• Nenhum resultado encontrado

Avaliação Técnica de Planos de Expansão de Compensação Reativa e Controle de Tensão *

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Avaliação Técnica de Planos de Expansão de Compensação Reativa e Controle de Tensão *"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Avaliação Técnica de Planos de Expansão de

Compensação Reativa e Controle de Tensão

*

Fabrício Silveira Chaves Maria Helena Murta Vale

Discente do PPGEE Departamento de Engenharia Elétrica

chaves@cpdee.ufmg.br mhelena@cpdee.ufmg.br Universidade Federal de Minas Gerais – LRC / Lightning Research Center

Av. Antônio Carlos 6627, Belo Horizonte, MG 31270-010

*Este trabalho é parcialmente financiado pela CAPES.

Abstract - In this paper, the authors present their recent

research results regarding Power System Capacitive Shunt Reactive Compensation and Voltage Control. The investigations are related to system expansion planning activities. The adopted politics, criteria and procedures are described. The importance of a careful technical evaluation of the planned compensation is denoted. In this paper, such evaluation is composed by analyses of voltage stability, electromagnetic transients and harmonics. Results obtained by the technical evaluation are shown. Additionally, the used optimization process and the implementation of an applied computational tool are presented. They make procedure implementation more viable.

Resumo – Neste artigo, os autores apresentam suas recentes pesquisas relacionadas ao tema Compensação Reativa Shunt Capacitiva e Controle de Tensão de Sistemas de Energia Elétrica, no contexto de planejamento da expansão. São descritos as políticas, critérios e procedimentos adotados. Ressalta-se a importância de uma avaliação técnica criteriosa da compensação planejada. Neste artigo, tal avaliação é composta de análises de estabilidade de tensão, transitórios eletromagnéticos e harmônicos. Os resultados obtidos pela avaliação técnica são mostrados. Além disso, o processo de otimização e a ferramenta computacional aplicada, que tornam mais viável a implementação do procedimento, são apresentados.

I. INTRODUÇÃO

Um amplo espectro de atividades é necessário para que os Sistemas Elétricos de Potência (SEP) cumpram seu objetivo de fornecer energia elétrica aos consumidores, dentro de padrões de qualidade, segurança e economia. Tais atividades englobam desde a elaboração de planos de expansão eletro-energética, com horizontes de vários anos de antecedência, até a execução de ações de controle na operação em tempo real.

Dentre estas atividades, há aquela denominada Planejamento da Expansão Elétrica que é caracterizada pela elaboração de planos relacionados a alterações no SEP. Tais alterações são introduzidas de forma que o sistema elétrico atenda ao mercado de energia atual e futuro. Os estudos são realizados para horizontes de longo, médio e curto prazos.

As alternativas de expansão são diversas e incluem a construção de linhas de transmissão, subestações, hidrelétricas e a instalações de equipamentos do tipo compensação reativa shunt e série.

O presente artigo se refere à alternativa de expansão relacionada à compensação reativa shunt capacitiva (CR) associada ao controle de tensão (CT). Este tipo de compensação traz vários benefícios para o sistema elétrico, tais como, ajuste do fator de potência, elevação do perfil de tensão, diminuição das perdas elétricas e melhor utilização da rede, além de ser economicamente bastante atrativa.

O tema CR/CT tem sido objeto de pesquisa da equipe do LRC/UFMG. Desenvolvimentos acadêmicos [1,2,3,4] e aplicados [5,6] incluindo projetos em parceria com empresas de energia, têm sido elaborados. Tais trabalhos se dedicam às diversas atividades envolvidas com os SEP, desde o Planejamento da Expansão até a Operação em Tempo Real, pois se entende que a CR/CT deve ser vista dentro de uma perspectiva integrada, conforme discutido em [7].

Tais pesquisas continuam em evolução sendo que já atingiram resultados muito significativos como: a elaboração de um procedimento para CR/CT compreendendo a alocação ótima de reativos, o desenvolvimento de uma ferramenta computacional para o planejamento da expansão e a inclusão de um procedimento sistemático de avaliação técnica da CR/CT.

