fibrilas.

O sistema circunferencial externo situa-se próximo ao periósteo, enquanto o interno localiza-se em volta do canal medular.

O sistema intermediário, geralmente de forma triangular, situa-se entre os sistemas circunferenciais.

Algumas fibras colágenas do tecido ósseo são contínuas com as fibras do periósteo e são denominadas fibras de Sharpey. Essas fibras unem firmemente o periósteo ao tecido ósseo.

COMA (1991) ressaltou que a análise dos restos ósseos é uma das

finalidades básicas da Antropologia e constitui um passo muito importante para se chegar à identificação de um indivíduo.

HALL (1991) relatou que os ossos estão presentes, se não em todos os vertebrados, na maioria de suas classes e de suas linhagens, apresentando

características estáveis.

Devido a estas caracteristicas, o tecido ósseo pode ser dividido em dois grandes grupos, o lamelar e o não lamelar, sendo o primeiro ainda subdividido em osso compacto e esponjoso.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Todos estes grupos e subgrupos, apresentam modelos de vascularização, distribuição celular, mineralização e habilidade de remodelação diferentes.

De acordo com seus estudos, generalizações sobre uma modalidade óssea especial, que possa agir como marca registrada de determinada classe ou linhagem de animais vertebrados, não são óbvia.

A segregação das várias modalidades de tecido ósseo nos vertebrados estudados por eles, tanto vivos quanto em fósseis, parecem estar mais associadas com as peculiaridades funcionais locais que cada um exerce

do que com aspectos filogenéticos ou taxonômicos.

Dessa forma, o autor acredita e comprova que todos os vertebrados relatados em seus estudos apresentam os mesmos componentes e compartilham similares especializações que levam à semelhança na disposição das suas estruturas.

Entretanto, estas estruturas arranjam-se de tal forma, que expressam as adaptações das linhagens dos vertebrados ao meio em que vivem e à função que realizam, refletindo, consequentemente, um estágio evolutivo de cada espécime.

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HALL (1991) relatou que as estruturas do tecido ósseo podem dispor-se de diferentes formas entre espécies diferentes, ou mesmo na mesma espécie, a depender das circunstâncias locais que induziram o seu crescimento. O autor descreve várias espécies, e classes de vertebrados, sendo as

características mais marcantes, de cada uma , resumidas abaixo :

Nos répteis modernos, o osso compacto é encontrado, geralmente, no modelo lamelar, com pouca vascularização, e com evidências distintas de

linhas de crescimento cíclico na matriz. Os canalículos podem ser muito bem desenvolvidos, o que talvez supra a falta de vascularização.

Alguns vertebrados aquáticos, como as baleias, mostram adaptações envolvendo uma redução da massa esquelética, e pouco contraste entre o osso esponjoso e o medular quando vistos em microscopia óptica. As reconstruções haversianas, podem ser extensas, e os tecidos periósticos bem vascularizados.

Nos fósseis de dinossauros, o osso mostra um modelo lamelar, com alta vascularização, no qual numerosos e densos ósteons dispõem-se na matriz fibrosa que é envolta por periósteo. Entretanto, marcas de crescimento não foram reconhecidas nos ossos de alguns desses fósseis.

As aves têm características bem marcantes no seu osso compacto. A matriz é composta por tecido lamelar periostal primário, em que se encontram

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Saturnino A. Ramalho, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

vários modelos delimitados internamente por uma fma camada de endósteo. Os numerosos ósteons primários formam uma rede densa e irregular, sempre orientada diagonalmente. Em outras espécies, os ósteons primários podem estar orientados mais ou menos longitudinalmente. Esses ósteons primários, são convertidos em osso haversiano em alguns locais.

Pequenos pássaros podem ter seu osso compacto estreito, apresentando apenas alguns canais vasculares em seu interior.

Os mamíferos têm muitas características ósseas histológicas diferentes, tendo em comum tecido lamelar primário com ósteons longitudinais, substituídos por uma intensa reconstrução haversiana. Dentre eles, pequenas espécies de marsupiais apresentam osso compacto com numerosos ósteons longitudinais primários, grande quantidade de periósteo e pouca vascularização. Nas grandes espécies, os ósteons primários têm pequeno diâmetro, sendo posteriormente substituídos por modelos haversianos.

