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Revista da SBEnBio - Número VI Enebio e VIII Erebio Regional 3

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Academic year: 2021

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MORFOLOGIA FOLIAR: O ENSINO DE BOTÂNICA A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DA PRÁTICA “CAMINHO DAS FOLHAS”

Naele Coelho da Rocha (Universidade Federal do Ceará – Bolsista PET Biologia UFC MEC/SESu) Andreza Maciel Rocha (Universidade Federal do Ceará – Bolsista PET Biologia UFC

MEC/SESu) Nathália Braga Fayão Oliveira (Universidade Federal do Ceará – Bolsista PET Biologia UFC

MEC/SESu) Ana Kamila Medeiros Lima (Universidade Federal do Ceará – Bolsista PET Biologia UFC

MEC/SESu) Álife Bruno Sousa da Silva (Universidade Federal do Ceará – Bolsista PET Biologia UFC

MEC/SESu) Lucas Moraes Cabral (Universidade Federal do Ceará – Bolsista PET Biologia UFC

MEC/SESu)

RESUMO

Normalmente, os conteúdos de botânica são ministrados de maneira superficial devido à sua complexidade e, geralmente, a forma passiva de receber os conteúdos à qual os alunos são submetidos torna o aprendizado maçante. Isso revela a necessidade de tornar as aulas mais interativas e interdisciplinares. A atividade “Caminho das Folhas” foi elaborada com o objetivo de despertar no aluno o interesse pela botânica e foi realizada em duas partes. Na primeira, os alunos tiveram uma aula expositiva e, na segunda parte, colocaram em prática o que viram na teoria. Os resultados obtidos foram satisfatórios, o que se deve à aula ter sido realizada de forma diferenciada, com o uso de amostras reais e a saída da sala de aula, que possibilitaram a aplicação e o exercício do conteúdo absorvido.

Palavras-chave: Aula prática. Ensino de Botânica. Ensino de Biologia. INTRODUÇÃO

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Praia et al (2010), é comum que o ensino de Botânica receba várias críticas, tanto da parte dos professores em relação à falta de recursos didáticos, como da parte dos alunos quanto à dificuldade na compreensão dos termos botânicos. A união desses dois fatores torna o ensino da disciplina difícil e desinteressante. Além disso, os livros didáticos fortalecem este desinteresse, pois, muitas vezes, a proposta está muito fora da realidade dos alunos (PRAIA et al., 2010).

Figueiredo, Coutinho e Amaral (2012, p. 490) afirmam que o ensino da botânica deve “desenvolver estratégias educativas a partir dos conhecimentos trazidos pelos alunos [...] por torná-lo mais significativo e eficaz do que o saber científico desvinculado da realidade do indivíduo”. Ainda segundo os autores, deve-se refletir sobre a contribuição dos livros didáticos, sendo “necessário que professores sejam capazes de adequar e acrescentar as informações [...] a partir das realidades e potencialidades locais e globais” (FIGUEIREDO; COUTINHO; AMARAL, 2012, p.490).

Percebe-se um descaso por parte dos estudantes em estudar esse tema da biologia, seja por não haver uma ligação com seu quotidiano ou pela ausência de aulas práticas:

As principais funções das aulas práticas, reconhecidas na literatura sobre o ensino de ciências, são: despertar e manter o interesse dos alunos; envolver os estudantes em investigações científicas; desenvolver a capacidade de resolver problemas; compreender conceitos básicos e desenvolver habilidades (HOFSTEIN, 1982 apud KRASILCHIK, 2004, p. 85).

Muitas vezes, o aprendizado de Botânica de um aluno fica muito restrito ou prejudicado devido à falha dos professores em métodos de ensino.

De modo geral, muitos professores de Botânica, provavelmente, por não realizarem uma reflexão sobre “método de ensino” e por manterem-se restritos ao território da especialização, pensam estar fazendo o melhor no que se refere ao Ensino de Botânica (SILVA; CAVALLET; ALQUINI, 2006, p.76).

O ensino de botânica é realizado de forma compartimentalizada, sem ligação entre as partes, tampouco com outras disciplinas e com os temas transversais, contrariando as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+), que priorizam a interdisciplinaridade a fim de formar um aluno crítico cientificamente, que saiba como buscar informações e seja também capaz de analisá-las e não somente reproduzir conteúdo usando de memorização (BRASIL, 2002).

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que se fundamenta o conhecimento pedagógico dos professores de Botânica que media a aprendizagem dos conhecimentos Botânicos? (SILVA; CAVALLET; ALQUINI, 2006, p. 71).

A folha é um dos principais órgãos vegetativos das plantas com importância no “metabolismo da planta, purificação do ar, uso alimentar, medicinal, industrial e na adubação” (VIDAL; VIDAL, 2000, p. 77). Além disso, “os caracteres morfológicos [...] fornecem a maior parte da informação usada na identificação prática de plantas” (JUDD et al., 2009, p.53)

As folhas constituem a principal parte fotossintetizante da maioria das plantas [...], podendo ser modificadas para proteção, formando espinhos pontiagudos; para estocagem de água, como em plantas suculentas; para escalar em outras plantas, como em trepadeiras ou lianas com gavinhas; para captura de insetos, como nas plantas carnívoras ou para fornecer abrigo a formigas ou pequenos insetos” (JUDD et al., 2009, p.56).

