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SCHENGEN MANUAL PRÁTICO SISTEMA DE INFORMAÇÃO SCHENGEN E COOPERAÇÃO POLICIAL

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO SCHENGEN

E COOPERAÇÃO POLICIAL

SCHENGEN

MANUAL PRÁTICO

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MANUAL PRÁTICO

SCHENGEN

SISTEMA DE INFORMAÇÃO SCHENGEN

E COOPERAÇÃO POLICIAL

SELECÇÃO DE TEXTOS GABINETE NACIONAL S.I.R.E.N.E.

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EDIÇÃO EXCLuSIVA PARA AS FORÇAS E SERVIÇOS DE SEGuRANÇA A LEITuRA DESTE MANuAL NÃO DISPENSA A CONSuLTA, IMPRESCINDÍVEL, DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

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Se o leitmotiv para o arranque da construção europeia foi a partilha de recursos im-portantes após a II Guerra Mundial (o carvão e o aço), a edificação de uma Casa Comum converteu-se, desde cedo, em objectivo primordial dos Estados-membros da Comunida-de Económica Europeia e da União Europeia. Em primeiro lugar, instituiu-se um espaço de livre circulação de pessoas e bens. Depois, cimentou-se esse espaço com os valores que constituem o nosso património histórico, político e cultural: a Liberdade, a Seguran-ça e a JustiSeguran-ça.

Do debate sobre o significado de livre circulação de pessoas, iniciado durante os anos 80 do século passado em resultado da reflexão sobre o conceito de União e Cidadania Europeia, resultou uma cooperação intergovernamental reforçada. Esta cooperação - entre a França, a Alemanha, a Bélgica, o Luxemburgo e os Países Baixos - consubstan-ciou-se na assinatura, em 1985, do Acordo Schengen e criou uma nova dimensão da cons-trução europeia - um espaço sem fronteiras, sem controlo de pessoas ou de bens e sem impedimentos à liberdade de circulação: o “Espaço Schengen”.

Entre 1985 e 2010 este espaço sem fronteiras foi alargado para incluir quase todos os Estados-membros da União Europeia. A evolução implicou a abolição das fronteiras in-ternas dos Estados signatários e a criação de uma fronteira externa comum, o que obriga à adopção de regras comuns – ou pelo menos compatíveis -em matéria de vistos, direito de asilo, e controlo de fronteiras externas, a fim de permitir a livre circulação das pessoas segundo procedimentos idênticos.

A livre circulação foi acompanhada do desenvolvimento das chamadas medidas “compensatórias”. Pretende-se melhorar a coordenação e a cooperação entre os servi-ços de polícia e as autoridades judiciais para preservar a segurança interna dos Estados-membros e, em especial, lutar contra a criminalidade organizada e o terrorismo. Neste contexto, foi criado o Sistema de Informação Schengen (SIS). O SIS assenta no reconhe-cimento de que a livre circulação no interior do espaço Schengen exige como contrapar-tida não apenas o reforço das fronteiras externas comuns, mas também o intercâmbio rápido e eficiente de informações policiais e judiciais.

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4

Após ter aderido à Comunidade Económica Europeia em 1986, Portugal assumiu-se como Estado-membro fundador do espaço de livre circulação europeu. Esse espaço foi concretizado com a assinatura, em 1991, do Acordo de Adesão à Convenção de Aplicação do Acordo Schengen e tem vindo a ser aprofundado mediante a aplicação das disposi-ções do chamado “Acervo Schengen” (constituído pelo Acordo Schengen, pela Conven-ção de AplicaConven-ção do Acordo de Schengen, pelos Protocolos de Adesão e pelas Decisões adoptadas pelo Conselho da UE).

Portugal tem hoje um papel fulcral no que respeita à evolução e ao alargamento a outros Estados do Espaço Schengen. Coube-nos, no segundo semestre de 2007, o privi-légio de conduzir o alargamento desse espaço a nove novos Estados-membros da União Europeia: Letónia, Lituânia, Estónia, República Checa, Polónia, Eslováquia, Hungria, Eslovénia e Malta. Essa meta foi alcançada no dia 21 de Dezembro de 2007, graças ao sistema português Sisone4all. Tratou-se de uma excelente notícia para milhões de cida-dãos europeus, que começaram o ano de 2008 juntando aos sentimentos de cidadania criados pelo Tratado Reformador de Lisboa a experiência gratificante de se deslocarem livremente numa Europa sem fronteiras.

A União Europeia continua hoje a desenvolver-se no sentido do estabelecimento e da consolidação de um espaço de Liberdade, Segurança e Justiça, alicerçado na liberda-de liberda-de circulação, na garantia liberda-de segurança dos cidadãos e na prevenção e no combate à criminalidade organizada e ao terrorismo. As disposições do “Acervo Schengen” em ma-téria de cooperação policial, coadjuvadas pela existência de um sistema de informação que permite às autoridades obter informações sobre pessoas ou objectos, constituem a rede de segurança necessária ao crescimento de uma Europa simultaneamente mais li-vre e mais segura.

Os manuais práticos agora reeditados são, neste contexto, importantes instrumen-tos de trabalho. Portugal quer continuar a ser um exemplo da boa aplicação das disposi-ções Schengen e está apostado em procurar e propor soludisposi-ções inovadoras em todos os órgãos e instâncias comunitários. Todavia, é através da actividade diária e do empenha-mento das forças e dos serviços de segurança nacionais que se consolida a ideia de Liber-dade, Segurança e Justiça num espaço sem fronteiras entre Estados livres, prósperos, democráticos e solidários.

Rui Pereira Ministro da Administração Interna

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1.

O ACORDO DE SCHENGEN E A CONVENÇÃO DE APLICAÇÃO

Origem: Em 1985, os governos da Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, França e Re-pública Federal Alemã celebraram, na localidade de Schengen, no Luxemburgo, um “Acordo Relativo à Supressão Gradual dos Controlos nas Fronteiras Comuns”, que pas-sou a ser conhecido como Acordo de Schengen.

Objectivo: o Acordo de SCHENGEN visava a criação de uma zona de livre circulação de pessoas entre os Estados Parte, pela supressão gradual dos controlos nas fronteiras comuns (internas) e, simultaneamente, pela implementação de medidas de segurança compensatórias, tendentes, não só a manter mas a intensificar os níveis de segurança e ordem públicas já existentes nos referidos Estados.

A convenção de aplicação: para materializar o referido espaço sem controlo de fronteiras internas impunha-se o estabelecimento de regras precisas que os Estados de-veriam observar, quer no plano prático quer no plano jurídico. A 19 de Junho de 1990 foi assinada, com essa finalidade, a Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen (adiante designada simplesmente por CAAS).

Acervo: o acervo de Schengen foi integrado na União Europeia pelo Tratado de Amesterdão em 1999 passando, consequentemente, a ser direito europeu.

Actualmente aplicam o acervo de Schengen os seguintes países: Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Áustria, Alemanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Finlândia, Su-écia, Dinamarca, Eslovénia, Eslováquia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Po-lónia, República Checa e ainda a Islândia, a Noruega e a Suiça, apesar de não serem Esta-dos Membros da União Europeia.

O Liechtenstein, a Roménia e a Bulgária estão em fase de preparação para começa-rem a aplicar o acervo de Schengen a partir de 2011.

2.

FRONTEIRAS EXTERNAS E FRONTEIRAS INTERNAS

O Acordo de Schengen preconizava a abolição dos controlos nas fronteiras inter-nas. A expressão fronteira interna traduz, desde logo, a ideia de pertença a um espaço (território, área) comum, dotado de uma fronteira externa também comum.

Não é difícil intuir que, se vários Estados decidem entre si integrar os seus territórios num espaço comum sem controlo de fronteiras, a autorização de entrada concedida a uma pessoa, por qualquer um daqueles Estados, abre-lhe a possibilidade real de entrar no território de todos os outros. Assim, a fronteira externa de um Estado Parte passa a ser fronteira externa de todos os outros, porque é fronteira externa do mesmo espaço ou território comum.

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8

É a própria CAAS que, no seu art.º 1.º, define, entre outros, os conceitos de fronteira interna, de fronteira externa, de ponto de passagem fronteiriço e de controlo fronteiriço.

