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O que é sensibilidade espiritual?

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Academic year: 2021

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É

muito comum confundirmos sensibilidade espiritual com mediunidade. Isso ocorre devido ao fato de Allan Kardec ter classificado, durante a codificação do Espiritismo, todo tipo de relação com o mundo espiritual como uma forma de mediu-nidade. Tudo bem! Isso não está necessariamente errado. Mas o que quero dizer é que nem toda percepção do mundo espiritual ou da realidade energética à nossa volta envolve a comunicação direta com os espíritos. Além disso, o fato de todos possuírem um certo grau de sensibilidade espiritual, não significa que todos estejam aptos a serem intermediários dos espíritos, ou seja, médiuns.

Portanto, podemos e devemos desenvolver nossa sensibilidade es-piritual, independente de sermos médiuns ostensivos ou não, pois existem vários benefícios que esse desenvolvimento pode trazer.

Mediunidade

Classifico como sendo a capacidade parapsíquica ou paranormal, porém natural, de entrarmos em comunicação direta com consciências extrafísicas – espíritos desencarnados – servindo como intermediários. É exatamente isso o que o termo médium significa, de acordo com o Espiritismo: intermediário. Portanto, o médium é o intermediário dos espíritos durante a comunicação mediúnica. A partir deste entendi-mento, está óbvio que nem todas as pessoas podem ser consideradas

Capítulo 01

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médiuns, pois nem todo mundo apresenta as condições psicofísicas e energéticas necessárias para que o fenômeno mediúnico ocorra.

Acontece que, ainda segundo o Espiritismo, toda pessoa sente, em maior ou menor grau, a influência dos espíritos. Portanto, todos seriam médiuns, em um certo grau. Isso tem gerado uma confusão! Afinal, todo mundo é médium ou não?

De acordo com a conceituação kardequiana:

“159. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimen-tos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a facul-dade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organi-zação mais ou menos sensitiva. E de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações. As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes ou psicógrafos.” – O Livro dos Médiuns.

Como vimos, Kardec começa com um conceito mais amplo sobre o que é mediunidade, para depois afirmar que “(…) só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes (...)”. Sob este ponto de vista, somos obrigados a considerar que apenas uma mínima parcela da humani-dade é composta por médiuns, ou seja, indivíduos cuja mediunihumani-dade se apresente de forma ostensiva e com efeitos patentes.

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em maior ou menor grau, sentirem a influência dos espíritos. Mé-dium, propriamente dito, é a pessoa que oferece condições de servir como intermediária dos espíritos de forma ostensiva (passível de ser analisada, diagnosticada, etc.), como ocorre nas sessões de psicogra-fia, pintura mediúnica, “incorporação”, entre outras “modalidades” mediúnicas.

Por outro lado, todos podemos sentir a influência ou perceber a presença, em maior ou menor grau, de espíritos desencarnados em um ambiente. Esse tipo de fenômeno é uma capacidade parapsíqui-ca, paranormal, mas não necessariamente uma mediunidade osten-siva. Portanto, seria uma mediunidade “light”, que pode ser treinada e desenvolvida, mas isso não garante que a pessoa poderá se tornar médium de psicografia mecânica, por exemplo.

Sensibilidade espiritual

Na abordagem que quero apresentar, a sensibilidade espiritual se-ria uma capacidade mais ampla que a mediunidade. Consciente ou inconscientemente, seria a capacidade de:

a) Perceber a presença de espíritos e a realidade dos planos mais sutis da existência;

b) Perceber a influência das energias que nos circundam, sejam elas oriundas diretamente de espíritos desencarnados e encarnados, da natureza ou agregadas em ambientes;

c) Servir como médium

d) Se conscientizar, cada vez mais, da realidade espiritual de si mesmo;

e) Em um nível mais profundo e direto, “conhecer” a Consciência que existe em tudo e em todos. A Realidade.