O ensino de biologia vem sendo realizado de forma a transmitir os conhecimentos, dando pouca ênfase aos próprios procedimentos de construção da ciência, conferindo ao ensino de biologia a forma memorística e fragmentada. Com isso, apresenta-se aos alunos uma coleção de nomes difíceis a serem memorizados e, dessa forma, os conteúdos biológicos não possuem a devida contextualização, proporcionando certa dificuldade na aprendizagem de conceitos centrais da biologia (SILVA, 2011).

Considerando este ensino fragmentado e a necessidade de tornar a disciplina de botânica atraente, foi desenvolvida a atividade “Caminho das Folhas”, visando mostrar aos estudantes a importância de estudá-las. Esse trabalho objetiva fornecer aos alunos motivos concretos para conhecer as plantas, já que, muitas vezes, durante o ensino básico, a botânica acaba sendo vista como uma disciplina desconexa pela falta de práxis pedagógica por parte dos professores.

METODOLOGIA

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O “Caminho das Folhas” foi dividido em dois momentos. O primeiro consistiu-se de uma explanação do conteúdo através de aula expositiva em sala, onde foi utilizada uma apresentação no programa Prezi por uma petiana. O tema apresentado foi morfologia foliar, com as definições, formas e funções, sendo utilizados, durante a aula, exemplares de variados tipos de folhas (Fig. 1), além de ser realizada uma tempestade de ideias sobre o que os alunos já sabiam sobre o assunto, a fim de facilitar o entendimento do tema abordado; ou seja, à medida que um material (folha) era apresentado aos alunos, eram feitas a eles perguntas para verificar o grau de conhecimento sobre o assunto em questão e, com isso, possibilitar a aprendizagem significativa.

Figura 1 - Quadro utilizado na atividade apresentando a diversidade quanto à morfologia foliar.

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Na segunda parte da atividade, os alunos foram distribuídos em grupos, e cada grupo recebeu um quadro com desenhos de variados tipos de folhas (Fig. 1). Para cada grupo, foram escolhidos cinco tipos de folhas que deveriam ser procuradas nas plantas do jardim próximo ao bloco onde a aula foi ministrada. Após cada grupo concluir sua busca pelas plantas, os petianos verificavam se eles haviam encontrado a folha com a morfologia indicada no quadro.

Ao término da atividade, os alunos foram orientados a escreverem suas impressões sobre a atividade no diário utilizado no curso de férias. As orientações eram para que eles escrevessem o que haviam achado da atividade proposta, comentando os pontos positivos e negativos, além de dar uma nota de zero a 10.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante o primeiro momento da aula, os alunos foram indagados e demonstraram interesse pelo assunto, sempre atentos e participando de forma ativa durante a aula, fazendo perguntas e respondendo sempre que questionados pela petiana responsável pela atividade. Essa maneira de abordagem propicia a interação professor-aluno, um fator importante e preponderante para o processo de ensino-aprendizagem. Para Silva e Navarro (2012, p. 95) “a relação professor-aluno é uma forma de interação que dá sentido ao processo educativo, uma vez que é no coletivo que os sujeitos elaboram conhecimentos”.

Através da leitura das impressões dos alunos em relação à atividade apresentada, fica demonstrado que mesmo uma aula expositiva pode se tornar bastante interessante e dinâmica. Acredita-se que essa resposta positiva por parte dos alunos em relação à aula deu-se devido ao desenvolvimento da mesma, pois em vez de uma aula totalmente expositiva, procurou-se fazer com que houvesse a participação dos alunos. A cada explicação dos variados tipos de folhas, os estudantes recebiam os exemplares respectivos ao que estava sendo demonstrado, facilitando o entendimento da atividade. Isso é confirmado ao observarmos as considerações feitas pelos alunos nos diários utilizados no curso de férias a respeito da atividade “Caminho das Folhas”. Além das considerações, os alunos deram nota de 9,5 a 10,0. Abaixo se encontram as respostas de alguns alunos.

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Aluno 7: “Gostei da parte prática e teórica”.

Aluno 10:“Eu acho que não tem nada a mudar, a atividade está ótima. É bastante divertida”.

Aluno 11: “Realmente uma aula muito boa”. Aluno 12: “Adorei botânica. É muito interessante”.

Aluno 15: “Gostei muito de conhecer as estruturas e a classificação das plantas e das folhas, suas funções e formas”.

Quanto à afirmação feita pelo Aluno 5, em diz que: “[...] a aula é interessante e interativa”, Arrais et al. (2014, p. 5416) comenta que “a possibilidade do aluno de ter uma aula prática de campo no jardim, fora da sala de aula formal, por si só é uma situação diferente e estimulante”, despertando a curiosidade pela temática.

