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Pirâmide da Solidão ou Pirâmide dos Não-Casados? Cor e estado conjugal na terceira idade no Brasil *1

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Academic year: 2021

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Pirâmide da Solidão ou Pirâmide dos Não-Casados? Cor e estado

conjugal na terceira idade no Brasil

*1

Carolina de Souza Costa

UFMG/Cedeplar

Palavras-chave: Envelhecimento, raça e estado conjugal

I) Introdução

As transformações que vêm ocorrendo na dinâmica demográfica brasileira nos últimos trinta anos são bastante intensas. Verifica-se um novo perfil etário da população, motivado fundamentalmente por modificações no nível e padrão de fecundidade da mulher brasileira desde a década de 1960 (Berquó, 1996; Carvalho, 1993; Moreira, 1997, 1998; Nascimento, 2000). Além de rápidas e recentes, essas transformações ocorrem em um país com grandes dimensões espaciais e populacionais, marcado por uma grande heterogeneidade e sem uma política oficial de controle de natalidade ou de planejamento familiar (Carvalho, 1993).

A queda da fecundidade observada desde 1970 teve como conseqüência a diminuição do número de crianças e o aumento relativo da proporção de idosos. Assim, o grupo de crianças passa a representar, já a partir de 1980, proporcionalmente bem menos no conjunto total da população, expandindo com isso, o peso relativo do contingente de 15 a 64 anos e dos idosos de 65 anos e mais (Berquó, 1996). Todas essas transformações ocorridas e que estão por ocorrer em nossa sociedade implicam no processo de envelhecimento demográfico brasileiro, que se dá através do crescimento do número relativo de pessoas mais velhas sobre o total da população, associado com a redução do número de jovens de 0 à 14 anos (Moreira, 1997 e 1998; Nascimento 2000).

O objetivo deste trabalho é analisar o excedente de mulheres idosas em nossa sociedade e sua implicação quanto aos seus estados conjugais, levando em conta suas

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado

em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

1 Este trabalho é baseado na minha monografia de conclusão do Curso de Ciências Sociais

(FAFICH/UFMG), defendida em junho de 2001, sob orientação da Profa. Paula Miranda-Ribeiro, do Departamento de Demografia e CEDEPLAR/UFMG.

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distinções raciais. Em outras palavras, serão atualizados os dados de Berquó (1986), que trata da pirâmide da solidão ou, como diz a própria autora em um trabalho posterior, da pirâmide dos não-casados (1998). À idéia inicial de Berquó, será adicionado o componente racial. Serão analisados também os casamentos endogâmicos2 e exogâmicos quanto à cor, na terceira idade no País. Para isso, serão examinados os dados do Censo Demográfico de 1991, disponível por meio magnético, numa perspectiva comparativa entre as cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Para tais comparações, foram elaboradas tabulações próprias, além de um exercício de pirâmides etárias.

Pesquisas recentes mostram que cerca de 5% da população se auto-classifica como preta, 50% se declara branca e 45% se diz parda. Como as categorias indígena e amarela representam uma pequena porcentagem de nossa população (Schwartzman, 1999), elas serão deixadas de lado neste trabalho. Portanto, foram analisadas neste trabalho só três das cinco categorias de cor utilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): branca, parda e preta.

Apesar do Brasil estar iniciando seu processo de envelhecimento populacional, estipular uma idade para marcar o limite entre a idade adulta e a velhice é demasiadamente complicado. A Organização das Nações Unidas entende que a terceira idade inicia aos 60 anos em países em desenvolvimento e 65 anos para os países desenvolvidos. Já para a Política Nacional do Idoso do governo brasileiro, idoso é todo indivíduo que possui a idade acima de 60 anos (Nascimento, 2000). Assim, definir uma idade fixa e única para o envelhecimento apresenta a desvantagem desse marco temporal não ser universal. Apesar de todas essas diferentes perspectivas sobre a idade limite do início da terceira idade, este estudo considerou idoso o indivíduo que tenha a idade de 65 anos e mais.

Este trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: o item II discute os critérios do IBGE para a classificação de cor/raça no Brasil; a parte III apresenta uma breve revisão bibliográfica, englobando temas como a feminização da velhice, a mortalidade diferencial por sexo, o estado conjugal na terceira idade e a união

2 O casamento endogâmico ocorre quando a escolha pelo parceiro ou parceira se dá exclusivamente no

interior de grupos de iguais (Petruccelli, 1999), enquanto que o casamento exogâmico ocorre quando a escolha se dá por grupos diferentes. No caso do presente trabalho, estamos examinando a endogamia e a exogamia em relação à cor dos indivíduos. Portanto, um casamento seria endogâmico se um preto se casasse com uma preta, um pardo se casasse com uma parda e um branco se casasse com uma branca.

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matrimonial segundo a cor/raça no Brasil; o item IV trata da fonte de dados e da metodologia; o capítulo V traz a análise dos resultados; e finalmente, a parte VI apresenta alguns comentários finais. Em linhas gerais, os dados sugerem que a dinâmica conjugal dos homens a partir de 65 anos é distinta da dinâmica conjugal das mulheres deste mesmo grupo etário – há, proporcionalmente, mais homens casados do que mulheres casadas, ao passo que, proporcionalmente, há mais mulheres viúvas do que homens viúvos. Com relação à cor, tanto para homens quanto para mulheres, os pretos se encontram em situação desfavorável no mercado matrimonial – há uma maior proporção de pretos de ambos os sexos entre os viúvos, solteiros e separados, e uma menor porcentagem entre os casados.

Antes de passar à revisão bibliográfica, é necessário entender os critérios utilizados pelo IBGE para a classificação por cor/raça no Brasil. Este é o tema do próximo tópico.

II) Os critérios do IBGE sobre cor e raça no Brasil

Os censos demográficos foram realizados no Brasil nos anos de 1872, 1890, 1900, 1920, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000. Nos recenseamentos de 1900, 1920 e 1970, o item cor não foi coletado. Nos Censos de 1872 e 1890, o critério diferenciador quanto à raça foi a cor da pele. Com isso, a população brasileira foi dividida em brancos, negros, caboclos e mulatos. Nesses recenseamentos, a informação coletada era o critério/opinião do entrevistador. Só a partir do Recenseamento de 1940 é que o processo de coleta dos dados em relação à cor passou a ser a auto-classificação, isto é, os próprios entrevistados é que se encaixavam nas categorias utilizadas pelo IBGE (Posada, 1984).

