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Relatório de Inflação

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Relatório de Inflação

Volume 20 | Número 1 | Março 2018

ISSN 1517-6576

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ISSN 1517-6576 CNPJ 00.038.166/0001-05

Relatório de Inflação

Volume 20 | Número 1 | Março 2018

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É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Inflação, volume 20, nº 1.

Convenções estatísticas ... dados desconhecidos.

- dados nulos ou indicação de que a rubrica assinalada é inexistente.

0 ou 0,0 menor que a metade do último algarismo, à direita, assinalado.

* dados preliminares.

O hífen (‑) entre anos (1970‑1975) indica o total de anos, incluindo‑se o primeiro e o último.

A barra (/) entre anos (1970/1975) indica a média anual dos anos assinalados, incluindo‑se o primeiro e o último, ou, se especificado no texto, o ano‑safra ou o ano‑convênio.

Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamento.

Não é citada a fonte dos quadros e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil.

Atendimento ao Público Banco Central do Brasil

Departamento de Atendimento Institucional (Deati) SBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício‑Sede – 1º subsolo 70074‑900 Brasília – DF

Telefone: 145 (custo de ligação local)

Internet: http//www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO

Relatório de Inflação

Publicação trimestral do Comitê de Política Monetária (Copom), em conformidade com o Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999.

Os textos, os quadros estatísti cos e os gráficos são de responsabilidade dos componentes nomeados a seguir:

– Departamento Econômico (Depec) (E-mail: depec@bcb.gov.br);

– Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) (E-mail: conep.depep@bcb.gov.br);

− Departamento de Assuntos Internacionais (Derin) (E‑mail: derin@bcb.gov.br);

− Departamento de Estatísticas (Dstat) (E‑mail: dstat@bcb.gov.br).

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Princípios de Condução da Política Monetária no Brasil

Missão e objetivos

O Banco Central do Brasil (BCB) tem como missão assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente. O cumprimento da missão de assegurar a estabilidade de preços se dá por meio do regime de metas para a inflação, definidas pelo Conselho Monetário Nacional.

A experiência, tanto doméstica quanto interna‑

cional, mostra que a melhor contribuição da política monetária para que haja crescimento econômico sustentável, desemprego baixo e melhora nas condições de vida da população é manter a taxa de inflação baixa, estável e previsível.

A literatura econômica indica que taxas de inflação elevadas e voláteis geram distorções que levam a aumento dos riscos e impactam negativamente os investimentos. Essas distorções encurtam os horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos e deterioram a confiança de empresários. Taxas de inflação elevadas subtraem o poder de compra de salários e de transferências, com repercussões negativas sobre a confiança e o consumo das famílias. Além disso, produzem dispersão ineficiente de preços e diminuem o valor informacional que os mesmos têm para a eficiente alocação de recursos na economia.

Inflação alta e volátil tem, ainda, efeitos redistributivos de caráter regressivo. As camadas menos favorecidas da população, que geralmente têm acesso mais restrito a instrumentos que as protejam da perda do poder de compra da moeda, são as mais beneficiadas com a estabilidade de preços.

Em resumo, taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia, afetam a geração de empregos e de renda, e pioram a distribuição de renda.

Implementação

A política monetária tem impacto sobre a economia com defasagens longas, variáveis e incertas, usualmente estimadas em até dois anos. Devido à substancial incerteza associada a projeções de inflação no horizonte relevante para a condução da política monetária, em grande medida decorrente da incidência natural de choques favoráveis e desfavoráveis na economia ao longo do tempo, é de se esperar que, mesmo sob condução apropriada da política monetária, a inflação realizada oscile em torno da meta. O Copom deve procurar conduzir a política monetária de modo que suas projeções de

inflação apontem inflação convergindo para a meta.

Dessa forma, é natural que a política monetária seja realizada olhando para o futuro.

O arcabouço de metas para a inflação no Brasil é flexível. O horizonte que o BCB vê como apropriado para o retorno da inflação à meta depende tanto da natureza dos choques que incidem sobre a economia quanto de sua persistência.

O BCB entende que uma comunicação clara e transparente é fundamental para que a política monetária atinja seus objetivos de maneira eficiente.

Assim, regularmente o BCB publica avaliações sobre os fatores econômicos que determinam a trajetória da inflação, além de riscos potenciais a essa trajetória.

Os Comunicados e Notas do Copom, e o Relatório de Inflação são veículos fundamentais na comunicação dessas avaliações.

Relatório de Inflação

As projeções para a inflação são apresentadas em cenários com condicionantes para algumas variáveis econômicas. Tradicionalmente, os condicionantes referem‑se às trajetórias da taxa de câmbio e da taxa Selic ao longo do horizonte de projeção.

Essas trajetórias normalmente são oriundas das expectativas coletadas pela pesquisa Focus, realizada pelo BCB com analistas independentes, ou consideram constantes os valores dessas variáveis. Os cenários apresentados envolvem uma combinação desses condicionantes. Cenários alternativos também podem ser apresentados. É importante ressaltar que esses cenários são alguns dos instrumentos quantitativos que servem para orientar as decisões de política monetária do Copom, e que seus condicionantes não constituem e nem devem ser vistos como previsões do Comitê sobre o comportamento futuro dessas variáveis.

As projeções condicionais de inflação divulgadas neste Relatório contemplam intervalos de probabilidade que ressaltam o grau de incerteza associado às mesmas.

As previsões de inflação dependem não apenas dos condicionamentos feitos para as taxas de juros e de câmbio, mas também de um conjunto de pressupostos sobre o comportamento de variáveis exógenas. O Copom utiliza um conjunto amplo de modelos e cenários, com condicionantes a eles associados, para orientar suas decisões de política monetária. Ao expor alguns desses cenários, o Copom procura dar maior transparência às decisões de política monetária, contribuindo para sua eficácia no controle da inflação, que é seu objetivo precípuo.