Toda a matéria relativa à supressão dos controlos nas fronteiras internas e passagem nas fronteiras externas, art.os 2.o a 8.o da CAAS, está hoje regulada pelo chamado Código

de Fronteiras, aprovado pelo Regulamento (CE) n.º 562/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Março de 2006.

3.

MEDIDAS COMPENSATÓRIAS

Desta ordem de coisas se retiram, desde logo, quatro conclusões:

n Ao diminuir a quantidade e a frequência dos controlos em geral (pela abolição

dos controlos nas fronteiras internas), também diminui a segurança interna de cada um dos Estados Parte (já que fica facilitada toda a espécie de tráfico ilícito, seja de pessoas, de substâncias ou de objectos);

n Cada Estado Parte vê a sua fronteira externa estender-se imensamente,

pois, para além da que se situa no seu próprio território, passa a ter como frontei-ra externa todas as outfrontei-ras fronteifrontei-ras externas pertencentes aos restantes Esta-dos Parte;

n Em contrapartida, cada Estado Parte tem nas suas mãos a responsabilidade

acrescida de velar pela segurança dos seus parceiros e tem de confiar no controlo que é exercido pelos restantes Estados Parte;

n Esta responsabilidade não se reduz ao mero controlo fronteiriço mas abrange

e vincula todas as entidades com responsabilidades na luta e prevenção da crimi-nalidade e na manutenção da ordem e segurança públicas, ou seja, todas as for-ças e serviços de segurança e ainda as entidades judiciárias.

Assim sendo, a criação de um espaço sem controlo de fronteiras internas impõe a adopção de medidas que compensem o défice de segurança daí decorrente.

Por isso, o Acordo Schengen determina que as Partes:

n transfiram para as fronteiras externas os controlos abolidos nas fronteiras

internas;

n se esforcem por harmonizar, sendo necessário, as disposições legislativas e

regulamentares relativas às proibições e às restrições que fundamentam os controlos;

n adoptem medidas complementares para a salvaguarda da segurança e para

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A CAAS estabeleceu uma série de medidas compensatórias, para além de diversas disposições, cuja adopção é obrigatória e não admite reservas.

Alguns dos aspectos mais significativos são:

n A consagração do princípio da livre circulação de todas as pessoas no espaço

Schengen, sejam nacionais de Estados Membros da União Europeia ou estran-geiras (art.º 2.º, n.º l, CAAS).

n A definição do conceito de cidadão estrangeiro (art.º 1.º).

n O estabelecimento das condições necessárias para a entrada nas fronteiras

externas de cidadãos estrangeiros (art.º 5.º).

n A definição de “Estado terceiro” (art.º 1.º).

n A obrigatoriedade de adopção de um sistema comum de vistos e a adopção do

visto comum (art.os 9.º a 17.º).

n A determinação de regras relativas aos procedimentos de controlo

fronteiri-ço (art.os 3.º a 7.º) e de circulação de estrangeiros (art.os 19.º a 23.º).

n O estabelecimento de processos e meios para incrementar a cooperação

poli-cial (art.os 7.º e 39.º a 47.º).

n A agilização de meios para uma maior e mais eficaz cooperação judiciária em

matéria penal (art.os 48.º a 69.º).

n A obrigatoriedade de os Estados adaptarem às disposições da CAAS as suas

legis-lações e regulamentos administrativos em matéria de compra, comércio e uso de armas de fogo e de munições (art.os 77.º a 91.º).

n O estabelecimento de regras comuns relativas à protecção de dados pessoais

informatizados, relativas à garantia dos cidadãos face ao tratamento desses da-dos e de indemnização por prejuízos causada-dos pela incorrecta manipulação ou utilização dos mesmos (art.os 102.º a 118.º e 126.º a 130.º).

n A criação do Sistema de Informação Schengen (art.os 92.º a 101.º).

Como já se referiu, algumas destas matérias estão hoje reguladas no Código de Fron-teiras, outras no Código de Vistos, aprovado pelo Regulamento (CE) n.º 810/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho de 2009 (em aplicação a partir de Abril de 2010) e outras ainda sofreram actualizações/alterações por meio de vários ins-trumentos legais.

A CAAS dedica todo o seu Título IV (art.os 92.º a 119.º) ao Sistema de Informação

Schengen, habitualmente designado por SIS. Trata-se de uma base de dados policiais co-mum a todos os Estados Schengen. O seu correcto funcionamento é obrigatório. Dada a sua relevância para a segurança interna dos Estados Parte, constitui condição prévia à aplicação efectiva da Convenção ao território de um Estado Parte e à abertura das suas fronteiras internas.

O Título IV tem vindo a ser alterado através de vários instrumentos legais pelo que é fundamental a consulta de uma versão actualizada da CAAS.

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10

Podemos então afirmar que o SIS constitui uma das mais importantes medidas com-pensatórias em termos de:

n Controlos policiais e de fronteira;

n Prevenção da criminalidade e instauração de acções penais pela sua prática; n Intercâmbio de informação através da informação suplementar pertinente

tro-cada entre as partes;

n Emissão de vistos e autorizações de residência.

A funcionar desde 1995, o SIS constitui, comprovadamente, um instrumento altamen-te eficaz de cooperação entre todas as polícias e outras entidades utilizadoras na Europa, cuja informação se encontra à disposição para consulta directa de todos os agentes no ter-reno, seja nas esquadras, nas fronteiras, nos controlos de estrada e alfandegários, nos tri-bunais, nos consulados. Actualmente está também disponível para consulta pela Europol e Eurojust.

Esta importância tem sido amplamente reconhecida pelo Conselho da União Euro-peia através de vários documentos no âmbito da política de liberdade e segurança da União.

A sucessiva integração de novos Estados no espaço Schengen traduziu-se num au-mento do volume de dados inseridos – neste moau-mento o SIS contém mais de 33 mi-lhões de dados.

Antecipando este aumento e também com o objectivo de aumentar a eficácia do sis-tema através da introdução de novas funcionalidades, os Estados Membros decidiram, em 2001, desenvolver um Sistema de Informações Schengen de segunda geração (SIS II). Esta tarefa foi confiada à Comissão.

Além das categorias de dados actualmente abrangidas, o SIS II terá capacidade para armazenar impressões digitais, fotografias e cópias de mandados de deten-ção europeus, incluirá disposições de protecdeten-ção das pessoas cuja identidade esteja a ser indevidamente utilizada e fará a ligação entre diversas indicações (alertas).

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2.

CONTEÚDO E

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1.

A ESTRUTURA DO S.I.S.

A arquitectura do SIS tem a forma de estrela, cuja parte central do sistema (CSIS) se localiza em Estrasburgo.

Em cada um dos Estados Schengen existe uma parte nacional do sistema (NSIS), que é um espelho da parte central.

Assim, cada parte nacional (NSIS) contém exactamente os mesmos dados que a parte central, sendo tais dados tornados disponíveis, alterados ou eliminados ao mesmo tempo em cada uma dessas partes (o que pressupõe que os dados SIS são exactamente iguais em todos os Estados Schengen e a todo o momento).

Cada Estado Parte designou uma entidade responsável pela manutenção e funciona-mento do seu NSIS (estrutura técnica) e criou uma estrutura funcional (cada um dos Gabinetes S.I.R.E.N.E.) responsável pela coordenação/gestão da informação nele con-tida – art.os 92.º n.º 4 e 108.º da CAAS.

Os Estados Schengen são actualmente 25: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslovénia, Eslováquia, Espanha, Estónia, França, Finlândia, Grécia, Hungria, Itália, Le-tónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, República Checa, Suécia, Noruega, Islândia e Suiça.

NSIS ESLOVÁquIA NSIS FRANÇA NSIS SuIÇA NSIS POLóNIA NSIS ESPANHA NSIS PORTuGAL NSIS LETóNIA NSIS R. CHECA NSIS ITÁLIA NSIS HOLANDA NSIS BÉLGICA NSIS ISLâNDIA NSIS ESTóNIA NSIS FINLâNDIA NSIS HuNGRIA NSIS MALTA NSIS DINAMARCA NSIS ÁuSTRIA APOIO TéCNICO C.SIS ESTRASbURGO NSIS GRÉCIA NSIS LITuâNIA NSIS LuXEMBuRGO NSIS NORuEGA NSIS SuÉCIA NSIS ESLOVÉNIA NSIS ALEMANHA

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14

Os três últimos, embora não sendo Estados Membros da União Europeia, celebra-ram com esta um acordo de associação e vinculacelebra-ram-se a aplicar as regras Schengen.

