• Nenhum resultado encontrado

Correntes Críticas do Currículo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Correntes Críticas do Currículo"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Departamento de Ciências da Educação

Mestrado em Ciências da Educação

- Inovação Pedagógica -

Correntes Críticas do Currículo

Carga horária: 30 horas Unidades de crédito: 7,5 ECTS

(2)

Introdução

Não parece restar qualquer dúvida sobre a pertinência de uma disciplina da área do Currículo no desenho de um Mestrado em Ciências da Educação, como é este de Inovação Pedagógica. De facto, o Currículo, enquanto área de estudo e investigação, ganhou já o estatuto de tema central no âmbito dos estudos educacionais. O seu objecto é bem específico e delimitado, nitidamente diferenciado dos da psicologia e sociologia, se bem que se reconheça o contributo imprescindível destas duas ciências humanas e sociais na análise do fenómeno educativo.

Se pensarmos que o Currículo tem a ver com o tipo de educação que se deseja para crianças, adolescentes, jovens ou adultos, de um determinado país, uma região, um município ou uma escola, vemos então como esta área começa a ser fulcral na formação do educador e do professor, na medida exacta dos processos de democratização dos sistemas políticos, assentes numa cada vez maior participação consciente dos cidadãos e, com maior peso, dos agentes de educação por ela responsáveis.

Assim, é da perspectiva do papel do educador e do professor na organização e no planeamento, na actuação propriamente dita e na avaliação do processo educativo que o Currículo se impõe, no espectro das chamadas Ciências da Educação. Impõe-se não apenas tendo em vista a sua formação como “bons” técnicos de ensino, peritos em metodologias adequadas para melhor fazer passar uma mensagem, ou seja, como meros funcionários públicos executores de directrizes emanadas de outros patamares de decisão, mas tendo em vista, acima de tudo, a sua formação como profissionais competentes, críticos e reflexivos sobre as suas práticas, e conscientes das múltiplas interacções existentes entre a educação e o macro sistema político, económico, social e cultural envolvente. Ao relevar o domínio do Currículo oculto, as “Correntes Críticas do Currículo” procuram, deste modo, dar a conhecer a arena onde se digladiam forças que extravasam uma mera “gestão científica do ensino”.

Neste sentido, e em coerência com a filosofia que norteia todo o desenho deste Mestrado, ou seja, a de revelar claramente à partida a linha de opção que cada disciplina pretende prosseguir, as “Correntes Críticas do Currículo” visam dotar o Mestrando de ferramentas de análise que lhe permitam mergulhar nas razões mais profundas que subjazem o fenómeno educativo. Pois qualquer inovação no campo da educação, se não quiser ter apenas um efeito periférico e folclórico, tem de passar pelo cerne da educação, isto é, pelo Currículo nas suas relações com o poder, a ideologia e a cultura.

Objectivos:

Pretende-se que os Mestrandos, no final desta unidade curricular, sejam capazes de: 1. Analisar os pressupostos teóricos dos estudos sobre currículo nas suas relações

históricas, epistemológicas e políticas;

2. Compreender o conceito de currículo nas suas diversas acepções;

3. Reconhecer o papel do educador e do professor no desenvolvimento curricular; 4. Entender como o currículo, pela forma como se organiza e se desenvolve, pode

ser um indutor de desigualdades;

5. Perspectivar o Currículo de uma forma crítica, na sua relação com a ideologia, a cultura e o poder;

6. Desenvolver atitudes de reflexão e análise crítica face ao acto educativo.

(3)

Conteúdos:

São bastante ténues as fronteiras entre cada ponto do programa. De facto, os conteúdos desta unidade curricular estão todos interligados, pelo que não se esgotam à medida que forem abordados;

1. Definições situacionais de currículo (definições e dimensões);

2. A neutralidade do currículo tecnológico e a Pedagogia por Objectivos; 3. Ideologia e “aparelhos ideológicos” do Estado;

4. Reprodução social, capital cultural e violência simbólica; 5. Papéis de submissão e dominação;

6. Relação entre a escola e a economia;

7. Educação problematizadora e libertação do oprimido; 8. Nova Sociologia da Educação;

9. Reconceptualização curricular;

10. Relação entre currículo e poder, ideologia e cultura. Multiculturalismo. Metodologia:

Numa primeira fase, será explorado um roteiro histórico da evolução do conceito de currículo, desde as teorias clássicas, com recurso à projecção de diapositivos, leitura de textos breves e sua discussão em pares, grupo e plenário. As teorias técnicas do currículo serão igualmente abordadas tendo em vista a sua desconstrução, uma vez que fazem parte, pressuponho eu, da experiência de formação de grande parte dos Mestrandos. Só depois disso serão enunciadas as correntes críticas do currículo, através de exposição oral pela docente, tendo em vista o seu aprofundamento pelos alunos que, individualmente ou em grupo, escolherão um autor ou um movimento em concreto, estudá-lo-ão e o apresentarão aos demais colegas nas aulas, com recurso a metodologias eficazes no sentido de que todos possam ter um conhecimento razoável sobre o assunto em que se especializaram.