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a) Percepção de espíritos

De acordo com a doutrina espírita, todos sentimos, em maior ou menor grau, a influência dos espíritos e do mundo espiritual. Por-tanto, para o Espiritismo, todos podem ser considerados, de forma genérica, médiuns, apesar de Kardec ter preferido classificar como médium apenas quem apresenta essa faculdade de forma ostensiva, ou seja, patente e até certo ponto verificável.

Eu prefiro classificar essa percepção da realidade espiritual mais sutil como uma capacidade parapsíquica ou paranormal. É uma ca-pacidade que toda pessoa tem e que se expande para além dos limites comuns ou das nossas percepções “normais” dos cinco sentidos. Daí vem o uso do prefixo “para” antes de normal.

Apesar de todos possuírmos essa capacidade, ela se apresenta em variadas graduações e níveis de lucidez. Ou seja, uns podem ter uma percepção nítida de um espírito, ao entrar em um ambiente, chegan-do a “ver” como ele se apresenta em sua forma astral (perispiritual). Às vezes acontece de os menos experientes confundirem os desencar-nados com os encardesencar-nados, tamanha a nitidez – é a clarividência bas-tante desenvolvida. Outros sensitivos podem não perceber com essa nitidez, mas sentem “algo” próximo a eles; às vezes, podem perceber a presença de alguém, mas não conseguem ter a percepção da forma de maneira nítida – é uma clarividência sem forma. Outros, ainda, podem não ver o espírito, mas sentem uma emanação energética os envolvendo... agradável ou desagradável. Em muitos casos, cuja per-cepção é ainda mais vaga, a pessoa pode ter a sensação nítida de estar sendo observada, sem ver ninguém por perto. Em outros casos, a clarividência pode ser intramental, ou seja, uma imagem oriunda do plano espiritual surge na tela mental do sensitivo. O mesmo pode ocorrer no sentido de ouvir vozes. Obviamente que não me refiro, aqui, aos casos de pura alucinação ou delírios esquizofrênicos, que são patologias que podem ou não estarem associadas ao fenômeno paranormal ou ao mediúnico.

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que a pessoa não seja médium ostensiva.

Conforme explica o pesquisador espiritualista e filósofo Alberto Cabral, “(...) podemos treinar, por exemplo, os centros eletromag-néticos do corpo, aquilo que as pessoas conhecem como chakras (do sânscrito, rodas). Podemos treinar o chakra frontal, chamado de ‘ter-ceiro olho’, que não é algo físico, fisiológico, mas uma maneira do campo eletromagnético do corpo se comportar, gerando esse vórtice. Então, podemos treiná-lo a fim de gerar uma afazia local, uma des-coincidência, o que permite ter uma percepção espiritual aguçada, gerando um fluxo de informação do plano espiritual diretamente para o cérebro, por meio do espírito, sem usar o sistema óptico.”

Portanto, a sensibilidade extrafísica ou paranormal é um potencial que pode ser treinado e desenvolvido com disciplina e técnica, sem perigo algum se a pessoa for orientada por quem entende do assunto e se o praticante tiver seriedade e boas intenções, afinal, cada um atrai o que procura...

Mesmo que a pessoa não consiga “enxergar” um espírito por meio da clarividência, ainda assim ela pode entrar em comunicação tele-pática com ele. Neste caso, o sensitivo capta a ideia e a interpreta conforme sua capacidade intelectual ou moral. Isso ocorre com quase todo mundo. Por ser uma relação espiritual muito sutil, vaga, é difícil de ser percebida conscientemente. Somente o autoconhecimento e a experiência farão com que cada um consiga distinguir o que é ideia sua das ideias sugeridas por entidades extrafísicas.

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mediunida-de, mas um simples fenômeno paranormal envolvendo consciências extrafísicas (espíritos).

b) Percepção energética

Tudo está, o tempo todo, em constante troca energética. A pró-pria natureza é um vasto campo energético. As pessoas, encarnadas e desencarnadas também estão o tempo todo captando, consumindo e emanando energia.

