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Repositório Institucional UFC: As ferramentas utilizadas pelo capital para permanecer como sistema dominante: uma leitura a partir de Karl Marx e Eric J. Hobsbawm

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Academic year: 2018

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FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRACAO, ATUARIAS E CONTABILIDADE – CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

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AS FERRAMENTAS UTILIZADAS PELO CAPITAL PARA PERMANECER COMO SISTEMA DOMINANTE.

UMA LEITURA A PARTIR DE KARL MARX E ERIC J. HOBSBAWM.

Trabalho de conclusão de curso submetida à Coordenação do Curso Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Economia.

Orientador Prof. Dr. Fabio Sobral

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AS FERRAMENTAS UTILIZADAS PELO CAPITAL PARA PERMANECER COMO SISTEMA DOMINANTE

UMA LEITURA A PARTIR DE KARL MARX E ERIC J. HOBSBAWM

Trabalho de conclusão de curso submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do título de Graduado Área de Concentração: Bacharelado

Orientador Prof. Dr. Fabio Sobral

Aprovada em ________ de _____________ de 2013

BANCA EXAMINADORA Fabio Sobral

_______________________________________________________ Prof. Dr

Universidade Federal do Ceará André Lima Sousa

_______________________________________________________ Prof.

Universidade Federal do Ceará Francisco Aguiar S. Júnior

__________________________________________________ Prof.

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A Deus, primeiramente, que me deu discernimento e determinação de superar os desafios e seguir firme nas realizações dos meus sonhos.

Aos meus pais, Manoel Alain Rodrigues da Costa e Filomena Rodrigues da Costa por estarem sempre juntos em minha caminhada. Em especial à minha mãe pelo incentivo e por estar sempre presente em todos os momentos de meus estudos.

A meu orientador, Fabio Sobral, por seus conselhos e dicas para a realização deste trabalho e principalmente, por ser uma pessoa deveras especial, o qual foi um dos principais ícones de inspiração para a escolha de minha profissão como educador.

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ABSTRACT

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SUMÁRIO

Introdução...09

Capítulo I Conceito de mais-valia...11

1.1 Como a mais-valia se dá dentro de – M – ...11

1.2 O que é a mais-valia?...11

1.3 Como a mais-valia se da pela relação do trabalho assalariado e capital...16

1.4 Como esse trabalho incorpora novo valor na mercadoria?...17

1.5 Como essa força de trabalho se apresenta no mercado?...18

1.6 A mais- valia e categoria fundamental da exploração...19

Capítulo II O início do capital por meio da acumulação primitiva...21

2.1 A acumulação primitiva...22

2.2 Expropriação dos camponeses...22

2.3 Legislação sanguinária contra os expropriados, a partir do século XV...25

2.4 A gênese do arrendatário capitalista como base para formação do mercado interno...27

2.5 Gênese do capitalismo industrial...28

Capítulo III A continuação da acumulação de capital na era do império...31

3.1 Burguesias x proletariado no imperialismo...33

3.2 Transformação do estrutural do mundo em função do capitalismo...35

3.3 O uso do estado como instrumento favorável à implantação do capitalismo...37

3.4 A busca por novas colônias dentro do processo de industrialização...41

3.5 A relação da acumulação primitiva e a globalização...44

3.6 Mercado interno x mercado externo...45

3.7 A dinâmica do crescimento capitalista...46

3.8 O novo imperialismo...49

3.9 Uma relação entre metrópole e colônia...51

3.10 A importância do imperialismo para o capitalismo...54

3.11 Conflitos gerados pelo capital na busca de novos mercados...55

3.12 A última transformação capitalista dentro do imperialismo...56

4. Considerações finais...58

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho mostra como o capital nasce e se desenvolve durante o feudalismo até o início da globalização, com uma leitura em “O Capital” de Karl Marx e “A Era dos Impérios” de Eric J. Hobsbawm, explica-se como o capital se molda e busca novas transformações para permanecer como sistema social, econômico e financeiro dominante durante esse período e principalmente, como esse capitalismo é norteado pela mais-valia.

No capítulo I destacamos o conceito de mais-valia, como essa relação se dá dentro da produção da mercadoria, como ela está presente nas fases do capitalismo, a mais-valia torna-se primordial na exploração do trabalhador dentro do processo de produção e como a mais-valia é a categoria fundamental da exploração capitalista.

No capítulo II o processo e as ações que propiciaram uma acumulação primitiva. Uma leitura em “O Capital” nos dá o norte dessa abordagem com os cercamentos (expulsões dos camponeses para criação de ovelhas, com o propósito de abastecer a manufatura nascente) e a criação de um exército de reserva para os capitalistas, um excedente de mão-de-obra.

Há relatos das expulsões dos camponeses, confisco das terras da igreja católica, venda de seus bens, enfim, uma transformação completa do modelo feudal, (a reforma protestante) sem os quais esse modelo capitalista não teria como se fixar como sistema socioeconômico.

Complementando tudo isso, temos o uso do Estado na criação de leis contra os expropriados e o surgimento do mercado interno. Assim, criam-se as bases desse novo modelo relatando que mesmo aí em sua origem, a mais-valia é a mola mestra desse sistema.

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Aqui vemos as mudanças de estrutura, os novos moldes e camuflagem desse modelo, vemos como ele se transforma e usa o Estado, o mercado, o capitalista o trabalhador para se fixar e permanecer como sistema dominante.

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Capítulo I - Conceito de mais-valia

Partindo do pressuposto que, acumulação primitiva, a produção e circulação de mercadorias, foram alguns pilares do capitalismo. Sem os quais, não seria possível o seu desenvolvimento em suas fases posteriores. No entanto, foi a mais-valia que proporcionou e deu condições a esse desenvolvimento, está implícita em sua principal relação: a produção de mercadoria, a transformação do produto, que se dá fundamentalmente pela labuta do trabalhador, (D – M – D’). Perceba que

na fórmula, o D parte como início do processo, na forma de capital primitivo, nessa relação esse capital já existia e serviu como princípio. No entanto, a ênfase nessa análise, não é esse capital, e sim, como no final dessa relação ele passa de capital simples D, para um capital maior, para uma nova quantidade de capital D’, como

acontece essa mutação, quais as relações que proporcionam essa transformação, certamente está na -- M --, pois, o capital final da relação D’, é só a finalização do processo de produção, na verdade é o objetivo final dessa produção, a qual se denomina de mais-valia.

1.1 Como a mais-valia se dá dentro de M

Podemos dividir – M – em duas fases: M, sendo a mercadoria quando comprada em seu estado de matéria prima ou mercadoria primitiva, diferentemente

de M’, que chamaremos de mercadoria final. Na verdade, é uma mercadoria com um novo valor agregado, com uma transformação. Não obstante, é exatamente esse novo valor agregado que gera todo objetivo do capitalismo, é exatamente nessa transformação que estão os fundamentos do capitalismo em sua essência, a chamada mais-valia.

1.2 O que é a mais-valia ?

Para se falar em mais-valia, temos que definir alguns conceitos. É fundamental o entendimento e diferenciação do valor, em valor de uso e valor de troca.

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Suponhamos um agricultor o qual tem necessidade de comprar ferramentas para o trabalho de arar a terra este ano, contudo, ele tem de vender na feira parte de sua produção do ano passado, assim obtém divisas suficientes para comprar do ferreiro suas ferramentas necessárias para o trabalho deste ano. Desse modo, tanto a produção do agricultor que foi vendida na feira, como as ferramentas do ferreiro que foram compradas pelo agricultor, antes da operação tinham apenas valor de uso, de certo modo e quantidade que esses valores foram trocados pela mesma quantia de dinheiro, tendo como fórmula matemática a relação M—D—M, onde M é a parte da produção do agricultor, e M são as ferramentas compradas do ferreiro, o D é o dinheiro utilizado como forma de permuta dessas mercadorias, assim, não houve acréscimo de valor na troca ou ganho de capital para nenhuma das partes, nem para o agricultor, nem para o ferreiro.