Até 2011 deverão integrar o SIS o Liechtenstein, a Roménia e a Bulgária, como já foi referido.

2.

TIPO DE INFORMAÇÃO: DADOS, MOTIVOS E ACÇÕES

Dados

O art.º 94.º estabelece as categorias de dados que podem ser introduzidos no SIS:

n Pessoas n Objectos n Veículos

Motivos e Acções

Estes dados só podem ser introduzidos por determinados motivos e com vista a de-terminados fins (acções a desenvolver). Ao conjunto de dados (identificação de uma pessoa, de um veículo ou de um objecto, mais o motivo e a acção a desenvolver) chama-se Indicação.

Categorias das indicações: Pessoas; Veículos; Armas; Documentos em bran-co; Documentos emitidos; Notas de Banbran-co; Chapas de matrícula.

Os art.os 95.º a 100.º da CAAS estabelecem os vários tipos de indicações:

n Art.º 95.º – Pessoas a deter para efeitos de entrega/extradição; n Art.º 96.º – Estrangeiros inadmissíveis no espaço Schengen;

n Art.º 97.º – Pessoas desaparecidas ou que necessitem de protecção policial

por motivos diversos;

n Art.º 98.º – Pedidos judiciais de paradeiro;

n Art.º 99.º – Pedidos de vigilância discreta ou controlo específico de pessoas e

veículos;

n Art. 100.º – Apreensão de documentos de identidade emitidos, títulos de registo

de propriedade automóvel, documentos em branco, armas, notas de banco, veí-culos e chapas de matrícula ( furtados , desviados, extraviados ou invalidados). Pretende-se, por um lado:

n Que cada indicação contenha uma referência ao motivo pelo qual aqueles dados

estão inseridos por um certo país, e por outro:

n Que o agente policial no terreno saiba exactamente o que fazer quando perante a

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CATEGORIAS

DE DADOS

qUE PODEM

SER INSERIDOS

NO SISTEMA

DE INFORMAÇÃO

SCHENGEN

PESSOAS

DOCuMENTOS

ARMAS

DE FOGO

NOTAS DE BANCO

VEÍCuLOS

E CHAPAS DE MATRICuLA

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16

3.

ENTIDADES UTILIZADORAS

Aos dados do SIS não pode ter acesso qualquer entidade ou qualquer pessoa. A regra é que o acesso só pode ser dado às entidades que exerçam as funções consignadas nos art.os 101.º e 102.º–A da CAAS. E mesmo dentro destas entidades, com base no

prin-cípio da necessidade de conhecer, só as pessoas que exercem efectivamente funções para o desempenho das quais tenham necessidade de acesso a tais dados, poderão tê-lo. O acesso também pode ser limitado ao tipo de dados de que se necessita. O acesso é, as-sim, traçado nos seus princípios pela própria CAAS.

A definição das entidades nacionais com direito de acesso e direito de criação de indicações SIS foi inicialmente estabelecida pelo art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 292/94, de 16 de Novembro, que criou o Gabinete Nacional S.I.R.E.N.E. Posteriormente o direito de acesso ao SIS foi estendido a outras entidades, por força das alterações introduzidas ao Título IV da CAAS.

Haverá ainda que destrinçar entre direito de acesso de mera consulta e direito de acesso para consultar e inserir dados.

Assim, são as seguintes as entidades com direito de consulta a todos os dados (com excepção da DGAIEC) e ainda de inserção:

n Serviço de Estrangeiros e Fronteiras; n Guarda Nacional Republicana; n Polícia de Segurança Pública; n Polícia Judiciária;

n Direcção Geral das Alfandegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo:

con-sulta os dados relativos aos art.os 99.º e 100.º.

Entidades só com direito de consulta: 1. A todos os dados:

n Magistrados do Ministério Público n Juízes de Instrução Criminal

2. Só a alguns dados:

n Direcção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas – aos

dados do art. 96.º (estrangeiros inadmissíveis) e aos dados relativos a documentos referentes a pessoas, inseridos nos termos das alíneas d) e e) do n.º 3 do art. 100.º.

n Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) – a alguns dados

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4.

OS GAbINETES S.I.R.E.N.E.

“SIRENE” é o acrónimo de “Supplementary Information Required at the National Entries” (Informação Suplementar requerida pelos Registos Nacionais).

Os gabinetes SIRENE constituem, no âmbito do SIS, um ponto de contacto único para todas as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da lei e desempenham ainda um importante papel na cooperação policial dentro do espaço Schengen.

Para gerir toda a informação constante do SIS e trocar a informação adicional necessária à execução das indicações (alertas), seja entre as entidades nacionais ou entre os Estados Parte, tornou-se imperioso prever a criação destes Gabinetes SIRENE que, em nome de cada Estado, assumem a responsabilidade de:

n Manter e controlar a legalidade da informação, a sua actualidade e correcção; n Fornecer aos serviços competentes que estão no terreno, bem como às

entida-des judiciárias, todos os elementos indispensáveis à prossecução das tarefas relativas à execução das indicações.

A extensão do território comum, a diversidade linguística, a multiplicidade de servi-ços utilizadores dos dados, os contactos com entidades policiais e judiciárias e o volume de dados existente no SIS (que contém actualmente mais de 33 milhões de indicações dos 25 Estados Schengen), não se compadece com a simples inserção dos mesmos e um bom funcionamento técnico-operativo do sistema. É forçosa a existência de entidades habilitadas a gerir toda esta informação e a garantir uma actuação comum e coordenada entre as polícias de todos os Estados.

Estas entidades são igualmente responsáveis, a nível externo, pelo bom funciona-mento do sistema nos respectivos Estados e pela autenticidade, legalidade e actualidade da informação que estes carregam no SIS (art.º 108.º da CAAS). Foram assim, designa-dos para este fim, por decisão designa-dos Ministros da Administração Interna, da Justiça e designa-dos Negócios Estrangeiros dos Estados Schengen, os gabinetes S.I.R.E.N.E – abreviatura de Supplementary Information Required at the National Entries.

Sendo a eficácia e a celeridade fulcrais na troca de informação entre os Estados, tais entidades devem:

n Seguir processos e regras de funcionamento comuns; n Estar disponíveis 24 horas por dia/7 dias por semana; n Dispor de informação suplementar de forma imediata; n Dispor de meios de comunicação rápidos, eficazes e seguros;

n Dispor de pessoal capaz de comunicar em línguas de utilização comum.

Assim ficou estabelecido na legislação específica (o chamado MANUAL SIRENE) sobre o funcionamento e modus operandi destes Gabinetes.

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18

Os Gabinetes SIRENE são, assim, a plataforma através da qual gira toda a troca de informações entre os Estados Schengen, o suporte de apoio aos agentes no terreno e ainda um importante apoio no âmbito da cooperação judiciária.

Possuem serviços jurídicos e de tradução próprios e desempenham um papel funda-mental na cooperação internacional.

A descoberta de indicações SIS (hits) no espaço Schengen, no ano de 2009, foi superior a 146 000. Destas,

n + de 11 000 corresponderam a entregas efectuadas no âmbito do Mandado de

Detenção Europeu;

n + de 21 000 a carros roubados que foram encontrados; n + de 14 000 a documentos detectados;

n + de 43 000 a descobertas relativas a cidadãos inadmissíveis; n + 34.000 a pessoas desaparecidas que foram localizadas.

Esta eficácia traduzida em números pode considerar-se notável ao nível da coopera-ção policial internacional.

O sucesso do SIS na luta contra a criminalidade e na defesa da segurança interna dos Estados Schengen foi já amplamente reconhecido pelo Conselho de Ministros da União Europeia.

Para que o SIS funcione e os serviços de polícia e aduaneiros dele tirem todo o pro-veito para um melhor e mais eficaz desempenho de todas as suas competências, é neces-sário que:

n Seja permanentemente carregado

com toda a informação pertinente;

n E toda a informação seja consultada,

de forma sistemática e eficaz, pelos

agentes que a podem/devem utilizar.

Esse é o objectivo primordial do SIS. E tanto o Carregamento de dados como a sua Consulta sistemática são Obrigatórios para todos os Estados/ entidades.

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5.