Em 1940 e 1950, as pessoas foram classificadas, quanto à cor, em brancos, pretos, amarelos (japoneses, chineses, etc. e seus descendentes) e pardos, estes últimos englobando todos aqueles que se declaravam como índio, caboclo, mulato, moreno ou não declaravam cor. No Recenseamento de 1960, a pesquisa quanto à cor dos indivíduos reunia cinco categorias: brancos, pretos, pardos, amarelos e índios. Em 1980, o conceito cor foi o mesmo utilizado no Censo de 1950: brancos, pretos, amarelos e pardos. No último, enquadravam-se os mulatos, mestiços, índios, caboclos, etc. (Posada, 1984).

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O critério de cor/raça utilizado pelo IBGE nos Censos de 1991 e 2000 continua relacionado com a categoria “cor” dos indivíduos. Atualmente são consideradas cinco categorias: branco, preto, pardo, amarelo e indígena, sendo a coleta dos dados feita sob a forma da auto-classificação (Schwartzman, 1999).

Existe uma certa insatisfação quanto a essas categorias. Uma parte significativa de nossa sociedade rejeita essas tipologias. Pesquisas recentes indicam que cerca de 5% da população se identifica como preta, 50% como branca e 45% como parda. As categorias amarela e indígena apresentam uma pequena porcentagem. Esses números, para muitos estudiosos, ocultariam a verdadeira dimensão da população negra no país (Schwartzman, 1999).

Em alusão a uma pesquisa realizada pelo Jornal Folha de São Paulo (25 de junho de 1995) sobre a questão racial no Brasil, Silva (1999) relata que uma das “descobertas” desse estudo foi a questão de que os brasileiros não se identificam com a categoria pardo (termo associado a uma forte semântica negativa), preferindo a denominação “morenos”. A categoria moreno possui, assim, uma conotação positiva, refletindo o caráter difuso da divisão racial no país (Schwartzman, 1999). No entanto, a categoria moreno englobaria não só os pardos como também os brancos de cabelos escuros.

“A preferência pela morenidade parece ter um escopo maior do que apenas uma rejeição ao termo pardo. Como se sabe, a ideologia racial brasileira tem na mestiçagem e no branqueamento a ela associado a sua solução peculiar para a questão racial (Skidmore, 1976; Hasembalg, 1995). O mestiço define fisicamente a nação brasileira e constitui a demonstração da essência democrática do caráter nacional. Mas, para além da mestiçagem, a democracia racial brasileira teria a sua culminância na própria abolição final das distinções de cor, com absorção das identidades particulares numa metarraça fluida e abrangente: os morenos” (Silva, 1999:88).

No Brasil, concebeu-se um conceito de raça baseado nas características físicas (fenotípicas) e socioeconômicas dos indivíduos, enquanto que nos EUA desenvolveu-se uma concepção sobre raça de base genética e biológica, denominada regra da hipodescendência. Assim, no caso norte-americano, basta o indivíduo possuir uma ascendência negra para ser classificado como tal, independente de suas características físicas aparentes. Já no caso brasileiro, raça seria melhor elucidada como raça social,

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visto que os indivíduos são definidos por suas similaridades socialmente definidas e por divisões de categorias quanto à cor dos indivíduos e suas aparências físicas. Com isso, dada uma associação fenotípica com a posição socioeconômica do indivíduo no momento da classificação, quanto mais elevado for o status socioeconômico deste, mais próxima da categoria branco tende ser a resposta, validando expressões de cunho popular como “negro rico é branco”, “dinheiro embranquece” e “branco pobre é escuro” (Silva, 1999).

Além da insatisfação com as categorias de cor utilizadas pelo IBGE, Wood e Carvalho (1994) mostram que há uma tendência à migração entre as cores. Os dados dos Censos de 1950 à 1980 sugerem que a categoria preta é instável ao longo do tempo, ao passo que a categoria branca foi a que sofreu menos mudanças. No caso dos pardos, em 1980 houve um movimento líquido positivo tanto de homens quanto de mulheres, sendo este movimento maior entre os grupos mais idosos.

Na tentativa de aperfeiçoar o quesito cor no Censo 2000, o IBGE elaborou um conjunto de questões para a Pesquisa Mensal de Emprego (PME)3 de julho de 1998. Foi introduzida a variável origem. A meta seria comparar as respostas à pergunta fechada tradicional de cor utilizada pelo IBGE a uma pergunta aberta, o que permitiria analisar em que medida esses termos correspondem ou não com a forma com que a sociedade se identifica. Concluiu-se que não basta substituir cor ou raça pelo quesito origem, pois apenas uma parcela dos entrevistados se identificou como sendo de origem negra ou africana. Por outro lado, os dados sobre origem mostraram distinções significativas entre grupos de origem dentro dos diversos grupos de cor ou raça. Assim, faz sentido de alguma forma analisar a população brasileira tanto em relação à cor e raça, como também pela sua origem, já que esses pontos de vista apresentam aspectos distintos para entender com maior detalhes a realidade do nosso país. No entanto, decidiu-se que a questão de origem poderia ser pesquisada com maiores detalhes posteriormente, numa pesquisa amostral, até que houvesse uma formulação mais adequada (Schwartzman, 1999). Com isso, o critério do IBGE para classificar/analisar o quesito cor no Censo 2000 continuou a ser as mesmas cinco categorias utilizadas no Censo 1991: branco, preto, pardo, amarelo e indígena – incluídas somente no questionário da amostra.

3 A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) é uma pesquisa por amostra vinculada ao IBGE, responsável

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O próximo item revisa a literatura demográfica pertinente a este trabalho.

III) Revisão da literatura

Um aspecto que vem sendo amplamente discutido em relação ao envelhecimento da população brasileira é o processo de feminização da velhice, ou seja, a maior proporção de mulheres no total da população idosa (Berquó 1996; Moreira 1997;1998; Nascimento, 2000; Goldani, 1999).

