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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA PEQUENA E MÉDIA INDÚSTRIAS DE SÃO LUÍS, MARANHÃO

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS NA PEQUENA E MÉDIA

INDÚSTRIAS DE SÃO LUÍS,

MARANHÃO

Samira Pedroso Saldanha (UEMA ) samirasaldanha@gmail.com ROSSANE CARDOSO CARVALHO (UEMA )

rossanecardoso@bol.com.br LARISSA ARAUJO RODRIGUES (UEMA )

larissarodrigues27@hotmail.com

O gerenciamento de resíduos sólidos de qualquer procedência é uma ferramenta fundamental na proteção ambiental e na qualidade de vida das populações. No caso dos resíduos gerados pelas indústrias, que são de responsabilidade das empresas geradoras, este gerenciamento torna-se preponderante, uma vez que os resíduos industriais podem ter características poluentes severas, de caráter pontual e difuso, agudo ou crônico. Partindo-se do entendimento que grandes empresas normalmente possuem o gerenciamento de resíduos bem consolidado, a lacuna estaria então com relação às empresas de pequeno e médio porte. Nesse sentido, buscou-se entender como se configura o gerenciamento de resíduos sólidos em indústrias de pequeno e médio porte localizadas em São Luís, Maranhão. A pesquisa tem como foco a classificação dos resíduos de cada empresa de acordo com a Norma Brasileira NBR 10.004:2004 da Associação Brasileira de Normas

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2 Técnicas (ABNT), a identificação de quantitativos gerados, seu armazenamento e sua destinação final.

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3 1. Introdução

Vários elementos permeiam a questão dos resíduos sólidos, tais como coleta, transporte, acondicionamento, disposição intermediária/final. No Brasil, coleta, transporte e disposição final dos resíduos sólidos domésticos urbanos estão a cargo do poder público, especificamente das prefeituras municipais. Já os resíduos industriais são de responsabilidade do gerador e seu gerenciamento não é tão visível aos olhos da sociedade.

Em São Luís, Maranhão, a crescente geração de resíduos industriais, bem como seu gerenciamento, tem exigido maior atenção nos últimos anos, pois a atração de importantes empreendimentos, acabaram por demandar a instalação de empreendimentos para lhes dar suporte em atividades secundárias. O mercado de trabalho local se reconfigurou, mudando o perfil de consumo na cidade. Esse novo perfil de consumo permitiu a instalação de novos empreendimentos industriais em variados ramos.

Diante disto, considerou-se oportuno entender como ocorre a gestão dos resíduos em indústrias localizadas na cidade de São Luís, Maranhão. Isto gerou a necessidade de caracterizar as etapas do gerenciamento de resíduos em indústrias localizadas em São Luís; identificar as principais características dos resíduos gerados; classificar os resíduos gerados conforme Norma Brasileira NBR 10.004:2004.

Assim, utilizou-se pesquisa bibliográfica e de campo, esta última com o emprego de pesquisa documental e observações in loco em três indústrias. A pesquisa bibliográfica permitiu, entre outras coisas, observar que os resíduos sólidos industriais são importante fonte poluidora que afeta severamente a vida na Terra. Por essa razão, seu gerenciamento torna-se um aliado na prevenção de danos ambientais. A pesquisa de campo mostrou um movimento positivo no sentido de dar correta gestão dos resíduos gerados.

2. Referencial teórico

2.1. Resíduos sólidos: conceito e classificação

Em todos os momentos da cadeia produtiva de um bem, há a possibilidade de geração de resíduos que podem entrar em contato com o solo, águas e ar. Neste sentido, o papel da gestão ambiental nas empresas consiste em agir com base em um suporte tecnológico para minimizar

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4 emissões de poluentes. Mas de acordo com o Greenpeace (1997; p.5), ações como estas não são, de fato, proativas, pois:

(...) como água, ar e terra em geral são regulamentados por autoridades diferentes, essa fragmentação resulta na troca de substâncias tóxicas entre ar, água e solo. São exemplos disso a descarga de filtros contaminados em aterros nos quais envenenam tanto o solo como, por fim, o lençol freático; ou lodo de esgoto contaminado queimado em incineradores de resíduos que provocam a poluição do ar e também a do solo e do lençol freático quando as cinzas desse incinerador são descarregadas. Alguns governos reconheceram as limitações desse abordagem e introduziram o Controle Integrado de Poluição. É o caso da Grã-Bretanha, da União Européia e da Suécia. Contudo, mesmo essas políticas deixam de reconhecer que a maior parte da poluição não pode ser controlada. A ênfase deve ser dada à prevenção.

