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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ELIEGE SILVA PEREIRA A INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA ATUALIDADE

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ  CÂMPUS MEDIANEIRA 

   

ELIEGE SILVA PEREIRA 

     

 

A INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA  INTELECTUAL NA ATUALIDADE 

           

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO   

             

 

MEDIANEIRA 

2020   

(2)

ELIEGE SILVA PEREIRA   

   

     

 

A INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA  INTELECTUAL NA ATUALIDADE 

       

Monografia apresentada como requisito parcial à  obtenção  do  título  de  Especialista  na  Pós  Graduação em Educação: Métodos e Técnicas de  Ensino  ­  Polo  UAB  do  Município  de  Umuarama,  Modalidade  de  Ensino  Distância,  da  Universidade  Tecnológica  Federal  do  Paraná –  UTFPR – Câmpus Medianeira. 

 

Orientadora  Profa.  Dra.  Maria  Fatima  Menegazzo  Nicodem. 

     

MEDIANEIRA  2020  

 

 

(3)

 

Ministério da Educação 

Universidade Tecnológica Federal do Paraná  Diretoria de Pesquisa e Pós­Graduação  Especialização em Educação: Métodos e 

Técnicas de Ensino 

 

 

 

TERMO DE APROVAÇÃO   

A INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA  ATUALIDADE 

  Por  

Eliege Silva Pereira   

Esta monografia foi apresentada  às  18h30m do dia 25 de  setembro  de  2020  como  requisito parcial para a obtenção do título de Especialista no Curso de Especialização  em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino – Polo de Umuarama, Modalidade de  Ensino  a  Distância,  da  Universidade  Tecnológica  Federal  do  Paraná,  Câmpus  Medianeira. A aluna foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos professores  abaixo  assinados.  Após  deliberação,  a  Banca  Examinadora  considerou  o  trabalho  APROVADO. 

 

Profa. Dra. Maria Fatima Menegazzo Nicodem. 

UTFPR – Câmpus Medianeira  Orientadora 

   

Profa. Me. Floida Moura Rocha Carlesso Batista  UTFPR – Câmpus Medianeira 

Membro da Banca   

Professor Doutor Henry Charles Albert David Naidoo Terroso de Mendonça  Brandão 

UTFPR – Câmpus Medianeira  Membro da Banca 

   

­ O Termo de Aprovação assinado encontra­se na Coordenação do Curso­ 

 

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RESUMO 

 

PEREIRA, Eliege Silva. A inclusão escolar da criança com deficiência intelectual  na  atualidade.  53  folhas.  Monografia  de  Especialização  em  Educação:  Métodos  e  Técnicas de Ensino. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2020. 

A  presente  pesquisa  apresenta  uma  breve  contextualização  sobre  a  historicidade  da  deficiência  e  a  evolução  da  inclusão  de  pessoas  com  deficiência  intelectual  na  sociedade,  sobretudo,  no  Ensino  Regular,  destacando  o  papel  do  docente  neste  contexto,  assunto  que  vem  mobilizando  a  sociedade  e  comunidade  escolar  frente  a  este  novo  modelo  de  escola.  Isto  requer  uma  reflexão  sobre  a  convivência com esses alunos em um mesmo espaço e uma mudança na organização  de  todo  o  trabalho  pedagógico  da  escola.    Acredita­se  que  a  inserção  do  aluno  portador  de  necessidades  especiais  na  escola  realizada  dentro  do  paradigma  da  inclusão escolar, constituirá uma experiência fundamental que definirá o sucesso ou  fracasso de seu futuro processo de inclusão na sociedade. Pensando nisto, todos os  indivíduos, devem ter garantido seu direito de acesso e permanência na escola pública  gratuita e de qualidade, que possibilite, dentro de suas possibilidades, independência  e  criticidade  frente  aos  fatos  ocorridos  no  seu  dia  a  dia.  A  pesquisa  possui  características  qualitativa  descritiva,  explicativa  e  bibliográfica,  analisando  as  informações  fornecidas  por  diversas  fontes:  revistas,  artigos,  livros,  sites  e  outros  meios  teóricos  relacionados  ao  tema  em  estudo  para  alcançar  o  objetivo  proposto. 

Tem  como  principais  autores:  Aranha  (1995),  Sassaki  (1997),  Mendes  (2006),  Carvalho (2001), Piaget (1985), Vygotsky (1998), DSM­IV (1995) 

   

Palavras­chave:  inclusão  escolar.  Escola.  Desenvolvimento  pessoal.  Ensino­

aprendizagem.   

   

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ABSTRACT   

 

PEREIRA, Eliege Silva. School inclusion of children with intellectual disabilities  now. 53 folhas. Monografia de Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de  Ensino. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2020. 

This  research  presents  a  brief  contextualization  about  the  historicity  of  the  disability  and  the  evolution  of  the  inclusion  of  people  with  intellectual  disabilities  in  society,  especially  in  Regular  Education,  highlighting  the  role  of  the  teacher  in  this  context, a subject that has been mobilizing society and the school community in the  face of this new school model. This requires reflection on living with these students in  the same space and a change in the organization of all the school's pedagogical work. 

It is believed that the insertion of students with special needs in the school carried out  within the school inclusion paradigm will constitute a fundamental experience that will  define  the  success or failure of  their  future  inclusion  process  in  society. With  this  in  mind, all individuals must have guaranteed their right to access and remain in a free  and  quality  public  school,  which  allows,  within  their  possibilities,  independence  and  criticality  in  face  of  the  events  that  occur  in  their  daily  lives.  The  research  has  descriptive,  explanatory  and  bibliographic  qualitative  characteristics,  analyzing  the  information  provided  by  several  sources:  magazines,  articles,  books,  websites  and  other  theoretical  means  related  to  the  subject  under  study  to  achieve  the  proposed  objective.  Its  main  authors  are:  Aranha  (1995),  Sassaki  (1997),  Mendes  (2006),  Carvalho (2001), Piaget (1985), Vygotsky (1998), DSM­IV (1995) 

     

Keywords: School Inclusion; School; Personal development; Teaching­learning. 

   

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SUMÁRIO   

1 INTRODUÇÃO ... 7 

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ... 8 

3 CONCEITUANDO OS TERMOS ... 12 

3.1 INCLUSÃO ESCOLAR ... 12 

3.2 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ... 19 

3.3 A ESCOLA DA ATUALIDADE E A CRIANÇA COM DÉFICIT INTELECTUAL .... 27 

3.3.1  COMO  SE  PENSA  NA  ESCOLA  CONTEMPORÂNEA  SOBRE  O  DÉFICIT  INTELECTUAL ... 28 

3.3.2  COMO  SE  SENTE  A  CRIANÇA  COM  DÉFICIT  INTELECTUAL  FRENTE  À  ESCOLA CONTEMPORÂNEA ... 34 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 42 

REFERÊNCIAS ... 46   

 

   

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1 INTRODUÇÃO   

Por muito tempo o sujeito portador de deficiência intelectual foi reduzido para  representações  de  eterna  infância  ou  menoridade  intransponível.  Porém,  com  o  passar de muitos anos, estes indivíduos tiveram alguns dos seus direitos atendidos.  