O que agrega ganho e valor de troca não estava presente nessa relação, que é exatamente a causa de todo o lucro do patrão, o trabalho assalariado. A alienação da mão-de-obra do trabalhador, em nenhum momento, esteve presente dentro dessa transação. Pode-se até questionar argumentando que houve trabalho de ambas as partes, tanto do agricultor como do ferreiro, porém, em ambas as vendas, a essência da mercadoria manteve sua função, ser usada. Desse modo, nos dois casos, as mercadorias tiveram essencialmente valor de uso para seus possuidores.

O circuito M—D—M tem por ponto de partida uma mercadoria e por ponto final outra mercadoria que sai da circulação e entra na esfera de consumo. Seu objetivo final, portanto, é consumo, satisfação de necessidades, em uma palavra, valor-de-uso. (MARX 1984, p. 169).

Valor de troca é o valor atribuído a uma mercadoria na comparação com outra, no qual ela vai se estabelecer dentro de uma esfera de comércio como meio de troca de certa quantidade de dinheiro, por outra quantidade de dinheiro, e isso é mensuração de seu valor de troca.

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D—M—D’, usando uma parte de seu dinheiro ele adquire uma mercadoria por um valor tal, que chamaremos de D, assim ele trocou o D, por essa mercadoria M, para depois, voltando ao mesmo mercado, vendê-la por D’, nesse sentido a mercadoria M

tem apenas a função de fazer o dinheiro retornar ao comerciante, seu único papel

nesse momento para o comerciante é transformar-se novamente em dinheiro D. Segundo Marx, a relação D—M—D em “O Capital” (1984, p. 169).

A primeira vista parece vazia de conteúdo, por ser tautológica. Ambas são dinheiro, sem as diferenças qualitativas dos valores-de-uso, pois dinheiro é a forma transfigurada das mercadorias na qual seus valores-de-uso, particulares desaparecem. Primeiro, trocar 100 libras esterlinas por algodão e depois o mesmo algodão por 100 libras esterlinas, fazendo um rodeio para permutar dinheiro por dinheiro, uma coisa por si mesma, afigura-se uma operação sem finalidade e sem sentido. Uma soma de dinheiro só pode distinguir-se de outra soma de dinheiro por sua quantidade. O processo D—M—D’, portanto, não deve ser conteúdo a nenhuma diferença qualitativa entre seus extremos, pois ambos são dinheiro, mas a diferença quantitativa entre esses extremos. No final, se retira mais dinheiro de circulação, do que se lançou nela, no início.

Dessa forma, podemos então definir com maior clareza o significado de mais-valia, pois, apenas com essa diferenciação, poderemos chegar ao âmago do seu conceito e significado.

Retirando a —M—, da relação D—M—D’, só assim, poderemos visualizar como a mais-valia se dá de forma intrínseca dentro desse processo de produção e circulação de mercadorias.

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comerciante, perder seu tempo comprando uma mercadoria agregando valor a ela e repondo ao comércio com o mesmo valor de compra, esse processo precisa terminar com uma quantidade maior de dinheiro do que começa.

Esse processo acontece dentro de —M—, vamos entender, M se divide em duas partes, (—M— = m – m’), primeiro, m que é a compra da matéria-prima ou mercadoria inicial, depois da aquisição dessa mercadoria ou matéria-prima, ela passa por um processo de transformação, que na verdade, é uma agregação de valores, após essa agregação, ela é vendida por uma quantia maior do que a que foi

comprada, m’ que é o produto ou mercadoria final de venda. A mais-valia, ainda não está clara para nosso entendimento, vejamos, se eu compro um produto por m,

agrego valor, e vendo por m’, sem a compreensão do conceito de mais-valia, eu poderia cair no erro de pensar que o novo valor pago pelo produto, é apenas o dinheiro da matéria prima mais o que foi gasto para agregar esse novo valor, correto? Não obstante, a engrenagem que causa a mais-valia, está exatamente nesse ponto, exatamente, em o que foi gasto na agregação desse novo valor, ou como foi esse processo de agregação de valor, como ele se deu na verdade.

O processo de agregação de valor à mercadoria acontece através da produção ou transformação da mercadoria, com a fundamental participação da mão-de-obra assalariada, sem essa alienação do trabalho operário não seria possível a geração da mais-valia, pois ela está intrínseca ao trabalho assalariado, ou melhor, ela, a mais-valia, é exatamente o trabalho não pago ao trabalhador, ou seja, o comerciante compra a matéria-prima, contrata o trabalhador e esse trabalhador transforma essa matéria-prima em mercadoria, agregando mais valor, exatamente pelo trabalho de seu empregado, contudo, o salário pago pelo patrão não condiz com a produção de seu funcionário, ele paga um valor inferior ao que foi produzido. Essa parte de salário que não foi pago ao empregado é o que é chamado de mais-valia.

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No entanto, se analisarmos pela ótica do empregado, verá um cálculo bem diferente. Partindo do mesmo pressuposto de 8 horas de trabalho por 80,00 reais, o trabalhador ganhara 10,00 reais a hora de trabalho, porém, o valor gerado pelo trabalho do operário durante um dia de trabalho de 8 horas é de 320,00 reais, dividindo esse valor produzido pelas 8 horas de trabalho, teremos uma produção de 40,00 reais por hora trabalhada. Isso significa que a cada hora trabalhada o empregado trabalha 45 minutos de graça ou não pagos pelo patrão, o que gera no final do dia um total de 6 horas de trabalho gratuito ou não pago pelo patrão, gerando um total de dinheiro ganho pelo patrão, (não pago ao trabalhador), de 240,00 reais. Pois o custo que é repassado ao consumidor que compra o produto é todo valor gerado pelo empregado, o total de 320,00 por dia de valor agregado às mercadorias, no entanto, a quantia de 240,00 é o valor que mesmo não sendo pago ao trabalhador é cobrado ao consumidor na compra das mercadorias, isso é mais-valia.

Segundo Marx a relação D—M—D’ em “O Capital” (1984, p. 218).

O possuidor do dinheiro pagou o valor diário da força de trabalho; pertence-lhe, portanto, o uso dela durante o dia, o trabalho de uma jornada inteira. A manutenção quotidiana da força trabalho custa apenas meia jornada, apesar de a força de trabalho poder operar, trabalhar uma jornada inteira, é o valor que sua utilização cria num dia é o dobro do próprio valor-de-troca. Isto é uma grande felicidade para o comprador, sem constituir injustiça contra o vendedor. Nosso capitalista previu a situação que o fez sorrir. Por isso, o trabalhador encontra na oficina os meios de produção não para um processo de trabalho de seis horas, mas de doze.

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De acordo com Marx, a relação D—M—D’ em “O Capital” (1984, p. 170).

A forma completa desse processo é por isso D—M—D’, em que D’ = D + , isto é, igual a soma de dinheiro originalmente adiantada mais um acréscimo. Esse acréscimo ou excedente sobre o valor primitivo chamo de mais-valia (valor excedente). O valor originalmente antecipado não só se mantém na circulação, mas nela altera a própria magnitude, acrescenta uma mais-valia, valoriza-se. E esse movimento transforma-se em capital.

A seguir veremos mais detalhado como ela se dá pela relação do trabalho assalariado. Assim como também é a categoria fundamental da exploração e está presente em todas as fases do capitalismo, não só presente, mas, gerando as condições necessárias ao seu surgimento, crescimento e desenvolvimento global como pedra fundamental e angular dessa construção global que é o capitalismo.

1.3 Como a mais-valia se dá pela relação do trabalho assalariado e capital

Primeiro temos que entender como no final da transação D—M—D’, o

dinheiro se multiplica, ou, podemos dizer, como ele aumenta. É dentro dessa relação, norteado pelo trabalho assalariado e capital, que a mais-valia tem sua gestação, assim perpetuando a posição do possuidor do dinheiro em capitalista.

