UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Disciplina: Seminário de Tese em Espaço e Sociabilidades II Prof.: Dr. Luiz Geraldo Silva
Aluno: Edson Moisés Pagani (doutorando) Orientador: Prof.a Dr.a Maria Luiza Andreazza.
Projeto: Homens de espadas: estudo dos corpos de armas dos soldados auxiliares nos campos de Curitiba (1765-1777).
Relatório Técnico de coleta e análise de fontes.
O presente relatório busca apresentar todo o acervo documental reunido neste momento, bem como relatar quais as principais características e relevâncias de cada um para a concretização de nossa pesquisa. Para tanto, as fontes para melhor exposição estão divididas essencialmente em manuscritas e impressas. Conforme a documentação é listada no interior do relatório pretendo informar a localização da mesma, descrever o conteúdo, relatar qual a sua finalidade em relação à pesquisa proposta e fazer saber o andamento atual da análise da documentação.
1. Fontes Manuscritas.
a) Mapas de recrutamento das companhias auxiliares de cavalaria da Vila de Curitiba (1ª, 2ª, 3ª e 4ª), do ano de 1776 (originais no Arquivo do Estado de São Paulo.
Copia do acervo do Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses – CEDOPE-UFPR);
b) Listas nominativas dos habitantes da vila de Curitiba (originais no Arquivo do Estado de São Paulo. Copia do acervo do CEDOPE-UFPR);
c) Registros paroquiais do acervo da Catedral Basílica, provavelmente o limite temporal se fixará de acordo com as informações relativas ao efetivo do corpo militar (originais na Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Copia do acervo do CEDOPE-UFPR).
O acervo dos Mapas de recrutamento dos soldados auxiliares conta com mais ou menos sessenta cópias digitalizadas, uma média de quinze copias por companhia. Acenam com informações sobre a situação militar de cada miliciano, como o posto que ocupava, o ano que asentou praça, e se era ou não possuidor de todos os materiais bélicos necessários – cavalo, catana, clavina, pistola. Os mapas também fazem referencia a informações antropomórficas - cor da pele, cabelo e olhos; estatura – e sobre a situação pessoal de cada um deles – nome, filiação paternal, estado civil e profissão. Por conseguinte, diante da relevância de dados observados nesta fonte compreende-se que o cruzamento com outros acervos de igual importância para a pesquisa histórica, no caso, as listas nominativas de habitantes da vila de Curitiba e os registros paroquiais são de fundamental auxilio. Logo, se reconhece que a realização de um estado satisfatório somente será alcançado dado a riqueza de informações que todas possuem.
As listas nominativas de habitantes possibilitam a exploração de uma grande quantidade de informações, que vão desde a localização espacial dos moradores no interior da vila, até o número das pessoas que coabitam no interior de seu “fogo” – seus nomes, idades, grau de parentesco ou outros tipos de vínculos – algumas listas nominativas ainda em suas “margens” nos informam sobre como eram suas moradas, o que produziam em suas lavouras e se os moradores pertenciam a algum corpo militar. As listas nominativas presentes até o momento da pesquisa são do ano de 1772 e do ano de 1776. Contudo, não descartamos a hipótese de somar as demais listas de recenseamento produzidas nos limites temporais de nossa pesquisa.
Quanto ao uso dos dados contidos nos registros paroquiais eles são de grande valia, para verificar os estratagemas destes homens de espada em suas práticas parentais como os matrimônios e os compadrios para formação de redes de alianças para angariar recursos simbólicos para manutenção ou mesmo ascensão social. Por conseguinte, o sacramento do casamento, juntamente com os laços de parentesco surgidos a partir do compadrio, tanto de padrinho/afilhado, quanto de compadre/compadre são elementos essenciais para estruturação de redes sociais para organização da vida cotidiana destes homens de armas.
No momento dispomos somente dos dados de alguns cavalarianos, principalmente, os comandantes das companhias, que não somente apresentam seus filhos na pia batismal ao lado de padrinhos de grande distinção na sociedade, como são convidados para serem
“compadres” de muitos homens que estão sob seu mando.
Uma parte considerável de toda esta documentação já se encontra transcrita.