Bueno  (1993)  nos  apresenta  quatro  estágios  de  atitudes  que  ocorreram  na  história  na  relação  da  sociedade  com  os  indivíduos  portadores  de  deficiência:  o  primeiro foi na era pré­cristã, período marcado por maus tratos; o segundo, na difusão  do cristianismo, buscou­se protegê­los; o terceiro, no final do século XVIII, fundou­se  instituições para educá­los, porém, houve a segregação; o quarto, visou a aceitação. 

Atualmente há o reconhecimento do sujeito portador de necessidade especial. 

Valoriza­se  suas  experiências  de  vida,  sua  participação  social  e  o  exercício  de  cidadania, respeitando sempre as suas peculiaridades devido à sua deficiência. Há a  perspectiva de inclusão destas pessoas nos espaços sociais. 

A Constituição Federal de 1988 (CF/88), conhecida como Constituição Cidadã  e considerada um grande marco no nosso país, rompeu com o ciclo concentrador e  filantropista  das  políticas  públicas  e,  reconheceu,  pela  primeira  vez,  de  maneira  expressa  na  legislação,  que  crianças  e  adolescentes  têm  direitos,  que  podem  ser  exercidos frente à família, à sociedade e ao Estado. Expressos em seu Artigo 227: 

 

É  dever  da  família,  da  sociedade  e  do  Estado  assegurar  à  criança  e  ao  adolescente,  com  absoluta  prioridade,  o  direito  à  vida,  à  saúde,  à  alimentação,  à  educação,  ao  lazer,  à  profissionalização,  à  cultura,  à  dignidade,  ao  respeito,  à  liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá­

los  a  salvo  de  toda  forma  de  negligência,  discriminação,  exploração, violência, crueldade e opressão. 

 

Percebe­se  o  desenvolvimento  de  políticas  públicas  que  visam  o  desenvolvimento  pleno,  livre  de  preconceito,  que  proporciona  ao  portador  de  necessidades  especiais  educação,  emprego  e  inclusão  através  de  serviços  de  preparação, acompanhamento e apoio. 

A  Associação  Americana  de  Retardo  Mental  –  AAMR,  atualmente  denominada Associação Americana em Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento  –  AAIDD,  desde  a  sua  fundação  em  1876,  tem  se  preocupado  em  definir,  compreender, e classificar o campo da deficiência intelectual. Diversos manuais foram  publicados sobre a definição e classificação da deficiência intelectual.  

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Diante  destes  fatos,  encontra­se  o  professor  cujo  desafio  no  processo  de  inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais tem sido grande, pois  requer dele a construção de novas propostas de ensino, um olhar diferenciado para a  sala  de  aula  e  ser  o  mediador  do  processo  de  ensino­aprendizagem.  Em  alguns  momentos há resistência, causando desconforto para toda equipe escolar. 

Conforme  Capellini  (2004),  o  ensino  colaborativo  tem  sido  utilizado  para  favorecer a inclusão escolar, envolve a parceria direta entre professores da educação  comum  e  especial.  Sendo  uma  estratégia  didática  inclusiva  em  que  o  professor  da  classe comum e o professor especialista planejam e ajustam procedimentos de ensino  para ajudar no atendimento a estudantes com deficiência, em classes comuns.  

Porém, novas posturas e habilidades são necessárias neste momento a fim  de que haja a construção de uma proposta inclusiva, proporcionando ao portador de  necessidades  especiais  o  desenvolvimento  adequado,  reconhecendo  as  suas  particularidades.  

Dentro deste contexto, a presente pesquisa objetiva um aprofundamento com  bases científicas e uma reflexão sobre a inclusão escolar da criança com deficiência  intelectual  na  atualidade.  Destacando  um  breve  contexto  sobre  a  historicidade  da  deficiência e a evolução da inclusão de pessoas portadoras de deficiência intelectual,  especificamente, no Ensino Regular, com destaque no papel do docente, assunto que  mobiliza a sociedade e comunidade frente a este novo modelo de escola.  

Conviver  com  esses  alunos  em  um  mesmo  espaço  requer  mudança  na  organização  de  todo  o  trabalho  pedagógico  da  escola.  Inserir  o  aluno  portador  de  necessidades especiais no ambiente escolar constitui uma experiência essencial que  contribuirá  para  o  sucesso  ou  fracasso  de  seu  futuro  processo  de  inclusão  na  sociedade. 

A  inclusão  de  alunos  com  necessidades  educacionais  especiais  na  rede  estadual passou por uma transformação gradual, de um modelo integrativo para uma  perspectiva inclusiva, que ainda está em construção nas escolas. Conforme Januzzi  (2004) “[...] aponta­se a inclusão como um avanço em relação à integração, porquanto  implica uma reestruturação do sistema comum de ensino” (JANUZZI 2004, p. 187). 

A análise conceitual de caráter descritiva, explicativa e bibliográfica será feita  a partir de materiais disponibilizados pela Internet por meio de artigos científicos, sites  e obras literárias de diferentes autores.  

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA   

Este  estudo  voltado  para  a  inclusão  escolar  da  criança  com  deficiência  intelectual na atualidade buscou apresentar em linhas gerais a história e evolução da  inclusão do indivíduo portador de déficit intelectual, ou seja, como ocorreu a inclusão  dos indivíduos portadores de déficit intelectual na rede de ensino regular, com ênfase  no papel do docente, personagem de destaque neste contexto. 

A  pesquisa  possui  características  de  pesquisa  qualitativa  descritiva,  descrevendo sobre a historicidade da deficiência, a evolução da inclusão de pessoas  com  deficiência  intelectual  na  sociedade,  sobretudo,  no  âmbito  escolar,  campo  de  atuação deste trabalho e o papel do professor frente a este desafio.  

Também possui característica explicativa e bibliográfica, pois para atingir os  objetivos  formulados  buscou­se  analisar  as  informações  fornecidas  por  diversas  fontes: revistas, artigos, livros, sites e outros meios teóricos relacionados ao tema em  estudo.  

[...] convém aos pesquisadores assegurarem­se das condições em  que  os  dados  foram  obtidos,  analisar  em  profundidade  cada  informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições  e utilizar fontes diversas, cotejando­se cuidadosamente (GIL, 2008,  P.50). 

 

A  inserção  do  aluno  portador  de  necessidades  especiais  na  escola  é  uma  experiência de suma importância que propiciará o seu sucesso ou fracasso na vida  pessoal, social, profissional dentro da sociedade. É fundamental garantir o acesso e  permanência  deste  aluno  no  âmbito  escolar  a  fim  de  que  se  inicie  este  processo,  visando sempre o seu pleno desenvolvimento dentro de suas possibilidades. 

Vygotsky (1998) vem nos auxiliar nas pesquisas destacando a importância da  mediação.  A  aprendizagem  provoca  o  desenvolvimento.  Um  educador  capacitado  para a sua missão  não  deterá no defeito ou  nas características negativas do aluno  portador  de  deficiência.  Se  apoiará  nos  seus  recursos  alternativos,  destacando  a  capacidade de superação dos seus educandos. 

Piaget (1985)  vem nos informar sobre o desenvolvimento mental da criança,  nos apresentando os quatro períodos fundamentais: sensório­motor, pré­operatório,  operações  concretas  e  operações  formais.  Fazendo­nos  concluir  que  uma  criança  com  déficit  intelectual,  por  vezes  não  terá  condições  de  ultrapassar  a  fase  das  operações concretas, pois, como descrito por Fierro (2004)  o déficit do sujeito com 

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deficiência  intelectual  aparentemente  se  relaciona  com  as  suas  dificuldades  de  generalização e transposição de conhecimentos de um momento para outro.  

