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O SABER ESCOLAR NA PERSPECTIVA DA TEORIA ANTROPOLÓGICA DO DIDÁTICO

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O SABER ESCOLAR NA PERSPECTIVA DA TEORIA

ANTROPOLÓGICA DO DIDÁTICO

Marcus Bessa de Menezes

Marcelo Câmara dos Santos

Programa de Pós-graduação em Educação/UFPE marcusbessa@gmail.com; marcelocamaraufpe@yahoo.com.br

RESUMO

Este trabalho parte de uma tese de doutorado que tem o objetivo de investigar como se comporta o saber escolar presente no ecossistema da sala de aula, por meio da análise das intencionalidades do professor e dos alunos, existentes naquela ecologia, a partir do referencial da Teoria Antropológica do Didático, proposta por Yves Chevallard. Na referida tese iremos analisar como se comportam os sujeitos (professores e alunos) de uma Instituição (escola), em relação aos os objetos desta instituição (objetos de ensino), ou seja, dentro da particularidade da sala de aula. No presente artigo faremos uma breve discussão do referencial teórico adotado, bem como apresentaremos o delineamento metodológico proposto para a análise dos dados.

Palavras-chave: Teoria Antropológica do Didático, Praxeologia, Saber Escolar.

1- INTRODUÇÃO

Temos, hoje, diversas pesquisas que nos apontam evidências de certa diferenciação entre o que é previsto para ser ensinado e o que realmente é ensinado em sala de aula. Essa diferença pode ser identificada através do gerenciamento do tempo do saber em jogo no cenário didático, das expectativas do professor em relação ao saber e das criações didáticas, levando em consideração a distância entre o que é ensinado em sala de aula e o que é efetivamente aprendido pelos alunos.

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professores de matemática, perante uma mesma lição, identificando que havia diferenças entre o saber que estava previsto pelos professores em seus planos de aula, e o saber desenvolvido efetivamente por cada um, para chegarem ao objetivo desejado, que seria o aprendizado do aluno. A partir da análise desses estudos, nosso trabalho de pesquisa tem como objetivo investigar como se comporta este saber escolar dentro de uma sala de aula, considerando a intencionalidade relativa a este saber pelas partes humanas que compõe o sistema didático estabelecido, ou seja, o professor e os alunos. Para isso, tomaremos como referencial a teoria antropológica do didático de Yves Chevallard, que nos ajudará a identificar esses comportamentos.

2- A TEORIA ANTROPOLÓGICA DO DIDATICO (TAD)

Segundo Chevallard, a sua teorização proposta na Teoria Antropológica do Didático (TAD) deve “(...) ser encarada como um desenvolvimento e uma articulação das noções cuja elaboração visa permitir pensar de maneira unificada um grande número de fenômenos didáticos, que surgem no final de múltiplas análises.” (1999, p.25)

Assim, podemos ver a TAD funcionando como uma forma de explicar a Transposição Didática (TD) no ecossistema1 da sala de aula, ou, melhor dizendo, um prolongamento da

Teoria da Transposição Didática, no momento em que amplia esses ecossistemas para relações, entre objetos de ensino, que irão além da sala de aula. Nessa direção, tal autor propõe que:

“Na prática, as primeiras análises propostas em la transposition didactique2 limitavam-se a distinguir objetos «matemáticos», «paramatemáticos» e «protomatemáticos». O alargamento do quadro, levado a cabo por necessidades de análise, conduziu-me a propor uma teorização em que qualquer «objeto» pudesse aparecer : a função logarítmica é, evidentemente, um objeto («matemático»), mas existe igualmente o objeto «escola», o objeto «professor», o objeto «aprender», o objeto «saber», o objeto «dor de dente», o objeto «fazer xixi», etc.” (CHEVALLARD, 1999, p. 27)

O autor afirma que, para começar sua teorização, são necessários três temas primitivos: os objetos O, as pessoas X e as instituições I; além de outros virão a ser acrescentados subsequentemente.

O objeto O tomará uma posição privilegiada em relação aos outros temas, em virtude do mesmo ser o “material base” da construção teórica. Na sua concepção, tudo será objeto. Chevallard faz uma analogia com o universo matemático contemporâneo, o qual é fundado na teoria dos conjuntos - tudo é um conjunto - e assim também será na sua teoria: “todas as

1 Entendemos ecossistema como sendo o local onde se desenvolve um determinado sistema que possui uma

ecologia própria, no caso em estudo, o sistema didático.