O GAbINETE NACIONAL SIRENE

O SIRENE Portugal, cuja designação oficial é Gabinete Nacional SIRENE, foi criado pelo Decreto-Lei n.º 292/94, de 16 de Novembro e foi recentemente integrado no Gabinete Coordenador de Segurança pela Lei de Segurança Interna, Lei n.º 53/2008, de 29 de Agosto.

O Gabinete Coordenador de Segurança é um órgão do Sistema de Segurança Interna e funciona na directa dependência do Primeiro-Ministro ou, por delegação, do Ministro da Administração Interna

A estrutura do Gabinete Nacional SIRENE compreende o Coordenador, dois Coor-denadores-Adjuntos, o Concelho de Ligação e Acompanhamento, os serviços operativo, jurídico, de tradução e de secretariado.

O Coordenador e os Coordenadores-Adjuntos são nomeados por despacho conjunto dos Ministros da Administração Interna, da Justiça, dos Negócios Estrangeiros e das Finanças.

O serviço operativo é composto por quatro grupos de trabalho:

n Um do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras; n Um da Polícia de Segurança Pública; n Um da Guarda Nacional Republicana; n E um da Polícia Judiciária.

Cada um destes grupos é chefiado por um responsável nomeado pela respectiva Força ou Serviço de Segurança.

A nível nacional, a entidade responsável pelo funciona-mento do NSIS é o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Uma vez esclarecido o que é e como funciona o SIS, qual a natureza das indicações, qual a frequência das descobertas de indicações e qual o papel determinante desenvolvi-do pelos Gabinetes SIRENE, importa agora passar a referir aspectos de natureza mais prática:

Qual é a intervenção que se espera, no dia-a-dia, por parte dos agentes policiais por-tugueses e dos demais Estados Parte dos Acordos de Schengen, quando, no terreno, se deparam com uma situação concreta que envolve pessoas, veículos e objectos inseridos no Sistema de Informação Schengen?

Nas páginas seguintes, em fichas separadas, descreve-se qual a actuação a adoptar em cada uma das circunstâncias a que correspondem indicações no SIS ao abrigo dos art.os

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(22)

3.

PROCEDIMENTOS

ACÇÕES A DESENVOLVER

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ART.º 95º

DETENÇÃO PARA EFEITOS DE ENTREGA (MDE – Mandado de Detenção Europeu)

Acção a desenvolver:

n Proceder à detenção da pessoa indicada no SIS, tomando as acções necessárias

à correcta determinação da identidade, quando haja dúvidas.

Atenção: A detenção faz-se com base na indicação SIS, não necessitando o agente de um mandado de captura.

n Comunicar de imediato a detenção ao Gabinete Nacional SIRENE usando

o MOD.7/SIR/HIT (ver pág. 51) correctamente preenchido. Telefone em caso de dúvida;

n Após esta comunicação, entregar a pessoa detida( no prazo de 48 horas ), no

Tri-bunal da Relação da área de residência da referida pessoa. Caso não tenha resi-dência em Portugal o Tribunal da Relação competente é o da área de detenção. Se a entrega do detido não se puder efectuar dentro daquele prazo (por se estar, por exemplo, em fim de semana), o detido deverá ser presente ao Ministério Pú-blico junto do Tribunal de 1a Instância da área do Tribunal da Relação;

n O Gabinete Nacional SIRENE incumbe-se de enviar ao Tribunal da Relação

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24

Muito importante:

n Acção “06”: Deverá verificar-se se no ecrã inicial aparece o desenho de uma

bandeira no campo “Estado”.

Nessa eventualidade, embora o motivo seja o da detenção para entrega/extradição, a pessoa visada não poderá ser detida para esse fim, por razões da legislação nacional. Nes-te caso, a pessoa não será detida, mas é obrigatoriamenNes-te comunicado ao SIRENE o seu local de permanência e/ou a sua morada.

n Indicação Portuguesa: Uma outra situação prende-se com a necessidade de

verificar se a indicação é portuguesa – o número Schengen é iniciado com a letra P. Neste caso, uma vez que é Portugal o país que pede a entrega/extradi-ção e a pessoa foi encontrada em território nacional, a mesma deve ser detida e conduzida, não ao Tribunal da Relação, mas ao tribunal que emitiu o mandado, o que será informado pelo Gabinete Nacional SIRENE.

n Tribunais da Relação: Os respectivos endereços e contactos por telefone e

fax podem ser encontrados na página 59.

ART.º 96º

ESTRANGEIRO NÃO

ADMISSÍVEL NOS ESTADOS SCHENGEN

Acção a desenvolver: 1. À entrada em território nacional

Se um estrangeiro indicado no SIS para efeito de não admis-são for detectado no controlo de entrada em território nacional, deverá, em princípio, ser-lhe recusada a entrada.

Essa recusa de entrada deve-rá ser de imediato comunicada ao Gabinete Nacional SIRENE através do MOD.7/SIR/HIT (ver pág. 51).

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Situação excepcional

n Sempre que, excepcionalmente, for emitido um visto na fronteira externa

portuguesa a um estrangeiro constante do SIS, indicado por Portugal para efeitos de não admissão em território Schengen, preenche-se o MOD.10/ SIR/PF com o máximo de informação disponível, e envia-se de imediato para o Gabinete Nacional SIRENE;

2. No interior do território nacional

n Se for detectada em território nacional a permanência não autorizada de

um estrangeiro que esteja indicado no SIS para efeitos de não admissão, deverá o mesmo ser detido, seguindo-se os trâmites necessários à instru-ção do processo de expulsão (consulte-se a legislainstru-ção pertinente sobre a entrada, permanência e saída de estrangeiros).

n Deverá ser de imediato comunicada a detenção ao Gabinete Nacional

SI-RENE através do MOD.7/SIR/HIT (ver pág. 51).

Atenção: situações de impossibilidade de cumprimento da acção a de-senvolver.

n a) Procedimento de consulta: Caso o cidadão estrangeiro não admissível,

detectado na fronteira ou no interior do território nacional, seja titular de um visto de longa duração ou de um título de residência válidos, emitidos por um dos Estados Membros e for confirmada a veracidade da situação, comunica-se de imediato ao Gabinete Nacional SIRENE através do MOD.7/SIR/HIT a fim de iniciar o procedimento de consulta previsto no art. 25º da CAAS.

n b) Procedimento de consulta: Caso o cidadão estrangeiro não admissível,

detectado na fronteira ou no interior do território nacional, prove ser bene-ficiário do direito de livre circulação e residência na União Europeia, nos termos da Directiva 2004/38/CE, de 29 de Abril de 2009 ( Ex. ser familiar de um cidadão da União Europeia) e for confirmada a veracidade da situa-ção, comunica-se de imediato ao Gabinete Nacional SIRENE através do MOD.7/SIR/HIT a fim de iniciar o procedimento de consulta previsto no art. 25º da CAAS.

Nota: A existência de uma indicação de art. 96º no SIS – cidadão estrangeiro inadmissível, é incompatível com a existência de um título/direito de livre circu-lação no espaço Schengen de que o cidadão seja beneficiário. O procedimento de consulta previsto no art. 25º da CAAS tem por objectivo resolver a situação, de duas formas possíveis – ou o cidadão mantém o título/direito de livre circulação e a indicação será retirada do SIS; ou em alternativa, a indicação manter-se-á activa e o título/direito de livre circulação será retirado.

(27)

26

ART.º 97.º

ADULTO DESAPARECIDO Acção a desenvolver:

n Questionar o indivíduo para que ele informe se consente (ou não) na

comuni-cação do seu local de permanência ou domicílio;

n Comunicar de imediato ao Gabinete Nacional SIRENE, através do MOD.7/

SIR/HIT (ver pág. 51), que foi encontrado o indivíduo, a fim de ser retirada a indicação que lhe diz respeito, informando ainda sobre se ele consentiu (ou não) na comunicação do seu local de permanência ou domicílio;

n Se tiver sido dado esse consentimento pelo indivíduo encontrado, dever-se-á

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ART.º 97.º

COLOCAÇÃO EM SEGURANÇA – ADULTO DESAPARECIDO CARECIDO DE ESPECIAIS CUIDADOS DE PROTECÇÃO

Aplica-se:

aos adultos que, no interesse da sua própria protecção ou por motivos de prevenção de ameaças, devem ser internados mediante decisão de uma autoridade competente.