Tal avaliação técnica é extremamente importante para analisar a influência, no comportamento do SEP, da introdução dos novos equipamentos de CR/CT [8].

Este artigo resume a pesquisa que vem sendo elaborada na engenharia elétrica da UFMG no PPGEE, com ênfase à etapa atual que compreende à tese de doutorado do autor.

II. PROCEDIMENTO PARA COMPENSAÇÃO REATIVA E

CONTROLE DE TENSÃO

A. Políticas, Critérios e Procedimentos [4,5]

A abordagem completa destes conceitos é encontrada na dissertação do PPGEE [4]. De forma sucinta, as políticas, critérios e procedimentos adotados como base para a pesquisa realizada são apresentadas.

A política trabalha a potência reativa e o valor de tensão, de uma forma integrada, visando minimizar o fluxo de potência reativa.

Os principais critérios que vêm sendo adotados nas pesquisas se relacionam a: análise de contingências (critério N-1 para transmissão para as mais severas),

(2)

à compensação de carga), limites de tensão, fator de

potência e distorção harmônica (estabelecidos pela

legislação em vigor [9,10]).

Os procedimentos fundamentam-se na execução de passos básicos [3,4,11] que incluem:

(i) Definição e Detecção de Deficiências do SEP

Nesta etapa, é selecionado o sistema elétrico e são executados diagnósticos de reativo.

(ii) Definição da CR/CT

Neste passo, é utilizada ferramenta de otimização onde se define o montante e a localização da CR/CT.

(iii) Avaliação Técnica e Econômica

Esta etapa compreende (a) do estudo de transitórios eletromagnéticos, estabilidade de tensão, penetração harmônica e curto-circuito; (b) da análise econômica dos equipamentos a serem instalados.

(iv) Definição do Plano de Expansão.

Definidos os montantes, a localização, o tipo de compensação e seu automatismo, com as devidas avaliações técnicas e econômicas, deverá ser previsto um cronograma de obras.

B. Procedimento Otimizado [11]

A ferramenta básica utilizada na preparação dos planos tem sido o fluxo de potência ótimo, onde são especificados um ou vários objetivos a serem alcançados e identificam-se as restrições a serem obedecidas. Procura-se obter um maior e melhor aproveitamento dos recursos do SEP a um custo mínimo, respeitando condições de contorno impostas à rede. Isto leva a formulações que apontam para objetivos específicos que, em geral, procuram minimizar o montante de injeção de potência reativa (Mvar) a instalar, a circulação de potência reativa pela rede, as perdas ativas e reativas, e os custos de aquisição, manutenção e operação dos equipamentos a serem alocados. Tais objetivos devem ser alcançados sem deixar de atender às restrições de ordem técnica, econômica, social e ambiental, além daquelas relacionadas à legislação do setor elétrico e à segurança do SEP e de seus usuários.

Para se consolidar a etapa (ii) foi necessário o desenvolvimento de um procedimento otimizado, estabelecendo passos para se realizar a configuração da ferramenta de otimização a fim de que fossem obtidos resultados adequados para as funções objetivos e restrições selecionadas [11]. Para se atingir um resultado que atendesse a todos os objetivos e restrições foi necessária a definição de uma hierarquia de tomada de decisões a qual segue a ordem de ajustes na ferramenta de otimização: parâmetros da otimização, restrições do sistema e conjunto de barras selecionadas.

C. Ferramenta PlanEx [12]

A referência [11] apresenta como o procedimento otimizado é implementado na ferramenta computacional PSS/E através de IPLANs. Esta implementação deu início à criação do PlanEx [12] que é um aplicativo projetado para auxiliar as equipes de planejamento no processo de decisão sobre a alocação ótima de equipamentos para CR

e CT, visando atingir os objetivos de interesse e atender às diversas restrições impostas ao SEP. Um exemplo de tela do PlanEx é exibido na Fig. 1.