Já nos primatas, o osso compacto é pouco vascularizado. O osso primário é quase totalmente substituído pelo modelo haversiano nas espécies maiores, que geralmente mostram as linhas de crescimento no osso primário bem evidenciadas.

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Os carnívoros adultos, por sua vez, apresentam, na periferia do seu tecido ósseo, uma fina capa de tecido lamelar, pouco vascularizado, e bem desenvolvido, que é separado do osso por uma lamela circunferencial externa. Os ósteons desse tecido são geralmente extensos, vascularizados e bem organizados microscopicamente.

NELSON (1992) concluiu que o exame da microestrutura óssea é importante para se estimar a idade com que a pessoa faleceu. Esta técnica tem sido testada e é bem aceita; entretanto algumas amostras de osso queimado podem complicar a análise devido a possíveis alterações que podem ocorrer na microestrutura óssea durante o processo de queima. Numa comparação entre osso fresco e queimado, retirados do remur de oito cadáveres de idade e sexo conhecidos, este estudo notou significante diminuição de elementos microestruturais nos ossos queimados. Estes resultados são comparados com estudos anteriores sobre o mesmo tema, que encontraram um aumento no número de microestruturas devido ao processo de queima.

Foram estudados segmentos de remur de oito cadáveres, de idade e sexo conhecidos, e foram limpos de seus tecidos moles. Pequenos cortes foram feitos usando-se uma serra de secção rotativa Isomet, foram banhados em acetona e montados com epóxi em lâminas de vidro. Foram então cortados

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________________________ s.arummoA.Ramruho ______________________ _

entre aproximadamente 25 e 301-lm e polidos numa lixa de esmeril com granulação de 600. Os quatro segmentos de !emur medindo entre 3,5 e 7cm de comprimento foram queimados entre 1 OOO"F e 1500°F numa fornalha abastecida por propano durante 30 minutos e deixadas para resfriar na própria fornalha. Os segmentos queimados foram estabilizados em resina de acetato polivinil e incluídos em blocos de resina Evercoat™. Os cortes são, então, feitos de 1 a 2 em do local onde se colheu a amostra "fresca", pois acredita-se que assim evitam-se os danos que podem ocorrer durante a queima do osso. A luz pode passar pelo material com uma espessura de menos de 25f..Lm.

Dezesseis lâminas foram então examinados sob um microscópio de luz convencional. As medições foram feitas em 102 osteócitos completos, em duas direções perpendiculares. Osteócitos completos foram definidos como aqueles em que o canal é claramente visível e que não faziam limites com áreas remodeladoras.

O diâmetro do osteócito cam 16,7% nas amostras queimadas; entretanto, o diâmetro do canal aumentou 1 0,5%. O aumento do diâmetro do canal em relação à diminuição do diâmetro do osteócito foi de 29 a 39%.

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F Á VERO (1993) citou que a identificação da espécie animal pode ser feita pelo estudo dos ossos, dos dentes, dos pêlos, do sangue e de outros tecidos orgânicos que podem caracterizar ou excluir a identidade.

O autor citou que, se apresentado um esqueleto inteiro, mesmo que despido de suas partes moles, a diagnose da espécie animal far-se-á sem dificuldades, ou, pelo menos, a exclusão de que se trata de indivíduos da espécie humana será possível. Porém, se o osso se apresenta isolado, com partes moles ou não, a dificuldade para sua identificação será maior.

O estudo microscópico da forma, dimensão e características pode ser peculiar ao osso e à espécie animal. Neste estudo, o mais importante são as revelações obtidas sobre os canais de Havers.

KENYERS e HEGYI e depois FANA, citados por FÁVERO

(1993), observaram notáveis diferenças entre osso humano e de animais, principalmente no que se refere aos canais de Havers, sendo estes menos numerosos e mais largos no homem, e nos animais percorrem uma direção horizontal e são quase paralelos entre si - o que não é observado em ossos humanos.

VEIGA DE CARVALHO, citado por FÁVERO (1993), relatou um estudo realizado no Instituto Oscar Freire sobre as características dos

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____________________________ SanrrnmoA.Rrunallio __________________________ _

osteoplastos em diferentes animais comparadas às da espécie humana, sendo este reproduzido abaixo :

Espécie Forma de osteoplasto Canalículos

Boi Oval Entrelaçados em teia de aranha.

Porco Oval Rarnificados, irradiados.