No Brasil, a Lei 12.305/2010 representa uma contribuição para o ordenamento da questão dos resíduos sólidos no país e estabelece que “estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos (...)”. Além disso, apresenta entre seus princípios, a prevenção e a precaução; o poluidor-pagador e o protetor recebedor; o desenvolvimento sustentável, entre outros (LEI 12.305/2010).

A evolução na geração dos resíduos, em quantidade e composição, fez surgir normas e leis que atuam como freios a impactos nocivos maiores. Nesse sentido, no Brasil, por exemplo, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT reeditou em 2004 a Norma Brasileira 10.004. Esta norma define resíduos sólidos e os classifica tendo em conta os riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Por meio desta Norma resíduos sólidos são aqueles que, nos estados sólido e semissólido, são resultantes de atividades da comunidade, industriais, domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas, de serviços e de varrição. Estes resíduos incluem lodos de sistemas de tratamento de água, gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como líquidos cujas particularidades inviabilizem seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou que exijam para isto soluções técnica e economicamente inviáveis diante da melhor tecnologia disponível (NBR 10.004:2004).

Assim, a NBR 10.004:2004 classifica os resíduos sólidos em: classe I (resíduos perigosos) e classe II (resíduos não perigosos). Os resíduos não perigosos podem ser ainda não inertes (classe IIA) e inertes (classe II B).

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5 2.2 Características do gerenciamento de resíduos sólidos

No geral, verifica-se que há a necessidade de ações diversas, que caracterizam o gerenciamento dos resíduos sólidos gerados nas unidades industriais de qualquer porte. A questão dos resíduos industriais está intimamente relacionada, além da reciclagem e reuso, ao que coloca Ferreira (2000):

a) minimização na geração, que contempla, desde mudanças nas matérias primas, até o desenvolvimento de novos produtos com tecnologias mais limpas;

b) produtos que, após o consumo, gerem menos resíduos ou que gerem produtos menos agressivos ao ambiente;

c) legislação sobre embalagens de produtos que responsabilizem os produtores, utilizando-se o princípio do poluidor-pagador, com mudanças que diminuam o impacto ambiental das embalagens.

Com a ascendência dos problemas ambientais em escala global, desperdícios de matéria prima, de água e de energia passam a ser considerados como relevantes e urgentes. Mesmo diante disso, entretanto, esta consciência ainda não atinge o montante necessário de adesões a uma responsabilidade com o uso racional e responsável dos recursos ambientais. É neste contexto que se insere a questão do gerenciamento de resíduos sólidos, que passa por considerar o que já é resíduo e também por minimizar sua geração, maximizar processos de reciclagem e reuso.

A principal característica de um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos é sua adequação à realidade local que, dentro de critérios técnicos, deve potencializar a capacidade dos recursos disponíveis. Assim, o gerenciamento de resíduos deve ter em conta o manuseio por que passarão, bem como o tratamento a que serão submetidos (FERREIRA, 2000).

As características dos resíduos determinam a escolha do recipiente mais adequado a cada caso Os resíduos sólidos necessitam ser transportados mecanicamente até os pontos de destinação. Internamente este transporte também acontece e deve levar em consideração os mesmos elementos antes mencionados. Os demais critérios que devem ser levados em conta referem-se a escolha da localização, condições de referem-segurança, isolamento, sinalização e controle de operação (BRASIL e SANTOS, 2007).