Fig. 1. Tela exemplo da ferramenta computacional PlanEx

III. AVALIAÇÃO TÉCNICA DA COMPENSAÇÃO REATIVA E

CONTROLE DE TENSÃO

Encontra-se, em andamento, o trabalho de doutoramento do autor, onde a etapa de avaliação técnica vêm sendo aprofundada [8].

Pelo fato de os capacitores serem economicamente uma das mais interessantes alternativas, eles têm sido utilizados em grande escala no sistema elétrico para a compensação reativa shunt e para o controle de tensão. A utilização deste equipamento pode provocar no sistema elétrico alguns efeitos indesejáveis, tais como: instabilidade de tensão, sobretensões e sobrecorrentes causadas por sua manobra, intensificação dos harmônicos e elevação da corrente de curto-circuito. Para que estes efeitos não ocorram na operação em tempo real é necessário fazer uma avaliação técnica, já na etapa de planejamento da expansão.

A influência da compensação reativa no sistema e o procedimento da avaliação técnica para cada aspecto citado são descritos a seguir.

A. Estabilidade de Tensão [13,14]

A estabilidade de tensão é influenciada principalmente pelos limites de geração, modelo da carga e equipamentos instalados, tais como: máquina síncrona, motor de indução, LTC – Load Tap Changer, compensadores estáticos, regulador automático de tensão e capacitores. Dependendo da característica apresentada de cada um destes, o sistema pode alcançar o ponto de colapso de tensão [15,16,17]. Redes muito carregadas, sobrecompensadas, com uma barra com a carga muito maior que a das demais são sérias candidatas à instabilidade de tensão.

Neste artigo, a análise da estabilidade de tensão é direcionada para a verificação da influência dos capacitores.

(3)

1,05 pu, valores típicos). Tal aproximação é mostrada na Fig. 2 e sua ocorrência configura um grande risco para a operação do SEP sob o ponto de vista da estabilidade de tensão, para o caso de cargas do tipo potência constante. A referência [13] registra casos em que semelhante situação já é sentida na prática.

Fig. 2. Curvas PV para diferentes compensações [14]

Para a solução técnica de CR/CT adota-se a análise estática, onde são construídas curvas PV para as barras críticas, utilizando o fluxo de potência continuado do ANAREDE. Na construção das curvas mantém-se o fator de potência constante no crescimento da carga, considera-se os limites de geração de potência reativa dos geradores e adota-se a carga como sendo do tipo potência constante. Além disso, para a variação da geração, mantém-se o redespacho das unidades geradoras próximas à região em análise.

Visto o problema trazido pela sobrecompensação em relação à estabilidade de tensão, em [14] foi proposto um procedimento para se fazer a avaliação técnica da CR/CT.

Inicialmente, informam-se o montante e a localização da compensação sugerida. Faz-se uma análise de

sensibilidade que aponta a barra mais vulnerável (barra

crítica), utilizando a técnica do vetor tangente inserida no programa ANAREDE. São geradas curvas PV para a barra crítica e verificadas a Margem de Estabilidade de Tensão (MET) e a Tensão no Ponto de Máximo Carregamento (TMC). Caso estes dois índices indicados estejam fora dos limites estabelecidos (MET maior que 5% e TMC 0,05 pu menor que o limite inferior normal) deve-se alterar o

plano. Tal alteração é realizada através da escolha de uma

ou mais barras a serem modificadas. A mudança consiste em alterar o montante de reativo alocado ou, até, eliminar a alocação em determinadas barras.

Esta avaliação técnica é realizada tanto para a condição normal quanto para a situação em que existe uma ou mais contingências.

Em vários artigos são encontrados índices que indicam sistemas ou situações que levam a perda de estabilidade, porém nenhum deles analisa barras críticas com relação ao TMC, o que é um dos ganhos deste procedimento.