Captamos energia dos alimentos, do ar, do Sol e da natureza em geral. Essa energia é transformada, em nosso corpo, em energia vital (também conhecida como prana, chi, axé, fluido vital, etc.).

Portanto, nosso corpo é repleto de fluido vital e, sem ele, a vida biológica seria impossível. Mesmo nossos corpos mais sutis – como o corpo astral (perispírito) – estão carregados de energia vital, porém, de um padrão de densidade diferente da energia vital diretamente responsável pela manutenção do corpo.

O fato de estarmos irradiando energia constantemente, por meio de incontáveis núcleos energéticos (chakras), gera um campo energé-tico ao nosso redor. Esse campo energéenergé-tico recebe uma “assinatura”, uma qualidade, que será de acordo com o que pensamos e sentimos o tempo todo – ou seja, é o espírito que imprime a qualidade de suas energias. Esse campo, que vai desde o nível energético denso (conhecido como duplo-etérico ou campo bioeletromagnético) ao espiritual é chamado de aura. Os espíritos desencarnados também possuem uma aura, porém mais sutil, pois como eles não têm mais o corpo físico, não possuem o duplo-etérico, que é o campo bioelétrico intrínseco ao corpo carnal.

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sen-tir mal após simplesmente se aproximar de pessoas muito negativas e desequilibradas, sejam elas encarnadas ou desencarnadas.

Podemos ter diversas sensações, que variam de acordo com o tipo de espírito que estivermos em sintonia: agradável e tranquilizante; estimulante; desagradável e perturbador... Nem sempre é perceptível conscientemente.

Esse processo ainda pode ocorrer ao entrarmos em um ambiente cuja assinatura energética deixada no local é desagradável. Mesmo que não haja ninguém, o sensitivo irá se sentir mal, pois as pesso-as que frequentam um ambiente deixam sua pesso-assinatura energética lá. Daí a importância de aprendermos técnicas de harmonização da aura (práticas bioenergéticas) ou mesmo de frequentarmos um local espiritualista. A prece e as técnicas orientais de meditação também ajudam muito nesse processo de harmonização interior.

É muito importante entendermos que nos casos de obsessão ou assédio sempre há sintonia psicoemocional entre os envolvidos.

Para que um espírito possa influenciar alguém, transmitindo-lhe ideias ou induzindo a pessoa a se comportar de determinada manei-ra, a semelhança de pensamentos e sentimentos (no caso, emoções) entre ambos é fundamental. A pessoa até pode sentir a energia de-sequilibrada de um espírito atingi-la (e se proteger disso), mas para que o assédio ou obsessão se estabeleça de fato, o obsessor somente irá reforçar uma ideia ou emoção que o assediado já tem. Ou seja, a raiz do problema está na “vítima”.

c) Mediunidade

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psico-físicas e energéticas propícias e querer servir como médium. Se os espíritos não atuarem sobre ele, a comunicação não ocorre. Na verdade, nem todo fenômeno provocado por um espírito desen-carnado pode ser classificado como uma comunicação, propriamente dita, se não houver conteúdo e intenção da parte do espírito. Portan-to, o simples ato de perceber a presença de um espírito é um fenôme-no muito mais simples do que uma comunicação mediúnica.

Além disso, podemos ter uma visão, pela clarividência, da nossa própria aura. Neste caso, há uma simples percepção energética ou psicoemocional, sem ocorrer um intercâmbio mediúnico com algu-ma entidade. Foi somente um processo anímico.

Outro ponto importante de ressaltar é que, atualmente, a maioria dos fenômenos mediúnicos passa por um processo de interpretação anímica do médium. A mediunidade puramente mecânica, em que a influência do médium é quase nula – eu disse quase, pois sempre há um grau de influência – raramente ocorre nos dias de hoje.