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6 3 Pesquisa de campo

Com base na acessibilidade, foram pesquisadas três empresas industriais, conforme consta no Quadro 1. As pesquisas aconteceram no período de janeiro a dezembro de 2012. Optou-se por manter o sigilo das fontes pesquisadas, denominando as empresas da seguinte forma:

Quadro 1 - Resumo das empresas participantes da pesquisa

EMPRESA RAMO

Empresa A Fabricação de panelas e discos em alumínio Empresa B Fabricação de peças em aço inoxidável Empresa C Fabricação de móveis planejados

Fonte: elaborado pelo autor

3.1 Empresa A: fabricação de panelas e discos em alumínio

Na Empresa A são fabricados discos e panelas em alumínio. Seu processo produtivo inclui desde a fundição do alumínio até a produção de panelas propriamente ditas (Figura 2).

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7 Figura 1 – Fluxograma do processo e geração de resíduos na empresa A

Fonte: elaborado pelo autor

A seguir tem-se a descrição de cada etapa. Ela atua no mercado há pouco mais de 15 anos. a) Fundição: nesta etapa, o alumínio sólido é fundido em um forno a altas temperaturas.

Em seguida, o metal fundido é escoado para dentro de moldes em formatos de lingotes e solidifica-se em poucos segundos à temperatura ambiente. Após a solidificação, o lingote é retirado de dentro do molde e armazenado para ser utilizado na próxima etapa do processo;

b) Laminação: os lingotes produzidos passam pela máquina laminadora, que os transforma em lâminas na espessura desejada de acordo com o produto final, que pode ser inferior a 0,2 cm;

c) Corte e estampagem: uma vez que as lâminas estejam na espessura desejada, são direcionadas à maquina de corte. Esse corte é de acordo com o produto final: o corte de

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8 discos e a estampagem. Se o produto final for panelas, o tipo de corte será circular, em discos de diversos diâmetros. Caso o produto final seja forma para bolo, o corte será em chapas menores que adquirem o formato do produto final e são levadas novamente ao processo de corte para retirada de sobras;

d) Recozimento: o recozimento é um processo cuja função é aliviar as tensões internas causadas no processo de laminação. Esse alívio de tensões permite uma maior flexibilidade da lâmina, o que possibilita maior facilidade de manuseio na etapa de torneamento. Só passa por esta etapa os discos que irão dar origem a panelas;

e) Torneamento e polimento: com o auxílio de matrizes, essas peças são conformadas de diversas maneiras de acordo com o produto final. Logo em seguida, as peças moldadas seguem para um rápido polimento, que proporciona acabamento ao metal;

f) Colocação de acessórios e embalagem: Com as peças prontas e acabadas, estas seguem para a colocação de acessórios (alças, cabos, etc.). Em uma máquina específica são realizados os furos e fixações necessários. Em seguida as peças prontas são então embaladas em plástico e seguem para estoque, onde esperam a venda.

3.1.1 Geração de resíduos na empresa A

Conforme se observa na Figura 2 anterior, na etapa de fundição é gerada uma borra com alto teor de alumínio, que poderia ser recuperado por meio da aplicação de produto químico que, em contato com a borra, separaria o alumínio tornando-a menos nociva para sua destinação adequada. No entanto, como esse processo tem que ser feito no recipiente (cadinho) de fundição, é inevitável que uma reação aconteça, diminuindo então sua vida útil. Assim, a empresa não realiza tratamento da borra, para dar maior vida útil ao cadinho.

Já na etapa de laminação o resíduo advém do óleo utilizado na lubrificação da chapa para seu melhor deslizamento entre os rolos laminadores. Parte do óleo evapora durante a lubrificação, devido à elevada temperatura, enquanto a outra parte realiza a lubrificação e, o que sobra, é reutilizado no mesmo processo.

Na etapa de corte são geradas aparas de alumínio, que são recolhidas continuamente e retornadas para a fundição, acontecendo seu reaproveitamento total.

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9 Nas etapas de torneamento e fixação de acessórios, são geradas limalhas de alumínio, que são recolhidas e armazenadas juntamente com a borra para a mesma destinação, uma vez que, quando recolhidas, levam consigo impurezas, impossibilitando seu retorno à fundição.