B. Transitórios Eletromagnéticos [18]

A influência dos capacitores nos transitórios eletromagnéticos deve-se à freqüência natural de oscilação dos circuitos LC, amplificando a tensão ou a corrente. A parte oscilatória do transitório, correspondente à manobra

de capacitores, é resultado da troca de energia entre os elementos indutivos e capacitivos do circuito [19].

As sobretensões e sobrecorrentes originadas deste chaveamento são afetadas por diversos fatores, alguns relacionados à rede elétrica (características da carga, dimensões do sistema, capacidade de curto-circuito no local chaveado, valores das capacitâncias do circuito) e outros relacionados ao equipamento e sua manobra (tipo de chaveamento, carga residual do capacitor no instante do chaveamento, características do capacitor manobrado e daquele previamente energizado) [20].

As maiores sobretensões são provocadas pela manobra de um único banco de capacitor e as maiores sobrecorrentes pela manobra na configuração

back-to-back (dois capacitores em paralelo).

Dentre os efeitos indesejáveis causados pelas sobretensões e sobrecorrentes no sistema elétrico, destacam-se: descargas em isoladores, atuação inadequada de proteções, disparo indevido de pára-raios, degradação do isolamento ou queima de fusíveis internos de capacitores e, principalmente, danificação de equipamentos em geral [21].

Vale salientar que a suportabilidade dos equipamentos do sistema às solicitações de sobretensões e sobrecorrentes depende da freqüência de manobras. Quanto mais elevada, mais restritivos são os limites dos equipamentos em relação a tais grandezas. Além disso, quanto maior o número de manobras, maior o desgaste elétrico e mecânico dos disjuntores, aumentando os riscos de ocorrência de reignições durante a desenergização, e, conseqüentemente, os riscos de falha e de indisponibilidade do equipamento.

Visto os diversos problemas que podem ser provocados pelos transitórios eletromagnéticos originados das manobras de capacitores foi proposto, em [18], um procedimento para se fazer a avaliação técnica da CR/CT.

Inicialmente, informam-se o montante e a localização da compensação sugerida. Identificam-se as barras

críticas que são aquelas que sofrem as maiores

sobretensões e sobrecorrentes. Para estas barras modelam-se o sistema, para a análimodelam-se do primeiro banco (sobretensão), de forma macro (sistema detalhado – duas a três barras adjacentes) e, para a análise do segundo banco, de forma micro (subestação detalhada). Com os modelos adequados são feitas as simulações de energização e

desenergização, mensurando as sobretensões e

sobrecorrentes ocorridas no capacitor, na carga e em equipamentos sensíveis. Também é medida a energia absorvida pelos pára-raios. Na desenergização é considerado o restrike. A seguir, é constatado se algum valor ultrapassou os limites dos equipamentos. Se isto acontecer deve-se alterar o plano, através das seguintes opções:

• alterar o número de capacitores sem modificar o montante de reativo já alocado;

• substituir o capacitor alocado por outro equipamento cuja manobra seja mais suave;

(4)

• escolher uma ou mais barras a terem sua compensação modificada. A mudança consiste em alterar o montante de reativo alocado ou em eliminar a alocação em determinadas barras. Para a barra candidata, é transferido parcial ou integralmente o montante de reativo.

Uma outra alternativa para mitigar as sobretensões e sobrecorrentes é a alteração no chaveamento, optando por um chaveamento sincronizado ou um resistor ou reator de pré-inserção.

C. Harmônicos [8]

A presença de harmônicos no sistema diminui o fator de potência das cargas o que não é adequado. Caso se tenha uma tensão senoidal e uma corrente distorcida, o valor do fator de potência é calculado através da seguinte equação: 1 1 cosφ = RMS I I FP (1)

onde I1 é o valor RMS da componente fundamental da corrente, IRMS é a corrente RMS de entrada e φ1 é a defasagem entre a tensão e a primeira harmônica da corrente.