Rato Oval Em tufos, arborescentes.

Ouriço Oval Tortuosos, formando tramas.

Macaco Espinhosa Irregulares, irradiados, grossos.

Galo Espinhosa Ramificados, arborescentes , finos.

Coelho Espinhosa Parcos, pouco ramificados, finos.

Tatu Estrelada Muito ramificados, formando tramas, grossos.

Cobaia Piramidal Parcos, grossos, curtos, ramificados em plateau.

Gambá Arredondada Grossos, rarnificados, em tufos, dicotomos, anastomosados, grosseiros.

Ramificados, com pequenos nódulos, arborescentes, anastornosados, raros,

Preguiça Fusiforme

curtos, grossos.

Homem Fusiforme Retilíneos, regulares, anastornosados, freqüentes, longos, finos.

OWSLEY et al. (1993) realizaram investigações sobre uma série de homicídios de homens jovens, as quats, levaram a uma sistemática investigação de dois acres de uma propriedade semi-rural em Bath Thownship, Ohio. A investigação revelou um esqueleto fragmentado de um homem adulto jovem, assim como ossos de várias espécies de animais. Através de análises arqueobiológicas, os ossos animais foram identificados e

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documentados. Os ossos humanos estavam secos. Muitos estavam desgastados por roedores, indicando que eles haviam ficado expostos por muitos anos.

Eles apresentavam grau acentuado de fraturas, envergamento e dobras. O único osso relativamente completo era uma vértebra cervical. Mesmo assim, foi possível realizar-se uma identificação positiva, baseando-se primeiramente em comparações de características osteológicas evidentes nas

radiografias da vértebra cervical pré e pós-mortem.

ERJKSEN et al. (1994) relataram que o tecido ósseo, quando examinado em luz polarizada, pode se apresentar de duas formas distintas, o lamelar e o não lamelar.

O lamelar caracteriza-se por apresentar um claro modelo, que é causado pela birrefringência do arranjo alternado entre a orientação das fibras colágenas. Este arranjo é muito parecido àquele observado nas estruturas da madeira, tendo, desse modo, a mesma função, ou seja, aumentar a força de resistência do osso. Esse tipo de tecido organizado, pode ser observado em todos os ossos do homem, quando em condições de normalidade, na infância, na adolescência, na maturidade e na velhice.

O não lamelar, por sua vez, caracteriza-se pela ausência do modelo, as fibras colágenas encontram-se desorganizadas, fazendo com que as

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ S.atumínoA. Ramalho. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

propriedades mecânicas do osso fiquem prejudicadas. Esse tecido pode ser encontrado durante a formação óssea primária, em estágios de elevado "turnover", ou mesmo devido a tratamentos prolongados com flúor na fase em que está ocorrendo a formação óssea, comprometendo a habilidade das células de garantirem um alinhamento !ame lar próprio.

Deste modo, para o autor, o esqueleto formado, consiste em dois diferentes tipos macroscópicos; o cortical, predominante nos ossos longos e compondo 80% da massa esquelética, e o esponjoso, que compõe apenas 20%, mas que, por ser metabolicamente mais ativo que o anterior, respondem por

50% do metabolismo esquelético.

Os ossos compactos são extremamente densos, pouco porosos (menos do que 5%), compostos por uma unidade estrutural, !ameias arranjadas concentricamente em tomo de um canal vascular central, que se denominam sistemas de Havers.

RAMALHO & DARUGE (1994) realizaram uma análise comparativa histomorfológica dos tecidos dentários mineralizados do homem e de outros 14 mamíferos (boi, cabra, cachorro-do-mato, cão, capivara, carneiro, cavalo, coelho, gato, lontra, macaco-prego, onça, porco, rato). Foram feitos cortes histológicos por desgaste no sentido longitudinal dos dentes, na

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direção vestíbulo-lingual ou palatina , sempre na porção mais mediana do dente. A lâminas foram montadas utilizando-se bálsamo do Canadá e analisadas em fotomicroscópio de luz.

Os autores verificaram a existência de significativas diferenças histomorfológicas entre o esmalte, o cemento e a dentina de humanos e de outros animais estudados. Afirmaram também que, se não for possível identificar a que gênero animal pertence o dente ou o fragmento dentário analisado, é perfeitamente possível excluir a possibilidade do material pertencer ao gênero HOMO.