Por último, na etapa de embalagem, as peças prontas, com auxílio de uma máquina, são envolvidas em plástico, que é cortado no tamanho adequado e lacrado. Este plástico não reutilizado no processo.

3.1.2 Classificação, armazenamento e destinação dos resíduos gerados na empresa A Com base na NBR 10.004:2004, a Empresa A tem seus resíduos classificados conforme consta no Quadro 3, o qual contém ainda sua destinação dada pela empresa.

Quadro 1 - Classificação e destinação dos resíduos da Empresa A

TIPO DE RESÍDUO CLASSIFICAÇÃO DESTINAÇÃO

borra de fundição de alumínio não-inertes venda para sucata aparas e limalhas de alumínio Inertes reutilizado na fundição

óleo lubrificante Perigosos reutilizado no processo produtivo

Plástico Inertes coleta comum

Fonte: elaborado pelo autor

A borra de fundição é armazenada por, aproximadamente, dois meses para que a quantia seja suficiente para sua venda como sucata. As limalhas geradas têm a mesma destinação.

As aparas de alumínio são armazenadas temporariamente em uma pilha próxima à área de fundição. O óleo lubrificante, por sua vez, é armazenado temporariamente em depósitos que conduzem o óleo usado ao maquinário novamente, sendo reutilizado totalmente. Já o plástico é armazenado em lixeiras comuns e destinado à coleta como resíduo doméstico urbano.

3.2 Empresa B: fabricação de peças em aço inoxidável

A Empresa B produz peças sob encomenda em aço inoxidável, tais como placas, mesas, cadeiras, corrimãos, entre outros. Seu processo produtivo inclui cortes, modelagem e acabamento, conforme ilustrado na Figura 3 e descritas em seguida.

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10 Figura 2 – Fluxograma do processo e geração de resíduos da empresa B

Início Pedido Elaboração do

Projeto Execução do Projeto da Peça Corte Solda Acabamento Embalagem Fim Geração de Resíduos (plástico) Geração de Resíduos (aparas e limalhas) Geração de Resíduos (máscaras)

Fonte: elaborado pelo autor

a) Pedido: o cliente entra em contato com a empresa e faz o pedido da peça desejada, detalhando suas necessidades.

b) Elaboração do projeto: o projeto da peça pode ser elaborado na empresa ou, eventualmente, o cliente pode já ter o projeto pronto para a sua execução.

c) Execução da peça: esta etapa é constituída, primordialmente, por cortes e soldagens. No corte, as partes da peça são cortadas a partir de tubos ou chapas de acordo com a peça desejada; no processo de soldagem, as partes cortadas são unidas para dar forma à peça, que pode necessitar ainda de furos, que podem ser feitos antes ou depois da montagem final.

d) Acabamento: todas as peças recebem o acabamento por meio de polimento, que torna as superfícies das peças uniformes, tornando invisíveis os pontos de solda e de corte e, para que a peça apresente aparência uniforme, além de fornecer brilho ao material.

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11 e) Embalagem: depois do acabamento, a peça é embalada em plásticos para entrega ao

cliente.

3.2.1 Geração de resíduos na empresa B

Na Empresa B, em cada etapa há um resíduo diferente sendo gerado, como é possível observar na Figura 3 anterior. Durante o processamento das peças os funcionários usam máscaras protetoras, que são descartadas diariamente. Além disso, na etapa de corte, são geradas aparas de tubos ou chapas de aço, das quais algumas, quando grandes, são consideradas pedaços de material e podem ser reutilizadas para compor outras peças. As aparas são armazenadas para serem vendidas como sucata.

Cortes menores para pequenos reparos e acertos são realizados e geram limalhas, que são armazenadas juntamente com aparas e recebem a mesma destinação. Já no processo de embalagem, as sobras são descartadas para coleta comum.