O fator de potência também pode ser calculado pela equação: 2 1 1 cos TDH FP + φ = (2)

onde TDH é a Taxa de Distorção Harmônica que é definida pela relação entre o valor RMS da soma das componentes harmônicas da corrente e o valor da fundamental: 1 2 2 I I TDH n n

∞ − = (2)

As principais desvantagens de um baixo fator de potência e elevada distorção são [22]:

• diminuição da máxima potência ativa absorvível da rede;

• as harmônicas de corrente exigem um sobredimensionamento da instalação elétrica e dos transformadores, além de aumentar as perdas (efeito pelicular);

• as componentes harmônicas podem excitar ressonâncias no sistema elétrico, levando a picos de tensão e de corrente, podendo danificar dispositivos conectados à linha.

Os harmônicos causam diversos problemas tanto para a concessionária quanto para os consumidores em geral: operação incorreta de equipamentos de controle e proteção; erros em medidores de energia ativa; aumento da corrente do neutro de transformadores; aumento das perdas em equipamentos; redução do fator de potência; sobretensão devido à circulação de correntes harmônicas.

Existem vários equipamentos geradores de harmônicos, dentre eles: conversores, comutadores, reator controlado a tiristor, forno a arco e retificadores com filtro

capacitivo. Os capacitores que são o alvo do estudo deste artigo influenciam na qualidade de energia do sistema:

• amplificando o conteúdo harmônico presente na rede bem como seus malefícios sobre os diversos equipamentos;

• estabelecendo condições de ressonância com conseqüentes sobretensões harmônicas.

O maior problema, em relação a capacitores, é a possibilidade de ocorrência de ressonâncias (excitadas pelas harmônicas), podendo produzir níveis excessivos de corrente e/ou de tensão [23,24,25].

As correntes de alta freqüência, que encontrarão um caminho de menor impedância pelos capacitores, elevarão as suas perdas ôhmicas. O decorrente aumento no aquecimento do dispositivo encurta a vida útil do capacitor.

Com a finalidade de se evitar estes problemas já na etapa de planejamento da expansão foi proposto um procedimento para se fazer a avaliação técnica da CR/CT [8].

Inicialmente, identificam-se as fontes harmônicas presentes no sistema em estudo, constatando sua localização, amplitude e ordem. Informam-se os dados de montante e localização da compensação sugerida. Verificam-se os níveis de distorções harmônicas (TDH) e

fator de potência (FP). Caso estes parâmetros não estejam

adequados deve-se alterar o plano que é realizado pela modificação da localização e do montante da compensação reativa. Para isto é feita uma análise de sensibilidade que considera as freqüências de ressonância da interação entre os capacitores sugeridos e a nova localização. Outra opção é a inserção de filtros que podem ser ativos ou passivos, sendo que estes últimos utilizam os capacitores como parte do filtro, tornando-os mais baratos.

IV. RESULTADOS OBTIDOS NA AVALIAÇÃO TÉCNICA

Fig. 3. Sistema de 19 barras [14].

Para validar a metodologia proposta, na pesquisa de doutorado, foi realizado um conjunto de testes. Neste item, são apresentados alguns resultados obtidos ao se

(5)

aplicar o procedimento proposto. O sistema elétrico real utilizado para os testes tem 19 barras, composto de barra

slack (73), 2 barras PV (57 e 78) e 16 barras PQ. A

compensação reativa shunt capacitiva foi alocada nas barras de 13,8kV (25, 29, 30, 31, 32, 34). Todas as cargas têm fator de potência relativamente baixo, que variam entre 0,83 e 0,9, necessitando, portanto, de compensação reativa. Tal sistema é mostrado na Fig. 3.

A. Estabilidade de Tensão [14]

A tabela I apresenta os valores da margem de estabilidade de tensão (MET) e a tensão no ponto de máximo carregamento (TMC) para três casos. O primeiro deles corresponde ao caso base, o segundo indica a MET e a TMC ao se fazer a compensação e o terceiro caso mostra tais valores após a alteração do plano.