Portanto, o animismo nem sempre deve ser encarado como algo negativo, a ser combatido. Estamos vivendo em outra “era” da me-diunidade, e hoje temos a matéria-prima que os espíritos precisam para um intercâmbio mediúnico proveitoso. Essa matéria-prima é a nossa mente, nosso conhecimento, nossos sentimentos, nossas ener-gias... nossas intenções. Tudo isso pode ser utilizado durante uma comunicação mediúnica e, na medida certa, não deve ser caracteriza-do como um animismo prejudicial.

d) Autoconhecimento

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nos mantido afastados de nós mesmos. Precisamos olhar para dentro de nós. É em nosso interior que está o “Reino de Deus”. O caminho da evolução requer doses cada vez maiores de sabedoria e amor, caso contrário não vivenciaremos a paz que tanto sonhamos. Sem autoco-nhecimento e reforma íntima não há salvação!

Precisamos reconhecer de verdade, sentindo em nossa alma e não apenas de forma racional, nossa realidade espiritual.

O pesquisador espiritualista Moacy de Mattos, em um artigo para a revista Caminho Espiritual, edição 36, escreveu: “Necessitamos exercitar outros sentidos mais apurados, mais sutis. Para tal, torna-se importantíssimo o silenciar, por alguns momentos, os torna-sentidos comuns, afeitos ao corpo físico. Há outros sentidos e faculdades sutis que necessitam ser desenvolvidos... e que requerem condições apro-priadas para se revelarem gradativa e naturalmente, bem como para que possamos ouvir a ‘voz interior’ e fazer despertar o Ser Interno ou desvelar nossa Natureza Divina...”

Novamente recomendo, aqui, as técnicas de meditação e as prá-ticas bioenergéprá-ticas, cujo objetivo seja o de favorecer nossa viagem interior. Lá dentro, quando você ultrapassa as barreiras da mente, dos desejos superficiais, dos julgamentos... existe uma voz que fala através do silêncio e só pode ser percebida quando você entra nesse estado de serenidade e paz interior.

Se sensibilizar espiritualmente é ficar cada vez mais receptivo a essa natureza transcendental em nós.

e) Deus em tudo

O sábio hindu Yogananda ensinou: “O Homem não é importan-te pelo seu ego ou pela sua personalidade. O homem é importanimportan-te porque, como alma, ele é parte de Deus. (…) Você é uma centelha da Chama Eterna.Você pode ocultar a centelha, mas jamais poderá destruí-la. ”

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quietu-de e sente-se, meditando, com a vela da intenção queiman-do no altar. Não há desassossego, não há busca, nem tensão, ali. Entre no interior da solitude.”

O líder espiritual também indiano Sai Baba disse: “O objetivo da vida é a fusão final com o mar – Deus. Vocês não devem preencher a vida com coisas do mundo, pois isso a transformará em uma feira de vaidades e insanidades. Ouçam aquelas coisas que os conduzirão ao princípio da Divindade; então, reflitam sobre elas em silêncio, incor-porando-as à sua consciência. Esse processo de reflexão faz de vocês seres humanos. Esse é o teste da vida para cada ser humano.”

Não precisamos abrir mão do mundo para desenvolvermos nos-sa sensibilidade espiritual. A riqueza e o prazer não são necesnos-saria- necessaria-mente prejudiciais. São ferramentas úteis que a vida oferece para nossas experiências. O uso que faremos delas é que definirá a ma-neira como elas afetarão nossas vidas.

Quero concluir este capítulo deixando claro que todos possuímos um potencial extraordinário, que transcende nossas capacidades co-muns, usadas pela maioria de nós no dia a dia. Esse potencial parap-síquico se desdobra em múltiplas facetas, revelando capacidades que o ser humano desconhece ou conhece muito pouco. Esse potencial encontra sua origem naquilo que é chamado de espiritual, ou seja, extrafísico; enfim, tem como causa o Ser, a Consciência

Não basta ser um pesquisador espiritualista que se limita a ler livros. Precisamos desenvolver nossa sensibilidade espiritual, viven-ciando, em primeira pessoa, a realidade transcendental, para além dos limites da matéria densa.

Referências

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