3.2.2 Classificação, armazenamento e destinação dos resíduos gerados na Empresa B De acordo com a NBR 10.004/2004, observou-se que a classificação dos resíduos gerados na Empresa B segue ao disposto no Quadro 4 seguinte.

Quadro 2 – Classificação e destinação dos resíduos da Empresa B

TIPO DE RESÍDUO CLASSIFICAÇÃO DESTINAÇÃO

Máscara inerte coleta comum

aparas e limalhas de aço inoxidável inerte venda como sucata, utilização interna

Plástico inerte coleta comum

Fonte: elaborado pelo autor

As máscaras utilizadas pelos funcionários e os resíduos de plástico das embalagens são descartados no lixo comum e destinados à coleta municipal.

As aparas e limalhas de aço inox são armazenadas em um depósito próprio por três meses, em média, tempo necessário para acumular quantidade suficiente para venda.

3.3 Empresa C: fabricação de móveis planejados

A Empresa C fabrica móveis planejados e está no mercado há mais de 15 anos. Seu processo produtivo inclui desde o projeto dos móveis até a sua fabricação e montagem no endereço do cliente. O processo é dividido em etapas (Figura 4) que são descritas a seguir.

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12 Figura 3 – Fluxograma do processo e geração de resíduos na empresa C

Fonte: elaborado pelo autor

a) Projeto: o processo se inicia quando o cliente solicita projeto do mobiliário que deseja. O projeto pronto é então enviado à fábrica.

b) Corte: o início da execução envolve o corte das partes do móvel na chapa de material de média densidade ou MDF, do inglês medium density fiberboard. O formato do corte é programado na máquina, que realiza o trabalho de corte automaticamente.

c) Colagem: após o corte, as partes são dirigidas a outra máquina que realiza a colagem da borda (acabamento das peças) e que, ao mesmo tempo, retira os excessos que resultam deste processo.

d) Polimento: nessa etapa, as irregularidades das superfícies são retiradas por meio de uma máquina que realiza o lixamento, que dá aspecto de polimento à peça.

e) Pintura: esta é a última etapa do processo de fabricação, onde a peça do móvel é pintada com a cor especificada pelo cliente. É a parte manual do trabalho, realizada apenas com o auxílio da pistola de tinta.

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13 f) Acessórios: em alguns casos o móvel exige a colocação de acessórios, como vidro e alumínio. Neste caso, estes são colocados por último. O alumínio e o vidro são cortados na própria fábrica e colocados após a finalização das partes do móvel.

g) Embalagem: finalmente, as partes do móvel são embaladas com plástico-bolha e papelão e enviados ao cliente, onde é realizada a montagem do móvel.

3.3.1 Geração de resíduos na empresa C

Vários são os resíduos gerados nesta empresa, esquematizados na Figura 4 anterior. Basicamente os resíduos são aparas de MDF. Dependendo do corte realizado na chapa, o que sobra é grande o suficiente para ser utilizado em novos cortes ou, é pequeno demais, e é descartado por não poder ser reutilizado.

Nesta empresa, o software utilizado no maquinário de corte não realiza a função de melhor aproveitamento da peça. Por isso, há grande quantidade de sobra com pouca, ou até sem, possibilidade de reaproveitamento.

Na etapa de colagem ocorrem duas atividades ao mesmo tempo: a colagem da borda e a retirada dos excessos dessa borda. Essa borda é de policloreto de vinila (PVC) e os resíduos gerados pela retirada dela são numerosas raspas de material.

O polimento, por sua vez, produz serragem muito fina que é aparada pela própria máquina, levada por tubulação aos depósitos de armazenamento. Contudo, notou-se grande quantidade de serragem por todo o setor produtivo da fábrica.

Já na etapa de pintura, os resíduos gerados são latas de tinta P1, à base de poliuretano, e estopa utilizada para limpar excessos de tinta. Como uma lata de tinta serve para várias peças, a quantidade desse resíduo não é grande; o mesmo serve para as estopas.