Tabela I RESULTADO DA MET E TPC

Caso I Caso II Caso III MET 20% 27% 25,9%

TPC 0,807 pu 0,902 pu 0,790 pu

Pela Tabela I, observa-se que, apesar de aumentar a margem, a compensação reativa aproximou a tensão do ponto de colapso de 0,93 pu, ficando acima do valor mínimo estipulado (0,05 pu) de distância do limite de operação normal (0,93 pu). Portanto, foi necessária a alteração do plano que deslocou 10% da compensação reativa da barra crítica para a candidata. Esta mudança diminuiu em apenas 1,1% a margem e levou o sistema para uma TMC segura. Mais detalhes destes resultados podem ser vistos em [14].

B. Transitórios Eletromagnéticos [18]

Para o sistema citado anteriormente, foram calculados índices para sobretensão que indicam qual é barra crítica em relação aos transitórios. A Fig. 4 exibe o transitório causado pela energização de um único banco 4,8 Mvar na barra crítica de carga 16,6 MVA.

Fig. 4. Transitório de tensão na energização do primeiro banco [18]

Obteve-se uma sobretensão de 1,86 pu durante 61 ms. Considerando-se que esta manobra seja realizada 400 vezes por ano, o limite adotado para o capacitor utilizado é de 1,80 pu por 50 ms. Portanto, torna-se necessária a alteração do plano.

Como alteração do plano utiliza-se um capacitor de 9,6 Mvar em vez de dois de 4,8 Mvar. Observa-se que, nesta nova configuração, o sistema apresenta uma sobrecorrente baixa, pois não energiza um segundo banco.

Entretanto, a sobretensão aumenta para 1,89 pu durante 89 ms, não resolvendo o problema.

Outra opção simulada foi o remanejamento da compensação através da análise de sensibilidade a qual indicou como barra candidata, levando-se em consideração os índices de transitórios, a barra de carga mais pesada (menor índice). Na barra candidata é acrescentado 8,4 Mvar, restando apenas 1,2 Mvar na barra crítica.

Nesta segunda alteração também não há a necessidade de se energizar um segundo banco. A sobretensão da barra crítica diminui para 1,75 pu, permanecendo por 69 ms, e a da barra candidata alcança 1,55 pu por um período de 25 ms. Ambas as sobretensões estão dentro do limite permitido.

Além destas duas alternativas, é simulada uma terceira opção relativa ao tipo de chaveamento. Ao se utilizar o chaveamento sincronizado, verifica-se que a sobretensão diminuiu para 1,23 pu, durando 57 ms. Com o emprego de um reator de pré-inserção, observa-se que a sobretensão reduz para 1,52 pu, persistindo por 29 ms.

Com as modificações no tipo de chaveamento, os limites de sobretensão e sobrecorrente ficam respeitados e estas grandezas são menores que as alcançadas pela mudança na compensação. Porém, suas desvantagens são o custo adicional e a inserção de perdas elétricas. Caberá ao planejador ponderar sobre as alternativas propostas, tanto do ponto de vista elétrico quanto do econômico, para que seja escolhida a opção mais apropriada.

Embora neste artigo seja apresentado um exemplo de violação de limites do capacitor manobrado, tais restrições poderiam ser de um equipamento instalado próximo ao chaveamento ou mesmo de um pára-raios que não suportasse a energia produzida pela manobra, queimando ou abrindo o circuito. Para estes casos, o procedimento de alteração do plano segue os mesmos passos, modificando apenas o limite a ser observado.

