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Capítulo III A continuação da acumulação de capital na era do império

3.9 Uma relação entre metrópole e colônia

Esse novo modelo estrutural de relação entre as metrópoles e colônias, criava condições imensuráveis aos comerciantes europeus, pois esses poderiam com facilidade usar seu capital, sua força e conhecimento mais avançado sobre o capitalismo e criar condições inestimáveis nessas colônias extremamente atrasadas e com uma abundância enorme de matérias primas, as quais, nesse momento, eram extremamente necessárias aos países ditos desenvolvidos. Desse modo acontecia uma troca injusta, porém, bastante lucratival às civilizações avançadas.

Sobre este aspecto veja o que disse Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p.96).

Pois a sua civilização agora precisava do exótico. O desenvolvimento tecnológico agora dependia de matérias-primas que devido ao clima ou ao acaso geológico, seriam encontradas exclusiva ou profusamente em lugares remotos. O motor de combustão interna, criação típica do período que nos ocupa, dependia do petróleo e da borracha.

Com todas essas necessidades tecnológicas, outro fator que foi ao mesmo tempo gerador dessa nova estrutura colonial e também dependente dessa produção de matéria prima, está relacionado à questão da agricultura. Com todo o crescimento das cidades, principalmente européias, houve, também, uma explosão no crescimento populacional devido vários aspectos, tais como, melhores condições

de trabalho, já que os sindicatos fiscalizavam as negociações entre patrões e trabalhadores. A redução da jornada de trabalho, a descoberta de novos medicamentos, o uso de máquinas em trabalhos pesados e um aumento no índice de natalidade na população mundial, promoveu uma explosão no crescimento, gerando assim uma demanda enorme por bens de consumo alimentícios. Como boa parte dos países se industrializou, deixando parte da agricultura de lado ou transferindo para as colônias, essas ficaram com um papel importantíssimo, que era a produção de produtos alimentícios, as famosas “Plantation”.

J. M. Cardoso de Mello, (1989, p. 32):

‘Plantation’ é uma exploração com trabalho obrigatório, que produz especialmente para o mercado e obtém produtos agrícolas. A economia das ‘plantations’ nasceu em todos os lugares em que a exploração agrícolas, filha da conquista, coincidiu com a possibilidade de se cultivos intensivos e foi particularmente característica das colônias.

Desse modo, as colônias não deveriam se industrializar, fato que as metrópoles dificilmente deixariam acontecer já que sua função seria complementar a economia metropolitana fornecendo matéria prima, servindo de escoamento para a produção industrializada da metrópole. Assim, essa estrutura se completava sem concorrência entre si.

A colônia realizava sua função econômica, social e financeira dentro desse modelo (império-capitalista), e nessa nova estrutura o capitalismo financeiro cria raízes e se estrutura. Dessa maneira, a Inglaterra expandiu suas exportações de capital criando uma nova estrutura, um novo desenvolvimento de sistema, um novo horizonte do capital, o capitalismo financeiro. No caso a Inglaterra despontava no limiar dessa nova fase, o que foi fundamental para o fechamento do balanço de pagamentos britânico.

De acordo com Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p. 100):

Como a exportação britânica de capital se expandiu imensamente no último terço do século e, de fato, a renda desses investimentos se tornou essencial

para o balanço de pagamentos britânico, era perfeitamente natural relacionar o “novo imperialismo” às exportações de capital, como fez J. A Hobson.

Mesmo todas essas exportações de capitais sendo essenciais para a Inglaterra, foram direcionadas, principalmente, para as colônias de povoamento branco, o que gerou um desenvolvimento bem maior a esses países. No entanto, o mais importante era a possibilidade de se encontrar novos mercados, pois a economia industrial produzia a pleno vapor, causando uma superprodução mensal, de tal forma que a economia mundial lutava para encontrar um meio de escoar essa produção. Assim, o caminho mais rápido e simples, naquele momento, seria encontrar novos mercados consumidores e, com essa conquista de mais consumidores e novos mercados seria capaz de salvar a economia de um “crash”.

Segundo Eric J. Hobsbawm em “A Era dos Impérios” (1989, p. 101).

O ponto crucial da situação econômica global foi que um certo número de economias desenvolvidas sentiu simultaneamente a necessidade de novos mercados.

Com a necessidade de novos mercados, devido o aumento da produção e da população mundial economicamente ativa, os mercados já existentes asseguravam seus mercados internos com maiores barreiras alfandegárias, uma fase ou política chamada de protecionismo, o que acirrou ainda mais a briga por novos mercados.

Em meio a essa esfera de incerteza política, financeira, falta de mercados novos e a produção sempre em aumento a economia mundial chegava a um nível crítico, muito crítico e incerto nesse sentido. Com toda essa pressão por mercado, os países desenvolvidos buscavam em todas novas colônias a esperança por um novo eldorado, o que não aconteceu, pois, o fato da África do Sul, ter se tornado o maior “eldorado”, (produtor de ouro do mundo), não se repetiu com as demais colônias. Assim, essas contribuíram efetivamente na manutenção de

matérias primas, do exótico e de base para distribuição de mercadorias manufaturadas da metrópole além do seu consumo.

Um aspecto importante do imperialismo dentro do capitalismo foi a união das massas descontentes, melhor dizendo, o fato de aglutinar multidões que estavam a beira de uma guerra civil, a depositar no Estado suas esperanças de melhorias. Essas massas buscavam no Estado um aliado dentro do sistema, inocentes, não sabiam que esse mesmo era usado pelos donos do capital, justamente para isso, para conter as massas dando-lhes a impressão de gerar igualdade, mascarada por reformas pequeno-burguesas. Além de manter o status- quo, ainda, justificava sua ação e legitimava sua supremacia diante das massas.

Desse modo, o povo era iludido, mais uma vez, com migalhas de reforma social que encobriam o cenário de avanço do capitalismo.

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