Se encontrado, qualquer adulto nestas circunstâncias deve ser colocado provisoria-mente em segurança para o impedir de seguir viagem (trata-se, por exemplo, dos casos de doentes mentais em fuga).

Acção a desenvolver:

n Tomar as medidas pertinentes a fim de impedir a pessoa indicada de prosseguir

viagem e apresentá-la à autoridade competente para ordenar que seja coloca-da em segurança (em princípio, o Ministério Público).

n Comunicar de imediato ao Gabinete Nacional SIRENE, através do MOD.7/

SIR/HIT (ver pág. 51), a descoberta da pessoa indicada e informar o local onde o mesmo se encontra.

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28

ART.º 97.º

COLOCAÇÃO EM SEGURANÇA DE MENOR DESAPARECIDO Aplica-se:

aos menores que, no interesse da sua própria protecção, devam ser impedidos de seguir viagem e colocados provisoriamente em segurança.

Acção a desenvolver:

n Tomar todas as medidas de protecção e apresentar o menor à autoridade

competente (Ministério Público) para ordenar a sua colocação , provisoria-mente , em segurança;

n Comunicar de imediato ao Gabinete Nacional SIRENE, através do MOD.7/

SIR/HIT (ver pág. 51), que foi encontrado o menor indicado e informar o local onde ele se encontra.

(30)

ART.º 98.º

COMUNICAÇÃO DE LOCAL DE PARADEIRO A PEDIDO DAS AUTORIDADES JUDICIÁRIAS

Aplica-se: às testemunhas, às pessoas que devam ser notificadas para comparecer perante as autoridades judiciárias no âmbito de um processo penal a fim de responde-rem por factos que lhe são imputados ou às pessoas que devam ser notificadas de uma sentença penal ou de uma ordem para se apresentarem para cumprir uma pena privativa de liberdade (mandado de captura nacional).

Acção a desenvolver:

n Apurar qual o local de permanência e a morada da pessoa indicada.

n Comunicar ao Gabinete Nacional SIRENE, através do MOD. 7/SIR/HIT (ver

pág. 51).

Indicação Portuguesa: sempre que a indicação for portuguesa, o pedido de para-deiro poderá ter na base um mandado de captura nacional. Por isso, o agente de polícia não se pode limitar a comunicar o local de permanência ou a morada. Deve dili-genciar no sentido de verificar se existe algum mandado de captura válido e, se as-sim for, deter a pessoa e apresentá-la perante a autoridade judicial emissora do mes-mo, nos termos das práticas nacionais habituais nestas situações.

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30

ART.º 99.º

VIGILÂNCIA DISCRETA DE PESSOAS E DE VEÍCULOS PARA EFEITOS DE REPRESSÃO DE INFRACÇÕES PENAIS E DE PREVENÇÃO DE AMEAÇAS PARA A SEGURANÇA PÚBLICA OU EM MATÉRIA DE SEGURANÇA DO ESTADO

Acção a desenvolver:

Deve proceder-se à recolha, da forma o mais discreta possível, seja por ocasião dos controlos de fronteira seja no decurso de controlos de polícia e aduaneiros efectuados no interior do país, das seguintes informações:

n local, momento ou motivo da verificação; n itinerário e o destino da viagem;

n pessoas que acompanham o visado ou ocupantes do veículo; n veículo utilizado; objectos transportados;

n circunstâncias em que a pessoa ou veículo foram encontrados; natureza e

refe-rências dos documentos de viagem e de identidade apresentados.

A descoberta de uma indicação para vigilância discreta – bem como os seus resulta-dos – deve ser comunicada, de imediato, ao G. Nacional SIRENE através do MOD.7-A/SIR/HIT (ver pág. 53).

Importante: Na recolha destas informações é necessário actuar de modo a não pre-judicar o carácter discreto da vigilância. Trata-se de indicações relativas a pessoas suspeitas de participar ou de poderem vir a participar em crimes graves, pelo que impor-ta tomar todo o cuidado para não prejudicar as investigações em curso.

Assim, são apenas recolhidas as informações que o puderem ser discreta-mente, sem criar qualquer espécie de desconfiança na pessoa visada e sem que esta se aperceba de que está a ser objecto de especial atenção.

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ART.º 99.º

CONTROLO ESPECÍFICO DE PESSOAS E DE VEÍCULOS PARA EFEITOS DE REPRESSÃO DE INFRACÇÕES PENAIS E DE PREVENÇÃO DE AMEAÇAS PARA A SEGURANÇA PÚBLICA OU EM MATÉRIA DE SEGURANÇA DO ESTADO

A acção pretendida a desenvolver é, em princípio, a revista à pessoa ou veículo indi-cados. Esta acção é regulada pelos direitos nacionais pelo que, em Portugal a regra geral é a de que é necessária uma autorização da autoridade judiciária competente.

Esta regra admite, no entanto, algumas excepções:

Um órgão de polícia criminal pode efectuar a revista sem autorização prévia, no-meadamente nos seguintes casos (a diligência terá de ser validada posteriormente pela autoridade competente, sob pena de nulidade):

n Quando haja fundados indícios da prática iminente de crime que ponha em grave

risco a vida ou a integridade de qualquer pessoa nos casos de terrorismo, crimi-nalidade violenta ou altamente organizada;

n Quando os visados consintam, ficando esse consentimento documentado; n Em casos de fuga iminente para obtenção de meios de prova que, de outro modo,

poderiam perder-se;

n Outras situações legalmente previstas.

Deve proceder-se à recolha, quer por ocasião dos controlos de fronteira, quer no decurso de controlos de polícia e aduaneiros efectuados no interior do país, das seguin-tes informações:

n Local, momento ou motivo da verificação; n Itinerário e destino da viagem;

n Pessoas que acompanham o visado

ou ocupantes do veículo;

n Veículo utilizado; objectos

trans-portados;

n Circunstâncias em que a pessoa

ou veículo foram encontrados;

n Natureza e referências dos

docu-mentos de viagem e de identidade apresentados.

A descoberta de uma indicação no quadro do art. 99.º da CAAS,

bem como os respectivos resultados, deve ser comunicada, de imediato, ao G.Nacional SIRENE através do MOD.7-A/SIR/HIT (ver pág. 53).

Nos casos em que não é legalmente possível efectuar a revista deverá proceder-se de forma idêntica à adoptada para a vigilância discreta, embora sem a mesma necessidade de discrição.

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ART.º 100.º

APREENSÃO DE VEÍCULOS E DE OBJECTOS (CHAPAS DE MATRÍCULA, ARMAS DE FOGO, DOCUMENTOS DE IDENTIDADE EMITIDOS, TÍTULOS DE REGISTO DE PROPRIEDADE AUTOMÓVEL, DOCUMENTOS EM BRANCO E NOTAS DE BANCO)

Aplica-se:

A veículos ou objectos roubados, desviados, extraviados ou invalidados que são pro-curados para apreensão e ainda a veículos e objectos que devem ser apreendidos por or-dem judicial, com vista a constituírem prova em processo penal.

Acção a desenvolver:

n Nos termos do direito nacional, apreender o veículo ou objecto indicado no

SIS e tomar as medidas de conservação pertinentes;

n Determinar a identidade do ou dos ocupantes do veículo ou da pessoa em cuja

posse o objecto indicado foi encontrado ou, caso haja fundamento, proceder à detenção do(s) mesmo(s);

n Comunicar, de imediato, a apreensão ao Gabinete Nacional SIRENE

(34)

PROCEDIMENTOS GERAIS:

Os procedimentos constantes desta publicação devem ser observados apenas quanto às indicações do SIS (Sistema de Informação Schengen) e não quanto aos registos que só estejam inseridos nas bases de dados próprias de cada uma das enti-dades utilizadoras.