C. Harmônicos [8]

Espectro Harmônico das Correntes (RMS) - Soma Vetorial

Ih

(%

)

2429-0 (1) EQP Cor / Barras / Elementos 0.04 0.03 0.03 0.03 0.02 0.02 0.01 0.01 0.01 0.00 0.00 Ordem 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2430-0 (1) EQP 2431-0 (1) EQP 2432-0 (1) EQP 2434-0 (1) EQP

Fig. 5. Resultado das correntes harmônicas que passam nos capacitores das barras de carga

Ao se inserir no sistema exemplo quatro fontes harmônicas de 0,1 pu de 180, 240, 300, 540 Hz tem-se as distorções de corrente, para cada barra, mostradas na Fig. 5. Nota-se que nenhuma delas ultrapassa 4%, nem em sua soma. Não necessitando de alteração no plano. O valor de

(f ile nov o3.pl4; x-v ar t) v :C31A

(6)

4% é o limite para as harmônicas até 11ª ordem para barras de até 69 kV, imposto pelo IEEE-519 [10]. Nos próximos artigos será apresentado um caso que necessite da inserção de filtros ou realocação dos capacitores.

IV. CONCLUSÕES

Este trabalho apresenta o atual estágio de desenvolvimento das pesquisas que vêm sendo realizadas pela equipe do LRC/UFMG relativas à compensação reativa shunt associada ao controle de tensão. A investigação do assunto tem evoluído de forma a gerar trabalhos acadêmicos (diversas dissertações de mestrado já defendidas no PPGEE e publicações) e de aplicação prática (desenvolvimento de software, por exemplo). Ênfase é dada às investigações acerca da etapa de avaliação técnica da compensação reativa shunt capacitiva e do controle de tensão, que fazem parte do doutorado do autor.

A avaliação técnica tem o objetivo de conferir se a compensação inicialmente planejada não traz problemas para o sistema elétrico com relação a diferentes aspectos, tais como, estabilidade de tensão, transitórios eletromagnéticos, harmônicos, etc.

Em alguns casos reais, a tensão no ponto de colapso está muito próxima do limite mínimo de operação normal. Constatou-se que as manobras de capacitores podem causar danos em equipamentos sensíveis a sobretensões e a amplificação de harmônicos no sistema pode provocar mau funcionamento de dispositivos eletroeletrônicos.

Para solucionar tais problemas é preciso alterar o plano sugerido. As mudanças são feitas na localização e no montante da compensação ou no tipo de chaveamento (caso de transitórios) ou na instalação de filtros (caso de harmônicos). Tais modificações são baseadas em uma análise de sensibilidade relacionada a cada aspecto.

Como próxima etapa, prevê-se a implementação de novos pesos para as funções objetivo utilizadas, novas restrições para a otimização e criados novos índices para a análise de sensibilidade relativos à avaliação técnica.

REFERÊNCIAS

[1] R.M. Cardoso, “Ferramentas Computacionais Aplicadas ao Controle de Tensão de Sistemas Elétricos de Potência”, Dissertação de Mestrado, CPDEE/UFMG, Belo Horizonte – MG, 175p, 1999.

[2] S.F. Silveira, “Controle de Tensão de Sistemas Elétricos de Potência: Estudo de Estratégias Globais”, Dissertação de Mestrado, CPDEE/UFMG, Belo Horizonte – MG, 89p, 1999. [3] F. S. Chaves, “Proposta de Procedimento para Compensação

Reativa e Controle de Tensão em Sistemas Elétricos de Potência”. Dissertação de Mestrado, CPDEE/UFMG, Belo Horizonte – MG, 107p, 2001.

[4] J.R. Valadares, “Proposta de Políticas, Critérios e Procedimentos para Compensação Reativa e Controle de Tensão em Sistemas Elétricos de Potência”, Dissertação de Mestrado, CPDEE/UFMG, Belo Horizonte – MG, 212p, 2001.

[5] J.R. Valadares, M.H.M. Vale, “Políticas, Critérios e Procedimentos para Compensação Reativa e Controle de Tensão”, XVI SNPTEE, Campinas, Outubro 2001.

[6] M.H.M. Vale et al., “CAT - Controle Automático de Tensão - Pacote Computacional para Controle Sistêmico de Tensão no Sistema de Supervisão e Controle Distribuído da CEMIG”, XV SNPTEE, Foz do Iguaçu - PR, 6p, 1999.