O  conceito  de  deficiente  intelectual  é  norteado  pelos  estudos  do  DSM­V,  Fierro (2004), de Carvalho (2001), Vasconcelos (2004). Tais autores descrevem de  forma  significativa  sobre  o  processo  cognitivo  destes  sujeitos,  contribuindo  eficazmente com a aquisição do nosso conhecimento. 

Sobre  a  historicidade  dos  indivíduos  portadores  desta  deficiência,  Pessoti  (1984) nos atualiza, destacando que por muito tempo os sujeitos portadores de déficit  intelectual  foram  desprezados  e  tratados  como  inúteis.  Apenas  com  o  passar  de  muitos anos eles tiveram alguns de seus direitos atendidos. 

 

De um modo geral, até a difusão do cristianismo na Europa, a  sorte dos deficientes mentais e de outras pessoas excepcionais  é  praticamente  a  mesma  nas  regiões  europeias,  o  que  não  é  surpreendente  uma  vez  que  até  a  mulher  normal  só  adquire  status de pessoa, no plano civil, e alma, no plano teológico, após  a difusão europeia da ética (PESSOTI, 1984, P.3). 

 

Inicialmente, apesar de todas de grandes experiências desenvolvidas, colocar  estes indivíduos em asilos e manicômios foi o procedimento ideal, justificando­se que  seriam  mais  bem  cuidados  e  protegidos.  Aranha  (1995),  Sassaki  (1997),  Mendes  (2006), Carvalho (2001) apresentam estudos significativos sobre este tema. 

Já  no  campo  da  inclusão  social,  encontramos  estudos  de  Mantoan  (1997),  Barros (2005), Porto (2000) que ampliam os nossos conhecimentos sobre os mesmos. 

A educação inclusiva é de fundamental importância para se alcançar a inclusão social. 

Sendo  que  o  auxílio  do  governo  neste  momento  é  essencial.  Não  somente  com  relação  à  recursos,  mas  também,  com  relação  ao  apoio  no  desenvolvimento  dos  projetos pedagógicos.  

Devido ao considerável número de desenvolvimento de trabalhos e projetos  voltados  para  este  tema,  já  é  perceptível  o  reconhecimento  destes  sujeitos. 

Valorizando a sua inserção na sociedade. Destacando que é de suma importância a  cooperação da comunidade como um todo a fim de que eles assumam a sua cidadania 

 

[...] é nas relações que os sujeitos conhecem, apropriam­se do  que os define socialmente, do que os diferencia. Nas relações  convertem  em  próprias  as  ideias  que  circulam  socialmente  e,  assim, vão se constituindo sujeitos: 'apreendem' a si mesmos e  ao mundo em torno deles, desestabilizando, dessa forma, a tese  de  que  não  aprendem  e,  nesse  processo,  os  modos  de  funcionamento  psíquico –  cognição,  imaginação  e  emoção – 

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articulam­se  de  forma  interconstitutiva,  resultando  na  emergência do sujeito, de sua subjetividade (CARVALHO, 2005,  p.5) 

 

Quanto aos professores, o desafio no processo de inclusão dos alunos com  necessidades educacionais especiais é extenso. Mas, é fundamental que se efetivem  novas propostas de ensino e que estejam abertos ao novo, considerando as diferentes  possibilidades a fim de se chegar ao objetivo pretendido. 

 

Quanto  mais  conhecemos  determinado  fato  ou  assunto,  mais  nos  sentimos  seguros  diante  dele.  O  novo  gera  insegurança  e  instabilidade,  exigindo  reorganização,  mudança.  É  comum  sermos  resistentes  ao  que  nos  desestabiliza.  Sem  dúvida,  as  ideias  inclusivas  causaram  muita  desestabilidade  e  resistência  (MINETTO, 2008, p.17). 

 

Mantoan  (2006),  Bray  (2009),  Pereira  (2009)  são  autores  bem  capacitados  para  nos  informar  sobre  este  assunto.  Buscando  nos  auxiliar  na  busca  por  conhecimentos  quanto  às  novas  habilidades  que  devem  ser  adotadas  visando  concretizar a proposta de educação inclusiva.  

Por fim, assim como descrito por Gil (2008),    

A  ciência  tem  como  objetivo fundamental  chegar  à  veracidade  dos fatos. Neste sentido não se distingue de outras formas de  conhecimento.  O  que  torna,  porém,  o  conhecimento  científico  distinto dos demais é que tem como característica fundamental  a sua yerificabilidade (GIL, 2008, P.50). 

 

Para atingir os objetivos formulados deste estudo, buscou­se por pesquisas  desenvolvidas  nesta  área  e  após,  analisou­se  as  informações  fornecidas  por  tais  fontes  buscando  fornecer  subsídios  consistentes  para  novos  trabalhos  que  contribuirão com a sociedade. 

 

   

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3  CONCEITUANDO OS TERMOS 

Somente após muitos anos o indivíduo  portador de necessidades especiais  obteve êxito na sua luta para garantir alguns dos seus direitos. No século XVI, médicos  e  pedagogos  acreditaram  na  possibilidade  de  aprendizagem  das  pessoas  consideradas  ineducáveis  e  começaram  a  desenvolver  trabalhos  nesta  área,  culminando em políticas voltadas para inclusão social. Porém, o momento atual ainda  é de transição. 

   

3.1 INCLUSÃO ESCOLAR 

Até  o  século  XVI,  o  deficiente  intelectual  era  reduzido  à  eterna  infância  ou  menoridade intransponível.  Pessoti (1984) assim destacou que,  de um modo geral,  até a difusão do cristianismo na Europa, a sorte dos deficientes mentais e de pessoas  excepcionais  era  praticamente  a  mesma  nas  regiões  europeias.  Mas,  isto  não  os  surpreende, pois, até mesmo a mulher normal só adquiria status de pessoa, no plano  civil, e alma, e teológico, após a difusão europeia da ética.  

Jannuzzi  (1992)  afirma  que  durante  muito  tempo  o  indivíduo  portador  de  deficiência intelectual foi chamado de idiota, oligofrênico, retardado mental, deficiente  mental. Finalmente chegou­se ao termo deficiente intelectual. 

Apenas após muitos anos o sujeito portador de necessidades especiais teve  alguns  dos  seus  direitos  atendidos.  Numa  sociedade  onde  a  educação  formal  era  direito  de  poucos,  a  história  da  educação  especial  começou  a  ganhar  importância  somente  no  século  XVI,  quando  médicos  e  pedagogos  acreditaram  que  havia  possibilidades  de  aprendizagem  de  sujeitos  considerados  ineducáveis  e,  assim,  iniciaram o desenvolvimento de trabalhos sobre o tema.  

Mas,  mesmo  com  todas  as  experiências  inovadoras  desenvolvidas  neste  século,  a  principal  resposta  social  recebida  para  tratamento  destes  indivíduos  foi  a  sua  institucionalização  em  asilos  e  manicômios.  A  justificativa  era  que  a  pessoa  diferente  seria  mais  bem  cuidada  e  protegida  quando  confinada  em  ambiente  separado, segregada. 