Em 1995, do total de 7,7 milhões de idosos existentes no país, cerca de 55% eram mulheres, isto é, para cada 10 idosos, havia cerca de 12 idosas, o que implicava em uma razão de sexo4 de 0,82 (Moreira, 1997). Em projeções elaboradas pelo próprio autor para 2050, o percentual do contigente feminino acima de 65 anos atingiria 58,4% dos 38,3 milhões de idosos estimados para aquele ano, o que implica que, para cada 10 idosos, haveria 14 idosas. Assim, a razão de sexo passaria a ser da ordem de 0,71. Com isso, a ampliação do contingente feminino a uma taxa média de crescimento geométrico em torno de 3% ao ano, entre 1995 e 2050, ocorreria a taxas mais elevadas do que a projetadas para o contingente masculino, cuja taxa média de crescimento no mesmo intervalo seria de 2,8% ao ano.

Segundo a literatura, a explicação para a feminização da velhice ou o superávit feminino nas idades mais avançadas está vinculada à questão da mortalidade diferencial por sexo. Assim, a sobremortalidade masculina torna-se o principal responsável desde o nascimento pelo déficit masculino. As mortes violentas, que atingem sobretudo os homens de 15 a 24 anos, são apontadas como determinante dessa defasagem. Outra razão que também é apontada para o alto contigente feminino na terceira idade é a queda da mortalidade materna, propiciada sobretudo pelos avanços e por uma maior distribuição de recursos oferecidos pela área médica (Berquó, 1986; Rodrigues et al, 1996). Os dados demográficos apontam que, em todas as sociedades, independente do seu grau de desenvolvimento socioeconômico, há mais nascimentos do sexo masculino, mas por outro lado, as mulheres apresentam uma maior longevidade em relação aos

4 A razão de sexo é a medida mais utilizada para refletir o equilíbrio entre os sexos em uma dada

população. Assim, a razão de sexo consiste na divisão do número de homens pelo número de mulheres de uma dada sociedade.

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homens. Com o passar do tempo, isso acaba por acarretar um acentuado desequilíbrio demográfico quanto ao sexo, especialmente na terceira idade (Rodrigues et al, 1996).

Entre os idosos, prevalece em nossa sociedade um elevado contingente de viúvas, as quais contrastam com a alta proporção de homens casados (Berquó, 1996; Nascimento, 2000). No Brasil, os diferenciais por sexo na terceira idade quanto ao estado conjugal possuem dois fatores explicativos. O primeiro está ligado à questão da sobremortalidade masculina, ou seja, a longevidade feminina é superior à masculina, como mencionado anteriormente. O segundo fator explicativo está ligado a normas culturais e sociais que prevalecem em nosso país, as quais levam os homens a se casarem com mulheres mais jovens (Berquó, 1986,1988,1996,1998; Goldani, 1999; Nascimento, 2000). Assim, em 67% dos casamentos, os homens são mais velhos que as mulheres, enquanto em 15% o casal possui a mesma idade e em apenas 18% das uniões as mulheres apresentam idades superiores aos seus parceiros (Rodrigues et al, 1996). Dado que a distribuição etária brasileira é tal que os grupos etários mais jovens são numericamente superiores, o recasamento ocorre com maior facilidade para os homens, que em geral “olham para baixo” na pirâmide etária, ao passo que as mulheres tendem a “olhar para cima” (Berquó, 1986). Com isso, os homens apresentam uma maior mobilidade em relação ao mercado matrimonial, pois eles podem “escolher” suas parceiras tanto nas faixas etárias próximas às deles, como naquelas compostas por mulheres mais jovens que eles. As mulheres, por sua vez, “precisam” buscar seus parceiros nos grupos etários superiores, cada vez mais rarefeitos devido à sobremortalidade masculina (Rodrigues, et al, 1996).

Dados apresentados por Berquó (1998) sobre a estrutura etária de homens e mulheres que moravam sozinhos no Brasil, em 1980 e 1995, revelam que cerca de 53,4% das mulheres que moravam sozinhas possuíam mais de 60 anos. Para os homens, as proporções tiveram uma pequena oscilação (de 26% a 23,3%) nos quatro grupos etários analisados (15-19, 30-34, 45-59 e 60 e +). Com isso, pode-se verificar que a dinâmica de nupcialidade masculina é completamente distinta da realidade feminina. O fato dos homens casarem, separarem e se casarem novamente independe de sua idade.

Com base nas evidências apresentadas até aqui, não resta dúvida quanto às dificuldades que as mulheres possuem para encontrar um parceiro, principalmente com

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o aumento da idade. Essas dificuldades podem se mostrar mais aguçadas se adicionarmos o componente racial.

A situação das mulheres pretas no mercado de casamento é ainda mais séria quando comparada com as brancas e pardas. A viuvez (fruto da mortalidade diferencial por sexo, exacerbada pela cor) e o celibato entre as pretas são superiores aos apresentados pelas pardas e brancas. Além do mais, as mulheres pretas casam-se mais tardiamente do que as pardas e brancas (Berquó, 1988, 1991).

Em 1980, encontravam-se solteiras, aos 50 anos de idade, cerca de 13,4% de mulheres pretas, enquanto que as mulheres brancas e pardas apresentavam valores mais baixos, na ordem de 7,7% e 8%, respectivamente. Cerca de 10,5% das pretas, 7,5% das pardas e 8,3% das brancas declararam-se viúvas. A idade média do primeiro casamento das pretas era de 23,4 anos, enquanto que brancas e pardas se casavam, em média, um ano antes (Berquó, 1991). Apenas 47,1% das pretas encontravam-se unidas em 1980, enquanto que a proporção de brancas que estavam em união no mesmo período era 57,4% (Berquó, 1988).

As diferenças inter-raciais em relação ao mercado de casamento mantêm-se também entre os homens, porém com uma menor intensidade do que a verificada em relação às mulheres (Petruccelli, 1999). As idades médias da primeira união para os homens, na década de 80, eram de cerca de 26,3 anos para os pretos, 25,7 para os brancos e 25,4 para os pardos. Os homens pretos também possuíam a maior proporção de celibatários definitivos. Assim, segundo o Censo de 1980, cerca de 7,8% dos homens pretos encontravam-se sozinhos porque nunca chegaram a se casar, enquanto o celibato masculino encontrava-se entre 5,2% e 5,5% para pardos e brancos, respectivamente. Nota-se que, nesses dois casos, o grupo dos brancos apresentou-se com um comportamento intermediário (Berquó, 1988; Silva, 1992).