[7] M.H.M. Vale et al., “Electric Power System Voltage Control”, Revista Eletroevolução, Brasil, nº 20, pp. 56-61, 2000.

[8] F. S. Chaves, “Estratégia de Compensação Reativa e Controle de Tensão para Sistemas de Energia Elétrica”, Exame de Qualificação, CPDEE/UFMG, Belo Horizonte – MG, 124p, Outubro de 2004.

[9] Procedimentos de Rede do ONS, 2004.

[10] “IEEE Guide for Harmonic Control and Reactive Compensation of Power Converters”, IEEE Standard 519-1981

[11] F.S.Chaves, M.H.M. Vale “Controle de Tensão e Compensação Reativa – Procedimento Aplicado à Expansão de Sistemas Elétricos”, XIV CBA, Natal – RN, Setembro 2002.

[12] M.H.M. Vale, F.S. Chaves, B.A.C. Silva, J.R. Valadares, “PlanEx – Ferramenta Computacional Aplicada à Expansão – Compensação Reativa/Controle de Tensão”, Revista Eletroevolução, nº 32, pp. 47-52, Setembro 2003.

[13] M.H.M. Vale, F.S. Chaves, B.A.C. Silva, A.N. Cortez, J.R. Valadares, J.C. Teixeira, “Avaliação Técnica de Alternativas de Expansão – Compensação Reativa e Estabilidade de Tensão”, IX SEPOPE, RJ, Maio 2004.

[14] M.H.M. Vale, F.S. Chaves, J.R. Valadares, A.N. Cortez, “Avaliação Técnica de Estabilidade de Tensão para Planos de Expansão de Compensação Reativa e Controle de Tensão”, XI ERIAC, Paraguai, Maio 2005.

[15] P. Kundur, “Power System Stability and Control”, McGraw-Hill, 1994.

[16] C.W. Taylor, “Power System Voltage Stability”, McGraw-Hill, 1994, 273p.

[17] A.N. Cortez, “Proposta de Critério e Procedimentos para Avaliação da Estabilidade de Tensão em Sistemas Elétricos de Potência”, Dissertação de Mestrado, CPDEE/UFMG, Belo Horizonte – MG, 212p, Fevereiro de 2001.

[18] F.S. Chaves, M.H.M. Vale, “Avaliação Técnica de Transitórios Eletromagnéticos para Planos de Expansão de Compensação Reativa e Controle de Tensão”, XVIII SNPTEE, Curitiba, Outubro 2005.

[19] A. Greenwood, “Electrical Transients in Power Systems”, 2ª Edição, John Wiley & Sons, 1991.

[20] M.F. McGranaghan, R.M. Zavadil, G. Hensley, T. Singh, M. Samotyj, “Impact of Utility Switched Capacitors on Customer Systems – Magnification at Low Voltage Capacitors”, IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 7, no. 2, pp. 862-868, 1992. [21] A.R.F. Freire, “A Operação de Bancos de Capacitores e Reatores

Manobráveis e os Custos e Riscos Associados para as Empresas de Transmissão”, XVI SNPTEE, Campinas – SP, 2001.

[22] P.H.Gama, A. Oliveira, “Conservação da Energia e sua Relação com a Qualidade de Energia Elétrica”, XV SNPTEE, Foz do Iguaçu – PR, 1999.

[23] R.C. Dugan, M.F. McGranaghan, S. Santoso, H.W. Beaty, “Electrical Power Systems Quality”, 2ª Edição, McGraw-Hill, 2003.

[24] C.A. Rocha, “Análise da Compensação da Potência Reativa e Distorções Harmônicas em Redes Elétricas Industriais”, Dissertação de Mestrado, PUC-MG, 1999, 160p.

Referências

Documentos relacionados

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

As IMagens e o texto da Comunicação (com as legendas incluídas) devem ser enviadas por correio eletrônico. Comitê

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

O primeiro passo para introduzir o MTT como procedimento para mudança do comportamento alimentar consiste no profissional psicoeducar o paciente a todo o processo,