Comentários a Jorge Bravo
Miguel Gouveia
Católica Lisbon School of Business and Economics
Gouveia Repensar a SS 1
Ideias a reter 1
• A evolução demográfica continua e ser
extremamente negativa quando avaliada do ponto de vista da sustentabilidade do sistema de proteção
social e em particular dos sistemas de pensões.
– Implosão demográfica devido à queda do índice sintético de fecundidade
– Aumento da esperança de vida ao nascimento e aos 65 anos
– “Deslocação da massa da população” para idades inativas – Deterioração extrema do rácio trabalhadores/pensionistas
Gouveia Repensar a SS 2
Ideias a reter 2
• Em contraste, as projeções adotadas para as variáveis económicas /sociais parecem-me um pouco otimistas:
crescimento da taxa de participação laboral, redução rápida das taxas de desemprego, crescimento da
produtividade claramente acima da média recente, etc..
• Resultados são desoladores: défices dos regimes
contributivos (SS+CGA) a crescer até 2025, chegando aos 6,5% do PIB com “recuperação” para 3% do PIB já em 2060. Para um país que parte de uma dívida pública oficial de 127,3% (maio,2013) esta trajetória é
insustentável, ou seja, não acontecerá…
Gouveia Repensar a SS 3
Ideias a reter 3
• Estes resultados contradizem totalmente a ideia de que a reforma de 2006 teria resolvido o problema de
sustentabilidade da SS…
• Resultados do ponto de vista das pensões como fonte de rendimentos adequados são mistos:
– Numa fase inicial os rácios pensão/salário médio aumentam (SS) ou reduzem-se muito pouco (CGA),
– Após 2025 reduzem-se substancialmente
• Parte restante da comunicação faz um revisão útil de conceitos, sistemas e tendências internacionais de reforma dos sistemas de pensões
Gouveia Repensar a SS 4
Comentários
• A profundidade da nossa crise demográfica
• Reformas postecipadas
• São mesmo pensões de miséria? Ou “causas” de miséria?
• Como usar uma reforma do sistema pensões para alinhar incentivos das elites portuguesas contra a demagogia, populismo e “curto-prazismo”.
Gouveia Repensar a SS 5
Serão os Portugueses uma espécie em vias de extinção?
Gouveia
Portugal em 2012 (INE)
• 5.491.592 mulheres
• Idade ao 1º nascimento = 29.5
• Índice sintético de fecundidade=1.28
• % meninas= 48.6%.
• Cada 1000 mulheres têm em média 1000*1.28*0.486 =622 meninas
Horizonte de extinção N+2013
5.491.592 *(0.622)(N/29.5)=1
N= -ln(5514227)*29.5/ln(0.622)= 964 Portugueses extinguem-se em 2977.
Mais cedo se considerarmos emigração!
Flexibilidade e Idade de Reforma
• Governos adotaram políticas de flexibilidade na idade de reforma, populares.
• O aproveitamento foi para quase todo para antecipação e praticamente nada para
postecipação. Isso indicia que os parâmetros de penalização/recompensa estavam mal calibrados.
• Resposta do Governo atual: acabar com a antecipação da reforma.
• A prazo terá de se aumentar a idade legal da da reforma. Para já, faz todo o sentido melhorar
substancialmente as condições de postecipação.
Gouveia
Gouveia Repensar a SS 8
Taxa de Pobreza Média 2002-2011
%
Gouveia Repensar a SS 9
Taxa de Pobreza Média 2002-2011
Antes de Pensões e Transferências Sociais
%
Gouveia Repensar a SS 10
Taxa de Pobreza Média 2002-2011
Após Pensões e Antes de Transferências Sociais
%
Explicação…
• Demagogia e populismo. Durante muito tempo
gastou-se comparativamente pouco em programas
com eficácia na redução de pobreza, favorecendo uma despesa desproporcional em pensões “extremamente não atuariais” (pensões mínimas, etc.), as quais são atribuídas sem condição de recursos.
• Objetivo foi “comprar” votos, redução da pobreza foi apenas uma finalidade secundário.
Gouveia Repensar a SS 11
Gouveia Repensar a SS 12
Pensões para alinhar incentivos das elites 1
• Um dos principais problemas da economia e do sistema de
proteção social portugueses é o mau comportamento da elites políticas.
• As elites políticas preocupam-se com ganhar as próximas eleições, aceitam travar o combate político com ideias demagógicas e
populistas sem realismo económico e orçamental. Exemplos
recentes - várias propostas para baixar os impostos e nenhuma para baixar as despesas…
• Estes grupos não atuam como se fossem “acionistas” do país.
• É preciso mudar as regras do jogo e os incentivos. Na prática, não existindo ações de Portugal, temos de utilizar uma estratégia
indireta, através do uso da dívida.
• A ideia de base é óbvia- fazer as pensões da elite depender da saúde da dívida pública.
Gouveia Repensar a SS 13
Pensões para alinhar incentivos das elites 2
• Se as pensões das elites portuguesas (funcionários públicos com maiores salários e todos os detentores de cargos públicos)
estiverem dependentes do valor dos títulos de dívida pública portuguesa, elas terão incentivos para contribuir para políticas financeiras mais responsáveis, com menos demagogia e miopia e para induzirem os mecanismos de decisão públicos a adotar uma ótica mais de longo prazo, com preocupações de sustentabilidade.
• Uma forma de conseguir estes incentivos é plafonar rigorosamente as pensões públicas a um valor baixo e proibir qualquer regime
especial.
• Todos as pensões públicas acima do plafond seriam num sistema com pensões dependentes do valor dos títulos de dívida pública, por exemplo, contribuição definida pura com aplicações exclusivas em instrumentos standard de dívida pública.
OBRIGADO
Muito
Gouveia Repensar a SS 14