Analisando o país como um todo, pode-se verificar que o Brasil possui uma alta proporção de casamentos endogâmicos e, conseqüentemente, baixas taxas de intercâmbios maritais entre os diversos grupos de cor. Pesquisas realizadas na década de 90 nos mostram que cerca de 80% dos casamentos que ocorreram no país eram constituídos de pessoas do mesmo grupo de cor, sendo que o maior índice de uniões endogâmicas encontrava-se entre os brancos (84%) e a menor entre a população auto-declarada como preta (61%) (Petruccelli, 1999).

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O Censo de 1980 mostra que, nos casamentos exogâmicos quanto à cor, é mais freqüente o homem ser mais escuro que a mulher. Assim, em 11% dos casais, o homem era mais escuro do que sua companheira, ao passo que em 8% dos casais ocorria o contrário (Berquó, 1991). Com isso, do ponto de vista demográfico, os dados sugerem que, devido ao excedente de mulheres brancas no Brasil (razão de sexo igual a 0,963), as brancas acabam buscando também homens mais “escuros” para se unirem. As pardas, dado o “desfalque” no contingente de pardos, recorrem também aos homens pretos. E as mulheres pretas, apesar de terem uma razão de sexo favorável (1,018 na faixa de 15 a 54 anos, segundo o Censo de 1980), acabam por enfrentar a mais desvantajosa de todas as situações, pois elas têm que “competir” no mercado de casamento com o excedente de brancas e pardas (Berquó, 1991; Lazo, 1988).

Por fim, Berquó (1988) chama a atenção para a real situação da mulher negra5 em relação ao mercado matrimonial no Brasil. Aos 30 anos, cerca de 30% dessas mulheres já se encontram sós. Aos 50 anos, 41% das negras não possuem um parceiro, enquanto que aos 60 anos esse valor atinge 71%. Em contraposição, somente 27% dos homens negros chegam sozinhos aos 60 anos.

Será que esta situação prevalece em 1991? Antes de responder a esta pergunta, serão apresentadas a metodologia e os dados utilizados nesse trabalho.

IV) Metodologia e Dados

A metodologia proposta visa analisar e comparar como se configuram os estados conjugais e os casamentos inter-raciais na terceira idade no Brasil, nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Para isso, foram elaboradas tabulações próprias com base nos dados censitários de 1991, disponível por meio magnético.

Foi construída, neste trabalho, uma forma específica de pirâmide etária, levando em consideração apenas os homens e mulheres do grupo etário de 20 anos e mais. Em outras palavras, foi analisada apenas a população adulta e que não se encontrava em uma união conjugal em 1991. O grupo dos não-casados compreende o contingente de

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viúvos(as), solteiros(as) e divorciados(as)6. Com isso, serão elaboradas quatro pirâmides etárias específicas do grupo dos “não-casados”.

A primeira pirâmide retrata o conjunto total de homens e mulheres de 20 anos e mais que não se encontravam casados em 1991. Já a segunda, bem como a terceira e a quarta, ilustra o contingente feminino e masculino de 20 anos e mais dos não-casados, separados por cor. Dado que 81% das uniões no Brasil ocorrem entre pessoas do mesmo grupo de cor (Berquó, 1991), foram construídas, então, pirâmides de um suposto mercado matrimonial em que as uniões possíveis são somente endogâmicas. A construção dessas pirâmides possui o intuito de analisar e comparar a proporção de mulheres brancas, pardas e pretas de 20 anos e mais, que se encontravam sós (sem cônjuge) em 1991, principalmente nas idades mais avançadas, retratando as dificuldades dessas mulheres no mercado matrimonial, em comparação com a situação masculina.

Para a construção das tabelas e pirâmides neste trabalho, foram utilizados os seguintes dados do Censo Demográfico de 1991:

- Proporção de homens e mulheres que não se encontravam casados no Brasil em 1991 a partir da idade de 20 anos, total e por cor (branca, preta e parda).

- Proporção de homens e mulheres por estado conjugal segundo a cor no Brasil a partir da idade de 20 anos e a mesma distribuição para a idade de 65 anos e mais.

- Proporção de homens e mulheres por estado conjugal segundo a cor a partir da idade de 65 anos nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). - Proporção das mulheres casadas de 65 anos e mais, segundo a cor dos maridos, por

cor, nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).

- Proporção dos homens casados de 65 anos e mais, segundo a cor das esposas, por cor, nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).

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V) Análise dos dados

Os dados do Censo de 1991 mostram importantes distinções entre homens e mulheres e entre os três segmentos de cor no que diz respeito ao estado conjugal de cada

6 O mesmo exercício foi aplicado por Berquó (1986; 1988 e 1998), mas apenas no de 1988 houve a

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um deles. A Tabela 1 compara a distribuição de mulheres e homens por estado conjugal, segundo a cor, para o Brasil como um todo.

Comparando esta tabela com os dados de Berquó, apresentados anteriormente, percebe-se que a situação apresentada pelas mulheres pouco tem se modificado, em relação às décadas anteriores. Nota-se que, para o grupo de 20 anos e mais, em todas as categorias de cor, a maior percentagem das mulheres encontra-se casada. As brancas figuram com as mais altas proporções nessa condição (66%), as pardas apresentam um valor próximo ao das brancas (63,4%) e as mulheres pretas encontram-se com a menor percentagem nessa situação conjugal (53,8%). Em relação à condição de viúvas, solteiras e separadas, as pretas encontram-se novamente com uma situação mais desfavorável, se comparadas às mulheres brancas e pardas. Enquanto que 17,3% das brancas e 18,8% das pardas apresentam-se solteiras em 1991, 23,6% das pretas mostram-se na mesma situação. Cerca de 6% das brancas, 7,5% das pardas e 8,8% das pretas estavam separadas, ao passo que 12,4% das pretas, 9,8% das brancas e 8,8% das pardas declaravam-se como viúvas. As pardas, com isso, apresentam a menor proporção de viuvez. A proporção de separadas da população com 20 anos e mais é superior ao valor encontrado para as idosas. A explicação provavelmente estaria no fato das idosas se separarem menos. Em outras palavras, seria um efeito coorte.