Porém, lentamente, foi acontecendo mais algumas mudanças e percebendo  a necessidade do desenvolvimento de Políticas de Direitos Sociais e Políticas Sociais  voltadas para esta área. De acordo com Tonelotti (2019), Direitos Sociais e Políticas 

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Sociais estão intrinsecamente relacionados. Política é a ciência de bem governar um  povo,  constituído  em  Estados,  um  Estado  democrático,  sendo  que  essa  governabilidade é exercida pelo poder público, via representantes levados ao poder,  direta ou indiretamente, pela população. 

Desta  forma,  Porto  (2000),  nos  diz  que  é  possível  afirmar  que  a  educação  inclusiva  é  um  meio  privilegiado  para  alcançar  a  inclusão  social,  que  não  deve  ser  alheio  aos  governos  que  devem  dedicar  os  recursos  econômicos  necessários  para  estabelecê­la. E, escola e professores precisam estar preparados para lidar com esta  situação. 

 Para Iamamoto  (1997)  o  Estado  busca,  em  suas  realizações,  atender  as 

necessidades  sociais  básicas  da  população,  através  de  garantias  e  ações  concernentes à assistência social, saúde, educação, segurança, a  política e política  social representam atuações do poder político que visam o bem­estar da população. 

Desta  forma,  diversas  atitudes  vêm  sendo  discutida  e  analisada  pela  sociedade  e  se  modificaram  ao  longo  do  tempo.  Tais  atitudes  ocorrem  por  fatores  econômicos, culturais, filosóficos, científicos e morais e as mudanças constituem­se  em  vários  paradigmas  que  permeiam  o  processo  histórico  dos  sujeitos  com  deficiência. Os diferentes paradigmas existentes nas relações sociais são: exclusão,  segregação, integração social e inclusão social.  

 

A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases no  que  se  refere  às  práticas  sociais.  Ela  começou  praticando  a  exclusão  social  de  pessoas  que –  por  causa  das  condições  atípicas – não lhe pareciam pertencer à maioria da população. 

Em  seguida  desenvolveu  o  atendimento  segregado  dentro  de  instituições,  passou  para  a  prática  da  integração  social  e  recentemente adotou a filosofia da inclusão social para modificar  os sistemas sociais gerais (SASSAKI, 1997, p. 16). 

 

Na  Idade  Antiga,  Idade  Média  e  parte  da  Idade  Moderna  encontramos,  inicialmente, a Exclusão social ou Paradigma da exclusão  que se refere ao período  em  que  sociedade  se  isentou  da  sua  responsabilidade  para  com  as  pessoas  com  deficiência.  

As pessoas com deficiências intelectuais foram consideradas inválidas e sem  utilidade  para  desempenhar  funções  produtivas  e  condicionados  a  estado  não  passível  de  mudanças,  respaldando­se  na  religião  para  justificar  o  processo  de  exclusão pautado em questões místicas e oculta. Viviam até mesmo fora do seio da  família e à margem da sociedade. Vieira e Pereira (2003, p.17) destacam: 

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Na antiguidade as pessoas com deficiência foram consideradas  possessas de demônios e de maus espíritos. [...]. Os modelos  econômicos,  sociais  e  culturais  impuseram  às  pessoas  com  deficiência  uma  inadaptação  geradora  de  ignorância,  preconceitos  e  tabus  que,  ao  longo  dos  séculos  e  séculos,  alimentaram  os  mitos  populares  da  perigosidade  das  pessoas  com  deficiência  mental  e  do  seu  caráter  demoníaco,  determinando atitudes de rejeição, medo e vergonha (VIEIRA E  PEREIRA, 2003, p.17). 

 

Com  a  evolução  da  medicina  a  deficiência  passou  a  ser  vista  como  uma  doença,  gerando  ações  de  proteção  e  cuidado,  o  que  justifica  o  Paradigma  da  Institucionalização.  Tal  paradigma  significou  a  segregação  destas  pessoas  em  instituições residenciais ou escolas especiais a fim, também, de proteger a sociedade  do que era considerado diferente e perdurou por aproximadamente oito séculos.  

No  Brasil,  as  ideias  e  práticas  sociais  de  cunho  assistencialista  se  reproduziram  historicamente  visando,  principalmente  reforçar  o  paternalismo  do  Estado, mantendo as classes populares desmobilizadas, favorecendo o processo de  acumulação capitalista. 

A partir do século XIX, principalmente em países da Europa, considerando as  potencialidades  da  pessoa  que  apresentava  algum  tipo  de  deficiência,  lentamente,  estudiosos da área da pedagogia e psicologia realizaram as primeiras intervenções  educacionais. 

 

Na  área  social,  as  novas  diretivas  contidas  na  Constituição  previam: maior responsabilidade do Estado na regulamentação,  financiamento e provisão de políticas sociais; universalização e  acesso a benefícios e serviços; ampliação do caráter distributivo  da seguridade social, como um contraponto ao seguro social, de  caráter  contributivo;  controle  democrático  exercido  pela  sociedade  sobre  os  atos  e  decisões  estatais;  redefinição  dos  patamares mínimos dos valores dos benefícios sociais; e adoção  de uma concepção de “mínimos sociais” como direito de todos. 

(PEREIRA, 2009, p.153)   

A partir dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH  de (1948) que tem como diretriz principal a igualdade de oportunidades para todos,  estes conceitos começam a ser desmistificados e novas práticas sociais passam a ser  vivenciadas pela sociedade.  

Originam­se,  então  nos  anos  1950  os  movimentos  formados  por  pais  de  pessoas com deficiência com o objetivo de garantir os direitos de seus filhos. No Brasil  surge  a  Pestalozzi  e  as  APAEs  (Associação  de  Pais  e  Amigos  dos  Excepcionais  ­ 

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associações  sem  fins  lucrativos,  cujo  objetivo  principal  é  a  defesa  dos  direitos  da  pessoa com deficiência, prioritariamente, a deficiência intelectual), a seguir, conforme  Sassaki (1997) ocorre um “[...] boom de instituições especializadas”.  

Mas, mesmo assim, Carvalho (2003) afirma que no imaginário social, essas  pessoas estão como “impedidas” para o exercício  da  cidadania,  devido  às  suas  limitações. A integração inicialmente buscou capacitar, habilitar ou reabilitar a pessoa  com  deficiência  a  fim  de  ser  capaz  de  participar  de  forma  natural  da  sociedade,  sobretudo da escola.  

Com o passar do tempo  as instituições  foram induzidos a oferecer serviços  que  permitissem  maior  acesso  e  condições  de  vivenciar  seu  cotidiano  através  das  atividades oferecidas, culminando no Paradigma de Serviços.  

De acordo com Glat (2006) na década de 1960, foi proposto um paradigma  sustentado  na  integração  das  pessoas  com  deficiência.  A  proposta  de  educação  inclusiva  foi implantada nas escolas, representando um processo de transformação  das concepções teóricas e das práticas da Educação Especial. 

A  inclusão  social  justificava  que  o  indivíduo  com  deficiência  tem  direito  à  convivência não segregada e direito de acesso aos recursos disponíveis aos demais  cidadãos.  Preconizando  que  esses  alunos,  independente  do  tipo  de  deficiência  ou  grau de comprometimento, devem ser inseridos dentro das classes comuns do ensino  regular, ficando com a escola a responsabilidade de se reestruturar para atendê­los. 

Coube à sociedade, também, se reorganizar­se para atendê­los.  