Segundo Marx, (1984, pag. 173).

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proposições: capital e dinheiro, capital e mercadoria. Na verdade, o valor torna-se aqui o agente de um processo em que, através do continuo revezamento das formas dinheiro e mercadoria, modifica sua própria magnitude, como valor excedente se afasta de si mesmo como valor primitivo, e se expande a si mesmo.

Dentro dessa circulação e troca continua de D—M—D’, o capital encontra a forma de se multiplicar e tornar-se mais-valia, diferentemente de quando se usa o dinheiro para trocar equivalentes de mercadorias entre pessoas, as quais trocam seu excedente por outro tipo de mercadoria que está precisando. Desse modo o dinheiro serve apenas para expressar os valores das mercadorias, equivalentes por equivalentes, ou mesmo que se troquem equivalentes por não equivalentes, se nessa troca, um dos participantes sair ganhando mais dinheiro do que o outro, não existirá valor acrescido dentro do processo de troca, não havendo a mais-valia.

Segundo Marx, (1984, p. 183).

Seja o que for que façamos, o resultado permanece o mesmo. Se se trocam equivalentes, não se produz valor excedente (mais valia), e se trocam não-equivalentes, também não surge nenhum valor excedente. A circulação ou a troca de mercadorias não cria nenhum valor.

Assim, é impossível se explicar, dentro dessa esfera de circulação de equivalentes em mercadorias e dinheiro, o aparecimento do capital excedente (mais-valia), só poderá entender seu surgimento com a compreensão da alienação do trabalho assalariado.

1.4 Como esse trabalho incorpora novo valor na mercadoria?

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proletariado. Esta tem um papel fundamental dentro desse processo de geração de mais-valia, assim, o trabalhador aliena sua mão-de-obra agregando um novo valor à mercadoria, que jogada novamente ao mercado, não será mais vendida pelo seu valor antigo, e sim, com um novo valor, adicionando o valor do tempo de trabalho do operário contratado, nesse ponto está a mágica da mais-valia, ou melhor, o “feitiço”

da mais-valia.

1.5 Como essa força de trabalho se apresenta no mercado?

Um indivíduo desprovido de qualquer outro bem para vender, que não seja sua força de trabalho, sua mão-de-obra, o qual esteja disposto a aliená-la por um salário, que permite ao indivíduo condições de sobreviver: condições de vestimenta, alimentação, procriação e energias suficientes para reproduzir diariamente sua função dentro desse sistema de reprodução de capital. Esses trabalhadores sem alternativa, a não ser a de vender sua capacidade de trabalho, são a mola mestra para producao da mais-valia.

De acordo com Marx, (1984, pag. 189)

Para transformar dinheiro em capital tem o possuidor do dinheiro de encontrar o trabalhador livre no mercado de mercadorias, livre nos dois sentidos, o de dispor como pessoa livre de sua força de trabalho como mercadoria, e o de estar livre, inteiramente despojado de todas as coisas necessárias a materialização de sua força de trabalho, não tendo além desta outra mercadoria para vender.

É exatamente dentro dessa esfera de produção e transformação da mercadoria que se dá a criação de mais-valia. Mais-valia é a parte do trabalho que não é pago ao trabalhador, pois esse trabalhador gerou muito mais valor ao patrão pelo tempo que ficou trabalhando do que sua remuneração por esse trabalho, isso é mais-valia.

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“O processo de consumo da força de trabalho é ao mesmo tempo o processo de produção de mercadoria e de valor excedente (mais- valia)”.

1.6 A mais-valia é categoria fundamental da exploração

Na pré-história do capitalismo, o fato primordial para esse acontecimento foram os cercamentos. Contudo, a estrutura fundamental do capitalismo, foi a mais-valia. Desde os cercamentos que proporcionaram um contingente em excesso de trabalhadores, pois a indústria ou manufatura precisava de trabalhadores, no processo de produção, consequentemente processo contínuo de produção de mais-valia, pois a categoria fundamental do capital é esse trabalho não pago.

Na Idade Média, fatos que deram suporte a essa ideia de capitalismo foram à acumulação primitiva, as expropriações de terras da igreja, a expulsão dos camponeses de suas terras, a usurpação de terras da coroa, fazendo uma varredura de camponeses de suas terras e, assim, uma gigantesca produção de lã para a indústria ou manufatura têxtil. O que mais uma vez fortalece esse processo de produção da mais-valia.

Segundo Hunt & Sherman, em “História do Pensamento Econômico”,

(1982, p.27).

A necessidade de ampliar a produção e regularizar o abastecimento de bens manufaturados, imposta pela expansão do comércio, levou os mercadores-capitalistas a assumirem um controle cada vez maior sobre o processo produtivo.

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Com a industrialização, o capitalista encontra os meios mais adequados à expropriação da mais-valia, já que, é exatamente nesse período da história que há uma explosão de produção, uma explosão de trabalhadores assalariados, trabalhando para um mercado agora gigantesco e que é abastecido por uma produção em massa. Assim os donos de capital tiveram o início de sua era de ouro com uma expropriação de mais-valia em massa também.

Dando continuidade à evolução do capitalismo, chegamos à era dos impérios, a qual podemos chamar de “neo-colonialismo”, um fato imprescindível a obtenção de novas matérias-primas foi a uma expansão do mercado consumidor, pois, enquanto a metrópole sugava toda matéria-prima para indústria, a colônia tinha a função de absorver a produção industrializada da metrópole, o que mais uma vez dava novos caminhos ao capital e fortalecia as relações entre proletariado e burguesia.

Chegamos à globalização, essa última fase do capital, até então. Com uma nova roupagem, nas relações entre trabalhador e patrão ou proletariado e burguesia. No entanto, essa nova roupagem, é apenas mais uma maneira que o capital encontrou de maquiar a exploração que sempre esteve presente na relação entre patrão e trabalhador, dando-lhes a impressão de ganhos nos lucros, gerando assim um falso conformismo e acomodação diante de tal quadro de exploração que só é possível graças a mais-valia.

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Capítulo II - O início do capital por meio da acumulação

primitiva

Segundo Marx, a origem do modo de produção capitalista não está ligada a uma pura e simples racionalização da divisão do trabalho social, mas sim a um processo violento de expropriação da produção familiar, artesanal, camponesa, corporativa, dentre outros aspectos. Este processo separou o produtor direto dos seus meios de produção e formou enormes massas de indigentes e desocupados, na verdade uma volumosa reserva de força de trabalho livre e disponível para ser comprada. Por outro lado, a exploração das colônias ultramarinas através de saques, especulação comercial, tráfico de escravos e monopólios mercantis propiciaram enormes oportunidades de enriquecimento para uma parcela da burguesia. Destes fenômenos históricos surgiram as duas classes antagonistas da sociedade industrial capitalista, a saber: a burguesia e o proletariado.

Nesse processo, os capitalistas foram favorecidos fazendo uso de formas não típicas do capitalismo, havendo uma legislação que congelava o valor das terras da nobreza e, assim, passado muitas décadas, a nobreza enfraquecia, já que subia o preço do que consumiam enquanto que sua renda continuava a mesma, não restando aos nobres pouco além da expropriação. Assim os nobres, juntamente com os seus servos1, se transformavam em

burgueses2 ou proletários3.

Essa acumulação primitiva dos capitalistas emergentes se deu inclusive sobre outros que também poderiam se tornar capitalistas: nas intrigas entre os artesões e suas corporações, uns artesãos enriqueceram a custa de outros artesãos que perdiam seus meios de trabalho. Assim, os que perdiam ficavam apenas com a força de trabalho e viravam empregados, e os que ganhavam conseguiam acumular recursos para novos investimentos, isso se também, não fossem perder seus negócios para capitalistas mais poderosos.