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Tabela 1

Estado

Conjugal Branca Preta Parda Branca Preta Parda

Homens Casado 72,25 66,82 69,93 77,94 69,94 75,57 Solteiro 22,64 25,88 24,38 4,77 7,30 5,17 Separado * 2,88 3,81 3,26 3,06 4,72 4,31 Viúvo 1,85 2,83 1,83 13,46 16,88 13,82 Sem declaração 0,38 0,66 0,59 0,77 1,17 1,13 Total 100 100 100 100 100 100 Mulheres Casada 66,07 53,85 63,44 34,87 25,28 32,66 Solteira 17,26 23,60 18,86 8,69 15,43 9,64 Separada * 6,14 8,78 7,52 4,13 6,18 6,15 Viúva 9,77 12,40 8,89 50,39 50,62 48,68 Sem declaração 0,76 1,38 1,28 1,92 2,49 2,86 Total 100 100 100 100 100 100

* inclui separados(as), desquitados(as) e divorciados(as)

Fonte: Elaborado com base nos dados do IBGE - Censo Demográfico 1991

20 anos e mais 65 anos e mais Distribuição dos homens e das mulheres por estado conjugal,

segundo a cor: Brasil, 1991

Em relação à distribuição das mulheres de 65 anos e mais por estado conjugal, segundo a cor, prevalece em todos os segmentos de cor a maior proporção de mulheres na situação conjugal de viúvas. Entre as idosas, apenas 34,9% das brancas, 32,7% das pardas e somente 25,3% das pretas estavam casadas à época do Censo de 1991. Como já foi discutido anteriormente, o aumento da proporção de viúvas na terceira idade pode ser explicado pela maior longevidade feminina, fruto da mortalidade diferencial por sexo, associado com a maior dificuldade que as mulheres apresentam de se unir novamente devido à idade avançada. As pardas encontram-se, mais uma vez, com a menor proporção de viuvez (48,7%). Já as pretas e as brancas apresentam valores muito próximos – 50,6% e 50,4%, respectivamente.

Em relação à distribuição da população masculina por estado conjugal, segundo a cor, nota-se que tanto, para a idade de 20 anos e mais, quanto para a de 65 anos e mais, a maior percentagem de homens para todas as categorias de cor encontra-se na situação conjugal de casados. Verifica-se, assim, uma condição distinta à apresentada pelas mulheres. Observa-se uma pequena variação na proporção de casados entre aqueles com 20 anos e mais e aqueles com 65 anos e mais, sendo a maior proporção de homens nessa situação conjugal encontrada no contingente de 65 anos e mais. Em relação aos viúvos, como já era de se esperar, a proporção aumenta em todos os

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segmentos de cor, quando se comparam os homens de 20 anos e mais com o grupo de 65 anos e mais. Somente 1,8% dos brancos, 2,8% dos pretos e 1,8% dos pardos se declararam viúvos, no grupo de 20 anos e mais, ao passo que, no de 65 anos e mais, a viuvez atinge em torno de 13,5% dos brancos, 16,9% dos pretos e 13,8% dos pardos. Comparando os dois grupos de idade, a proporção de solteiros diminui substancialmente entre 20 anos e mais e 65 anos e mais, independente da cor. Enquanto mais de 20% dos homens se declaram solteiros no grupo de 20 anos e mais, entre os homens de 65 anos e mais, este valor não chega os 8%. Em relação ao estado conjugal separado, nota-se que não há uma grande distinção entre os valores apresentados nos dois grupos analisados. Verifica-se, com isso, que tanto para os homens, quanto para as mulheres, os pretos figuram como os que têm maior dificuldade frente às chances de se casarem.

Observando a distribuição dos homens e mulheres de 65 anos e mais nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), pode-se notar que não há muitas diferenciações quanto ao comportamento nupcial dos brasileiros nos diversos locais analisados, como pode ser verificado na Tabela 2.

Na região Norte, nota-se que o contingente masculino apresenta taxas semelhantes às apresentadas no total do país, sendo que os pretos figuram numa situação mais desfavorável em relação ao mercado matrimonial, os pardos estão numa posição intermediária e os brancos apresentam uma situação mais privilegiada. Já no caso das mulheres, podemos apontar algumas diferenciações em relação ao verificado no Brasil como um todo, conforme a Tabela 1. Apesar de pouca diferença entre os três grupos de cor, as pardas apresentam a maior percentagem na situação de casadas (34,7%), seguidas pelas brancas (33%) e, por fim, pelas pretas (32,6%). As mulheres pretas idosas também aparecem numa situação mais desfavorável em todos os estados conjugais, com exceção da condição de viúvas. Entre estas, as pretas apresentam a proporção mais baixa (45,1%) e as brancas encontram-se com o nível mais alto (48,4%).

Em relação aos idosos nordestinos, verifica-se que eles não apresentam grandes diferenciações em relação aos valores notados na região Norte e no Brasil como um todo, prevalecendo, assim, uma alta percentagem de casados para todos os segmentos de cor. Mais uma vez, os homens pretos e as mulheres pretas figuram como os mais desfavorecidas em todos os estados conjugais analisados.

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Tabela 2

Regiões Estado

Conjugal Branca Preta Parda Branca Preta Parda

Norte Casado(a) 73,52 66,00 71,71 33,09 32,62 34,68 Solteiro(a) 5,33 9,64 5,93 9,41 11,20 8,71 Separado(a)* 4,93 5,52 5,09 6,23 7,87 5,83 Viúvo(a) 14,50 17,49 15,46 48,44 45,15 47,21 Sem declaração 1,72 1,35 1,82 2,83 3,16 3,57 Total 100 100 100 100 100 100 Nordeste Casado(a) 79,56 72,80 77,44 34,79 26,39 34,60 Solteiro(a) 4,00 6,04 4,56 11,14 16,88 10,57 Separado(a) * 3,66 4,68 4,25 5,90 7,67 6,84 Viúvo(a) 11,59 15,34 12,60 45,64 46,08 45,02 Sem declaração 1,20 1,13 1,14 2,53 2,97 2,97 Total 100 100 100 100 100 100 Centro-Oeste Casado(a) 72,54 64,05 70,65 33,02 27,26 30,71 Solteiro(a) 5,91 8,16 6,75 6,37 13,51 7,07 Separado(a) * 5,11 7,44 5,70 6,12 6,14 6,52 Viúvo(a) 15,42 18,74 15,74 52,41 50,30 52,86 Sem declaração 1,02 1,60 1,16 2,09 2,79 2,85 Total 100 100 100 100 100 100 Sudeste Casado(a) 76,98 69,49 74,69 34,14 23,75 28,99 Solteiro(a) 5,53 7,48 5,44 8,93 15,23 9,13 Separado(a) * 3,14 4,54 4,02 4,21 5,67 5,37 Viúvo(a) 13,56 17,31 14,91 50,75 53,01 53,75 Sem declaração 0,78 1,18 0,94 1,97 2,34 2,76 Total 100 100 100 100 100 100 Sul Casado(a) 78,90 66,72 73,35 36,39 26,50 32,92 Solteiro(a) 3,99 9,14 6,32 7,24 13,10 6,42 Separado(a) * 2,48 4,75 3,85 3,10 3,77 4,34 Viúvo(a) 14,17 18,46 15,81 51,80 55,13 54,86 Sem declaração 0,46 0,93 0,68 1,47 1,50 1,46 Total 100 100 100 100 100 100