Conforme Aranha (2001), crianças e adolescentes com deficiência passaram  a  ser  matriculados  nas  turmas  regulares  de  ensino,  possibilitando  o  seu  acesso  e  permanência na escola. Estas mudanças não eram destinadas a reorganização para  favorecer e garantir o acesso da pessoa com deficiência, mas para assegurar serviços  e recursos que a “modificassem” a fim de que pudesse se aproximar do normal. 

Com relação à integração destaca­se a Lei n 4.024/61 (Lei Diretrizes e Bases  da Educação Nacional) que refere a inserção da pessoa com deficiência no sistema  geral  de  ensino,  mas  se  contradiz  quando  permite  que:  por  motivo  de  doenças  ou  anomalias graves, pobreza, insuficiência de escolas e vagas as mesmas não sejam  inseridas,  demonstrando  a  incapacidade  do Estado  em dar  respostas  adequadas a  questões relacionadas às pessoas com deficiência.  

Segundo Aranha (2001) o atendimento educacional era realizado em classes  especiais, preparando os alunos para a sua adaptação no ensino regular. Porém, de 

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acordo com Bueno (2001) esse paradigma rapidamente começou a enfrentar críticas,  pois  a  maioria  dos  alunos  com  deficiência  continuava  segregada  em  escolas  ou  classes  especiais,  pois  não  apresentavam  condições  de  ingresso  nas  turmas  regulares. Ampliou­se a discussão sobre a cidadania da pessoa com deficiência. 

Neste  momento,  verifica­se  uma  contradição  com  relação  a  este  tema. 

Conforme  Barros  (2005),  ao  longo  da  década  de  1990,  mesmo  o  Ministério  da  Educação  do  Brasil  defendendo  a  inclusão  como  política  social  e  educacional,  manteve  uma  Secretaria  de  Educação  Especial,  reafirmando,  a  permanência  dos  serviços educacionais relacionados a esta secretaria, que são antagônicos à política  da inclusão. Sobre este assunto, Carvalho (2003) ressalta que: 

 

De  pouco  adianta,  em  documentos  oficiais  mencionar,  as  necessidades  básicas  de  aprendizagem  de  criança,  jovens  e  adultos  [...]  se  continuamos  com  índices  assustadores  de  fracasso  escolar  e  mantemos,  no  discurso,  proposta  para  a  melhoria da qualidade do sistema de ensino­aprendizagem dos  nossos alunos (CARVALHO, 2003, p.13). 

 

A inclusão deveria ser vista como um conjunto de medidas que o sistema de  ensino,  de  maneira  interdisciplinar,  deveria  adotar  para  efetivar  a  proposta.  Mas,  percebe­se que a inclusão ainda é vista como uma responsabilidade “setorializada”

da Educação Especial.   

Na década de 90 com a Conferência Mundial de Educação para Todos, tem  início a proposta de enfrentar o desafio das diversidades, considerando cada indivíduo  como  sujeito  de  direito,  visando  democratizar  o  ensino  e  minimizar  o  processo  de  exclusão.  

Tal  ato  se  confirma  na  Declaração  de  Salamanca  (1994)  que  propõe  aos  países  signatários  uma  educação  voltada  para  pessoas  com  necessidades  educacionais  especiais,  destacando  a  igualdade  de  direitos  e  oportunidades  educacionais para todos. 

Conforme  Aranha  (2004),  tais  transformações  levam  à  configuração  do  Paradigma do Suporte que pressupõe que a sociedade viabilize o acesso de todos os  cidadãos aos recursos oferecidos pela comunidade, respeitando a individualidade de  cada um, tornando­se a base para a inserção da ideia de inclusão.   

Conforme Sassaki (1997), ao longo da história, os Paradigmas adotados não  foram  fases  estanques  vivenciadas  separadamente. Tais  Paradigmas  sempre 

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coexistiram e, ainda são percebidos como modelos excludentes e segregadores, até  mesmo na atualidade.  

A mudança do modelo de integração para a inclusão necessita de mudança  de  comportamento  de  todo  estado  social,  a  fim  de  se  mobilizar  para  atender  as  necessidades particulares de cada um e não esperar que o indivíduo se molde aos  modelos  adotados  pela  sociedade.  Com  relação  a  esta  trajetória,  Fonseca  (1995)  destaca 

 

A  escola terá  de  adaptar­se  a todas  as  crianças,  ou  melhor,  à  variedade  humana.  Como  instituição  social,  não  poderá  continuar a agir no sentido inverso, rejeitando, escorraçando ou  segregando “aqueles que não aprendem como os outros”, sob pena de negar a si própria (FONSECA,1995, P.202).  

 

Pesquisadores  concordam  que  tem  que  haver  mudanças,  arquitetônicas,  atitudinais,  e  legislativas  a  fim  de  se  ter  uma  sociedade  inclusivista,  mas  divergem  quanto aos modelos que devem ser adotados para viabilizar o acesso da pessoa com  deficiência aos seus direitos. 

Carvalho (2003) destaca que a atualidade da educação especial está posta  no tripé “Integração, inclusão e qualidade de vida”, e que esta deve ser apoiada pelos  Governos  Estaduais, Municipais  e  Federal suprindo  as  necessidades educacionais,  respondendo  às  diversidades  e  admitindo  o  modelo  de  integração  como  parte  complementar à inclusão.  

Conforme  Mendes  (2006)  é  evidente  o  alto  custo  das  classes  e  escolas  especiais para o Estado. Mas, providenciar a inserção (garantia da matrícula e suporte  técnico  necessário)  da  pessoa  com  deficiência  na  rede  regular  de  ensino  é  uma  condição  obrigatória,  urgente  e  de  responsabilidade  do  Estado.  E,  também,  responsabilidade  dos  pais,  responsáveis  e  das  instituições  assegurarem  sua  permanência na escola.  

Caso isto não se cumpra, os envolvidos estão sujeitos às penas previstas no  artigo  246  do  código  penal  por  se  tratar  de  crime  caracterizado  por  abandono  intelectual. Se uma instituição recusa a matrícula de uma criança com deficiência esta  vai de encontro com o art. 8° da lei 7.853/89 que caracteriza crime (BRASIL, 2004).  

No século XX, como podemos ver em Aranha (1995), multiplicou­se as visões  a  respeito  do  deficiente,  prevalecendo  vários  modelos  explicativos:  o  médico,  o 

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metafísico,  o  educacional,  o  da  determinação  social  e,  mais  recentemente,  o  socioconstrutivista ou sóciohistórico. 

A inclusão visa à integração, o direito da pessoa com deficiência à igualdade  de  acesso  ao  espaço  comum  da  vida  em  sociedade  (Aranha,  2001).  Mas,  no  Paradigma  de  Serviços,  que  busca  a  integração,  pressupõe­se  o  investimento  principal na promoção de mudanças no indivíduo, na direção de sua normalização.  

No Paradigma de Suportes, focado na inclusão, busca­se intervir no processo  de  desenvolvimento  do  indivíduo  e  no  processo  de  reajuste  da  realidade  social,  através  de  suportes  físicos,  psicológicos,  sociais  e  instrumentais,  a  fim  de  que  a  pessoa com deficiência possa adquirir condições de acesso ao espaço comum da vida  na sociedade.  