1 Não confundir com a classe trabalhadora livre.

2 Classe sem títulos de privilégios, porém com o poder baseado na propriedade sobre os meios de

produção.

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2.1 A acumulação primitiva

A chamada acumulação primitiva é apenas, o processo histórico que dissocia o trabalhador dos meios de produção. É chamada primitiva porque constitui a pré–história do capital e do modo de produção capitalista. Veja como se deu esse processo primitivo.

Segundo Marx (1984, p.833):

O prelúdio da revolução que criou a base do modo capitalista de produção ocorreu no último terço do século XV e nas primeiras décadas do século XVI. Com a dissolução das vassalagens feudais, é lançada ao mercado de trabalho uma massa de proletários, de indivíduos sem direitos, que “por toda parte enchiam inutilmente os solares”, conforme observa acertadamente Sir James Stuart. Embora o poder real, produto do desenvolvimento burguês, em seu esforço pela soberania absoluta, acelerasse pela força a dissolução das vassalagens, não foi de modo algum a causa única dela. Opondo-se arrogantemente ao Rei e ao parlamento, o grande senhor feudal criou um proletariado incomparavelmente maior, usurpando as terras comuns e expulsando os camponeses das terras, os quais possuíam direitos sobre elas, baseados, como os do próprio senhor, nos mesmos institutos feudais. O florescimento da manufatura de lã, com elevação conseqüente dos preços da lã, impulsionou diretamente essas violências na Inglaterra. A velha nobreza fora devorada pelas guerras feudais. A nova era um produto do seu tempo, e, para ela, o dinheiro era o poder dos poderes. Sua preocupação, por isso, era transformar as terras de lavoura em pastagens.

Assim, como Marx mostrou, foi devido a essa usurpação de terras comuns e expulsão dos camponeses de suas terras que se deu o fortalecimento da manufatura de lã, consequentemente, o surgimento do proletariado.

2.2 Expropriação dos camponeses

Com o fim do regime de servidão a maior parte da população era de camponeses proprietários de títulos feudais . Nos domínios senhoriais existiam os arrendatários livres - classe assalariada, que usava o tempo livre para prestação de serviços.

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depois foi usada como exército de reserva para o modo de produção capitalista. Marx explica o processo do fim da vassalagem e expulsão dos camponeses:

O florescimento (sic) da manufatura de lã, com a elevação consequente dos preços da lã, impulsionou diretamente essas violências na Inglaterra. A velha nobreza fora devorada pelas guerras feudais. A nova era um produto de seu tempo, e, para ela, o dinheiro era o poder dos poderes. Sua preocupação, por isso, era transformar as terras de lavouras em pastagens. Marx (1984, p. 833).

A expropriação dos camponeses criou condições, principalmente, no final do século XV e início do XVI, de originar uma estrutura favorável ao surgimento do capitalismo de produção. Essa expulsão dos contigentes campais fez surgir um aglomerado de trabalhadores, ou seja, miseráveis nas cidades , propiciando as bases do novo sistema que estava por vir, tudo isso contrapondo-se ao poder do rei, com objetivo de transformar suas terras em pastagem para vender a lã à burguesia. Esse fato gerou forte concorrência entre os senhores feudais, ocasionando várias guerras feudais, as quais serviram para eliminar a velha nobreza, como um processo de seleção, apenas os que se adaptaram ao novo sistema de método de utilização da terra é que ainda permaneceram com seus campos produzindo com intensidade para a burguesia nas cidades.

A reforma protestante e os grandes saques aos bens dos mosteiros católicos foram fatores que contribuíram para a expropriação dos camponeses no século XVI. Ressalta-se que, nessa época, a Igreja Católica era um dos maiores senhores feudais na Inglaterra e Europa. Com a reforma protestante as terras da Igreja foram tomadas e, assim, os camponeses expulsos para que essas terras também fossem usadas na produção de lã. Já os bens da Igreja, foram vendidos para especuladores ou para a burguesia emergente a preços muito aquém do seu valor.

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Outro fator importante, que beneficiou a burguesia, agora no sentido de estruturar os cercamentos, foi a transferência de deveres que eram inerentes aos proprietários de terras para o Estado, isto proporcionou a criação de impostos com a finalidade de indenizar o Estado, cobrando assim pesados tributos aos camponeses.

De acordo com Marx (1984, p. 839)

A “gloriosa revolução” trouxe ao poder, com Guilherme III de Orangem (sic) os proprietários da mais valia, nobres e capitalistas. Assim inauguraram a nova era em que expandiram em escala colossal os roubos das terras do Estado, até então praticados em dimensões mais modestas.

Segundo Marx a usurpação das terras da coroa, o saque dos bens da Igreja juntamente com o confisco de suas terras e o roubo sistemático das terras comuns foram fundamentais para a implementação dos grandes arrendamentos no século XVIII. Esses arrendamentos eram chamados de fazendas de capital, proporcionando assim, grande número de trabalhadores rurais como exército de reserva para os capitalistas localizados nas cidades.

O processo de limpeza dos camponeses de suas terras se deu de forma tão generalizada e acentuada que parecia principalmente no final, que estavam varrendo das terras dos campos os seres humanos. O interesse por lucro nas vendas das lãs era tão grande que no século XIX não existia mais lembrança entre agricultores e terras comunais, essa ideia ou condição desaparecera da memória das pessoas, tão grande tinha sido a transformação nos campos.

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alternativa de sobrevivência, fato esse que, renderam-lhe o título de homens anfíbios, pois passavam tanto tempo no mar como em terra.

De acordo com Marx, essa nova situação logo despertou o interesse dos homens capitalistas mais uma vez. Tendo os sentidos voltados para o lucro visualizaram aí, mais uma forma de obtê-los e, mais uma vez, expulsaram os aborígines gaélicos, e arrendaram toda orla marítima aos grandes mercadores de peixe de Londres.

Veja uma afirmação sobre essa passagem:

O roubo dos bens da Igreja, a alienação fraudulenta dos domínios do Estado, a ladroeira das terras comuns e a transformação da propriedade feudal e do clã em propriedade privada moderna, levada a cabo com terrorismo implacável, figuram entre os métodos idílicos da acumulação primitiva. Conquistaram o campo para agricultura capitalista, incorporaram as terras ao capital e proporcionou à indústria das cidades a oferta necessária de proletários sem direito. (Marx , 1984; p.850).

2.3 Legislação sanguinária contra os expropriados, a partir do século XV

Com o término das expulsões dos camponeses e o fim da vassalagem feudal, esses camponeses ficaram soltos nas cidades. Sem dinheiro, sem terras e nenhum direito. Além disso, a manufatura nascente não tinha estrutura e, muito menos necessidade de absorver tantos trabalhadores, pois essa não crescia com a mesma rapidez com que esse contingente de camponeses que chegavam à cidade. Este fato ocasionou um grande problema de superlotação de desempregados na cidade o que, mesmo que involuntariamente, gerou um número grande de desocupados e ladrões – apesar de alguns terem sido levados pelas circunstâncias.

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do contingente populacional, incorporando-lhes leis punitivas sobre suas ações dentro dessa esfera que lhes expuseram.

Segundo Marx, em toda Europa desde o final dos séculos XV e XVI, a classe trabalhadora vivia sob leis que afirmava que vadios eram todos os que não tinham ocupação, pois, concluíam que esses operários escolhiam vir para cidade vadiar ao invés de ficarem em seus campos trabalhando. O que significa um absurdo, pois as estruturas dos países foram completamente transformadas com essa finalidade.

Dessa forma, várias leis foram criadas com muitas especificações e punições diferentes. O objetivo era de monitorar, manipular e controlar pessoas que eram consideradas vadias, entretanto, essa foi apenas uma forma que a burguesia achou para conter esse exército de reserva.