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coisas serão objetos”. As pessoas X e as instituições I também são objetos, assim como, as outras entidades que serão introduzidas.

O objeto irá existir no momento em que for reconhecido como existente por uma pessoa X ou instituição I. Com isso, aparecerá a relação pessoal de X com O, que será denotada por R(X, O), e a relação institucional de I com O, R(I, O). Ou seja, o objeto irá existir caso seja reconhecido por, pelo menos, uma pessoa X ou instituição I.

Chegamos a um ponto em que necessitamos evidenciar o que são as instituições, visto que, a instituição, segundo Chevallard (1999), “(...) pode ser quase o que quer que seja”. Devido à natureza da palavra, poderíamos dar uma conotação própria a esse personagem, ou seja: “associação ou organização de caráter social, educativo, religioso, de ensino, etc.” (Kury, 2002), porém, não devemos nos surpreender ao vermos, em certos momentos, objetos tomarem o status de instituição. Uma escola é certamente uma instituição, que possui outras instituições a ela agregada; uma sala de aula, por exemplo, que por sua vez tem, igualmente subordinada, a instituição trabalhos dirigidos, etc.

O conceito de Instituição pode ser explicitado como sendo um dispositivo social, total ou parcial, que impõe aos seus sujeitos formas de fazer e de pensar, que são próprias a cada “tipo ou forma” de instituição. Para avançarmos ainda mais sobre o conceito de instituição I, devemos percebê-la não como uma estrutura homogênea, mas sim heterogênea, em que existem várias relações de pessoas X com objetos O que pertencem a I.

Mas de que forma se relacionam os objetos O e instituição I? A cada uma instituição I está associado um conjunto de objetos O que são conhecidos por I, ou seja, existe uma relação institucional R(I, O). O objeto O se relaciona com a instituição I através de suas características próprias, por exemplo, a noção de porcentagem para uma instituição financeira (um banco) pode representar taxas e lucros, enquanto para a engenharia civil pode representar proporcionalidade entre partes de uma mistura (um traço de concreto). Assim sendo, o objeto O pode estabelecer diferentes formas de relações de acordo com a instituição R1(O), R2(O), R3(O), etc. Assim como seu desenvolvimento dentro destas

instituições pode vir a ser modificado com o passar do tempo, ou seja, evoluir, envelhecer ou até mesmo desaparecer.

Essas relações são permeadas por outro fenômeno didático que surge nas relações dos sujeitos X com os objetos O da instituição I, fenômeno este que se estabelece devido às expectativas que existem dentro das relações, o contrato didático. Mais adiante, iremos avançar quanto à conformidade da relação entre a pessoa X e o objeto O (R(X, O)) sob o constrangimento da relação institucional R1(O) gerando R1(X, O), observando e analisando

quais as possíveis interferências na relação R(X, O)

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a pessoa, até aqui ainda não o definimos claramente. Para podermos defini-lo de forma mais concisa, acreditamos ser necessário diferenciarmos alguns estágios deste conceito, a saber: o indivíduo, o sujeito e a pessoa.

Podemos dizer que o estágio mais primitivo seria o de Indivíduo, visto que este não se sujeita, nem muda com as relações cotidianas com objetos e instituições. A esse respeito Chevallard afirma que:

“Bem entendido, no curso do tempo, o sistema das relações pessoais de X evolui; objetos que não existem para ele passam a existir; outros deixam de existir; para outros enfim a relação pessoal de X muda. Nesta evolução, o invariante é o indivíduo; o que muda é a pessoa” (CHEVALLARD, 1992, p. 12).

Do ponto de vista do sujeito, a teoria em questão propõe que o indivíduo se torna um sujeito quando se relaciona com uma Instituição I qualquer, ou melhor dizendo, quando se sujeita a uma Instituição I, sob suas demandas, hábitos, formas, enfim, se sujeitando a esta relação. Segundo Chevallard (2003, p.73) “Desde o nascimento, todo indivíduo se sujeita a – quer dizer, é ao mesmo tempo submisso e sustentado por – múltiplas instituições, tais com família, de onde se torna sujeito.”

Apresentaremos a partir deste momento a pessoa X. É através das várias relações que o indivíduo tem com instituições diferentes que se constitui a pessoa, os seja, o conjunto de sujeitos do indivíduo é que forma a pessoa X, a qual irá mudando conforme estabelece suas relações com as instituições, das quais tomam conhecimento com o passar do tempo.