De acordo com Barros (2005), o Ministério da Educação vive os dilemas de  não poder cumprir os preceitos da inclusão. Por um lado está preso à dívida contraída  com  as  entidades  filantrópicas  de  atenção  aos  deficientes,  quando  estas  fizeram  o  papel  que  era  do  Estado  na  Educação  Especial,  permitindo  e  favorecendo  a  perpetuação  dessa  modalidade  de  assistência.  Por  outro,  a  obrigação  de  defender  uma política de universalização do ensino, visa escola regular para todos, negando  de certa maneira a Educação Especial.  

Nos  discursos  oficiais  fala­se  em  inclusão  de  todas  as  crianças,  mas,  na  prática, reconhece­se a impossibilidade da inclusão irrestrita de todo o tipo de criança  com deficiência. No contexto atual brasileiro, além da Constituição Federal do Brasil,  outras  leis  garantem  os  direitos  de  crianças  e  adolescentes  com  deficiência.  A  Convenção dos Direitos da Criança (CDC), a Lei nº 7.853/89, o Estatuto da Criança e  do Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) são  algumas delas.  

Percebe­se  que  com  o  desenvolvimento  da  sociedade,  a  luta  pela  inclusão  social  e  diversidade  cresceu  e  se  fortaleceu  em  todo  o  mundo.  Acarretando  em  diversos  encontros  internacionais  sobre  o  tema.  Um  dos  eventos  marcantes  que  ocorreu  foi  a  Conferência  Mundial  de  Educação  para  Todos,  ocorrido  em  1990,  na  Tailândia;  Conferencia  de  Salamanca,  em  1994,  na  Espanha,  que  resultou  na  Declaração  de  Salamanca,  diretriz  com  artigos  com  eixo  principal  na  conquista  da  cidadania  integral,  inclusão  das  pessoas  com  necessidades  especiais  no  ensino  comum e sua participação social plena.  

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A legislação brasileira oferece garantias de direito à educação na rede regular  de  ensino  e  o  sistema  educacional  está  gradualmente  mudando  sua  política  em  acolher  estes  alunos  com  deficiência  nas  escolas  públicas  e  privadas.  Mas,  é  perceptível que o momento ainda é de transição.  

Esta atenção é mais efetiva na área da educação, mas é um desafio para a  organização  dos  serviços  públicos  de  saúde,  que  ainda  possui  reduzida  oferta  de  serviços,  difícil  acesso,  baixa  cobertura,  descontinuidade  de  atendimento,  dentre  outros. A mesma demanda muitos cuidados. 

   

3.2 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 

É possível ter uma vida normal mesmo tendo algum tipo de deficiência, sendo  ela motora, visual, auditiva e até mesmo intelectual. Carvalho (2003) define “portador de necessidades educacionais especiais”,  os  indivíduos  com  deficiências  reais  e  aqueles com dificuldades de aprendizagem, sendo que o não reconhecimento destas  dificuldades  configura­se  em  uma  forma  de  exclusão  tornando­os  deficientes  circunstanciais. 

Assim,  constata­se  que  a  deficiência  intelectual  não  é  uma  doença  propriamente dita, não é contagiosa, não se espera uma cura, nem pode causar algum  prejuízo para quem convive com um deficiente. Mas, a humanização de cada cidadão  é  de  suma  importância  em  todas  as  políticas:  educação,  saúde,  assistência,  entre  muitos outros que cooperam com a família no enfrentamento da deficiência. 

A  Associação  Americana  de  Deficiência  Mental  (AAMR)  e  o  Manual  Diagnóstico  e  Estatístico  de  Transtornos  Mentais  (DSM­IV)  destacam  que  a  Deficiência Intelectual ou Deficiência Mental (DM – como não é mais chamada) é o  estado de redução notável do funcionamento intelectual, significativamente abaixo da  média, oriundo no período de desenvolvimento.  

Está associado a limitações de pelo menos dois aspectos do funcionamento  adaptativo  ou  da  capacidade  do  indivíduo  em  responder  adequadamente  às  demandas  da  sociedade  em  comunicação,  cuidados  pessoais,  competências  domésticas,  habilidades  sociais,  utilização  dos  recursos  comunitários,  autonomia,  saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. 

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O Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais ou Manual  Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais é um manual para profissionais da  área da saúde mental que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios  para  diagnosticá­los,  de  acordo  com  a Associação  Americana  de  Psiquiatria (American  Psychiatric  Association ­  APA).  Usado  por  clínicos,  pesquisadores, companhias de seguro, indústria farmacêutica e parlamentos políticos  em todo o mundo. 

Há  cinco  revisões  para  o  DSM  desde  sua  primeira  publicação  em  1952.  A  maior revisão foi a DSM­IV, publicada em 1994. O DSM­V foi publicado em 18 de maio  de 2013 e é a versão atual do manual. A seção de desordens mentais da Classificação  Estatística  Internacional  de  Doenças  e  Problemas  Relacionados  com  a  Saúde 

­ CID também  é  outro  guia  comumente  usado,  especialmente  fora  dos  Estados  Unidos.  Mas,  para  pesquisa  em  saúde  mental,  o  DSM  continua  sendo  a  maior  referência da atualidade. 

Atualmente,  a  medicina  evoluiu  com  relação  ao  diagnóstico  precoce  de  algumas  doenças  mentais.  No  pré­natal  já  pode  ser  diagnosticado  se  há  alguma  alteração genética no desenvolvimento da criança, preparando, assim a família. Esta  criança deve ser inserida na sociedade como qualquer outra. Mas, há necessidade de  atendimentos que propiciem condições e liberdade para que o aluno com deficiência  intelectual, possa construir a sua inteligência, dentro dos seus recursos intelectuais  disponíveis, tornando­se capaz de produzir significado e conhecimento. 

O DSM­V aponta que a deficiência intelectual é um transtorno com início no  período  do  desenvolvimento  que  inclui  déficits  funcionais,  tanto  intelectuais  quanto  adaptativos,  nos  domínios  conceitual,  social  e  prático.  Sendo  que  os  três  critérios  devem ser preenchidos:  

A.  Déficits  em  funções  intelectuais  como  raciocínio,  solução  de  problemas,  planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem  pela  experiência,  confirmados  tanto  pela  avaliação  clínica  quanto  por  testes  de  inteligência padronizados e individualizados.  

B. Déficits em funções adaptativas que resultam em fracasso para atingir padrões de  desenvolvimento  e  socioculturais  em  relação  a  independência  pessoal  e  responsabilidade  social.  Sem  apoio  continuado,  os  déficits  de  adaptação  limitam  o  funcionamento em uma ou mais atividades diárias, como comunicação, participação 

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social e vida independente, e em múltiplos ambientes, como em casa, na escola, no  local de trabalho e na comunidade.  

C. Início dos déficits intelectuais e adaptativos durante o período do desenvolvimento.  

Em  Nota,  logo  abaixo  da  discriminação  o  DSM­V  especifica  que  o  termo  diagnóstico deficiência intelectual equivale ao diagnóstico da CID­11 de transtornos  do desenvolvimento intelectual. Mesmo o termo deficiência intelectual sendo utilizado  em  todo este  Manual,  os  dois  termos  são  empregados  no título  para  esclarecer  as  relações com outros sistemas de classificação.  

Deficiência intelectual é o termo de uso comum por médicos, educadores e  outros,  além  de  pelo  público  leigo  e  grupos  de  defesa  dos  direitos.  Especificam  a  gravidade  atual  como:  317  (F70)  Leve,  318.0  (F71)  Moderada,  318.1  (F72)  Grave,  318.2 (F73) Profunda.  