Segundo Marx, (1984; p. 851)

Essa legislação começou na Inglaterra, no reinado de Henrique VII. Henrique VII, lei de 1530. – Mendigos velhos e incapacitados para trabalhar têm direito a uma licença para pedir esmolas. Os vagabundos sadios serão flagelados e encarcerados. Serão amarrados atrás de um carro e açoitados até que o sangue lhes corra pelo corpo; em seguida prestarão juramento de voltar a sua terra natal ou ao lugar onde moravam nos últimos 3 anos, “para se porem a trabalhar”.

Destaca-se que isso se deu devido ao fato das fábricas não necessitarem de tantos trabalhadores, o que de certa forma, contribuiu para a burguesia, pois limitou de forma bastante acentuada os direitos dos trabalhadores, inclusive o de se articular em conjunto.

De acordo com Marx, (1984; p. 854)

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o próprio trabalhador em um grau adequado de dependência. Temos aí um fator fundamental da chamada acumulação primitiva.

Dessa forma o capital usava o Estado como máquina de contenção, controle e domínio dos trabalhadores, tanto na esfera salarial, como na produção de mais-valia e como controle de reservas de mão-de-obra.

2.4 A gênese do arrendatário capitalista como base para formação do mercado interno

O fato dos cercamentos acontecerem, não trouxe de imediato esse processo capitalista, mesmo no século XV o camponês ou arrendatário enriqueciam com muito trabalho de suas terras e aumento de sua produção, o que não se repetiu no século XVI, pois a burguesia com seu processo de produção enriqueciam tão rápido quanto à revolução agrícola do fim do século XV, mudando completamente o eixo da acumulação de capital, já que, as elevações constantes dos preços, devido essa mudança na agricultura, propiciaram um enriquecimento muito rápido.

Segundo Marx, (1984; p. 861)

A elevação contínua dos preços do trigo, de lã, da carne, enfim de todos os produtos agrícolas, dilatou o capital monetário do arrendatário sem qualquer intervenção de sua parte, enquanto a renda que tinha de pagar ao dono da terra estava fixado pelo valor monetário antigo. Assim enriqueceu-se às custas dos assalariados e do Iandlord. Não admira portanto que a Inglaterra possuísse nos fins do século XVI uma classe de capitalistas arrendatários, ricos em face das condições da época,

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subsistência, se viu forçado a vender sua força de trabalho como meio de sobrevivência e, assim adquirir poder de compra: “O salário”, salário que dava apenas para sobreviver.

De acordo com Marx, nessa transformação de proprietário de suas terras à peça fundamental da “mais-valia”, o trabalhador assalariado foi à transformação de uma estrutura feudal para a iniciação de um mercado interno, mudando a cultura dos teares, de forma mais organizacional que propriamente tecnológica, no entanto, foram exatamente essas mudanças que geraram as bases dessa apropriação de mais-valia, condenando, assim, esses camponeses a eternos assalariados e formando o mercado interno.

Segundo Marx, (1984, p. 865)

A expropriação e a expulsão de uma parte da população rural libera trabalhadores, seus meios de subsistência e seus meios de trabalho, em benefício do capitalista industrial; além disso, cria o mercado interno.

No entanto, a expropriação dos camponeses, essa separação entre trabalhadores e seus meios de produção, muda o eixo de produção e, consequentemente, acaba por arruinar a indústria doméstica criando assim as bases para a implantação de uma nova manufatura. A expropriação do trabalho não pago propiciou o surgimento de resquícios em outros lugares dessa indústria doméstica, pois, ainda, era essa a necessidade na produção de matéria prima.

2.5 Gênese do capitalismo industrial

Segundo Marx, essas medidas e combinações de acontecimentos geraram as condições propícias e favoráveis ao surgimento dessa esfera de cercamentos, excedente de matéria prima, surgimento do exército de trabalhadores, nova estrutura do Estado em planejar leis que legalizassem e legitimasse esse novo processo e, junto a tudo isso, ainda a descoberta dos metais preciosos – ouro e prata.

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fundamentais na acumulação primitiva, ainda, a guerra comercial entre as nações europeias, a guerra do ópio contra a China e, principalmente, a Companhia Inglesa das Índias Orientais, fechando esse ciclo temos a ação dos bancos no processo de transformação da dívida pública em fonte de acumulação primitiva.

A ação final de converter a dívida pública em forma de acumulação molda todo modelo de capital, pois esse agora não precisa mais se expor ao risco da indústria, com esse novo modelo os credores nada dão ao governo, já que recebem títulos do governo no mesmo valor do crédito, título esse que é facilmente negociável, assim criou-se uma nova moeda – títulos da dívida pública. Os bancos além de emprestar dinheiro ao Estado ainda cunhavam moeda no valor do empréstimo, assim criou-se uma enorme dívida pública que desbancou num sistema internacional de crédito.

De acordo com Marx, (1984, p. 872)

A dívida pública converte-se numa das alavancas mais poderosas da acumulação primitiva. Como uma varinha de condão, ela dota o dinheiro de capacidade criadora, transformando-o assim em capital, sem ser necessário que seu dono se exponha aos aborrecimentos e riscos inseparáveis das aplicações industriais e mesmo usuárias. Os credores do Estado nada dão na realidade, pois a soma emprestada converte-se em títulos de dívida pública facilmente transferíveis, que continuam a funcionar em suas mãos como se fossem (sic) dinheiro.

Segundo Marx, (1984, p. 875)

O sistema colonial, a dívida pública, os impostos pesados, o protecionismo, as guerras comerciais entre outros fatores do período manufatureiro desenvolveram-se extraordinariamente no período infantil da indústria moderna.

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Capítulo III - A continuação da acumulação de capital na era dos

impérios

Segundo Eric J. Hobsbawm entre os anos de 1780 e 1880, notadamente, fica clara a continuação da acumulação de capitais, não no sentido localizado como antes, mas agora em uma esfera global universalizando as relações de troca, de expropriação de saques, de institucionalização de produção e investimentos no sentido de perpetuar a produção capitalista.

Pode-se dizer que a acumulação do capital pressupõe a mais-valia e esta pressupõe a mercantilização da força de trabalho. O capitalismo percorreu todos esses estágios para chegar a esse momento, agora de reprodução sistemática e, no contexto de conclusão desses momentos preparatórios para o grande número que é a produção globalizada.

De acordo com Eric J. Hobsbawm, comparando os mundos de 1880 e 1780 é notória a disparidade como as relações do capital saíram da esfera provinciana, para tornar-se global. Essas relações tornaram o mundo “menor” e interligado, globalmente interdependente. Pois quase todo o globo terrestre agora era conhecido e mapeado, criando assim uma visão geral de que se deveria e como deveria ser explorado. Levando uma corrida geral dos países industrializados para uma exploração dos países “atrasados” gerando uma dependência em suas relações de troca (compra e venda de produtos manufaturados), sem falar dos saques e expropriações de metais preciosos.

Não podemos deixar de salientar que na era imperial havia regiões ricas e pobres, bem como economias mais ou menos avançadas, porém, nos anos de 1880 a Europa era o centro do capitalismo.

Observe o que diz Eric J. Hobsbawm sobre esse comparativo (1989, p. 36)

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Do mesmo modo que o mundo se tornou menor geograficamente, no sentido de que se poderia percorrê-lo hoje em um tempo muito menor que antes, sua população aumentou bruscamente em uma relação inversa com essa

“diminuição” geográfica. Houve um aumento demográfico da população mundial, principalmente, nos países industrializados o que, consequentemente, culminou em um mundo global com laços muito mais estreitos em deslocamento de seres humanos, de produtos, de transações de capital, comércio e de relações de comunicação. No entanto, ao mesmo tempo em que as relações entre os países tornaram-se mais estreitas o mundo ficava cada vez mais dividido, não apenas como outrora em ricos e pobres, sociedades avançadas e atrasadas, a divisão agora se dava tanto nesse sentido como também interpessoal, a relação passaria agora para capitalistas e proletariado entre as relações de convivência dessas classes antagônicas e até mesmo entre a mesma classe, pois o capital não tem nacionalidade, partido e muito menos sentimentos.