Se, em consequência da pesquisa no SIS aparecer um resultado positivo, a indi-cação está activa.

n Verificar, face aos restantes elementos disponíveis, se se trata efectivamente da

mesma pessoa, do mesmo veículo ou do mesmo objecto procurados. O local de nascimento não é um dado que possa, por si só, determinar que a pes-soa inserida não é a mesma que está a ser controlada. Em princípio, sempre que os nomes, os apelidos e o ano de nascimento coincidam, presume-se que se trata da mesma pessoa. Em caso de necessidade, para melhor precisar a identidade de uma pessoa, deve ser solicitada de imediato ao Gabinete Nacional SIRENE a informação suplementar que esteja disponível, através do MOD.8/SIR/PED. INF. (ver pág. 55) (p. ex. fotografias, impressões digitais). Esta situação poderá verificar-se em especial no caso dos art.os 95.o e 96.o da CAAS. Este pedido de

in-formação suplementar não dispensa o posterior envio ao Gabinete Nacional SIRENE do MOD. 7/SIR/HIT (ver pág. 51) no caso de se tratar efectivamente da pessoa procurada);

n Tomar prontamente as medidas adequadas à acção a desenvolver indicadas no

SIS;

n Informar sempre, e de imediato, o Gabinete Nacional SIRENE da descoberta

da indicação através do MOD.7/SIR/HIT (ver pág. 51). Se necessário, informar telefonicamente e confirmar, de seguida, por escrito através do modelo citado. Se a descoberta for relativa a um pedido de vigilância discreta ou de controlo espe-cífico deverá ser utilizado MOD.7-A/SIR/HIT (ver pág. 53).

Nota importante:

O SIS actual não estabelece a correlação de uma pessoa com um veículo ou objectos procurados. Assim, e a título de exemplo, numa verificação em que se desco-bre um veículo indicado no SIS, os elementos relativos à identidade do ou dos ocupantes deverão ser igualmente introduzidos no sistema para pesquisa, pois poderá acontecer que não só aquele veículo mas também os ocupantes estejam indicados. O mesmo se diga dos documentos (bilhete de identidade, passaportes, cartas de condução, certificados de registo automóvel e vinhetas de visto Schengen apostas nos passaportes).

O Sistema de segunda geração, o SIS II, irá permitir essa correlação entre indicações, o que aumentará significativamente a eficácia da pesquisa.

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(38)

1.

AS MODALIDADES DE COOPERAÇÃO POLICIAL

INTERNACIONAL NO ÂMbITO DE SCHENGEN

Para além da instalação e funcionamento do SIS (art.os 92.º e seguintes), uma das

me-didas compensatórias que a Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen (CAAS) estabeleceu para combater o défice de segurança resultante da livre circulação de pesso-as foi o incremento da cooperação policial reforçada, através dpesso-as seguintes modali-dades:

n Pedidos de assistência mútua para efeitos de prevenção e da investigação de

factos puníveis (n.os l a 3 do art.o 39.o);

n Intensificação da cooperação policial nas regiões transfronteiriças, com

base em convénios bilaterais (n.º 4 do art.º 39.º);

n Vigilância transfronteiriça (art.º 40.º); n Perseguição transfronteiriça (art.º 41.º);

n Em casos especiais, comunicação por iniciativa própria de informações com

vista à repressão de crimes futuros, à prevenção de crimes ou à prevenção de ameaças contra a ordem e segurança públicas (art.º 46.º);

n Destacamento de oficiais de ligação (art.º 47.º).

O Capítulo I do Título III da CAAS, dedicado à cooperação policial, abrange apenas as modalidades de cooperação policial consignadas nos art.os 39.º a 47.º. As questões

respeitantes ao Sistema de Informação Schengen (SIS) são tratadas noutra parte da Convenção (Título IV).

A cooperação policial deve, por razões práticas e de coordenação, efectuar-se através de um órgão central nacional, que cada um dos Estados designa para o efeito.

Em Portugal, o Gabinete Nacional SIRENE é competente para três das modalidades de cooperação policial previstas na Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen:

n as dos art.os 39.º e 46.º da CAAS, por força do disposto no Decreto-Lei n.º 292/94; n e a do art.º 41.º da CAAS, por força da delegação de competências do Ministro da

Administração Interna, através do seu Despacho n.º 70/2001, de 9 de Dezembro. Esta responsabilidade do SIRENE como órgão central competente para a coope-ração policial acresce às suas atribuições específicas, relativas à informação do SIS, não devendo ser com estas confundida.

Assim se colhe, para a cooperação policial, o melhor proveito de uma estrutura já organizada, disponível para todas as polícias a tempo inteiro (24 horas por dia, todos os dias do ano) e munida de pessoal, meios de comunicação e contactos internacionais privilegiados.

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2.

PEDIDO DE ASSISTÊNCIA MÚTUA

ART.º 39.º, N.OS 1, 2 E 3 DA CONVENÇÃO

Esta modalidade da cooperação policial, preconizada na Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen, tem uma enorme relevância no nosso País, uma vez que tem facul-tado a todas as forças e serviços de polícia nacionais um mecanismo de assistência a que não tinham acesso e que só encontrava paralelo – embora com diferentes limitações, quer de ordem jurídica, quer organizacional – na actividade da Interpol.

Dispõe o art.º 39.º da CAAS que as Partes contratantes se comprometem “a que os seus serviços de polícia, no cumprimento da legislação nacional e nos limites da sua competência, se prestem assistência para efeitos da prevenção e investigação de factos puníveis”.

Os pedidos de assistência são atendidos desde que:

n Sejam autorizados pelo direito nacional

n Caiam nas competências dos serviços envolvidos (sempre que um serviço

re-querido não é competente para dar execução ao pedido, este deve ser encaminha-do para a autoridade competente)

n Não sejam da competência das autoridades judiciárias n Não determinem a aplicação de medidas coercivas

Além disso, é preciso ter em conta o seguinte:

n A troca desta informação far-se-á, em regra, através de órgão central nacional

que cada Parte Contratante designe como competente para a cooperação policial internacional.

Em Portugal, a troca de informações com os restantes Estados Schengen, ao abrigo do art.º 39.º da CAAS, é feita pelo Gabinete Nacional SIRENE.

Neste âmbito, os pedidos, devidamente fundamentados, devem ser dirigidos Ga-binete Nacional SIRENE.

Em situações de emergência (isto é, sempre que a opção pelo circuito normal, mais lento, possa determinar o fracasso da acção de prevenção ou de investigação), os pedidos nos termos do n.º 1 do art.º 39.º da CAAS podem ser apresentados directamente ao servi-ço de polícia requerido, que pode responder também directamente, mas deste facto deverá ser dado conhecimento ao órgão central nacional (Gabinete Nacional SIRENE).

As informações escritas que forem prestadas pelo Estado requerido só podem ser usadas para efeitos de obtenção de prova com consentimento prévio das autoridades judiciárias competentes do Estado requerido.

(40)

3.

COOPERAÇÃO POLICIAL

NAS REGIÕES

TRANSFRONTEIRIÇAS

ART.º 39.º, N.º 4 DA CONVENÇÃO

Nas regiões transfronteiriças, a cooperação policial prevista no art.º 39.º da CAAS pode ser regulada por convénios entre os Ministros competentes das Partes Contratan-tes (cfr n.º 4);

O disposto no art.º 39.º da CAAS não prejudica os acordos bilaterais mais amplos, presentes e futuros, entre as Partes Contratantes que tenham uma fronteira comum. As Partes Contratantes informar-se-ão mutuamente destes acordos (cfr n.º 5).

4.

VIGILÂNCIA TRANSFRONTEIRIÇA

ART.º 40.º DA CONVENÇÃO

Por se tratar de cooperação para a qual só a Polícia Judiciária e a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC) são competentes, a vigilância transfronteiriça não é tratada na presente publicação.

5.

PERSEGUIÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA

ART.º 41.º DA CONVENÇÃO

Se não fossem tomadas medidas compensatórias, a abolição dos controlos nas fron-teiras internas poderia contribuir para facilitar a impunidade dos autores de crimes gra-ves, permitindo-lhes, na imediata sequência do seu cometimento, escapar pela fronteira terrestre para a país vizinho, aí se lhes perdendo o rasto.

Para evitar essa situação, a Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen veio per-mitir, em certas circunstâncias, que os agentes policiais de um Estado penetrem no ter-ritório do Estado vizinho, no exercício da chamada perseguição transfronteiriça.

(41)

40

Que circunstâncias são essas?

Os agentes de uma das Partes Contratantes que, no seu país, persigam uma pessoa detectada em flagrante delito a cometer um dos crimes a que se refere o n.º 4 do art.º 41.º da CAAS ou a neles tomar parte, são autorizados a continuar a perseguição no território de uma outra Parte Contratante sem autorização prévia, sempre que as autoridades competentes da outra Parte Contratante, devido a urgência especial, não puderem ser avisadas previamente da entrada neste território por um dos meios de comunicação previstos no art.º 44.º, ou não puderem chegar ao local a tempo de retomar a perseguição.