Avaliação:

A avaliação dos Mestrandos pressupõe, conforme Regulamento do Mestrado, uma frequência mínima obrigatória de 75% das aulas leccionadas, baseando-se na observação directa da sua participação em todas as actividades aí desenroladas e fundamentalmente na produção de um trabalho individual escrito, com a estrutura de um artigo científico, a ser submetido por correio electrónico em formato .DOC, com um mínimo de 5 páginas A4 e um máximo de 10 (a um espaço e meio e em Times 12, excluindo capa, resumo e sumário). Na eventualidade de algum trabalho não vir a revelar consistência, face aos objectivos da unidade curricular, o seu autor será convidado a reformulá-lo.

Bibliografia:

Althusser, L. (2010). Aparelhos Ideológicos de Estado. Graal Editora.

Apple, M. W. (2007). Para além da lógica do Mercado. Compreendendo e opondo-se ao Neoliberalismo. Rio de Janeiro: DP&A Editora.

(4)

Apple, M. W. (2006). Ideologia e Currículo. Porto Alegre: Artmed.

Apple, M. W., Gandin, L. A., & Au, W. (2011). Educação Crítica. Porto Alegre: Artmed. Baudelot, C. & Establet, R. (1992). Allez les filles !. Paris : Éditions du Seuil.

Bourdieu, P., & Passeron, J.-C. (1964). Les Héritiers, les étudiants et la culture. Paris : Éditions Minuit.

Bourdieu, P., & Passeron, J.-C. (1970). La reproduction. Éléments pour une théorie du système d’enseignement. Paris : Éditions Minuit.

Bourdieu, P., & Passeron, J.-C. (1979). La distinction. Critique sociale du jugement. Paris : Éditions Minuit.

Bowles, S., & Gintis, H. (1986). Democracy and capitalism. New York: Basic Books, Inc., Publishers.

Doll, W. (1997). Currículo: uma perspectiva pós-moderna. Porto Alegre: Artes Médicas. Establet, R. (1997). L’école est-elle rentable? Paris: PUF.

Freire, P. (1975). Pedagogia do oprimido. Porto: Afrontamento. Freire, P. (1985). Educación y concientización. Salamanca: Sigüeme.

Giroux, H. (1997). Os professores como intelectuais. Rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed.

Giroux, H. (1999). Cruzando as fronteiras do discurso educacional. Novas práticas em educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul.

Giroux, H. (2003). Atos impuros. A prática política dos estudos culturais. Porto Alegre: Artmed.

Goodson, I. F (2008). Conhecimento e Vida Profissional. Porto: Porto Editora.

Goodson, I. F. (2001). O currículo em mudança. Estudos na construção social. Porto: Porto Editora.

Hall, S. & Gay, P. du (Ed.). (1996). Questions of Cultural Identity. London, Thousand Oaks, New Delhi : Sage Publications.

Hall, S. (1997). Identidades culturais na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A.

Kemmis, S. (1988). El curriculum: más allá de la teoría de la reproducción. Madrid: Morata.

Lopes, A. C. (2007). Currículo e Epistemologia. Ijuí: Editora Unijuí.

Moreira, A. F., & Macedo, E. F. (Orgs.). (2002). Currículo, Práticas Pedagógicas e Identidades. Porto: Porto Editora.

Moreira, A. F., & Silva, T. T. (Orgs.). (1995). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez.

Morgado, J. (2000). A (des)construção da autonomia curricular. Porto: Edições ASA. Muller, J.; Davies, B. & Moaris, A. (2004). Reading Bernstein, Researching Bernstein. London and New York: Routledge, Taylor and Francis Group.

Nicholson, L. (2008). Identity before Identity Politics. Cambridge : Cambridge University Press.

Nietzsche, F. (2003). Escritos sobre educação. São Paulo: Edições Loyola.

Nizet, J. (2007). La sociologie de Anthony Giddens. Paris : Éditions La Découverte. Oliveira, V., & Iturra, R. (Orgs.). Recuperar o espanto: o olhar da antropologia. Porto: Edições Afrontamento.

Pacheco, J. A. (2005). Estudos curriculares. Para a compreensão crítica da educação. Porto: Porto Editora.