* inclui separados(as), desquitados(as) e divorciados(as)

Fonte: Elaborado com base nos dados do IBGE - Censo Demográfico 1991

Distribuição dos homens e das mulheres de 65 anos e mais, por estado conjugal, segundo a cor: regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, 1991

Homens Mulheres

Na região Centro-Oeste, os homens também apresentam uma dinâmica conjugal semelhante à apresentada pelo contingente masculino no Brasil e regiões Norte e Nordeste. No caso das mulheres, a única distinção marcante em relação ao Brasil como um todo é que há uma menor proporção de mulheres idosas pretas entre as viúvas (50,3%), se comparadas às brancas (52,4%) e às pardas (52,8%).

Em relação à região Sudeste e Sul, verifica-se, novamente, que o comportamento conjugal dos homens idosos assemelha-se ao Brasil e às demais regiões já analisadas,

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isto é, em todos os segmentos de cor, a maioria dos homens encontra-se na situação de casado e os homens pretos têm uma situação mais desfavorável em relação ao mercado de casamento. No caso das mulheres idosas na região Sudeste, é importante ressaltar a proximidade entre os valores. As mulheres pardas e pretas apresentam a maior proporção de viuvez – 53,7% e 53%, respectivamente, contra 50,7% notados para as brancas. Nas demais categorias, as pretas apresentam uma situação mais desvantajosa. Na região Sul, a proporção de viúvas mostra-se mais acentuada para todos os segmentos de cor, em relação ao Brasil como um todo. As idosas pretas apresentam uma situação mais desfavorável em todos os estados conjugais, com exceção da condição de separadas, na qual as pardas apresentam a proporção mais elevada.

O interesse em ilustrar o que já foi discutido e em atualizar os dados de Berquó (1986) que tratam da pirâmide da solidão – ou pirâmide dos não-casados (1998), adicionando o componente racial, levou à elaboração dos Gráficos 1, 2, 3 e 4, utilizando dados do Censo de 1991. O intuito é o de verificar o excedente de mulheres no mercado matrimonial, principalmente na terceira idade.

Gráfico 1

Estrutura Etária dos Não-Casados - Brasil, 1991

(0,30) (0,20) (0,10) 0,00 0,10 0,20 0,30 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65+ Idade % dos Não-Casados Viúvo (a) Separado (a)

Homens Mulheres

Solteiro (a)

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Através do Gráfico 1, pode-se verificar a grande distinção e desigualdade entre homens e mulheres não-casados. Ao examinar a pirâmide, nota-se que há, em todas as idades, uma maior proporção de viúvas do que de viúvos, sendo que, com o avançar da idade, a proporção de viúvos cresce muito lentamente, enquanto que a proporção de viúvas o faz de maneira acelerada. Já na faixa etária de 35 a 39 anos, nota-se um significativo aumento da proporção de solteiras, viúvas e separadas em relação ao observado para os homens. Verifica-se, assim, que as mulheres estão destinadas a um futuro incerto no sentido da falta de um parceiro, o que tende a se agravar com o avanço da idade.

Gráfico 2

Estrutura Etária dos Brancos Não-Casados - Brasil, 1991 (0,30) (0,20) (0,10) 0,00 0,10 0,20 0,30 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 + Idade

% dos Brancos Não-Casados viúvo(a) separado(a)

Homens Mulheres

solteiro(a)

Fonte: Elaborado com base nos dados do Censo Demográfico (IBGE), 1991

Ao analisar os Gráficos 2, 3 e 4, nota-se que o perfil do Gráfico 1 se repete para todas as categorias de cor analisadas. No entanto, dentro de cada grupo, verifica-se uma maior proporção de viúvas entre os brancas, do que nos outros dois segmentos de cor (Gráficos 3 e 4). Esse fato pode estar relacionado com a questão da mortalidade adulta feminina diferenciada por cor, em que prevalece a sobremortalidade das pretas. Assim, as mulheres pretas, além da mortalidade diferencial por sexo (que atingem mais os homens do que as mulheres), enfrentam, também, a mortalidade diferencial por cor (morrem mais pretas do que brancas e pardas). As brancas apresentam, com isso,

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maiores chances de sobreviver7 e, conseqüentemente, de se enviuvar. Por fim, nota-se que as pretas apresentam a maior proporção de solteiras, sugerindo mais uma vez, uma maior dificuldade no mercado matrimonial.

Gráficos 3 e 4

Estrutura Etária dos Pardos Não-Casados - Brasil 1991

(0,30) (0,20) (0,10) 0,00 0,10 0,20 0,30 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 + Idade

% dos Pardos Não-Casados

viúvo(a) separado(a)

Homens Mulheres

solteiro(a)

solteiro(a)

Fonte: Elaborado com base nos dados do Censo Demográfico (IBGE), 1991 Estrutura Etária dos Pretos Não-Casados - Brasil 1991

(0,30) (0,20) (0,10) 0,00 0,10 0,20 0,30 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 + Idade

% dos Pretos Não-Casados viúvo(a) separado(a)