Quais são os crimes que podem fundamentar a perseguição transfrontei-riça de quem foi detectado, em flagrante delito, a cometê-los ou a neles participar? São os seguintes:

n Homicídio, doloso simples n Homicídio, doloso qualificado n Violação;

n Incêndio;

n Falsificação de moeda; n Roubo furto e receptação; n Extorsão;

n Rapto e sequestro; n Tráfico de pessoas;

n Tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas; n Infracções às disposições legais em matéria de armas e de explosivos; n Destruição com emprego de explosivos;

n Transporte ilícito de resíduos tóxicos e prejudiciais;

n Abandono do sinistrado na sequência de um acidente, tendo implicado a morte

ou ferimentos graves.

n Outros crimes passíveis de extradição (esta última categoria, embora prevista na

Convenção, não é aplicável nas perseguições transfronteiriças entre Portugal e Es-panha, por opção destes dois Estados).

(42)

Há outras situações que podem dar azo a perseguição transfronteiriça? Sim. Pode prosseguir para além da fronteira a perseguição de uma pessoa que, encontrando-se em situação de detenção provisória ou cumprindo uma pena priva-tiva da liberdade, se evadiu.

A perseguição só pode efectuar-se nas seguintes condições:

n Os agentes perseguidores devem cumprir as disposições do art.º 41.º da

Con-venção de Aplicação do Acordo de Schengen e o direito do país em que se encontrem a actuar;

n A perseguição efectuar-se-á unicamente através das fronteiras terrestres; n Caso não haja possibilidade de obter autorização prévia para a

persegui-ção transfronteiriça, os agentes perseguidores são obrigados a contactar as autoridades competentes do território do qual se executa a perseguição o mais tardar no momento da passagem da fronteira. (Para esse efeito, os agentes perseguidores devem contactar: a) as primeiras autoridades de polícia do outro Estado; b) outras autoridades de ligação para o efeito designados pelo outro Es-tado, constantes do Manual de Cooperação Policial: – Fichas Nacionais;

n A perseguição no território do Estado vizinho presume-se autorizada sempre

que a autorização prévia não puder ser atempadamente solicitada;

n Os agentes perseguidores devem obedecer às ordens das autoridades

local-mente competentes;

n A perseguição terminará a partir do momento em que a Parte Contratante em

cujo território deva efectuar-se o solicitar;

n Os agentes perseguidores serão facilmente identificáveis, quer através da

uti-lização de um uniforme, quer de um braçadeira ou de dispositivos acessórios co-locados no seu veículo. Não lhes é permitido trajar à civil em veículos sem a iden-tificação acima referida;

n Os agentes perseguidores devem poder justificar a qualquer momento o

ca-rácter oficial da sua missão;

n Os agentes perseguidores podem estar munidos da sua arma de serviço; é

proi-bida a sua utilização salvo em caso de legítima defesa;

n É proibida a entrada dos agentes perseguidores nos domicílios e nos locais

não acessíveis ao público;

n A pedido dos agentes perseguidores, as autoridades localmente competentes

interpelarão a pessoa perseguida a fim de determinar a sua identidade ou de pro-ceder à sua detenção;

n Após cada operação de perseguição transfronteiriça, e independentemente dos

seus resultados, os agentes perseguidores apresentar-se-ão perante as au-toridades localmente competentes da Parte Contratante em cujo território actuaram, relatando a sua missão; a pedido destas autoridades, devem perma-necer à disposição até que as circunstâncias da sua acção tenham sido suficien-temente esclarecidas, mesmo no caso de a perseguição não ter levado à detenção da pessoa perseguida.

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42

n As autoridades da Parte Contratante de que os agentes perseguidores são

origi-nários colaborarão, a pedido das autoridades da Parte Contratante em cujo ter-ritório se realizou a perseguição, no inquérito consecutivo à operação em que participaram, inclusivamente em processos judiciais.

Quanto à pessoa que venha a ser detida, pelas autoridades localmente compe-tentes, no quadro de uma perseguição transfronteiriça:

n Pode, qualquer que seja a sua nacionalidade, ser mantida nessa situação,

para prestar declarações. São aplicáveis, por analogia, as regras pertinentes do direito nacional;

n Se não tiver a nacionalidade do país em cujo território foi detida (por

exemplo, um português detido em Espanha), será posta em liberdade no prazo máximo de seis horas após a sua detenção (não sendo contadas as horas entre a meia-noite e as nove horas), a menos que seja objecto de um mandado de deten-ção europeu (MDE).

DISPOSIÇÕES ESPECÍFICAS RELATIVAS À PERSEGUIÇÃO

TRANSFRONTEIRIÇA ENTRE PORTUGAL E ESPANHA:

Para além de tudo o que já foi referido, aplicam-se à perseguição transfronteiriça en-tre Portugal e Espanha as seguintes disposições específicas:

Quem pode efectuá-la?

Podem efectuar, em território espanhol, a perseguição transfronteiriça:

n Os membros da Guarda Nacional Republicana, da Polícia de Segurança

Pú-blica, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da Polícia Judiciária;

n E os funcionários da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais

so-bre o Consumo/ DGAIEC, no âmbito das suas competências em matéria de tráfi-co ilícito de estupefacientes e de substâncias psitráfi-cotrópicas, tráfitráfi-co de armas e explosivos e transporte ilícito de resíduos tóxicos e prejudiciais (art.º 4.º, a.1, do Acordo Luso-Espanhol em matéria de perseguição transfronteiriça, de 1998). Podem efectuar, em território português, a perseguição transfronteiriça:

n Membros do Cuerpo Nacional de Policia e Guardia Civil

n E funcionários da Dirección General de Aduanas, no quadro das suas

compe-tências em matéria de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psico-trópicas, tráfico de armas e explosivos e transporte ilícito de produtos tóxicos (art.º 4.º, b.1, do Acordo Luso-Espanhol de 1998).

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Proibição de interpelação: Os agentes perseguidores portugueses em Espanha e os agentes perseguidores espanhóis em Portugal não têm o direito de interpelar a pessoa perseguida. Isto é, não podem abordá-la, seja para a identificarem, para a inter-rogarem ou para detê-la. Têm de pedir às autoridades localmente competentes que pro-cedam a essa interpelação.

Limitação no tempo e no espaço: A perseguição só pode ser feita num raio de 50 Km da fronteira e durante um período de duas horas, no máximo. Isto é: se a perse-guição se efectuar, por exemplo, dentro de uma vila a menos de 50 Km da fronteira, sem que se ultrapasse o perímetro de 50 Km, ela tem, de qualquer modo, de parar ao fim de duas horas.

A perseguição termina, bem entendido, mesmo antes das duas horas e dos 50 quiló-metros, a partir do momento em que as autoridades localmente competentes assim o solicitarem ou se não for retomada pelos agentes policiais localmente competentes den-tro das limitações de tempo e de espaço supra referidas.

Estas limitações aplicam-se por igual às autoridades portuguesas, em Espanha, e às autoridades espanholas, em Portugal.

Comunicação ao Gabinete Sirene: No caso de perseguição efectuada em Espanha, os agentes de polícia portuguesa devem avisar, para além das competentes autoridades espanholas, o Gabinete Nacional SIRENE, informando-o:

n de que vão dar início ou já deram início a uma perseguição; n de qual o facto que a motivou;

n se possível, da identificação do veículo perseguido.

Ficha de avaliação: Sempre que agentes de polícia portugueses efectuem uma per-seguição transfronteiriça, deverão, logo após a mesma, preencher a Ficha de Avaliação/

Resultado da Perseguição Transfronteiriça (ver pág. 59) e remetê-la ao Gabinete

Nacio-nal SIRENE, no prazo máximo de 24 horas.

Competência do Gabinete Nacional Sirene: Por Despacho n.º 7O/2001 de 9 de Dezembro, o Ministro da Administração Interna delegou no Gabinete Nacional SIRENE a competência para “receber pedidos de cooperação, receber comunicações de início e perseguição, bem como informação sobre o respectivo resultado” conforme o previsto no art.º 4.º a) a.ii) do Acordo entre Portugal e Espanha em Matéria de Persegui-ção Transfronteiriça, aprovado pelo Decreto n.º 48/99, de 9 de Novembro.

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44

6.