O  DSM­V  ainda  especifica  que  os  vários  níveis  de  gravidade  são  definidos  com  base  no  funcionamento  adaptativo,  e  não  em  escores  de  QI,  pois  é  o  funcionamento adaptativo que determina o nível de apoio necessário e, medidas de  QI são menos válidas na extremidade mais inferior da variação desse coeficiente. 

O DSM­V define o deficiente intelectual de acordo com o seu funcionamento  adaptativo que refere­se ao modo como um indivíduo lida com as tarefas cotidianas  nos  domínios:  conceitual  (habilidades  ligadas  à  linguagem,  leitura,  escrita,  matemática,  raciocínio,  conhecimento,  memória);  social  (habilidades  ligadas  à  consciência  das  experiências  das  experiências  alheias,  empatia,  habilidades  com  amizades, julgamento social e autorregulação) e prático (aprendizagem e autogestão  em  situações  da  vida,  como  cuidados  pessoais,  responsabilidades  profissionais,  controle do dinheiro, recreação, controle do próprio comportamento e organização em  tarefas escolares e profissionais). 

Pessoa com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual pode ter dificuldades  para controlar seus comportamentos e emoções, relacionamentos interpessoais e em  manter­se motivado no processo de aprendizagem.  Mas, essas dificuldades podem  ser superadas através da estimulação sistemática do desenvolvimento, adequações  em situações pessoais, escolares, profissionais e sociais, além de oportunidades de  inclusão social. 

 

[...]  Os  sujeitos  com  deficiência  mental  manifestam  apegos  de  modos variados, geralmente em formas mais infantis   que  as  correspondentes  à  sua  idade  cronológica.  Assim,  são  mais 

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dependentes em seu comportamento e em suas relações como  também em seus afetos, nos diversos aspectos da vida e de sua  conduta:  e  além  disso,  na  idade  adulta,  em  grau  superior  a  outras pessoas (FIERRO, 2004, P.199). 

 

As  características  diagnósticas  essenciais  da  deficiência  intelectual  são  déficits em capacidades mentais genéricas e prejuízo na função adaptativa diária na  comparação com indivíduos da mesma idade, gênero e aspectos socioculturais, tendo  início durante o período do desenvolvimento. 

Piaget (1985) descreveu quatro períodos que considerou fundamental sobre  o desenvolvimento mental: 

•  Sensório­motor (sensório­motriz): primeiro período do desenvolvimento. 

A  criança  utiliza  como  instrumentos  somente  as  percepções  e  os  movimentos corporais, não sendo capaz de produzir q representação ou  pensamento. É uma inteligência inteiramente prática. 

•  Pré­operatório: ocorre aproximadamente a partir dos 2 anos de vida da  criança  e  dura  até  aproximadamente  os  7  ou  8  anos.  Marcado  pela  formação da função simbólica ou semiótica. Já consegue representar os  objetos  ou  acontecimentos  não  perceptíveis,  pedindo­os  através  de  símbolos  ou  de  sinais  diferenciados:  jogo  simbólico,  imagem  mental,  imitação diferenciada, desenho e, principalmente, a linguagem. 

•  Operações  concretas:  inicia­se  aos  7  ou  8  anos  e  dura  até,  aproximadamente,  os  10  ou  11  anos  de  idade.  As  interiorizações,  coordenações  e  descentralizações  crescentes  vão  de  encontro a uma  forma  geral  de  equilíbrio,  constituindo  a  reversibilidade  operatória  (inversões e reciprocidades).  

•  Operações formais: ocorre a partir dos 11 ou 12 anos, sendo a última  das fases descritas por Piaget. O novo caráter de raciocínio incide sobre  os objetos e as realidades diretamente representáveis e, também, sobre  as hipóteses.  

De acordo com Fierro (2004), o déficit da pessoa com deficiência intelectual  parece  se  relacionar  com  dificuldades  de  generalização  e  transposição  de  conhecimentos de um momento para outro.  Desta forma, pode­se afirmar que uma  criança  com  deficiência  intelectual  terá  dificuldades  em  ultrapassar  a  fase  das  operações concretas descrita por Piaget (1985). 

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 De  acordo  com  o  DSM­V  a  deficiência  intelectual  inicia­se  no  período  do  desenvolvimento,  sendo  possível  identificar  os  atrasos  no  desenvolvimento  motor,  linguístico  e  social  nos  primeiros  dois  anos  de  vida  da  criança  que  apresenta  deficiência intelectual mais grave. Em níveis leves podem não ser identificados até a  idade  escolar,  quando  ficam  notáveis  as  dificuldades  de  aprendizagem  acadêmica. 

Porém,  

 

[...]  nos  primeiros  anos  escolares,  as  diferenças  de  desenvolvimento  das  crianças  com  deficiência  em relação  aos  seus  colegas  e  às  suas  necessidades  educativas  especiais  ainda não as afastam deles. As possíveis razões que, em níveis  superiores, podem aconselhar a forma um grupo à parte, sob a  forma de classe de apoio externa, não se aplicam á educação  infantil  ou  às  séries  iniciais.  Nesses  períodos,  muitas  crianças  com  deficiência  podem  manter­se  plenamente  integradas  à  classe  regular  durante  todo  ou  quase  todo  o  tempo  (FIERRO,  2004, P.213).  

 

Mundialmente,  há  uma  variação  muito  grande  em  relação  à  incidência  da  deficiência  intelectual. De acordo com Vasconcelos (2004, p.71) “[...] a taxa de prevalência tradicionalmente citada é de1% da população”.  Mas,  é  importante  ressaltar  que  a  detecção  das  causas  da  deficiência  intelectual  é  muitas  vezes  previnível e algumas podem ser tratadas, como a fenilcetonúria e o hipotireoidismo. 

Com  o  teste  do  pezinho  é  possível  detectar  precocemente  as  doenças  que  irão  interferir no desenvolvimento da criança.  

No  geral,  segundo  a  AAMR  (2006),  podem  ser  identificados  três  tipos  de  prevenção: 

•  Prevenção primária: visa ações para a prevenção da condição que resultaria  em  deficiência  intelectual:  a  gestante  não  usar  álcool  durante  a  gravidez  preveniria deficiência intelectual causada pela síndrome alcoólica fetal.  

•  Prevenção  secundária:  visa  ações  para  evitar  uma  condição  existente  de  resultar em deficiência intelectual. O manejo da dieta de um indivíduo nascido  com fenilcetonúria (FCU) preveniria a deficiência intelectual, apesar do sujeito  sempre ter a anormalidade genética associada. 

•  Prevenção terciária: visa ações para minimizar a gravidade de incapacidades  funcionais  associadas  à  etiologia  ou  prevenir  condições  secundárias  que  podem ser causadas pelo diagnóstico ou se desenvolverem posteriormente. A  cirurgia corretiva precoce para déficits cardíacos congênitos em pessoas com 

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Síndrome  de  Down  previne  deficiências  funcionais  posteriores.  Também  é  importante para adulto, que podem beneficiar­se de estratégias para prevenir  obesidade, diabete, doença cardíaca e osteoporose. 