Homens Mulheres

Fonte: Elaborado com base nos dados do Censo Demográfico (IBGE), 1991

7 Cunha (1991) utiliza a técnica da orfandade materna como forma de uma indicação do nível da

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No intuito de analisar como se apresentam as escolhas pelos parceiros e parceiras dentro dos diversos grupos de cor na terceira idade no Brasil e nas cinco regiões brasileiras, elaborou-se as Tabelas 3 e 4. Essas tabulações mostram a distribuição dos casais de 65 anos e mais, por cor, segundo a cor dos cônjuges. Pode-se verificar que, para o Brasil como um todo, prevalece tanto para as mulheres como para os homens, uma alta proporção de casamentos endogâmicos quanto à cor. A maior percentagem dessas uniões endogâmicas ocorre no interior do grupo dos brancos. Com isso, 83,9% das idosas brancas casadas são unidas com homens do mesmo grupo de cor, 57,2% das idosas pretas são casadas com homens da mesma categoria de cor e 78,4% das pardas de 65 anos e mais declaram-se unidas a homens do seu mesmo grupo de cor. Em relação aos idosos do sexo masculino, apenas os brancos apresentam valores de uniões endogâmicas mais elevados do que o verificado em relação as mulheres idosas (91,1%). Os homens pretos são os menos favorecidos em relação aos casamentos exogâmicos, isto é, é entre eles que ocorre a menor proporção de casamentos com mulheres de outras categorias de cor. Fato semelhante ocorre ao analisarmos o grupo das idosas: as mulheres pretas são as mais desfavorecidas em relação a escolha de parceiros de outros segmentos de cor. Verifica-se, também, que as mulheres brancas, quando não estão casadas com brancos, estão casadas, na sua maioria, com pardos. Apenas uma pequena porcentagem das idosas brancas encontra-se unida a homens pretos (1,3%). O mesmo pode-se dizer em relação às pardas: quando não casadas com pardos, as idosas pardas os são maioritariamente, com homens brancos. O mesmo ocorre no caso dos homens.

Ao analisar as distribuições da região Norte, verifica-se uma distinção em relação ao Brasil como um todo, pois a maior percentagem de casamentos endogâmicos, tanto para os idosos, quanto para as idosas, se dá no interior do grupo dos pardos - 85,7%, no caso das mulheres, e 85,5%, no caso dos homens. As menores percentagens de casamentos endogâmicos e exogâmicos, tanto para os homens quanto para as mulheres, continuam ocorrendo entre os pretos, como foi verificado no Brasil total. O mesmo ocorre para a região Nordeste.

Na região Centro-Oeste, as idosas pardas e brancas apresentam a maior percentagem de casamentos endogâmicos, cerca de 75%, contra 61% das pretas. No

que as mulheres pretas apresentam-se numa situação de desvantagem em relação às mulheres pardas e principalmente às brancas.

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caso dos homens, a maior proporção de uniões endogâmicas encontra-se entre os brancos (77,7%), enquanto os idosos pretos apresentam uma baixa proporção de união com o mesmo grupo de cor (48,8%).

No caso da região Sudeste, verifica-se que, entre as mulheres idosas, a maior proporção de casamento endogâmico se dá entre as brancas (90,7%) e a menor, entre as pardas (69,5%), com uma pequena diferença em relação ao encontrado entre as pretas (70,3%). Em termos dos idosos do sexo masculino, os brancos também apresentam a maior porcentagem de união endogâmica (91,5%) e os pretos a menor (57,5%).

Na região Sul, similarmente ao encontrado no Sudeste, nota-se no caso das idosas, a maior percentagem de casamentos endogâmicos encontra-se entre as brancas (95,8%) e a menor proporção entre as pardas (71,7%), como já foi assinalado anteriormente . No caso dos idosos, os brancos também apresentam uma maior proporção de casamentos endogâmicos (96,1%) e os pretos, a menor proporção (63,6%). É na região Sul que podemos verificar os mais altos índices de endogamia entre os brancos.

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Tabela 3

Brasil Total e Cor das

Regiões Mulheres Branca Preta Parda Total

Brasil Total Branca 83,94 1,32 14,73 100 Preta 13,73 57,19 29,07 100 Parda 18,48 3,14 78,38 100 Norte Branca 64,60 2,42 32,98 100 Preta 15,96 55,21 28,83 100 Parda 11,18 3,16 85,67 100 Nordeste Branca 67,66 2,09 30,25 100 Preta 13,86 58,46 27,67 100 Parda 14,45 3,06 82,49 100 Centro-Oeste Branca 74,96 1,90 23,14 100 Preta 15,96 61,03 23,00 100 Parda 21,00 3,80 75,19 100 Sudeste Branca 90,73 1,03 8,23 100 Preta 12,64 70,37 16,99 100 Parda 23,20 7,24 69,56 100 Sul Branca 95,78 0,56 3,66 100 Preta 9,36 79,90 10,75 100 Parda 24,06 4,23 71,70 100

Fonte: Elaborado com base nos dados do IBGE - Censo Demográfico 1991 Cor dos Homens segundo a cor dos maridos, por cor: Brasil total, regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, 1991

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Tabela 4

Brasil Total e Cor das

Regiões Homens Branca Preta Parda Total

Brasil Total Branca 91,18 0,99 7,83 100 Preta 15,82 56,83 27,35 100 Parda 29,09 3,64 67,27 100 Norte Branca 65,74 1,85 32,41 100 Preta 13,39 43,23 43,38 100 Parda 12,52 2,01 85,46 100 Nordeste Branca 68,11 2,02 29,87 100 Preta 14,67 45,30 40,03 100 Parda 17,42 1,94 80,64 100 Centro-Oeste Branca 77,72 1,76 20,52 100 Preta 19,17 48,83 32,00 100 Parda 26,58 2,23 71,19 100 Sudeste Branca 91,53 0,99 7,48 100 Preta 15,80 57,50 26,71 100 Parda 31,87 3,97 64,15 100 Sul Branca 96,15 0,46 3,39 100 Preta 21,26 63,62 15,13 100 Parda 33,01 2,25 64,74 100

Fonte: Elaborado com base nos dados do IBGE - Censo Demográfico 1991 Cor das Mulheres segundo a cor das eposas, por cor: Brasil Total, regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, 1991

Distribuição dos homens casados, 65 anos e mais,

VI) Conclusão

Este trabalho apresentou como objetivo central analisar, para o Brasil e regiões, o estado conjugal segundo a cor dos cônjuges e o grau de endogamia das uniões em relação à cor dos parceiros na terceira idade. Utilizou-se os dados censitários de 1991, pontuando as diferenças entre as diversas regiões brasileiras. Esses dados analisados trouxeram importantes informações a respeito das distinções e desigualdades entre homens e mulheres e entre os três segmentos de cor no que diz respeito ao estado conjugal de cada um deles. Uma síntese dos achados será apresentada a seguir.