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Sumário

Princípios de Condução da Política Monetária no Brasil 3

Sumário executivo 7

Conjuntura econômica 11

1.1 Cenário externo________________________________________________________________________ 11 1.2 Conjuntura interna _____________________________________________________________________ 13 Atividade econômica e mercado de trabalho ______________________________________________ 13 Crédito _______________________________________________________________________________19 Fiscal ________________________________________________________________________________21 Demanda externa e Balanço de Pagamentos ______________________________________________22 1.3 Inflação e expectativas de mercado ______________________________________________________24 Índices de preços ______________________________________________________________________24 Índice de difusão e núcleos ______________________________________________________________26 Expectativas de mercado _______________________________________________________________26

Perspectivas para a inflação 61

2.1 Revisões e projeções de curto prazo _____________________________________________________62 2.2 Projeções condicionais __________________________________________________________________ 63 2.3 Condução da política monetária e balanço de riscos _______________________________________ 66

Boxes

Aspectos metodológicos e comparações dos comportamentos do IBC‑Br e do PIB ____________27 Revisão da projeção do PIB para 2018 ____________________________________________________ 30 Saques das contas inativas do FGTS: Como os beneficiários utilizaram os recursos? ___________32

“Dinheiro, crédito ou débito?” Descontos em transações

conforme o instrumento de pagamento _______________________________________________ 38 Evolução do mercado de crédito nos ciclos de distensão da política monetária _______________ 41 Financiamento junto ao mercado de capitais e ao setor externo e

estoque de endividamento das empresas _____________________________________________ 48 Como são formadas as expectativas de câmbio no Brasil? __________________________________52 Projeção para o Balanço de Pagamentos de 2018 __________________________________________ 58 Decomposição da inflação de 2017_______________________________________________________69 Condicionamentos internamente consistentes para câmbio,

incerteza econômica e risco‑país ______________________________________________________ 73

Apêndice 79

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Sumário executivo

O conjunto dos indicadores de atividade econômica mostra recuperação consistente da economia brasileira.

Em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu nos quatro trimestres, após dois anos de expressiva retração. Do lado da oferta, em meio à retomada da indústria e serviços, destacou‑se o aumento da produção agropecuária em ano de safra recorde de grãos. No âmbito da demanda, o desempenho da economia esteve associado principalmente ao aumento do consumo, em ambiente de massa salarial real em elevação –favorecida pela inflação baixa e retomada gradual do emprego – e recuperação do mercado de crédito, estimulados pela queda da Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

Prospectivamente, a projeção de crescimento do PIB para 2018 contempla, ao lado da continuidade de expansão do consumo, a expansão dos investimentos, movimento já apontado por indicadores mais recentes, em especial pela absorção doméstica de bens de capital. A projeção de crescimento do PIB é de 2,6% este ano.

A economia segue operando com elevado nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego.

Destaque‑se, entretanto, que a retomada da economia tem se traduzido em redução gradual dessa ociosidade. Particularmente no mercado de trabalho, a taxa de desemprego tem seguido a tendência de queda, refletindo crescimento do emprego em ritmo ligeiramente superior à expansão da força de trabalho. No mercado formal, em período sazonalmente negativo para o emprego, os desligamentos atingiram menor patamar, para essa época do ano, desde 2012.

O cenário externo continua favorável, com crescimento econômico global disseminado e perspectiva de retorno das taxas de inflação nas economias centrais para patamares mais próximos de

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suas metas, o que reforça a continuidade do processo de normalização gradual das políticas monetárias nos países centrais. Sinais recentes de aumentos de salários em algumas economias centrais e suas repercussões sobre a trajetória de inflação nesses países podem tornar esse processo mais volátil, com impacto sobre as condições financeiras globais.

Persistem riscos de que uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira afete prêmios de risco e eleve a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.

Esse risco se intensifica no caso de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.

Não obstante, a economia brasileira apresenta maior capacidade de absorver eventual revés no cenário internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e ao ambiente com inflação baixa, expectativas ancoradas e perspectiva de recuperação econômica.

As expectativas de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apuradas pela pesquisa Focus situam‑se em torno de 3,6% para 2018 e de 4,2% para 2019. Para 2020, as expectativas encontram‑se em torno de 4,0%.

O cenário básico para a inflação neste início de ano evoluiu de forma mais benigna do que o esperado.

O comportamento dos preços permaneceu favorável no trimestre encerrado em fevereiro, com as diversas medidas de inflação subjacente em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Os preços de alimentos, responsáveis por parcela importante da surpresa desinflacionária em 2017, voltaram a apresentar variação atipicamente negativa em fevereiro.

No que se refere às projeções condicionais de inflação, de acordo com o cenário com taxas de juros e câmbio da pesquisa Focus, projeta‑se inflação em torno de 3,8% para 2018 e de 4,1% para 2019. Para 2020, as projeções de inflação nesse mesmo cenário são de cerca de 4%.

O Copom ressalta que a evolução do cenário básico tornou adequada a redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual em sua reunião mais recente. Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste

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momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional. O Comitê julga que este estímulo adicional mitiga o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas. Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar à interrupção do processo de flexibilização monetária, no caso dessa mitigação se mostrar desnecessária. Para reuniões além da próxima, salvo mudanças adicionais relevantes no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária, visando avaliar os próximos passos, tendo em vista o horizonte relevante naquele momento. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

O Copom entende que a política monetária tem que balancear duas dimensões: reagir para assegurar que a inflação convirja para a meta numa velocidade adequada e ao mesmo tempo garantir que a conquista da inflação baixa perdure, mesmo diante de choques adversos. O Copom reafirma que a política monetária tem flexibilidade para reagir a riscos de ambos os lados.

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Conjuntura econômica

Este capítulo do Relatório de Inflação analisa a evolução recente da conjuntura econômica, considerando o cenário internacional e doméstico, bem como as perspectivas para a evolução da economia do país nos próximos trimestres. A avaliação do cenário internacional aborda as principais economias avançadas e emergentes com ênfase em aspectos que tendem a exercer influências sobre a economia brasileira, em especial os indicadores de inflação e atividade.

A análise da conjuntura doméstica abrange os principais condicionantes da atividade econômica, considerada tanto pela evolução das contas nacionais, como pela trajetória de indicadores setoriais de maior frequência e tempestividade. Avaliam‑se os aspectos centrais associados aos movimentos no mercado de trabalho, à evolução do mercado de crédito, ao desempenho das contas públicas e das contas externas do país. A seção final do capítulo analisa o comportamento da inflação e expectativas de mercado, considerando as trajetórias dos principais indicadores de preços.