Uma pessoa X entra para uma instituição I, onde existe um objeto O para I, que é chamado de objeto institucional. Assim, X ao entrar em I começa a viver uma relação com O sob o constrangimento da relação institucional, ou seja, a relação R(X, O) irá se alterar ou construir mediante a relação R(I, O), e, de forma mais ampliada, sob o constrangimento do contrato institucional C!.

Devemos deixar claro que O poderia ou não existir para X antes de sua entrada para I (que analogamente podemos sugerir como conjunto vazio, sem existência), porém, independente desse fato, a relação R(X, O) irá alterar-se, daí então, Chevallard dirá que há aprendizagem de X em relação a O. Ou seja, havendo alteração em R(X, O) então haverá aprendizagem da pessoa X sobre o objeto O. De forma análoga, caso R(X, O) não se altere, podemos afirmar que nada aprendeu. Devemos observar que não há nada de didático até agora, pois, a instituição I não se manifestou com intencionalidade de fazer com que R(X, O) se altere ou modifique.

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relativamente ao objeto O, quando as relações R(X, O) e R(I, O) estão em conformidade. Caso isso não esteja ocorrendo, é considerado que o sujeito está desadequado em relação ao contrato institucional C!.

Assim, entra em cena o papel da instituição como um sistema avaliador de tal conformidade, isto é, como afirma Chevallard (1999, pág. 31), “(...) relativo aos mecanismos segundo os quais I é levada a pronunciar, através de alguns dos seus agentes, um veredicto de conformidade (ou de não conformidade) R(X, O) com R(I, O).”

Quero deixar claro que em nosso trabalho desejamos observar a Instituição Sistema Didático3, pois será lá o local em que poderemos verificar o saber escolar enquanto

pertencente a esta instituição. Visto que em outra instituição, com outros contratos estabelecidos, em virtude dos ecossistemas serem distintos, identificaríamos variantes, as quais não daríamos conta.

Assim sendo, se fizermos uma ponte do que foi dito com o Sistema Didático, podemos pensar que a instituição sala de aula – a qual chamaremos, a partir deste momento, de I1 – tem em seus sujeitos X1 – os alunos –, objetos O1 – saberes em jogo – e

seus agentes que irão regular a conformidade ou a não conformidade com a instituição I1, de

acordo com a intencionalidade estabelecida são: os professores, o contrato didático e institucional estabelecidos, as avaliações, dentre outros que aparecerão de acordo com o momento necessário.

Podemos perceber, em alguns momentos, que os sujeitos X1 realizam certas

escolhas, ou seja, quais são os objetos O1 que desejam construir ou alterar a relação

existente R(X1, O1). Essas escolhas se dão através dos seus interesses sobre aquele

determinado objeto em I1, o maior interesse passa a ser “ficar adequado” nessa relação sob

o constrangimento de I1.

Colocando em outras palavras, um dos agentes reguladores dessa conformidade será a avaliação, o que poderá fazer com que X1 abra mão de todos os outros “pertences”,

interessando a ele (X1), quase que somente, as estruturas, mecanismos, seqüências que

necessitará para realizar, em um determinado momento, seu papel de aluno. Então é nesse sentido que esse saber será construído ou memorizado (dependendo da perspectiva do processo de ensino-aprendizagem).

A avaliação, como um dos elementos controladores da conformidade, ou não conformidade, na Instituição I1, pode nesse sentido vir (ao contrário do que se espera) a

‘podar’ todo esse interesse pelo objeto O1, fazendo com que o sujeito X1 se preocupe

3 “(…) o sistema didático são formações que aparecem a cada ano no mês de setembro, ao redor de um saber

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somente com a conformidade, ou seja, quais os são os conjuntos de seqüência que devem saber com intuito de terem a “adequação” esperada. Não podemos esquecer que essa avaliação é estabelecida por meio de um contrato pedagógico e didático, que, de certa forma, irá atribuir-lhe uma importância dentro de I1. Assim sendo, isso poderá comprometer

a formação dos conceitos desse objeto O1 em jogo no cenário didático.

Essas alterações nas relações entre o sujeito X1 e o objeto O1, vão muito além de

uma questão epistemológica do objeto O1 (saber) ou uma questão metodológica; elas

partem, também, de uma intencionalidade vinculada ao contrato que é estabelecido. Não queremos deixar de fora esses outros fatores, de forma alguma, porém, é extremamente necessárioquando olhamos para o saber escolar, entender que a relação dos contratos (pedagógico e didático) estabelecidos têm, se assim podemos dizer, um peso maior nas escolhas realizadas pelos sujeitos X1 (alunos).