2. Fontes Impressas.
Tem um relevante papel para concretização da pesquisa que almejamos realizar.
Para tanto, citamos os:
a) Boletins do Archivo Municipal de Curitiba. Documentos para a História do Paraná. Curitiba: Impressora Paranaense, 1906. Esta documentação encontra-se no site http:/www.arquivopublico.pr.gov.br do Arquivo Público do Paraná, ou mesmo, de fácil manuseio na própria biblioteca da Universidade Federal do Paraná. Entre os diversos volumes que compõem o acervo são os volumes 3, 4 e 5, que chama a atenção neste momento da pesquisa, por conterem informações sobre as expedições do Tibagy e Guarapuava. As Expedições de conquista e exploração dos “Sertões de Tibagy e Guarapuava”, representa pelos perigos apresentados uma valiosa oportunidade de aquisição de reconhecimento neste complexo mecanismo de recompensa. Desse modo, as dificuldades em recrutar indivíduos para tão arda empresa e a importância que a mesma expressa entre os planos de defesa das posses além-mares, faz com que o serviço prestado através da espada figure como uma das relevantes moedas de troca para a obtenção das mercês reais. Independente dos sucessos ou desapontamentos que cada expedição ao sertão promoveu com a sua constituição, a atenção se norteia no papel desempenhado pelos cavalarianos auxiliares dos campos de Curitiba, e os possíveis impactos que uma empresa de tais dimensões possam ter causado no cotidiano destes homens.
b) Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo. A obra pode ser acessada pelo site www.delphos.biblioteca.unesp.br, ou pode ser manuseada em cópias impressas na Biblioteca na Universidade Federal do Paraná. Entre a grande quantidade de volumes os mais próximos do objetivo de nossa pesquisa são os volumes que seguem abaixo, juntamente com o título e o ano:
- V. 5, Yguatemi, 1901.
- V. 6, Yguatemi, 1902.
- V. 7 Yguatemi, 1902.
- V. 8 Yguatemi, 1901.
- V. 9 Yguatemi, 1901.
- V. 10, Yguatemi, 1895.
- V. 17. Correspondência do Vice-Rei, de Martim Lopes Lobo de Saldanha e outros (1775- 1779). 1895.
- V. 19. Correspondência do Capitão-General Dom Luiz Antonio de Souza (1767-1770).
1896.
- V. 23. Correspondência do Capitão-General Dom Luiz Antonio de Souza (1767-1768).
-V. 28. Correspondência do Capitão-General Martim Lopes Lobo de Saldanha (1775- 1778). 1898.
-V. 33. Bandos, ordens e portarias de D. Luia Antonio de Souza (1771-1775). 1901.
-V. 34. Correspondência do Capitão-General Dom Luiz Antonio de Souza (1770-1771).
1901.
-V. 35. Correspondência do Capitão-General Dom Luiz Antonio de Souza (1772-1775).
1901.
-V. 42. Correspondência do Capitão-General Martim Lopes Lobo de Saldanha (1775- 1777). 1903.
- V. 43. Correspondência do Capitão-General Martim Lopes Lobo de Saldanha (1774- 1781). 1903.
- V. 62. Recenseamentos (1765-1767). 1937.
-V. 64. Ofícios do Capitão-General Luis Antonio de Souza aos diversos funcionários da Capitania (1772-1775). 1939.
- V. 65. Ofícios do Capitão-General Luis Antonio de Souza aos diversos funcionários da Capitania (1765-1771). 1940.
- V. 67. Ofícios do Capitão-General Luis Antonio de Souza aos diversos funcionários da Capitania (1766-1767). 1943.
- V. 68. Ofícios do Capitão-General Luis Antonio de Souza aos diversos funcionários da Capitania (1767-1768). 1944.
- V. 69. Ofícios do Capitão-General Luis Antonio de Souza aos Vice-Reis e Ministros (1771-1772). 1946.
- V. 70. Ofícios do Capitão-General Martim Lopes Lobo de Saldanha aos diversos funcionários da Capitania (1775-1776). 1946.