1.1 Cenário externo

A trajetória recente dos indicadores econômicos nos países desenvolvidos e a aprovação da reforma tributária nos Estados Unidos da América (EUA), com expectativa de impactos sobre a atividade econômica daquele país1, corroboram a perspectiva de continuidade da expansão da atividade global em 2018. Embora o cenário externo continue favorável, com crescimento econômico disseminado, elevou‑se a possibilidade de aperto das condições financeiras em reação às trajetórias prospectivas de inflação, com eventuais reflexos negativos no apetite ao risco e nos fluxos de capitais direcionados a economias emergentes.

1

1/ Estima‑se um impacto positivo de cerca de 0,7 p.p. no crescimento acumulado da economia americana em 2018 e 2019.

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Não obstante as perspectivas favoráveis em relação à continuidade do ciclo de expansão da atividade, as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nas principais economias – EUA, Área do Euro, Japão e Reino Unido – desaceleraram na margem no último trimestre do ano passado. Na China, nesse mesmo período, a taxa de crescimento interanual permaneceu estável em relação ao trimestre anterior.

Nos EUA, o crescimento do PIB no último trimestre de 2017 (0,6% ante trimestre anterior, dessazonalizado) esteve associado à robustez da demanda doméstica que, nesse período, registrou melhor desempenho em mais de três anos. Ressalte‑se que o consumo das famílias, que vem sendo sustentado pelo crescimento da massa salarial e pelos elevados níveis de confiança dos consumidores, deve continuar em expansão, em parte respondendo aos estímulos propiciados pelos cortes de impostos, recentemente instituídos. Embora com taxas de crescimento inferiores às registradas no trimestre anterior, Área do Euro e Japão voltaram a assinalar alta trimestral do PIB no quarto trimestre de 2017(0,6% e 0,1%, dessazonalizados, respectivamente), ratificando a continuidade de ciclos de crescimento de longa duração em ambos os casos.

No Reino Unido, a desaceleração do crescimento do PIB no último trimestre de 2017 (0,4%, dessazonalizado) em relação ao trimestre anterior esteve associada ao fraco desempenho da demanda doméstica, que repercutiu a lenta evolução das negociações relacionadas à saída do Reino Unido da União Europeia.

Contrastando com o ocorrido nas principais economias, o PIB da China manteve o ritmo de expansão interanual no quarto trimestre de 2017 (6,8%). No ano, houve aceleração da taxa de crescimento econômico, fato que não ocorria desde 2010. Registre‑se que o desempenho do setor secundário, o mais modesto desde 1990, manteve tendência verificada em 2017 e segue em linha com o processo de transição de modelo econômico.

As taxas interanuais de inflação têm se mantido em patamares confortáveis nas principais economias avançadas, à exceção do Reino Unido, onde a taxa de inflação permaneceu em 3,0% nos doze meses finalizados em janeiro. As medidas de inflação subjacentes seguem contidas, embora com ligeira tendência de alta ao longo dos últimos meses nos EUA, Área do Euro e Japão.

-1 0 1 2 3 4 5 6 7

EUA Área do Euro Japão Reino Unido China*

Gráfico 1.1 – PIB1/

%

1/ Var% T/T-1. Taxas anualizadas, c/ajuste sazonal. Último: 4º tri/2017.

* China: Var% T/T-4, sem ajuste sazonal Fonte: Thomson Datastream

-1 0 1 2 3

2015OutDez Fev

2016Abr Jun Ago Out Dez Fev

2017Abr Jun Ago Out Dez Fev 2018

EUA (PCE) Japão

Reino Unido Área do Euro

Gráfico 1.2 – Inflação (núcleo) Economias Avançadas

Variação % anual

Fonte: Thomson Datastream

1,5 1,7 1,9 2,1 2,3 2,5 2,7 2,9 3,1

16.3 7.3 26.2 14.2 5.2 25.1 16.1 4.1 2018 22.12 13.12 2017

Gráfico 1.3 – Número implícito de altas de 25 p.b. nos Fed Funds em 2018

Fonte: Bloomberg

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O ambiente de inflação baixa reforçou o cenário de continuidade do processo de normalização gradual das políticas monetárias nos países centrais. O prolongado período de crescimento econômico e os sinais de elevação de ganhos salariais em algumas economias, entretanto, podem tornar esse processo mais volátil, com repercussões sobre as condições financeiras globais.

Nesse sentido, ressalte‑se a elevação da volatilidade nos mercados financeiros globais em fevereiro.

De fato, a oscilação do mercado já reflete riscos relacionados à trajetória prospectiva da inflação, em especial nos Estados Unidos, em contexto de aceleração do ritmo de crescimento dos salários2 e da aprovação do pacote fiscal norte americano, de caráter expansionista. Os prêmios de risco e os preços de ativos de economias emergentes foram afetados, ainda que em diferentes magnitudes e com reversão parcial desse movimento em alguns países.

Indicadores de volatilidade, como o Chicago Board Options Exchange Volatility Index (VIX)3, situam‑se em níveis elevados em relação aos que vigoraram durante o ano passado.

Em síntese, desde o Relatório de Inflação anterior, o crescimento da economia global manteve‑se robusto, enquanto as taxas de inflação permaneceram ainda reduzidas nas principais economias avançadas.

Importante notar, entretanto, que há sinais de aperto nos mercados de trabalho de algumas economias avançadas, com riscos eventuais para as trajetórias de inflação. Nesse contexto, a probabilidade de reavaliação das expectativas de inflação e do ritmo de normalização da política monetária nessas economias torna maior a possibilidade de novos episódios de volatilidade nos mercados financeiros globais, com impactos nos prêmios de risco e nos preços de ativos de economias emergentes.

1.2 Conjuntura interna

Atividade econômica e mercado de trabalho

A recuperação da economia brasileira apresenta consistência, conforme evidenciado pelo conjunto de

2/ A média da remuneração horária dos trabalhadores americanos teve alta de 2,9% em janeiro na comparação interanual, a maior taxa em nove anos.

3/ VIX é o Índice de Volatilidade da Chicago Board Options Exchange (CBOE), construído usando as volatilidades implícitas de uma ampla gama de opções do índice acionário S&P 500.

100 210 320 430 540

201716.3 26.4 6.6 17.7 25.8 5.10 15.11 26.12 5.2 2018 16.3

EMBI+ Composto Rússia

Turquia Brasil

México Argentina

Gráfico 1.4 –Emerging Markets Bond Index Plus (Embi+)

p.b.