2.1 - A Organização Praxeológica ou Praxeologia

Podemos entender uma organização praxeológica ou praxeologia, como a realização de certo tipo de tarefas4 (T) através de um modo de fazer, que Chevallard (1999) chama de

técnica (t). Essa associação tarefa-técnica (T-t) irá definir um saber-fazer5 próprio para esse

tipo de tarefa, porém, ela (T-t), não se mantém em estado isolado, ou seja, não se sustentará por si só. A T-t necessita de um amparo tecnológico-teórico (ou saber6), que é

formado por uma tecnologia (θ), que irá dar uma racionalidade e uma sustentação inteligível à técnica (t) aplicada, e uma teoria (Θ) que irá justificar e esclarecer a tecnologia (θ).

Assim sendo, a organização praxeológica ou praxeologia (que a partir desse momento iremos tratar somente como praxeologia) será composta por quatro elementos, a saber: tarefa (T), técnica (t), tecnologia (θ) e teoria (Θ); articulados através de uma parte prático-técnica (gerando o saber-fazer) e uma parte tecnológica-teórica (amparadas no saber).

3

METODOLOGIA

Tendo como norte dessa pesquisa a TAD de Chevallard (1999), nossa metodologia consistirá de uma análise das atividades propostas pelo professor em sala de aula, onde analisaremos a sua prática sob o olhar da praxeologia, e iremos comparar com as atividades realizadas pelos alunos, também sob a ótica da praxeologia, buscando identificar,

4 Type de tâches.

5 Savoir-faire. Mais precisamente no dicionário Le Petit Robert (1996), a definição de savoir-faire é dada como:

habilidade em fazer, (...) resolver problemas práticos; competência, experiência no exercício de uma atividade artística ou intelectual. (ROBERT, 1996)

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entretanto, os diferentes elementos praxeológicos (técnicas, tecnologias e teorias) que porventura venham a aparecer.

Para identificarmos a praxeologia do professor e do aluno teremos que realizar algumas ações. Observando primeiramente o professor, a primeira ação a ser realizada será de identificar os tipos de tarefas que serão propostas. A partir daí, partiremos para a segunda ação que será fazer uma análise da Organização Matemática, em que identificaremos, além das técnicas, os elementos tecnológicos e teóricos que se apresentam para a realização da tarefa.

Após a identificação dos elementos componentes da Organização Matemática, realizaremos a terceira ação que consiste em identificar quais são as técnicas, tecnologias e teorias que são mobilizadas pelo professor, em sala de aula, para a realização do tipo de tarefa proposta, ou seja, a Organização Didática.

Diferentemente da Organização Matemática, a Organização Didática se estabelecerá através de um certo caminho, certo tipos de situações, os quais serão chamados de momentos de estudo ou momentos didáticos, que facilitarão no entendimento da prática docente.

Assim, acreditamos que daremos conta da praxeologia do professor. Para a praxeologia do aluno, iremos observar, a partir dos tipos tarefa propostos, as técnicas, tecnologias e teorias que serão mobilizadas por eles na realização destes tipos de tarefa. E com as praxeologias montadas, faremos a comparação de ambas, buscando identificar o que irá variar de uma para a outra.

4 REFERÊNCIAS

BESSA DE MENEZES, Marcus. Investigando o processo de transposição didática interna: o caso dos quadriláteros. 184 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – UFPE-PE, Recife, 2004.

CHEVALLARD, Yves, La transposición didáctica: Del saber sabio al saber enseñado, 1991.

____________. Le passage de l’arithmétique à l’algébrique. Perspective curriculaire : la notion de modélisation. Petit X, n 19, pp. 45-75, IREM de Grenoble,1992.

_____________. L’analyse des pratiques enseignantes en Théorie Anthropologie Didactique. Recherches en Didactiques des Mathématiques, 19 (2), 221-266, 1999

_____________. Approche anthropologique du rapport au savoir et didactique des mathématiques. Paru dans S. Maury S. & M. Caillot (éds), Rapport au savoir et didactiques, Éditions Fabert, Paris, 81-104, 2003.

JOSSE, E. Analyse du discours des enseignanats. Paris: Presses Universite-Paris VII, 1992. KURY, Gama, Mini dicionário Gama Kury da Língua Portuguesa. FTD, São Paulo, 2002.

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