Na etapa denominada “acessórios” na Figura 4 anterior, observa-se que o vidro e alumínio cortados têm suas sobras separadas. No caso do corte do vidro, algumas vezes o corte é detalhado e necessita de um molde de isopor, que é descartado em seguida; no entanto, na maioria das vezes o molde é dispensado e as sobras do vidro são descartadas.

O alumínio também é aproveitado ao máximo no corte. Suas sobras são armazenadas para posterior destinação.

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14 Por último, na etapa de embalagem, os resíduos são o bolha e o papelão. O plástico-bolha, quando tem estouradas as bolhas, perde a utilidade, resultando assim em mais resíduos. Já no caso do papelão, há um considerável aproveitamento, pois cada pedaço não utilizado pode ser aproveitado em outras peças. Este somente é descartado quando o pedaço é pequeno demais ou danificado demais para ser reaproveitado.

3.3.2 Classificação dos resíduos gerados na Empresa C

Os resíduos gerados na Empresa C são classificados conforme consta no Quadro 5 que segue. Quadro 3 - Classificação e destinação dos resíduos da empresa C

TIPO DE RESÍDUO CLASSIFICAÇÃO DESTINAÇÃO

aparas de MDF Inerte Empresa terceirizada raspas de PVC Inerte Empresa terceirizada

Serragem Inerte Empresa terceirizada

latas sujas de tinta Não inerte (lata) e perigoso (tinta) Empresa terceirizada pedaços de vidro Inerte Empresa terceirizada pedaços de alumínio Inerte venda como sucata

Papelão não inerte Empresa terceirizada plástico bolha Inerte Empresa terceirizada

Fonte: elaborado pelo autor

Todos os resíduos são armazenados separadamente em contêineres durante diariamente. Ao final do expediente, os contêineres, com exceção dos que contêm alumínio, são esvaziados em dois contêineres maiores. Estes armazenam os resíduos durante dois dias, tempo suficiente para que estejam cheios. Em seguida, são esvaziados em caminhões e levados por uma empresa terceirizada. Os resíduos de alumínio, quando não aproveitados, são vendidos.

4. Conclusão

Observou-se que a geração de resíduos ocorre em todas as etapas dos processos produtivos estudados. A maioria dos resíduos gerados é classificada como inertes, conforme NBR-1004:2004 e sua destinação é dada por empresa terceirizada, que se encarrega da destinação dos resíduos ou venda à sucata, no caso de resíduos metálicos.

A Empresa A é a que mais reutiliza seus resíduos, sendo possível dizer que seu gerenciamento é eficiente e a reutilização é quase total. Já a Empresa B destina todos os seus resíduos a terceiros especializados e com pouca reutilização – as aparas que sobram dificilmente podem

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15 ser reutilizadas para a fabricação de uma nova peça – o que faz com que haja grande quantidade desse resíduo.

A Empresa C destina todos os seus resíduos à mesma terceirizada e, assim como a empresa B, tem pouca reutilização. Como também trabalha com peças sob encomenda, poucas aparas podem ser reutilizadas para a fabricação de uma outra peça. Essa empresa é a que produz maior variedade de resíduos e menor variedade de destinação.

Pode-se observar que as empresas estudadas apresentam ações adequadas no gerenciamento dos resíduos que geram, o que é particularmente importante ao se observar a necessidade premente de que produtores de bens ou serviços considerem tais ações intrínsecas à empresa, como qualquer outra ação de seus processos.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ANBT. ABNT NBR 10.004:2004. Disponível em: http://www.saac.com.br/pdf/NBR10004-2004-ClassificadodeResiduosSolidos.pdf. Acesso em: 04 mai 2009. BRASIL, Anna Maria; SANTOS, Fátima. Equilíbrio Ambiental; resíduos na sociedade moderna. São Paulo: FAARTE Editora, 2007.

FERREIRA, J. A. Resíduos sólidos: perspectivas atuais. In SISSINO, C.L.S. & OLIVEIRA, R.M. (Orgs). Resíduos sólidos, ambiente e saúde, uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000. GREENPEACE. O que é produção limpa? Disponível em: www.greenpeace.org.br. Acesso em: 20jun2010.

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