Pacheco, J. A. (Org.). (2000). Políticas de integração curricular. Porto: Porto Editora. Papert, S. (1980). Mindstorms – children, computers and powerful ideas. New York:

(5)

Basic Books, Inc.

Pinar, W. & Irwin, R. (Ed.). (2005). Curriculum in a new Key. The collected works of Ted T. Aoki. Mahwah, New Jersey, London: Lawrence Erlbaum Associates Publishers.

Pinar, W. (1995). Understanding curriculum. New York: Peter Lang. Pinar, W. (1998). Curriculum: new identities. New York: Peter Lang.

Pinar, W. (Ed.). (1975). Curriculum theorizing: The reconceptualists. Berkeley, CA: McCutchan.

Popper, K. (1975). Conhecimento objectivo. São Paulo : Universidade São Paulo.

Popper, K. (1984). L’univers irrésolu : plaidoyer pour l’indéterminisme. Paris: Hermann, Éditeurs des Sciences et des Arts.

Pourtois, J. P. (1999). A educação Pós Moderna. Lisboa. Instituto Piaget.

Procter, J. (2004). Stuart Hall. London and New York: Routledge, Taylor and Francis Group.

Provenzo Jr, E.; Brett, A. & McCloskey, G. (2005). Computers, Curriculum and Cultural Change. An introduction for Teachers. Mahwah, New Jersey, London: Lawrence Erlbaum Associates Publishers.

Ralston, B., & Wilson, I. (2006). The Scenario Planning Handbook. Developing strategies in uncertain times. Ohio: Thomson .

Roldão, M. C. (2003). Diferenciação curricular revisitada. Conceito, discurso e práxis. Porto: Porto Editora.

Roldão, M. C., & Marques, R. (Orgs.). (2000). Inovação, currículo e formação. Porto: Porto Editora.

Santos, B. S. (1998). Introdução a uma Ciência Pós-moderna (1998). Afrontamento. Santos, B. S. (1999). Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Porto: Edições Afrontamento.

Santos, B. S. (1999). Um Discurso sobre as Ciências. Afrontamento

Santos, B. S. (2002). Democracia e participação. Porto: Edições Afrontamento.

Silva, T. T. (2000). Teorias Do Currículo- Uma Introdução Crítica. Porto: Porto Editora. Silva, T. T. (Org.). (2000). Identidade e Diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Editora Vozes.

Spring, J. (2009). Globalization of Education. An introduction. New York and London: Routledge, Taylor and Francis Group.

Stenhouse, L. (1997). Cultura y Educación. Morón (Sevilla): Kikiriki Cooperación Educativa (tít. original: 1967. Cultura and Education. London: Thomas Nelson and Sons, Ltd)

Stuart, H. & Gieben, B. (Ed.). (1995). Formations of Modernity. London : The Open University.

Williams, R. (1961). The long Revolution. New York: Chatto & Windus. Woods, P. (1990). L'ethnographie de l'école. Paris: Armand Colin.

Young, M. (Ed.). (1971). Knowledge and Control: New Directions in the Sociology of Education. London: Collier-Macmillan.

Young, M. F. (2010). Conhecimento De Currículo. Porto: Porto Editora.

Referências

Documentos relacionados

Porém, as questões públicas são responsabilidade de todos nós e, mesmo que alguns indivíduos tenham sido eleitos para cuidar delas, não basta que eles ajam, é

20 rede, sem acarretar esforços de processamento computacional muito elevados. Todavia, pode-se aumentar ou diminuir o número de camadas em função da complexidade

A aceitação desses métodos de ensino nas aulas de Educação Física não é das melhores, a sociedade que não tem conhecimento dos métodos filosóficos e das doutrinas

001 375731 LUIZ SEVERO BEM JUNIOR ACESSO DIRETO (SEM PRÉ-REQUISITO) - NEUROCIRURGIA 002 375826 CLAUDIONOR NOGUEIRA COSTA SEGUNDO ACESSO DIRETO (SEM PRÉ-REQUISITO) - NEUROCIRURGIA

Os roedores (Rattus norvergicus, Rattus rattus e Mus musculus) são os principais responsáveis pela contaminação do ambiente por leptospiras, pois são portadores

- Segue com prenhez positiva de embrião 5/8 (Doorman x Rubi), com parto previsto para Julho/2015. GIROLANDO - PURO SINTÉTICO - FÊMEA

Nesse diapasão, não resta dúvida, contemporaneamente, de que o reconhecimento e a proteção apenas das prerrogativas inerentes à liberdade do homem, o que se costuma classificar

A gestão do processo de projeto, por sua vez, exige: controlar e adequar os prazos planejados para desenvolvimento das diversas etapas e especialidades de projeto – gestão de