Um dos principais fatores que propiciaram essas mudanças nas estruturas do globo foi o avanço tecnológico que criou as condições necessárias para adentrar em continentes nunca antes conquistados, facilitando todas as relações intercontinentais entre as pessoas e as trocas de bens e produtos, culminando em um mundo genuinamente global. As viagens eram cada vez mais curtas, existiam telégrafos e a transmissão de notícias pelo mundo era questão de horas.

No período de 1880 a Europa aponta como centro fundador do desenvolvimento capitalista que norteava e transformava todo o mundo encabeçando, assim, a lista das economias mais importantes do globo terrestre. Mesmo com a economia americana em crescente e seguro desenvolvimento a Europa nesse momento era o berço de todo o avanço político histórico e científico do capitalismo industrial. Destaca-se que esse momento iniciou antes das relações

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3.1 Burguesia x proletariado no imperialismo

O processo fundamental dos cercamentos na acumulação primitiva, que origina a partir daí como marco maior as bases para o proletariado e burguesia como necessidade da indústria, dá início a uma ideologia como plano de moldar e transformar os trabalhadores, partindo do ponto onde eles eram os proprietários de suas terras e trabalhos, para um estágio de completa alienação do processo de produção que tira o conhecimento do trabalhador sobre o produto e o molda de acordo com a necessidade da indústria, ou seja, a priori o trabalhador entendia todo o processo de fabricação do produto, ele sabia exatamente o valor do seu trabalho, entendia todos os estágios da produção do bem. Entretanto vale destacar que muito embora o trabalhador não sendo alfabetizado em ciências, naquilo que ele fabricava, fosse um agricultor, um artesão ou um mestre de ofícios ele dominava todas as etapas de produção, assim, além de ser o dono dos meios de produção também compreendia seu oficio.

O que aconteceu com os cercamentos, foi a separação do trabalhador de suas terras, de sua autonomia e de sua estrutura de produção, o que, consequentemente, deixava seu conhecimento, embora restrito mas funcional, obsoleto, já que não havia mais necessidade dele. A burguesia o contratava para trabalhar em suas fábricas de manufaturas impondo-lhe novas condições para o trabalho, condições essas que mudaram as vidas desses trabalhadores, muitas vezes expostos a tantas horas de trabalho que mais pareciam morar nessas fábricas, além da questão da especialização sem conhecimento, que era limitada apenas a uma parte da produção.

Voltando em Marx (1984, p. 583 e 584)

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trabalhadores, podendo ser direta ou indireta a participação de cada um deles na manipulação do objeto sobre que incide o trabalho. A conceituação do trabalho produtivo e de seu executor, o trabalhador produtivo, amplia-se em virtude desse caráter cooperativo do processo de trabalho. Para trabalhar produtivamente não é mais necessário executar uma tarefa de manipulação do objeto de trabalho; basta ser órgão do trabalhador coletivo, exercendo qualquer uma das suas funções fracionárias. A conceituação anterior de trabalho produtivo, derivada da natureza da produção material, continua válida para o trabalhador coletivo, considerado em conjunto. Mas não se aplica mais a cada um de seus membros, individualmente considerados. Ademais, restringe-se o conceito de trabalho produtivo. A produção capitalista não é apenas produção de mercadorias, ela é essencialmente produção de mais-valia. O trabalhador não produz para si, mas para o capital.

Um fato importante e determinante para uma maior propagação do capitalismo, no período do imperialismo com a contribuição do liberalismo, foram as migalhas caídas das mesas dos capitalistas, isso é, a pequena melhoria social recebida pelos trabalhadores. Não porque os burgueses eram bons, mas, era um artifício, de otimização do capitalismo e, consequentemente, uma ilusão de vida aos trabalhadores, pois esses agora começaram a sonhar com as riquezas do capitalismo, pensando que trabalhando continuamente, diariamente, ano após ano, ininterruptamente, poderiam chegar a ser capitalistas também – triste sonho vendido a um preço muito caro, um preço sem valor de troca, já que esse sonho foi cultivado a muito suor e sangue, por anos e anos, décadas e décadas, e quanto mais se sonhava, mais se trabalhava e mais distante ficava de realizá-lo.

Assim, o trabalhador não conseguia enxergar a estrutura sutil e envolvente do capitalismo, pensando ele que o capitalista tinha ficado rico e tornando-se empresário trabalhando, doce ilusão, não compreendiam que o que tornara o empresário, rico e bem sucedido, era exatamente seu trabalho, norteado pelo seu sonho e necessidade, era nitidamente seu trabalho não pago, mais conhecido por mais-valia.

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é uma pessoa boa, já que está dando-lhe um trabalho, uma oportunidade de entrar no mercado de trabalho, o direito de participar do grande sonho capitalista.

Do outro lado temos os trabalhadores proletários, brinquedos nas mãos do mercado, pobres diabos iludidas por um sonho feliz e aconchegante. O proletariado é apenas parte do cenário que é usado e depois jogado fora para ser substituído por um novo, mais moderno, mais barato e eficiente. No entanto, o que mais os tornam descartáveis é a não consciência do seu papel dentro da estrutura política e social desse sistema.

Dessa forma, a estrutura se completa, o modelo capitalista nesse estágio unia as duas forças motrizes do mercado global, assim, os trabalhadores receberam o direito a ter acesso à cultura burguesa, museus, bibliotecas, direitos como férias, salários melhores, pagamentos de horas extras, tudo isso com o intuito de melhorar a dinâmica do mercado e fazer com que os trabalhadores não se rebelem frente a tais condições. Já que no capitalismo o empregado ganha apenas para se alimentar, vestir e procriar.

Esse era o salário concedido dentro do modelo naquele momento do capitalismo, assim essas ações de se alimentar, vestir e procriar movimentava a estrutura funcional do modelo. Foi exatamente com esse intuito de torná-lo um trabalhador pacífico, empenhado e um consumidor em potencial, é que foram dadas essas condições dentro do sistema e, então o modelo se completava.

3.2 Transformação Socioespacial do mundo em função do capitalismo

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Segundo Eric J. Hobsbawm, (1989, pag. 43)

A lei, em sua majestática igualdade, dá a todos os homens o mesmo direito de jantar no Ritz e de dormir debaixo da ponte.

Assim é o capital em uma esfera global, ele dá o mesmo direito a diversos países, o de se transformarem e se moldarem dentro dos aspectos capitalistas, seja eles agora industrializados ou não, e quem não se enquadrar nesse modelo fica isolado.

De acordo com Eric J. Hobsbawm, (1989, p. 38)

Isso não significa que a divisão entre os dois mundos fosse uma mera divisão entre países industrializados e agrícolas, entre civilizações urbanas e rurais. No segundo mundo havia cidades mais antigas ou tão grandes como no primeiro: Pequim, Constantinopla. O mercado capitalista mundial do século XIX gerou dentro dele centros urbanos desproporcionalmente grandes através dos quais era canalizado o fluxo de suas relações econômicas: Melbourne, Buenos Aires e Calcutá tinham cerca de meio milhão de habitantes, cada uma nos anos 1880, o que ultrapassava a população de Amsterdã, Milão, Birmigham ou Munique, ao passo que os três quartos de milhão de Bombaim só eram superados por meia dúzia de cidades da Europa. Embora as cidades fossem mais numerosas e tivessem um papel mais significativo nas economias de primeiro mundo, com poucas exceções especiais, o mundo “desenvolvido” permaneceu surpreendentemente agrícola. Apenas em seis países europeus a agricultura empregava menos que a maioria. – Geralmente uma ampla

maioria – da população masculina, mas esses seis eram,

caracteristicamente o núcleo do desenvolvimento capitalista mais antigo: Bélgica, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Holanda e Suíça.