- V. 72. Ofícios do Capitão-General Luis Antonio de Souza (1765-1766). 1952 - V. 73. Ofícios do Capitão-General Luis Antonio de Souza (1765-1766). 1952.
- V. 75. Ofícios do Capitão-General Martim Lopes Lobo de Saldanha (1776-1777). 1954.
Grande parte de toda essa documentação se refere aos períodos de governos a frente da Capitania de São Paulo, no caso, a administração de D. Luis Antonio de Souza Botelho Mourão e o seu sucessor Martim Lopes Lobo de Saldanha. Logo, estão reunidos
correspondências, cartas régias, bandos, portarias, recenseamentos, ordens, ofícios e outros documentos oficiais. Em relação a esta obra ainda estamos em processo de seleção e coleta de documentação.
Outras fontes também devem ser destacadas neste relatório devido sua importância para a pesquisa, como o trabalho de Francisco Negrão, na obra, Genealogia Paranaense.
Curitiba: Imprensa Oficial Estado do Paraná, 1927, e os estudos de Ermelino de Leão, no Diccionario Histórico e Geográfico do Paraná. Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Parnanaense. Curitiba, 1994. Também se destaca a obra do padre Bluteau, o Vocabulário Portuguez e Latino. Lisboa: Officina de Pascoal Silva, impressor de sua Majestade, 1714. Todas estas obras estão disponíveis no CEDOPE, inclusive copia digitalizado do Vocabulário Portuguez e Latino.
Outros documentos estão em minha posse digitalizados:
- “Lei das Armas de 9 de Dezembro de 1569”. In:: Mendonça, Marcos Carneiro de. Raízes da Formação Administrativa do Brasil, tomo I, IHGH, Conselho Federal de Cultura, RJ, 1972, p. 145-151.
- “Carta Régia sobre a Criação de Soldados Auxiliares”. Lisboa, 7 de Janeiro de 1645”. In:
Collecção Chronologica da Legislação Portuguesa compilada por José Justino de Andrade e Silva, v. de 1640 a 1647, p. 271-272.
- “Alvará dos Privilégios dos Auxiliares, de 24 de Novembro de 1645”. In: In: Collecção Chronologica da Legislação Portuguesa compilada por José Justino de Andrade e Silva, v. de 1640 a 1647, p. 295.
Vale destacar neste relatório que neste momento da pesquisa esta sendo construído um banco de dados que reúne informações de todos os integrantes das companhias de cavalaria auxiliar da vila de Curitiba. As informações contidas neste projeto são coletadas em sua maioria nos acervos citados anteriormente. Logo, contamos com dados coletados nos mapas de recrutamento, outros obtidos nas listas nominativas e muitos observados nos registros paroquiais. O objetivo do banco de dados resulta com a possibilidade de proporcionar para a pesquisa uma maior produtividade para sua analise, em face ao grande corpo documental apresentado. Contudo, não descartamos que no desenvolvimento da pesquisa outros dados possam ser inseridos a partir de contados com outras fontes.
O exercício de seleção e coleta de informações nos demais documentos manuscritos e impressos é uma tarefa diária que ocupa parte significativa de nosso trabalho. Outro ponto relevante que deve ser mencionado é que almejamos também reconstituir as famílias destes cavalarianos. Para tanto, os registros paroquiais e os trabalhos de Ermelino de Leão (Diccionario Histórico e Geográfico do Paraná) e de Francisco Negrão (Genealogia Paranaense) são essenciais para tal intento. Somente algumas famílias até momento foram reconstruídas, principalmente aquelas pertencentes os oficiais comandantes das companhias de cavalaria, mas nossa intenção é atingir um número maior do efetivo, inclusive as famílias dos soldados ditos como rés-do-chão.
Portanto, um trabalho árduo que norteia a todos comprometidos com a pesquisa histórica. Este caso não se difere dos demais, contudo ainda ressaltamos que no andamento da pesquisa outras fontes podem ser somadas para suprir prováveis demandas encontradas em nosso caminho. Principalmente, porque intenciono no primeiro semestre de 2014 consultar o acervo disponível no Arquivo Público do Estado de São Paulo, para coletar uma possível documentação referente ao objeto de estudo.