FRANÇA (1995) relatou que no processo de identificação não são suficientes os conhecimentos e técnicas médico-legais, mas também o entendimento de suas ciências acessórias.

O autor relatou que, quando se encontra um animal vivo ou morto, com configuração normal, a identificação é fácil. Contudo, se encontrados fragmentos ósseos , a identificação entre restos animais ou humanos é bastante complexa.

Segundo o autor, essa distinção se faz de inicio pela morfologia. Não sendo possível a identificação por este método, segue-se a análise microscópica, onde serão observados a disposição e o tamanho dos canais de

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_________________________ S,arummoA.Rmn~lo _______________________ __

Havers, sendo que no homem são em menor número e rna1s largos; e nos animais são mais estreitos, redondos e numerosos.

O autor apresenta um quadro com dados comparativos entre características dos cartais de Havers presentes nos ossos humanos e nos ossos animais, como se segue:

Canais de Havers

Caracteristicas Homem Animal

Forma Elíptica ou irregular Circular

Diâmetro Superior a 3 um Inferior a 25 um

8 a 10pormm2

Muito superior ao homem, chegando a Número

40pormm2

Ainda assim, não sendo possível a distinção, o autor recomenda a utilização de reações biológicas, como anafilaxia, fixação do complemento e soro-precipitação, na tentativa de identificação do fragmento ósseo, distinguindo-o entre pertencente à espécie humana ou à animal.

HOLDEN et al. (1995) estudaram fragmentos de ossos de remur, fraturados nas direções longitudinais e transversais, de uma vítima de incêndio de carro através de microscópio de luz Olympus SZH-ILLK. Essas observações foram depois comparadas com alterações induzidas por calor em ossos humanos feitas em laboratório. Os fragmentos incinerados apresentavam

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uma gama de cores que incluíam preto, cinza e branca, concomitantemente a alterações na ultra e microestrutura do tecido ósseo. A cor do tecido ósseo incinerado, a forma e tamanho do cristal, associados com cada região de cor, indicaram uma diminuição na temperatura do osso como uma ftmção da distância radial à superficie cortical. Uma temperatura máxima entre 1000 e 1200°C foi constatada nas regiões de cortical óssea externa que ficaram brancas. Uma temperatura minima de 300°C foi obtida na região de cortical óssea interna que estavam pretas. Constatou-se que o período de tempo em que o fogo alcançou sua temperatura máxima não foi grande o suficiente para que o tecido ósseo alcançasse o equilíbrio com o meio ambiente, já que o fogo originou-se de uma ignição repentina. Entretanto, a menor temperatura registrada foi conseguida por um período maior de tempo, já que o conteúdo orgânico dos canais de Havers e a cavidade medular foram completamente queimados. Através do exame dos cristais esféricos nas regiões cinzas do osso cortical, a disposição dos cristais hexagonais nas regiões de osso que ficaram brancas e da orientação das fibras colágenas mineralizadas nos canais haversianos situadas nas regiões pretas de osso cortical, foi sugerido que a pessoa morta era um adulto com idade provável entre vinte e quarenta anos.

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_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ SaturninoA. Ramalho _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Os pequenos fragmentos de osso incinerado variavam suas cores, em sua maioria, de cinza claro a branco, enquanto grandes fragmentos apresentavam variações de cor do preto a sombras de cinza a branco. Nos maiores fragmentos de osso, a cor das regiões externas de osso cortical era branca e mudava para cinza na porção cortical média, enquanto que na porção cortical interna adjacente a cavidade medular a cor era preta. Não foi encontrado tecido mole na cavidade medular. A superfície externa da cortical óssea exibia fraturas e pequeno grau de distorção comparado com osso não aquecido.

Essa investigação mostrou que as características ultraestruturais de ossos humanos incinerados lembram aquelas produzidas experimentalmente por calor em uma fornalha. Portanto, a partir do exame da cor do osso incinerado e das suas características micro e ultraestruturais, é possível estimar-se a idade da vítima e a temperatura e duração do fogo.

STEVENS et al. (1995), usando microscopia de luz e microscopia eletrônica, mostraram que no osso cortical há uma rede de canais centrais, também chamados de canais do ósteon ou haversianos, que correm verticalmente e que são interligados por canais perfurantes transversos, também chamados de canais de Volkman. Cada canal de Havers é circundado

Referências

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