(38)

Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p. 40) destaca esse tópico:

“E, o que é ainda mais óbvio, podemos descrever o mundo “avançado” como um mundo em rápido processo de urbanização e, em casos extremos, um mundo onde o número de moradores das cidades era sem precedência”.

Se compararmos os dois séculos de 1700 e 1800, veremos que a Europa tinha desenvolvido uma gama ou complexo de cidades bem espalhadas e distribuídas com uma população no mínimo seis vezes maior por cidade que no século passado, deslocando-se de poucas cidades para centenas delas, com um desenvolvimento urbano e industrial sem comparação com o século anterior. Toda uma indústria de base, indústria essa geradora de novas fábricas, tais como carvão, aço e portos. Esses aspectos davam sustentabilidade para esse crescimento.

3.3 O uso do Estado como instrumento favorável à implantação do capitalismo

Com as novas necessidades do sistema, o Estado teve que se moldar e se adequar às novas aspirações do capital, tendo por objetivo atingir um patamar de Estado homogêneo, internacionalmente soberano, ter um corpo único de instituições políticas e jurídicas do tipo amplamente liberal e representativo. Deveria compor-se de cidadãos, os quais fossem regidos por leis locais, leis essas, que os assegurassem de direitos e garantias para uma iniciativa local com autonomia e segurança.

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Esse novo modelo de Estado deu uma oportunidade ao desenvolvimento de muitos países, que até então eram colônias; é que em pouco tempo com essas mudanças tiveram uma grande expansão, entretanto toda essa estrutura de Estado e direitos não se aplicavam da mesma forma a todos os moradores dessas nações, havia uma diferença entre cidadãos europeus e a população nativa, como índios, negros e aborígenes.

Assim, Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p. 43) destaca:

“Contudo, nesses países extra-europeus a democracia política pressupunha a exclusão das populações autóctones anteriores à sua chegada --- índios, aborígines, etc.

Não obstante, nos países industrializados, chamados de desenvolvidos ou os que tentavam imitá-los, forçadamente ou não, sua população tinha que seguir os critérios da sociedade burguesa, isto é, homem, adulto, livre e igual juridicamente. A servidão legal desaparecera da Europa, a escravidão estava terminando, mesmo nos seus últimos estandartes como Brasil e Cuba, dessa forma o capital abria as portas a um novo mercado consumidor, um novo mercado acolhedor de sonhos e necessidades, as quais, esses miseráveis nem imaginavam existir.

Isso foi um passo fundamental a um mundo global, não em desenvolvimento, mas em uma nova forma de domínio, domínio esse que não seria mais por grilhões e sim de uma forma bem mais sutil, pela necessidade, pela dependência, pela cultura e pelo consumo que é a materialização da produção. E dessa forma, o Estado moldou as normas do mercado, isto é, o Estado transformou juridicamente seus habitantes em peças dessa nova engrenagem do mercado, peças essas fundamentais para o desabrochar desse ciclo, desse novo modelo de relações onde se tinha uma aparente igualdade, no entanto, política e socialmente a desigualdade era tremenda.

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iniciava, no sentido que mais trabalhadores se alfabetizavam, não apenas homens adultos, mas em relação às mulheres também.

Segundo Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p. 44)

A diferença mais nítida entre os dois setores do mundo era cultural, no sentido mais amplo da palavra. Por volta de 1880, predominavam no mundo “desenvolvido” países ou regiões em que a maioria da população masculina e, cada vez mais, feminina era alfabetizada;

Até mesmo dentro dos países ditos desenvolvidos a própria divisão social passava por essa ótica, os trabalhadores nas indústrias eram mais alfabetizados que os camponeses e, consequentemente, os donos dessas indústrias, os patrões, eram mais alfabetizados que seus trabalhadores. Assim, de certa forma, pode-se dizer que a educação ou grau de intelectualidade era sim um parâmetro de subdivisões dentro desse modelo social.

O Estado movido pelo capital, vendo essa discrepância, tratou logo de criar e instalar, pelo menos nos países desenvolvidos, um ensino primário voltado para o trabalho, com o intuito de obter mais trabalhadores e consumidores especializados, criando assim um maior crescimento econômico, científico, estrutural e cultural (não confundir esse tipo de educação com a dos intelectuais da época).

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Esse mesmo avanço tecnológico, agora em outra fase criará condições para uma exploração de produção e canalização dessa produção a todo o mundo, pois as bases desses acontecimentos já tinham sido preparadas pelo capital com várias ações, tais como a abertura dos portos de alguns países, o fim da servidão, legislações que libertavam os nativos dando condições para adentrar no mercado e consumir.

Como explicitado, anteriormente, sabe-se que o mercado necessitava dessa estrutura para se desenvolver e tornar-se global, e foi a tecnologia, com o intenção de reproduzir mais-valia em vários estágios, que trabalhou forte e eficientemente nesse intuito, agora que a estrutura dos países estavam caminhando para o consumo. Nesse contexto a tecnologia aparece, claramente, com o crescimento da produção material.

Era notável a diferença entre os países antes de terem esses avanços tecnológicos e, principalmente nesse século com máquinas a vapores, a predominância do ferro e aço em máquinas e locomotivas movidas a carvão, assim como os motores a combustão, logo todo o transporte girava em torno das locomotivas e navios, entretanto, essa época desenvolvia-se programando uma chegada mais sutil e avassaladora desse avanço tecnológico.

Segundo Eric J. Hobsbawm, (1989; p. 47).

A maquinaria moderna era predominantemente movida a vapor e feita de ferro e de aço. O carvão se tornara a fonte de energia industrial mais importante, fornecendo 95% do total da Europa (fora a Rússia).

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adentram no mercado e consomem sem razão, sem padrão, apenas, norteados por informações planejadas, criadas para iludir e formar um estereótipo que acaba se transformando na transfiguração da sua vida, ilusão de informações, isso é mais um tentáculo do capitalismo moderno.

Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p. 50) relatou que:

Em suma a maior esperança dos pobres, mesmo nas partes “desenvolvidas” da Europa, era ainda, provavelmente, ganhar o suficiente para manter corpo e alma juntos, ter um teto sobre a cabeça e roupas suficientes, sobretudo nas idades mais vulneráveis de seu ciclo vital, quando os filhos ainda não estavam em idade de trabalhar e quando homens e mulheres envelheciam.

Então o consumo não pertencia a todos, nem mesmo nas cidades desenvolvidas de 1870, ainda mais nas cidades que não eram tidas como desenvolvidas. Veja a seguir Eric J. Hobsbawm, fala sobre esses benefícios (1989, p. 50):

Mesmo no mundo “desenvolvido”, tais benefícios eram distribuídos de maneira muito desigual numa população composta de 3,5% de ricos, 13-14% de classe média e 82-83% de classes trabalhadoras. .

Assim, como já foi dito, os Estados aplicavam essas políticas de tarifas alfandegárias, no entanto o que o capitalismo necessitava na verdade era de livre comércio, (idéias liberalistas), onde o Estado apenas trabalhasse como regulador de crises sem interferir nos fatores de produção, isso tornava o capitalismo liberal, internacionalista e globalizado, já que essa política capitalista se estendia por todo o globo, até nos lugares mais distantes.

3.4 A busca por novas colônias dentro do processo de industrialização

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esses que criavam uma infra-estrutura periférica para a dinâmica do capitalismo, onde essas novas economias ou países se especializavam em produzir matérias primas e produtos agrícolas necessários aos países de centro, transformando-se em assistentes desse desenvolvimento global o que de certa forma era uma boa maneira de participar do mercado, de fazer parte desse “novo mundo”, pois, se não fosse dessa forma, não teriam como competir ou até mesmo entrar no mercado, então, uma forma inteligente de se enquadrar no sistema, era na verdade assistindo os países desenvolvidos de matérias primas e produtos agrícolas.