Fonte: Thomson Reuters

8 13 18 23 28 33 38

2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0

20.1

2017 3.3 14.4 26.5 7.7 18.8 29.9 10.11 22.12 2.2 2018 16.3 Rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA VIX

Gráfico 1.5 – Rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA e volatilidade (VIX)

Fonte: Bloomberg

Gráfico 1.6 – Contribuições para o crescimento anual do PIB

p.p.

Fonte: IBGE -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Famílias FBCF Governo

Estoques Externo PIB

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indicadores de atividade. Dados recentes dos diversos segmentos produtivos corroboram a perspectiva de continuidade do ciclo de retomada, ao passo que indicadores de confiança, em movimento ascendente, alcançaram patamares similares ao período pré‑

recessivo. O mercado de trabalho, após dois anos em processo de distensão, acompanhou a recuperação da atividade, com aumento da população de ocupados, redução da taxa de desemprego e incrementos reais de rendimentos.

A projeção central para o crescimento do PIB em 2018 situa‑se em 2,6%4, igual à apresentada na edição anterior do Relatório de Inflação, ante expansão de 1,0% registrada em 2017. Importante observar que o cenário para o ano corrente mostra composição de crescimento mais equilibrada da demanda doméstica, com perspectiva de variação positiva dos investimentos, após quatro anos de contração.

O crescimento do produto em 2017 interrompeu a sequência de quedas significativas em 2015 e 2016 e ratificou o ciclo de recuperação da economia, beneficiado pelo processo de distensão da política monetária. Destaque‑se, no desempenho do ano, o crescimento de 13,0% do setor agropecuário, em ano de safra recorde de grãos. Do lado da demanda, o consumo das famílias exerceu a principal contribuição para a retomada da atividade, impulsionado, entre outros fatores, pela elevação da massa salarial real em ambiente de inflação baixa, pelo maior dinamismo no mercado de crédito às pessoas físicas e pelos impactos favoráveis da liberação dos recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em meados do ano. Ressalte‑se, adicionalmente, o arrefecimento na retração anual da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) relativamente aos dois anos anteriores.

Na margem, o PIB cresceu 0,1% no último trimestre de 2017, considerados dados dessazonalizados.

Ressalte‑se, sob a ótica da oferta, o desempenho favorável da indústria de transformação e dos serviços de transportes, cujos efeitos se sobrepuseram a variações negativas nos produtos da indústria extrativa e do segmento de outros serviços. No âmbito da demanda, destaque‑se a expansão na FBCF pelo terceiro trimestre consecutivo e do consumo das famílias que, conforme esperado, desacelerou ante o significativo crescimento trimestral registrado nos dois períodos anteriores (1,2% e 1,1%, no segundo e terceiro trimestres, respectivamente).

4/ Ver boxe, “Revisão da projeção do PIB para 2018”, na página 40 deste Relatório.

Tabela 1.1 – Produto Interno Bruto

Trimestre ante trimestre imediatamente anterior Dados dessazonalizados

Variação %

Discriminação 2016 2017

IV Tri I Tri II Tri III Tri IV Tri PIB a preços de mercado -0,7 1,3 0,6 0,2 0,1

Agropecuária 3,1 11,9 -2,7 -2,0 0,0

Indústria -1,8 1,9 -0,7 1,0 0,5

Serviços -0,6 0,3 0,8 0,6 0,2

Consumo das famílias -0,3 0,2 1,2 1,1 0,1

Consumo do governo -0,1 -0,1 -0,1 -0,3 0,2

Formação Bruta de

Capital Fixo -2,2 -0,6 0,4 1,8 2,0

Exportação 0,1 5,8 0,6 3,3 -0,9

Importação 2,8 2,1 -2,6 6,5 1,6

Fonte: IBGE

Gráfico 1.7 – PIB1/

Média 2012 = 100

Fonte: IBGE

1/ Série com ajuste sazonal.

94 96 98 100 102 104 106

2012I I

2013 I

2014 I

2015 I

2016 I

2017

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O conjunto dos indicadores de atividade divulgado nos primeiros meses de 2018 corrobora a avaliação de recuperação consistente da economia brasileira.

A produção da indústria aumentou 2,1% no trimestre finalizado em janeiro, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM‑PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após avançar 0,8% nos três meses encerrados em outubro. A indústria de transformação cresceu 2,2% no período, com ênfase na ampliação da produção de bens de consumo duráveis (4,3%).

Indicadores qualitativos seguem sinalizando condições favoráveis ao crescimento da atividade fabril. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) alcançou 99,7 pontos na média do trimestre encerrado em fevereiro, segundo dados dessazonalizados da Fundação Getulio Vargas (FGV)5. Esse nível situa‑

se 4,1 pontos acima do observado no trimestre encerrado em novembro e é o mais elevado desde dezembro de 2013. O aumento da confiança no trimestre foi disseminado por todas as categorias de uso, com destaques para os incrementos de 8,7 pontos em bens de consumo duráveis e de 4,3 pontos em bens intermediários. No mesmo período, o índice de estoques da indústria, calculado pela FGV, diminuiu 7,5 pontos, atingindo média de 94,7 pontos no trimestre6, após ajuste sazonal.

Dados recentes relativos ao setor de serviços sinalizam, na margem, melhora da atividade no setor terciário. Conforme enfatizado em edições anteriores deste Relatório de Inflação, a retomada da produção industrial e a evolução positiva nas condições do mercado de trabalho tendem a se traduzir em ambiente mais favorável para recuperação do setor de serviços.

De acordo com as contas nacionais, o valor adicionado do setor terciário cresceu 1,7% no último trimestre de 2017 sobre o mesmo período do ano anterior, refletindo, especialmente, a expansão em segmentos diretamente relacionados ao desempenho da indústria de transformação, tais como comércio (4,4%) e transportes (4,4%). Em comparação ao trimestre imediatamente anterior, o setor de serviços cresceu 0,2%, considerando dados dessazonalizados.

No mesmo sentido, o volume de serviços expandiu 0,9% no trimestre encerrado em janeiro de 2018,

5/ Valores acima de 100 pontos indicam sentimento de otimismo. Em fevereiro, particularmente, o indicador ultrapassou esse patamar.