Ainda sobre a utilização de uma atividade prática, quando o Aluno 7 diz “Gostei da parte prática e teórica”, percebe-se mais uma vez a importância da utilização dessa modalidade didática no estudo da Botânica. Já para Delizoicov e Angotti (1990), é fundamental que atividades práticas consigam inserir os estudantes numa situação que simule uma investigação, aumentando o interesse.

Para Bocki et al. (2011, p. 7), a Botânica “precisa ser trabalhada de forma que o aluno se sinta motivado e à vontade a participar das aulas”, sendo que, ainda segundo os autores, isso não impede de ter em mãos instrumentos ou estar em locais peculiares. Trabalhar o tema por meio da procura de exemplares de folhas no jardim instigou a imaginação dos alunos, sendo que muitos procuravam responder de prontidão quando indagados pela petiana ministrante da atividade. Quando descobriam algo que não sabiam, como por exemplo, se determinada estrutura era “folha ou flor”, os estudantes demonstravam se sentir ainda mais estimulados em relação ao conteúdo da aula, pois a cada momento eram surpreendidos com novas descobertas.

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postura docente, que precisa estar “constantemente revendo seus conceitos, práticas metodológicas e sua visão do mundo atual” (SILVA, 2015, p. 25), dada a importância de seu papel na formação.

De fato, a atividade realizada – a própria aula expositiva – não tinha como intuito apenas expor o conteúdo, mas sim procurar fazer com que a partir dos conhecimentos prévios dos alunos eles pudessem compreender melhor o porquê de determinado “termo”. Isso ocorre principalmente com os temas de Botânica, pois são conteúdos que por si só possuem uma quantidade extensa de assuntos. Percebe-se que os alunos, de fato, demonstraram interesse pela botânica, o que é evidenciado quando o Aluno 12 diz “Adorei botânica. É muito interessante” e o Aluno 15 afirma: “Gostei muito de conhecer as estruturas e a classificação das plantas e das folhas, suas funções e formas”.

A partir da atividade proposta, pudemos alcançar o objetivo de motivar os alunos a conhecerem as plantas, pois foi permitido a eles compreender o tema em estudo, já que puderam relacionar com o que de fato já conheciam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Profa Dra. Maria Izabel Gallão, tutora do grupo PET/Biologia/UFC, pela orientação e contribuição imprescindível para a elaboração da atividade e desenvolvimento do presente trabalho; à Secretaria de Educação Superior (SESu), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), pelos recursos financeiros.

REFERÊNCIAS

ARRAIS, M. G. M.; SOUSA, G. M.; MASRUA, M. L. A. O Ensino de Botânica:

investigando dificuldades na prática docente. Revista da SBEnBio, Niterói, n. 7, p. 5409-5418, out. 2014.

BOCKI, A. C.; LEONÊS, A. S.; PEREIRA, S. G. M; RAZUCK, R. C. S. R. As Concepções dos alunos do Ensino Médio sobre Botânica. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 8., 2011, Campinas. Rio de Janeiro: ABRAPEC, 2011. p. 1-8.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+) -

Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2002. 144 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Folha – fisiologia e anatomia vegetal. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19667>. Acesso em: 12 jun. 2016

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do Ensino de Ciências. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1990. 207 p.

FIGUEIREDO, J. A.; COUTINHO, F. A.; AMARAL, F. C. O Ensino de Botânica em uma abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. In: SEMINÁRIO HISPANO BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES RELACIONADAS COM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE, 2., 2012, São Paulo. Universidade Cruzeiro do Sul, 2012. p. 488-498.

JUDD, W. S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOGG, E. A.; STEVENS, P. F.; DONOGHU, M. J. Sistemática Vegetal: Um Enfoque Filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2009. 632 p.

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PRAIA, J. F.; AQUINO, S.; PAES, L. S.; NETA, M. A. F.; FERREIRA, M. V. Estratégias didáticas para o ensino de morfologia vegetal para o ensino médio. In: CONGRESSO NORTE E NORDESTE DE PESQUISA E INOVAÇÃO – CONNEPI, 5., 2010, Maceió, Maceió: IFAL, 2010. p. 1-5.

RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICCHORN, S. E. Biologia Vegetal. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2014. 876 p.

SILVA, J. R. S.; SANO. P. T. O ensino de botânica na visão dos estudantes de Ciências Biológicas. In: VIII CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃOEM CIÊNCIAS. Campinas, Universidade Estadual de Campinas, 2011. p. 1-9.

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SILVA, O. G.; NAVARRO, E. C. A relação professor-aluno no processo

ensino-aprendizagem. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar, Barra do Garças, n. 8, v.3, p. 95-100, 2012.

SILVA, T. S. A Botânica na Educação Básica: concepções dos alunos de quatro escolas públicas estaduais em João Pessoa sobre o Ensino de Botânica. 2015. 63 p. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas), Universidade Federal da Paraíba – Curso de

Licenciatura em Ciências Biológicas, João Pessoa, 2015.

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