COMUNICAÇÃO DE INFORMAÇÕES POR INICIATIVA PRÓPRIA,

PARA PREVENÇÃO E REPRESSÃO DE CRIMES E DE PREVENÇÃO

DE AMEAÇAS PARA A ORDEM E SEGURANÇAS PÚbLICAS

ART.º 46.º

Dispõe o n.º l do art.º 46.º da CAAS: “Em casos especiais, cada Parte Contratante pode, em cumprimento da sua legislação nacional e sem que tal lhe tenha sido so-licitado, comunicar à parte Contratante interessada informações que se possam revelar importantes para esta, com vista à assistência em matéria de repressão de crimes fu-turos, à prevenção de crimes ou à prevenção de ameaças para a ordem e seguran-ça públicas”.

E o n.º 2 prevê que as informações serão trocadas, sem prejuízo da cooperação nas regiões fronteiriças prevista no n.º 4 do art.º 39.º, por intermédio de um órgão central a designar.

Em Portugal, esse órgão central é o Gabinete Nacional SIRENE.

Em situações excepcionais, de especial urgência, esta troca de informações, ao abrigo do art.º 46.º, pode efectuar-se directamente entre as autoridades de polícia em causa, salvo disposição nacional em contrário. O órgão central (Gabinete Nacional SI-RENE) deverá ser informado dessa troca directa o mais rapidamente possível.

Esta cooperação pode, nomeadamente,ser utilizada para prestar a um serviço de po-lícia de outro Estado Schengen informações que lhe podem vir a ser úteis para a repres-são de crimes futuros ou para a prevenção criminal. Imagine-se que, no âmbito de uma investigação levada a cabo pelas autoridades portuguesas, se revelam factos e iden-tificam pessoas com uma ligação a qualquer outro Estado Schengen e sobre os quais este pode ter interesse com vista à repressão de crimes futuros ou para a prevenção de um crime. Neste caso, tais informações deverão ser fornecidas ao Estado em causa, através do Gabinete Nacional SIRENE.

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7.

INTERCÂMbIO DE DADOS E INFORMAÇÕES DE NATUREZA

CRIMINAL – INICIATIVA SUECA

Por iniciativa da Suécia, daí o nome por que é conhecida, foi elaborada e aprovada a Decisão-Quadro n.º 2006/960/JAI do Conselho, de 18 de Dezembro, que pretendeu esta-belecer regras para o intercâmbio célere e eficaz de dados e informações para a realiza-ção de investigações criminais ou de operações de informações criminais.

As disposições dos números 1, 2 e 3 do art.º 39.º e do art.º. 46.º da CAAS, são substituídas pelas disposições da Decisão-Quadro na medida em que se refiram ao intercâmbio de dados e informações para efeito da realização de investigações criminais ou de operações de informações criminais.

Esta Decisão-Quadro foi acolhida no direito português através da Lei n.º 74/2009, de 12 de Agosto.

Para além do âmbito específico de aplicação, foram introduzidas algumas novidades neste instrumento de cooperação, nomeadamente:

n Canais de Comunicação: Cada Estado Membro designará os respectivos canais

de comunicação para o intercâmbio dos dados e informações – em Portugal fo-ram designados os Gabinetes SIRENE, INTERPOL ou EUROPOL.

n Língua de trabalho: Pode ser utilizada qualquer uma das línguas de trabalho

normalmente utilizadas no funcionamento destes gabinetes.

n Prazos: Para os pedidos urgentes o prazo máximo de resposta é de 8 horas.

Se a resposta não puder ser dada dentro desse prazo deverão, todavia, ser indica-das as razões dessa impossibilidade.

Os outros prazos fixados para as situações não urgentes são:

– de uma semana para os casos em que os dados ou a informação solicitados estejam contidos numa base de dados a que uma autoridade de aplicação da lei tenha acesso di-recto ou

– de catorze dias nos restantes casos.

Nota: Para uma fundada apreensão dos mecanismos de aplicação deste instrumento de cooperação é imprescindível a consulta da Decisão-Quadro n.º 2006/960 e da Lei n.º 74/2009 acima referidas.

Quando o canal de comunicação escolhido para o intercâmbio de informações for o Gabinete Nacional SIRENE, os procedimentos são idênticos aos anteriormente descri-tos para os art.os 39.o e 46.o da CAAS.

(47)

46

8.

MANUAIS DE COOPERAÇÃO POLICIAL E DE bOAS PRÁTICAS

Nos últimos anos foi elaborado e tem vindo a ser actualizado regularmente um Ma-nual de Cooperação Policial com o objectivo de reunir neste prático instrumento de trabalho toda a informação pertinente para os agentes policiais, no que se refere às vá-rias plataformas de cooperação policial existentes.

O Manual de Cooperação Policial está dividido em três partes:

n Manual da cooperação policial (composto por dois documentos: um com as fichas

nacionais e outro com as listas de contactos das entidades nacionais competentes);

n Manual das operações transfronteiras; n Manual dos oficiais de ligação.

Irá também a ser elaborado um manual sobre o intercâmbio de informações. Estes documentos contêm, designadamente:

n As diversas modalidades de cooperação policial e respectivos fundamentos legais; n Fichas nacionais com a indicação, prestada por cada Estado, sobre quem são os

seus agentes autorizados e os seus órgãos centrais competentes para receber os pedidos de cooperação, com referência aos respectivos nomes e contactos;

n Condições e procedimentos relativos a cada um dos instrumentos legais de

coo-peração.

Está também disponível para os agentes de aplicação da lei o chamado Manual de Recomendações e Boas Práticas – cooperação policial, que insere os procedimentos considerados mais adequados para a correcta aplicação do acervo de Schengen nesta matéria.

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É ao Conselho que compete, geralmente, a actualização destes documentos, pelo que os Estados-Membros são chamados, de forma regular, a prestar informações para actua-lizar as respectivas fichas nacionais.

Compete a cada Estado-Membro criar os mecanismos mais adequados para a divul-gação destes manuais a todas a entidades a quem se destinam, nomeadamente às forças e serviços de segurança.

9.

CENTROS DE COOPERAÇÃO POLICIAL E ADUANEIRA

O Acordo entre Portugal e Espanha sobre cooperação transfronteiriça em matéria policial e aduaneira, aprovado pelo Decreto n.º 13/2007, de 13 de Julho, veio criar os Centros de Cooperação Policial e Aduaneira (CCPA) que têm por finalidade favore-cer o adequado desenvolvimento da cooperação transfronteiriça em matéria policial e aduaneira bem como prevenir e reprimir os crimes enumerados na alínea a) do n.º 4 do art.º 41.º da CAAS.

Estes Centros vieram substituir os anteriores Postos Mistos de Fronteira e, actual-mente, estão em funcionamento os seguintes:

No lado português da fronteira:

n Quintanilha/Alcanice

n Vilar Formoso/Fuentes de Onoro n Castro Marim/Ayamonte

No lado espanhol da fronteira:

n Caia/Elvas n Tuy/Valença

Por acordo entre Portugal e Espanha podem vir a ser criados novos CCPA em função das necessidades que vierem a constatar-se no âmbito da análise de risco da criminalida-de transfronteiriça.

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O pessoal a funcionar nestes Centros pertence às seguintes entidades designadas:

n por Portugal – a Guarda nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública, o

Serviço de estrangeiros e Fronteiras, a Polícia Judiciária, a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo;

n por Espanha – o Cuerpo Nacional de Policia, a Guardia Civil.

A Portaria n.º 1354/2008, de 27 de Novembro, aprovou o regulamento que define os procedimentos organizacionais, funcionais, técnicos e de articulação entre as entidades envolvidas na organização e funcionamento dos centros.

Os CCPA prosseguem, nomeadamente, as seguintes actividades:

n Recolha e intercâmbio de informações;

n Prevenção e repressão das formas de criminalidade nas zonas fronteiriças

pre-vistas na alínea a) do n.º 4 do art.º 41.º da CAAS e em particular as que se relacio-nem com a imigração ilegal, tráfico de seres humanos, de estupefacientes e de armas e explosivos;

n Apoio às vigilâncias e perseguições a que se referem os art.os 40.º e 41.º da CAAS; n A coordenação de medidas conjuntas de patrulhamento na zona fronteiriça; n Assegurar a execução do Acordo entre Portugal e Espanha relativo à readmissão

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Referências

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