6/ Complemento de 200 pontos do índice original divulgado pela FGV. Valores acima de 100 pontos indicam estoques acima do planejado.

Gráfico 1.8 – Produção Industrial1/

MM3M

2012 = 100

Fonte: IBGE

1/ Séries com ajuste sazonal.

60 65 70 75 80 85 90 95 100

2015Jan Abr Jul Out Jan

2016Abr Jul Out Jan

2017 Abr Jul Out Jan 2018

Indústria geral Bens de capital

Intermediários Consumo duráveis

Semi e não duráveis

Gráfico 1.9 – Confiança e estoques1/

Indústria de transformação (MM3M)

Pontos

Fonte: FGV

1/ Séries com ajuste sazonal.

Indicador de estoques calculado como 200 – índice de estoques divulgado.

90 100 110 120 130 140

70 80 90 100

Fev

2015 Mai Ago Nov Fev

2016Mai Ago Nov Fev

2017Mai Ago Nov Fev 2018

Confiança Estoques (dir)

Gráfico 1.10 – Índices de Volume e de Confiança dos Serviços1/

Serviços (MM3M)

2014 = 100 Pontos

Fontes: IBGE e FGV 1/ Séries com ajuste sazonal.

60 65 70 75 80 85 90 95

85 90 95 100 105

2014NovFev

2015Mai Ago Nov Fev

2016Mai Ago Nov Fev

2017Mai Ago Nov Fev 2018

Volume (PMS) Confiança (esq.)

(18)

em relação ao finalizado em outubro de 2017, considerando dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), cuja cobertura abrange cerca de 30% do valor adicionado do setor. Quatro dos cinco segmentos pesquisados apontaram crescimento no período, com ênfase para a alta de 0,9% em transporte, serviços auxiliares ao transporte e correios.

Em linha com a recuperação mencionada anteriormente, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) aumentou 4,5 pontos no trimestre finalizado em fevereiro deste ano, em relação ao terminado em novembro de 2017, de acordo com dados dessazonalizados da FGV. O desempenho positivo repercutiu elevações tanto no indicador relacionado à situação atual dos negócios quanto no componente associado às expectativas para o setor nos próximos seis meses.

O consumo das famílias, importante vetor de recuperação da economia em 2017, deve manter dinamismo similar no ano corrente. Não obstante a desaceleração observada no quarto trimestre, as condições macroeconômicas continuam a favorecer o desempenho do consumo. Concorrem nesse sentido as perspectivas de inflação em patamar baixo, de recuperação do emprego e de expansão do crédito às famílias em ambiente de política monetária estimulativa.

Embora com trajetória volátil nos meses mais recentes, os indicadores coincidentes de consumo continuam em evolução compatível com cenário de expansão.

As vendas ao varejo ampliado cresceram 1,2% no trimestre encerrado em janeiro, considerada a série livre de fatores sazonais, segundo informações da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE. Houve elevação do comércio em cinco dos dez segmentos pesquisados, com destaque para o desempenho positivo nas vendas de veículos, motocicletas, partes e peças (1,5%) e hipermercados, supermercados e alimentos (0,9%).

As trajetórias do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e do Índice de Confiança do Comércio Ampliado (ICOM), ambos da FGV, seguem indicando melhora da confiança, tanto com relação à situação atual, quanto às perspectivas para os próximos meses. Os dois indicadores registraram crescimento significativo no trimestre finalizado em fevereiro, em relação ao terminado em novembro, ambos acima dos respectivos níveis médios dos últimos cinco anos.

Gráfico 1.11 – Índice de volume de vendas1/

Trimestre/Trimestre anterior

Variação %

Fonte: IBGE

1/ Série com ajuste sazonal.

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

2016Jan Abr Jul Out Jan

2017 Abr Jul Out Jan

2018 Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 1.13 – Formação bruta de capital fixo1/

Crescimento trimestral (%)

Fonte: IBGE

1/ Série com ajuste sazonal.

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4

2012I I

2013 I

2014 I

2015 I

2016 I

2017

Gráfico 1.12 – Índices de Confiança associados ao comércio

Fontes: ACSP, CNI e FGV 40

50 60 70 80 90 100 110 120

Fev

2015 Jun Out Fev

2016 Jun Out Fev

2017 Jun Out Fev

2018

INEC ICC ICOM INC

(19)

A retomada dos investimentos ganhou tração no segundo semestre de 2017, embora em ritmo modesto quando comparada à recuperação após outros ciclos recessivos. Dados das contas nacionais para o último trimestre de 2017 evidenciaram três trimestres consecutivos de crescimento da FBCF na margem (0,4%, 1,8% e 2,0%, na ordem), fato não observado desde o terceiro trimestre de 2013. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, a FBCF cresceu 3,8% no quarto trimestre de 2017, repercutindo movimento ascendente na produção de bens de capital e de insumos da construção civil.

Ressalte‑se que a efetiva recuperação da FBCF está sujeita, em grande parte, à retomada do setor de construção, segmento que responde por mais da metade do investimento total da economia. Embora haja expectativa de crescimento para a construção em 2018, a recuperação ainda incipiente do mercado imobiliário – dado o nível elevado de estoque de imóveis residenciais e comerciais – e o investimento do setor público em nível historicamente baixo inibem contribuição mais consistente do setor.

A elevada ociosidade dos fatores de produção, mesmo que em trajetória descendente, constitui, adicionalmente, fator desfavorável para reação mais vigorosa do investimento. O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria de transformação aumentou 0,6 p.p. no trimestre finalizado em fevereiro, em comparação ao trimestre anterior, atingindo média de 75,0%, considerados dados dessazonalizados da Sondagem da Indústria da FGV. Apesar da recente recuperação, esse resultado situa‑se em patamar inferior à média dos últimos cinco anos. O aumento na margem refletiu o crescimento do Nuci das indústrias de bens intermediários (1,1 p.p.) e de bens de consumo duráveis (0,9 p.p.), e o decréscimo da utilização da capacidade instalada nas indústrias de bens de consumo não‑duráveis (‑1,0 p.p.) e de bens capital (‑0,2 p.p.).