- Verificou-se que a dinâmica conjugal do contingente masculino é consideravelmente distinta da observada para as mulheres. Nas duas faixas etárias

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analisadas – população acima de 20 anos e 65 anos e mais, os homens apresentaram-se, em maior proporção, na condição de casados. No caso das mulheres brasileiras, notou-se uma grande diferenciação entre as faixas etárias analisadas. No grupo de 20 anos e mais, as mulheres encontravam-se, na sua maioria, casadas, ao passo que, no segmento de 65 anos e mais, apresentavam-se, na sua ampla maioria, como viúvas.

- Entre os homens, os brancos sempre apresentaram, tanto para o Brasil como um todo, como nas demais áreas estudadas, a maior proporção de casados e a menor de solteiros, separados e viúvos. Os pretos encontraram-se sempre na posição mais desfavorável: menor proporção de casados e maior porcentagem de separados, solteiros e viúvos. Os pardos apresentaram-se, com freqüência, numa posição intermediária, porém mais próximo do perfil dos brancos do que dos pretos.

- As mulheres brancas, no caso do Brasil como um todo, também mostraram-se numa posição mais privilegiada em relação ao mercado matrimonial, se comparadas às pardas e pretas, assim como os homens brancos. No entanto, encontrou-se entre as pardas a menor proporção de viúvas. As mulheres pretas, assim como os homens pretos, encontraram-se na situação mais desvantajosa: maior proporção de viúvas, solteiras e separadas e menor porcentagem de casadas.

- O grupo das mulheres idosas apresentou algumas distinções regionais instigantes se comparado ao perfil médio do Brasil, como um todo. Na região Norte, entre as pardas é que se encontrou a maior proporção de casadas. As pretas nas regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram a menor porcentagem de viúvas. Na região Sul, a proporção de viúvas, dentro de cada grupo de cor, era mais acentuada do que nas demais populações analisadas.

- Prevalece no Brasil, tanto para os homens idosos quanto para as mulheres idosas, uma alta proporção de uniões endogâmicas quanto à cor. As maiores porcentagens desses casamentos ocorreram no interior do grupo dos brancos e as menores, entre os pretos. Os pardos apresentaram-se, novamente, na posição de intermediários. Essas tendências já haviam sido apontadas por Berquó (1988, 1991) com base nos dados do Censo de 1980, mas enfocando a população total do país.

- As regiões Norte e Nordeste apresentaram uma distinção em relação ao que foi verificado no Brasil como um todo: a maior proporção de casamentos endogâmicos, tanto para os idosos quanto para as idosas, se deu no interior do grupo dos pardos.

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- Já na região Sul, foram verificados as maiores proporções de casamentos endogâmicos entre os brancos do que nas outras regiões e no Brasil total.

- Notou-se também que, quando há casamentos exogâmicos entre os brancos, as uniões ocorrem na sua maioria com os pardos. No caso dos pardos, ocorre algo semelhante: quando não casados com indivíduos da mesma categoria de cor, os idosos pardos optam por se unirem a brancos. Já os casamentos exogâmicos do grupo dos pretos ocorrem, na sua maioria, com pardos e muito raramente com brancos. Assim, verificou-se que os pretos são, na maioria das vezes, preteridos numa escolha pelos parceiros conjugais, por indivíduos “mais claros”.

O esforço que se fez aqui foi o de tentar retratar e analisar, através dos dados censitários de 1991, as distinções e desigualdades em relação ao estado conjugal e às uniões inter-raciais entre os homens e as mulheres, com ênfase especial na população de 65 anos e mais. Verificou-se, como já havia sido discutido por Berquó (1988, 1991), que as mulheres, de um modo geral, têm maiores dificuldades para encontrar um parceiro, principalmente com o avanço da idade. Essas dificuldades mostraram-se mais aguçadas quando foi adicionado o componente racial. A situação das idosas pretas mostrou-se a mais desfavorável no mercado matrimonial, se comparada à das mulheres brancas e pardas.

No entanto, é preciso cautela na interpretação dos resultados por duas razões. Em primeiro lugar, porcausa da migração entre as categorias de cor. Dado que há uma reclassificação no sentido do embranquecimento, é possível que esse movimento afete a categoria preta de forma diferenciada, fazendo com que mais homens migrem para a categoria parda. Se isso for verdade, restariam mais mulheres na categoria preta, dificultando ainda mais a situação destas no mercado matrimonial. Apesar de Wood e Carvalho (1994) sugerirem o uso da categoria brancos e não-brancos, menos susceptíveis à reclassificação, apesar das ressalvas considero importante diferenciar a situação de pretos e pardos.

Em segundo lugar, é preciso cautela porque não foi feito aqui um exercício de padronização. É possível que algumas diferenças entre brancos, pretos e pardos desaparecessem caso as estruturas etárias destes três grupos fossem semelhantes. Este exercício será tema de trabalho futuro.

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Berquó (1986), ao analisar a grande proporção de mulheres brasileiras que se encontravam sozinhas, especialmente na terceira idade, na década de 80, denominou seu estudo de “Pirâmide da solidão”. Em um trabalho posterior (1998), a autora referiu-se à mesma pirâmide como sendo apenas uma “Pirâmide dos não-casados”, pois, segundo ela, “estar só pode ser uma opção e não apenas um fardo” (Berquó, 1998: 437). Na minha opinião, a melhor definição para retratar a real situação das mulheres brasileiras, sobretudo as da terceira idade, continua sendo “Pirâmide da solidão”. Como discutido anteriormente, além da questão demográfica do superávit feminino, resultado, sobretudo, da mortalidade diferencial por sexo, as mulheres ainda enfrentam em nossa sociedade normas culturais e sociais que fazem com que os homens se unam, geralmente, a mulheres mais jovens, enquanto as mulheres em conseqüência, usualmente se unem a homens de grupos etários superiores, os quais encontram-se cada vez mais rarefeitos, devido a sobremortalidade masculina. Portanto, até que ponto pode-se considerar, tendo em vista os dados censitários, que o estar só das mulheres não-casadas seja uma opção? O caso das mulheres idosas pretas é ainda mais emblemático desta situação. Tendo que competir com brancas e pardas no mercado matrimonial, estas mulheres se encontram, na sua maioria, sozinhas. Com base somente em dados censitários, como afirmar categoricamente que elas preferem estar nessa condição? Para elucidar essa questão, seria necessária uma pesquisa mais específica, qualitativa, que abarcasse de forma mais ampla o tema. Por que não num futuro trabalho?

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Referências

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