Esses países então se especializaram em certos tipos de produtos, no caso da Argentina, produzia trigo, era um dos principais países produtores de trigo, o Brasil, um dos principais produtores de borracha, bananas e café. Dessa forma, muitos investimentos estrangeiros foram depositados nesses países com o intuito de manter essa produção, principalmente investimentos ingleses que praticamente tinham abandonado sua indústria agrícola, se especializando em produtos manufaturados e investimentos estrangeiros, um passo para o capitalismo financeiro.

Todo esse processo no cultivo de produtos agrícola e matérias primas, com investimentos estrangeiros em vários países que se adaptaram ao sistema, o que levou a uma concorrência muito grande desses produtos, os quais tinham pouco valor agregado. Na verdade, isso inundou todo o comércio mundial causando um problema, pois, fora a Inglaterra, nenhuma outra grande nação da Europa ou de qualquer outra parte do mundo tinha aberto mão de sua indústria agrícola, então a concorrência aumentava de forma brutal. O que fazer para solucionar esse problema? Como essas nações poderiam proteger seu mercado interno contra essa enxurrada de produtos no mercado? Na verdade, o Estado teve que mais uma vez agir no intuito de salvar o capitalismo em suas localidades, criando assim barreiras às entradas desses produtos, as chamadas tarifas alfandegárias, que são impostos sobre mercadorias de outros países.

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grande mercado mundial, novos hábitos e costumes foram adquiridos, novas necessidades incorporadas e as relações começavam a tornar-se concorrentes já que esses países antes apenas consumidores, agora, além de comprarem menos também se tornaram concorrentes no mercado internacional de produtos agrícolas.

Segundo Eric J. Hobsbawm apenas a política de tarifas alfandegárias não resolve o problema, as indústrias agrícolas de muitos países desenvolvidos sofreram com essa superprodução, fato que desencadeou uma grande imigração para países emergentes (esse termo só é usado um tempo depois), como Brasil, Argentina Estados Unidos. Além de formação de inúmeras cooperativas de créditos aos camponeses, isso foi um novo impulso, pois toda essa situação criou condições à implantação dos sindicatos agrícolas. Dentro desse novo contexto temos mais uma vez o ajuste do capitalismo, uma válvula de escape as tensões geradas pela superprodução, e isso vai se repetir por várias vezes nesse sistema, como uma engrenagem que vai se moldado e se transformando de acordo com as circunstâncias.

Além disso, não podemos deixar de falar nos ajuste que ocorreram principalmente na Inglaterra, o aumento do mercado agora em esfera global, a produção requeria novos investimentos, as máquinas estavam quase obsoletas e ultrapassadas, assim, teríamos que ter investimentos em novas maquinarias, o que os tornavam um custo muito alto devido a demora de retorno desse investimento.

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Eric J. Hobsbawm, (1989, p. 62).

O “bimetalismo”, foi uma espécie de monetarismo às avessas, que atribuía a queda dos preços fundamentalmente a uma escassez mundial de ouro, que gradativamente se tornava a única base do sistema mundial de pagamentos. (Através da libra esterlina, com sua paridade fixa em relação ao ouro - ou seja, o soberano de ouro). Um sistema baseado tanto no ouro como na prata, disponível em quantidades cada vez maiores, especialmente na América, certamente provocaria uma alta de preços através da inflação monetária. A inflação da moeda - Atraente, sobretudo para os agricultores das prairies.

Desse modo, os senhores do capital mais uma vez achavam um ajuste importante para solucionar mais esse impasse. Assim as questões de escassez de capital eram solucionadas ou pelo menos adiadas, principalmente nas Américas, devido às várias minas de pratas encontradas.

3.5 A relação da acumulação primitiva e a globalização

Como as bases do capitalismo e sua industrialização aconteceram com mais intensidade principalmente na Inglaterra, isso lhe deu uma condição favorável a uma industrialização mais avançada, a Inglaterra industrializou-se mais rapidamente que os outros países, o que ocasionou certa vantagem nas exportações de seus produtos manufaturados, de tal modo que praticamente abdicou de sua agricultura, tornando-se, assim, um país praticamente de indústrias secundárias e terciárias, tendo que importar quase todo produto agrícola. Isso foi uma nova forma de acumulação capitalista, já que toda sua produção era industrializada, agregava valor ao produto, com isso, eles praticamente não criavam produtos primários, achando mais vantajoso importar. Isso tanto levou à falência de sua agricultura como também lhes deu uma vantagem nos produtos industrializados, tornando-se mais avançados, quando a indústria estrangeira ia fazendo concorrência à Inglaterra, eles já haviam se tornado o maior exportador de serviços de transportes, de capital e serviços financeiros.

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formas de evoluir, de se transformar mais rápida e eficientemente, com isso necessitava de um livre comércio. Foi exatamente a Inglaterra o país que mais defendeu esse novo ponto de vista, o livre comércio dentro do mercado.

De acordo com Eric J. Hobsbawm, (1989, p. 65)

O livre comércio parecia indispensável, pois permitia que os fornecedores ultramarinos de produtos primários trocassem suas mercadorias por manufaturas britânicas, reforçando assim a simbiose entre o Reino Unido e o mundo subdesenvolvido, base essencial do poderio Britânico. Os estacieros argentinos e uruguaios, os produtores de lã australianos e os dinamarqueses não tinham interesse em incentivar a indústria manufatureira nacional, pois se saíam muito bem como planetas do sistema solar britânico.

3.6 Mercado interno x mercado externo

Um tópico importante na concorrência de mercado, é que o protecionismo além de promover a emigração dos camponeses, a criação de cooperativas e incentivos a indústria agrícola local, foi a questão de mudança de mercado, ou seja, a descoberta do mercado interno ou fomentação desse mercado, já que o mercado externo estava numa superprodução e concorrência brutal. Agora o eixo de escoamento dessa produção teria que mudar para o mercado interno, logo, houve uma fomentação da estrutura interna com esse intuito. Assim, as economias além de continuarem exportando seus produtos, voltaram-se para a indústria agrícola interna.

Desse modo, o protecionismo funcionou para alguns países, entretanto, o mais importante com isso foi o fato que o protecionismo industrial ajudou a desenvolver as bases das indústrias nacionais, ampliando assim suas estruturas por todos os países que foram forçados a produzir mais e incentivar a indústria nacional.

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estrutura ou método antigo de produção, pois o mercado se transformava a todo instante. As relações de comércio estavam em plena transformação global. Desse modo, surge a “administração científica” também chamada de “Taylorismo”, como novo formato de se projetar em relações administrativas, comerciais, interpessoais com funcionários e coordenadores financeiros, isso era uma nova forma de gestão administrativa. Desse modo as empresas eram mais eficientes, tanto é que, além de ser uma forma mais racional de controle organizacional, ainda visava a otimização de lucros. Seu fundador foi F. W. Taylor (1856-1915).

De acordo com Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p. 71). Vemos que o chamado, “Taylorismo”, ou a “administração científica”.

Tinha a tarefa de fazer com que os operários trabalhassem mais. Esse objetivo foi perseguido por meio de três métodos principais: (1) isolando cada operário de seu grupo de trabalho e transferindo o controle do processo de trabalho do operário ou do grupo e agentes da administração, que diziam ao operário exatamente o que fazer e quanto produzir a luz de (2) uma divisão sistemática de cada processo em unidades componentes cronometradas (“estudo do tempo e do movimento”), e (3) de vários sistemas de pagamento dos salários, o que incentivaria o operário produzir mais.

Esse era um novo método de produção, o qual mudava a administração das fábricas, no sentido financeiro, administrativo e logístico, com a substituição do dono que administrava seu negócio com a família. Agora tínhamos dentro da empresa serviços de contabilidade, administração, engenharia, assim como a contratação de um executivo para sua direção, desse modo e com essa nova postura as empresas poderiam melhor se posicionar para otimizar sua função: o lucro.

3.7 A dinâmica do crescimento capitalista

Referências

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