Ressalte‑se que, para o ano corrente, o cenário do PIB considerado neste Relatório contempla expansão do investimento, após quatro anos de expressivo recuo. A recuperação sustentada do investimento segue condicionada à continuidade das reformas e de ajustes que concorram para a redução de incertezas e para a maior eficiência e produtividade na economia brasileira.

O mercado de trabalho tem evoluído favoravelmente como reflexo da recuperação da atividade econômica.

Gráfico 1.14 – Nível de utilização da capacidade instalada1/

MM3M (%)

Fonte: FGV

1/ Séries com ajuste sazonal.

72 74 76 78 80 82 84

2012Fev Fev

2013 Fev

2014 Fev

2015 Fev

2016 Fev

2017 Fev

2018

Nuci Média dos últimos 5 anos

Gráfico 1.15 – Taxa de desocupação

%

Fonte: IBGE 6 7 8 9 10 11 12 13 14

2015Jan Abr Jul Out Jan

2016 Abr Jul Out Jan

2017 Abr Jul Out Jan 2018

Gráfico 1.16 – População ocupada1/

Jan 2015 = 100

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

90 95 100 105 110

Jan

2015 Abr Jul Out Jan

2016Abr Jul Out Jan

2017 Abr Jul Out Jan 2018 Ocupação

Empregado no setor privado sem carteira Conta-própria

Empregado no setor privado com carteira

(20)

A taxa de desocupação, divulgada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, atingiu 11,8% no quarto trimestre de 2017 ante 12,0% no mesmo período do ano anterior, primeiro recuo na comparação interanual desde outubro de 2014.

No trimestre finalizado em janeiro de 2018, a taxa situou‑se em 12,2%, com redução de 0,4 p.p. em relação ao período equivalente de 2017, resultado de crescimento da população ocupada superior ao da força de trabalho (2,1% e 1,6%, nessa ordem).

Considerando‑se a série com ajuste sazonal7, a taxa de desocupação variou de 12,5% no trimestre terminado em outubro para 12,4% em janeiro, refletindo variações de 0,3% na população ocupada e de 0,2% na força de trabalho. O aumento da ocupação continua resultando da evolução em categorias mais associadas à informalidade, enquanto o contingente de empregados com carteira mostra sinais de estabilização na margem, após longo período de declínio.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostraram sinais de recuperação em 2017, com redução significativa e disseminada das perdas de postos de trabalho formais. No ano, foram eliminadas 123,4 mil vagas, ante perda de 1,4 milhão em 20168. No trimestre encerrado em janeiro, período sazonalmente negativo para o emprego, os desligamentos líquidos atingiram 263,0 mil, melhor resultado para essa época do ano desde 2012, equivalente a crescimento de 0,2% do índice de emprego formal dessazonalizado9. A adesão à modalidade de trabalho intermitente, introduzida pela reforma trabalhista vigente desde novembro de 2017, teve efeito relativamente limitado no trimestre, com saldo de 8,1 mil.

O poder aquisitivo da renda do trabalhador segue se beneficiando do ambiente inflacionário favorável. De acordo com a PNAD Contínua, o rendimento médio real habitual de todos os trabalhos elevou‑se 0,4%

no trimestre encerrado em janeiro de 2018, após aumento de 2,3% em 2017. O movimento de alta é disseminado entre as categorias de ocupação. No mesmo trimestre, a massa real de salários expandiu 0,7%, considerando‑se dados com ajuste sazonal.

7/ Ajuste sazonal realizado pelo Banco Central.

8/ Dados preliminares, sem a inclusão de declarações entregues fora do prazo.

9/ Ajuste sazonal realizado pelo Banco Central.

Tabela 1.2 – Evolução do emprego formal

Novos postos de trabalho (em mil)

Discriminação 2017 2018

Trim2/ Ano3/ Trim2/ Ano3/

Total -620,0 -40,9 -263,0 77,8

Indústria de transformação -165,0 17,5 -89,8 49,5

Comércio -20,1 -60,1 26,1 -48,7

Serviços -205,1 -9,5 -64,0 46,5

Construção civil -134,2 -0,8 -60,0 15,0

Agropecuária -63,7 10,7 -50,5 15,6

Serviços ind. de util. pública -4,0 0,7 -1,6 1,1

Outros1/ -27,9 0,6 -23,4 -1,2

Fonte: Ministério do Trabalho

1/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

2/ Trimestre encerrado em janeiro.

3/ Acumulado no ano até janeiro.

Gráfico 1.17 – Rendimento do trabalho Trimestre/Trimestre do ano anterior

Variação %

Fonte: IBGE -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12

2015Jan Abr Jul Out Jan

2016 Abr Jul Out Jan

2017 Abr Jul Out Jan 2018

Rendimento real Rendimento nominal

(21)

Ressalte‑se que apesar da evolução positiva observada para os rendimentos reais, o reajuste historicamente baixo do salário mínimo e a perspectiva de inflação anual mais elevada concorrem para arrefecer o crescimento da renda real em 2018. Observa‑se, em períodos recentes, que os aumentos de rendimentos nominais têm se reduzido, ajustando‑se a patamares mais compatíveis com as taxas de inflação correntes.

Conforme mencionado em outras edições do Relatório de Inflação, a consolidação da recuperação da atividade econômica e as mudanças estruturais recentes na legislação trabalhista devem seguir contribuindo para a retomada do emprego, mas a possível recuperação cíclica da produtividade do trabalho tende a atenuar o ritmo de crescimento da população ocupada.

Crédito

O mercado de crédito evolui de forma consistente com a recuperação da atividade econômica e com os estímulos provenientes do ciclo atual da política monetária. A retração significativa do saldo de empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) – observada desde meados de 2016 – arrefeceu nos últimos meses, implicando variação anual de ‑0,5%

do crédito em 2017, ante ‑3,5% no ano anterior.

O volume de concessões no ano cresceu 3,3%, revertendo tendência de queda registrada em 2016, quando variou ‑8,3%.

Dados mais recentes evidenciaram queda de 0,2%

do estoque de empréstimos no trimestre encerrado em fevereiro, com variações de 1,0% no segmento de crédito às pessoas físicas e de ‑1,7% às pessoas jurídicas. Destacaram‑se no período, considerando o crédito às famílias, os aumentos nos saldos do financiamento de veículos e do crédito consignado.

No segmento de pessoas jurídicas, o desempenho na margem seguiu repercutindo o declínio no volume de operações com recursos direcionados, visto que a carteira com recursos livres cresceu 0,9% no período, influenciada pelo aumento das operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) e de desconto de duplicatas e recebíveis. Conforme apontado em boxe deste Relatório de Inflação, o menor dinamismo de crédito às empresas tem sido compensado em parte pelo crescimento das captações junto aos mercados de capitais e externo10.

10/ Ver boxe “Financiamento e dívidas de pessoas jurídicas”, na página 52 deste Relatório.

Gráfico 1.18 – Saldo de crédito Variação interanual – %

-12 -8 -4 0 4 8 12 16

2015Fev Mai Ago Nov Fev

2016 Mai Ago Nov Fev

2017 Mai Ago Nov Fev 2018

Total PJ PF

Gráfico 1.19 – Concessões dessazonalizadas MM3M – R$ bilhões

Recursos livres Recursos direcionados

10 15 20 25

80 100 120 140 160 180

2015Fev Mai Ago Nov Fev

2016 Mai Ago Nov Fev

2017 Mai Ago Nov Fev 2018

PF livres PJ livres PJ direc PF direc

(22)

As concessões de crédito dessazonalizadas têm registrado maior dinamismo nos últimos meses.

Considerando o trimestre encerrado em fevereiro, os novos empréstimos aumentaram 5,0% relativamente ao trimestre finalizado em novembro, quando cresceram 1,5%. O movimento refletiu o aumento das concessões com recursos livres, 5,6% no período, repercutindo expansões tanto no segmento de pessoas físicas, com destaque para as modalidades de empréstimo consignado e de financiamento de veículos, quanto no de pessoas jurídicas – em especial, as operações com desconto de duplicatas e recebíveis, e antecipação de faturas de cartão. As concessões no crédito direcionado mantiveram tendência de declínio, com recuo de 5,4% no trimestre encerrado em fevereiro.

O Indicador do Custo de Crédito (ICC) atingiu 21,7%

em fevereiro, com redução de 0,1 p.p no trimestre e de 1,4 p.p. em doze meses. No segmento de recursos livres, o ICC recuou 0,5 p.p. e 4,0 p.p., nas mesmas bases de comparação, com retração em doze meses mais intensa para as pessoas físicas (‑5,0 p.p.) do que para as pessoas jurídicas (‑3,9 p.p.). No segmento de recursos direcionados, por sua vez, o ICC exibiu relativa estabilidade em doze meses até fevereiro.

A taxa média de juros das contratações de crédito atingiu 26,9% a.a. em fevereiro, com estabilidade no trimestre e recuo de 6,6 p.p. em doze meses. No segmento de recursos livres, mais sensível à influência da taxa básica, o custo de financiamento das novas operações diminuiu 0,6 p.p. no trimestre e 10,8 p.p.

em doze meses. Registre‑se que a redução do custo de financiamento em doze meses foi disseminada entre as principais modalidades de crédito para pessoas físicas e jurídicas.

De fato, conforme demonstrado em boxe deste Relatório de Inflação11, as trajetórias de taxas de juros e de volumes de concessões do crédito livre mostram comportamento consistente do canal de crédito no atual ciclo de distensão da política monetária. O custo de financiamento tem recuado de forma compatível com a queda da taxa básica de juros e o volume de concessões evoluído positivamente, influenciado pelas melhores condições de oferta e pela retomada da atividade.

A taxa de inadimplência, consideradas operações com atrasos superiores a noventa dias, atingiu 3,4% no trimestre encerrado em fevereiro, com ligeiro recuo em relação ao patamar observado em novembro. O

11/ Ver boxe “Evolução do mercado de crédito nos ciclos de distensão de política monetária”, na página 32 deste Relatório.

Gráfico 1.20 – Taxas médias de juros

% a.a. % a.a.

4 8 12 16

20 30 40 50 60

2015Fev Mai Ago Nov Fev

2016 Mai Ago Nov Fev

2017 Mai Ago Nov Fev 2018 Total

Recursos livres

Recursos direcionados (eixo d.)

Gráfico 1.21 – Inadimplência1/

%

1/ Atrasos acima de 90 dias.

2 3 4 5

Fev

2015 Mai Ago Nov Fev

2016 Mai Ago Nov Fev

2017 Mai Ago Nov Fev 2018

Total PJ PF

Tabela 1.3 – Indicador do Custo de Crédito (ICC)

% a.a.

Discriminação 2017 2018 Var.

trim.

Var. 12 meses

Dez Jan Fev p.p. p.p.

Total 21,3 21,5 21,7 -0,1 -1,4

Livres 34,3 34,8 35,2 -0,5 -4,0

Direcionados 8,9 8,9 8,9 0,0 0,1

Pessoas físicas 26,6 26,9 27,3 -0,1 -2,2

Livres 45,8 46,2 47,3 -0,1 -5,0

Direcionados 8,8 8,8 8,8 0,0 0,0

Pessoas Jurídicas 15,5 15,5 15,5 -0,1 -1,3

Livres 22,1 22,2 22,0 -0,8 -3,9

Direcionados 9,0 9,1 9,1 0,1 0,2

(23)

indicador situou‑se em 3,7% para empréstimos às pessoas físicas e 3,1% para pessoas jurídicas.

Prospectivamente, projeta‑se expansão nominal de 3,5% do saldo de crédito do Sistema Financeiro Nacional em 2018, com elevações de 6,0% no estoque das operações com recursos livres e de 1,0%

com recursos direcionados12. Considerando‑se os segmentos de pessoas físicas e jurídicas, estimam‑

se variações de 8,0% e ‑2,0% para as respectivas carteiras de crédito. O melhor dinamismo em relação às variações correspondentes observadas em 2017 reflete, sobretudo, a redução das taxas de juros e a recuperação consistente da atividade econômica.

Os dados da Pesquisa Trimestral sobre Condições de Crédito (PTC)13, realizada entre 1º e 12 de março, corroboram as projeções positivas para o ano. Os indicadores para aprovação de crédito, antecedentes do comportamento dos saldos, situaram‑se em campo positivo no primeiro trimestre de 2018 (Gráfico 1.22).

Destacam‑se, principalmente, o crédito destinado à pessoa física (consumo e habitacional), e a melhora do indicador relativo ao crédito para grandes empesas.

As expectativas para o segundo trimestre deste ano mantêm a tendência de crescimento observada desde o primeiro trimestre de 2016.

Fiscal

O setor público consolidado registrou deficit primário de R$110,6 bilhões em 2017, ante deficit de R$163,1 bilhões estabelecido como meta fiscal. O desempenho fiscal foi favorecido pela recuperação da arrecadação a partir de agosto, em ambiente de retomada da atividade.

Em janeiro, considerando os resultados acumulados em doze meses, o setor público consolidado registrou deficit primário de 1,53% do PIB, ante 1,69% do PIB em dezembro de 2017. Ressalte‑se que a Lei de Diretrizes Orçamentárias14 estabeleceu deficit de R$161,3 bilhões como meta para o resultado primário do setor

12/ Admitindo‑se a projeção para o PIB apresentada neste Relatório e a trajetória para a taxa de juros da pesquisa Focus (mediana das expectativas agregadas dos agentes de mercado).

13/ O Banco Central do Brasil, a exemplo do que ocorre em outros países, coleta, desde março de 2011, informações qualitativas referentes à percepção da evolução do crédito bancário nacional. As informações coletadas de periodicidade trimestral abrangem as instituições financeiras mais representativas dos segmentos de pessoas jurídicas e pessoas físicas. A pesquisa gera indicadores que mensuram a percepção dos agentes a respeito das condições de oferta, de demanda e de aprovação observadas no trimestre corrente, bem como expectativas para o próximo trimestre. Esses indicadores correspondem a uma média das respostas dos entrevistados, variando entre ‑2 (aprovação consideravelmente inferior) a +2 (aprovação consideravelmente superior).

14/ Lei nº 13.408, de 26 de dezembro de 2016, com redação dada pela Lei nº 13.480, de 13 de setembro de 2017.

Gráfico 1.22 – Indicadores de aprovação de crédito

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,20,0 0,2 0,4 0,6 0,8

2011III III IV I 2012II III IV I

2013II III IV I 2014II III IV I

2015II III IV I 2016II III IV I

2017II III IV I 2018II*

Micro, pequenas e médias empresas Grandes empresas

Pessoa física – Consumo Pessoa física – Habitacional Pontos

Obs.:(E) - Os valores do II 2018 correspondem às expectativas dos respondentes.

* Estimativa.

Tabela 1.4 – Necessidades de financiamento do setor público – Resultado primário

Acumulado em 12 meses

Segmento 2016 2017 Jan 2018

R$ % R$ % R$ %

bilhões PIB bilhões PIB bilhões PIB Governo Central 159,5 2,5 118,4 1,8 108,2 1,6 Governos regionais -4,7 -0,1 -7,5 -0,1 -7,2 -0,1 Empresas estatais 1,0 0,0 -0,4 -0,0 -0,6 -0,0

Total 155,8 2,5 110,6 1,7 100,4 1,5

(24)

público consolidado em 2018, valor que estima‑se corresponder a 2,26% do PIB ao final do exercício.

Em relação à Emenda Constitucional n° 95, de 15 de dezembro de 2016, as despesas sujeitas ao limite de gastos primários atingiram R$1.259 milhões em 2017, situando‑se cerca de R$50 bilhões abaixo do valor máximo legal. No que tange à regra de ouro (art.

167, inciso III, da Constituição Federal), as despesas de capital superaram em R$28,8 bilhões a realização de operações de crédito em 2017.

A Dívida Bruta do Governo Geral, que inclui Governo Federal, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), governos estaduais e municipais, atingiu R$4.904,3 bilhões (74,5% do PIB) em janeiro, permanecendo em trajetória ascendente. A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), por sua vez, totalizou R$3.406,9 bilhões (51,8% do PIB), aumentando 5,3 p.p. do PIB nos doze meses encerrados em janeiro.

A reversão do comportamento ascendente da dívida pública permanece condicionada à aprovação de reformas e de outros ajustes que assegurem a consolidação de trajetória fiscal benigna.

Demanda externa e Balanço de Pagamentos

As transações correntes registraram deficit de US$4,0 bilhões no primeiro bimestre deste ano, US$2,0 bilhões abaixo do verificado em igual período de 2017. Nos doze meses acumulados até fevereiro, o deficit de transações correntes situou‑se em 0,4% do PIB, ante 1,2% do PIB em fevereiro de 2017. A projeção do Banco Central, apresentada neste Relatório, estima elevação do deficit em conta corrente, que deverá atingir 1,1% do PIB em dezembro deste ano. A perspectiva de aumento do deficit em conta corrente está associada à revisão para baixo do saldo comercial previsto, na medida em que a recuperação da atividade econômica induz ao aumento das importações e à elevação da projeção do deficit de serviços.

A redução do deficit em transações correntes no primeiro bimestre do ano refletiu, principalmente, o menor deficit na conta de renda primária, US$6,1 bilhões, ante US$8,4 bilhões em igual período de 2017. Esse resultado foi influenciado pelo aumento expressivo nas receitas de lucros e dividendos (L&D),

Tabela 1.5 – Balanço de Pagamentos

US$ bilhões

Discriminação 2017 2018

Fev Jan- Ano Fev Jan-

fev fev

Transações correntes -0,9 -6,0 -9,8 0,3 -4,0

Balanço comercial 4,4 6,9 64,0 4,6 7,0

Exportações 15,4 30,3 217,2 17,3 34,2

Importações 11,1 23,4 153,2 12,6 27,2

Serviços -2,4 -4,9 -33,9 -2,5 -5,3

Renda primária -3,1 -8,4 -42,6 -2,0 -6,1

Renda secundária 0,2 0,3 2,6 0,2 0,4

Conta financeira -0,1 -4,6 -6,1 0,5 -3,2

Investimentos diretos -4,7 -16,0 -64,1 -4,8 -8,8

No exterior 0,6 0,7 6,3 -0,1 2,4

No país 5,3 16,7 70,3 4,7 11,2

Investimentos em carteira 2,0 4,1 13,4 -0,3 -10,8

Derivativos 0,1 0,0 0,7 0,4 0,6

Outros investimentos 1,3 5,5 38,7 1,9 11,8

Ativos de reserva 1,2 1,7 5,1 3,3 4,0

Memo:

Transações correntes/PIB (%) -0,5

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