 

Sendo assim, a prevenção como forma de apoio centra­se no entendimento  interativo ou ecológico do que é a deficiência intelectual e do que a causa (GORLA et  al,. 2011). Ou seja, conclui­se que o entendimento ecológico e a interação entre os  sujeitos  e  seus  ambientes  são  fatores  determinantes  para  a  deficiência  intelectual  durante a vida.  

Segundo o DSM­V algumas crianças com menos de cinco anos de idade que  atendem aos critérios de deficiência intelectual, têm déficits que satisfazem a critérios  de atraso global do desenvolvimento.  

Quando a deficiência intelectual se associa a uma síndrome genética, pode  haver  uma  aparência  física  característica  (como  na  síndrome  de  Down). Algumas  síndromes  têm  um  fenótipo  comportamental,  o  que  se  refere  a  comportamentos  específicos, característicos de transtorno genético específico. 

Quando adquiridas, o aparecimento pode  ser abrupto, após o aparecimento  de doenças como meningite, encefalite ou traumatismo encefálico durante o período  do  desenvolvimento.  Se  a  deficiência  intelectual  ocorre  por  perda  de  habilidades  cognitivas  previamente  adquiridas,  como  em  lesões  cerebrais  traumáticas,  pode  atribuír­se diagnóstico de deficiência intelectual ou o de um transtorno neurocognitivo.  

Mesmo a deficiência intelectual em geral não sendo progressiva, em algumas  doenças  genéticas  (como  a  síndrome  de  Rett)  há  períodos  de  piora  seguidos  de  estabilização,  e,  em  outras  (como  a  síndrome  de  San  Phillippo),  ocorre  piora  progressiva da função intelectual.  

Após a primeira infância, o transtorno costuma perdurar por toda a vida, sendo  que  os  níveis  de  gravidade  podem  mudar  ao  longo  do  tempo,  influenciado  por  condições médicas ou genéticas subjacentes e por condições comórbidas (como, por  exemplo, deficiências auditivas ou visuais, epilepsia).  

O funcionamento adaptativo na infância e na vida adulta pode melhorar com  Intervenções precoces e continuadas, até mesmo ocorrendo melhora significativa da  função  intelectual,  tornando  o  diagnóstico  de  deficiência  intelectual  não  mais  apropriado, em alguns casos. É prática comum ao avaliar bebês e crianças pequenas 

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postergar  o  diagnóstico  de  deficiência  intelectual  para  até  depois  de  ter  sido  proporcionado um curso apropriado de intervenção.  

O  nível  de  apoio  oferecido  em  crianças  mais  velhas  e  adultos  é  capaz  de  possibilitar a completa participação em todas as atividades do dia a dia e melhorar na  função adaptativa. Smith (2008) afirma que “a maneira como as pessoas são tratadas pode limitar sua independência e suas oportunidades” (SMITH 2008, p. 29). 

De  acordo  com  o  DSM­V  quando  ocorre  uma  melhora  nas  habilidades  de  adaptação, as avaliações diagnósticas devem determinar se é resultado da aquisição  de uma nova habilidade estável e generalizada (quando o diagnóstico de deficiência  intelectual pode não ser mais apropriado) ou contingência da presença de apoios e  intervenções ininterruptas (quando o diagnóstico de deficiência intelectual pode ainda  ser apropriado).  

O diagnóstico de deficiência intelectual baseia­se em avaliação clínica e em  testes padronizados das funções adaptativa e intelectual. O funcionamento intelectual,  normalmente  é  mensurado  através  de  testes  de  inteligência  administrados  individualmente, com validade psicométrica, abrangentes, e adequados do ponto de  vista psicométrico e cultural.  

De acordo com Vasconcelos (2004) é necessário cautela a respeito dos testes  neuropsicológicos. A interpretação dos resultados deve considerar o contexto étnico  e  cultural,  a  motivação,  o  nível  educacional,  a  cooperação  e  as  deficiências  associadas do paciente. Revisar os subitens, procurando discrepâncias significativas  é essencial, em alguns casos.  

Conforme o DSM­V sujeitos com deficiência intelectual apresentam escores  em torno de dois desvios­padrão ou mais abaixo da média populacional, sendo que  perfis  cognitivos  individuais  baseados  em  testes  neuropsicológicos  são  mais  úteis  para  o  entendimento  de  capacidades  intelectuais  do  que  apenas  o  escore  do  QI  (quoeficiente  intelectual).  Tais  testes  podem  identificar  pontos  fortes  e  fracos.  Uma  avaliação importante para o planejamento acadêmico e profissional.  

Escores  de  QI  são  aproximações  do  funcionamento  conceitual,  que  podem  ser insuficientes para a avaliação do raciocínio em situações reais e do domínio de  tarefas práticas do indivíduo. Uma pessoa com um escore de QI acima de 70 pode  apresentar  problemas  de  comportamento  adaptativo  tão  grave  no  juízo  social,  no  entendimento social e em outras áreas da função adaptativa que seu funcionamento  real é comparável ao de pessoas com um escore de QI mais baixo.  

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Desta  forma,  o  julgamento  clínico  é  necessário  para  a  interpretação  dos  resultados dos testes de QI. Medidas padronizadas são empregadas com informantes  (com  os  pais/membros  da  família,  professor,  conselheiro,  provedor  de  cuidados)  e  com o indivíduo, na medida do possível.  

Também  inclui­se  como  fontes  de  informação  avaliações  educacionais,  desenvolvimentais,  médicas  e  de  saúde  mental.  A  deficiência  intelectual  é  uma  condição heterogênea com múltiplas causas: dificuldades associadas ao juízo social; 

à  avaliação  de  riscos;  ao  autocontrole  do  comportamento,  emoções  ou  relações  interpessoais; ou à motivação na escola ou nos ambientes de trabalho.  

“É certo que trocas deficitárias entre o sujeito e o meio, desde os primeiros  tempos  de  vida,  retardam  e  mesmo  impossibilitam  os  deficientes  de  atingirem  as  formas mais complexas de pensamento” (MANTOAN, 1992, p. 108). Porém, devemos  propiciar todas as condições para que desenvolvam plenamente suas habilidades e  competências. 

A  falta  de  habilidades  de  comunicação  pode  levar  a  comportamentos  disruptivos  ou  agressivos.  Em  situações  sociais,  a  credulidade  costuma  ser  uma  característica, envolvendo ingenuidade com tendência a ser facilmente conduzido e  explorado pelas outras pessoas, que podem resultar em possível vitimização, fraude,  envolvimento  criminal  não  intencional,  falsas  confissões  e  risco  de  abuso  físico  e  sexual.  

Segundo o DSM­V, indivíduos com diagnóstico de deficiência intelectual, com  transtornos mentais comórbidos apresentam risco de suicídio. Pensam em suicídio,  fazem  tentativas  suicidas,  podendo  morrer  em  decorrência  delas.  É  essencial  a  investigação  de  pensamentos  suicidas  no  processo  de  avaliação.  Pela  falta  de  consciência de riscos e perigos, taxas de lesões acidentais podem ser elevadas.  

A deficiência intelectual ocorre em todas as raças e culturas. Sensibilidade e  conhecimento  cultural  são  necessários  durante  a  avaliação,  considerando  antecedentes  étnicos,  culturais e  linguísticos  individuais, experiências  disponíveis  e  funcionamento adaptativo na comunidade e no cenário cultural individual do indivíduo.  

Pessoas do sexo masculino, em geral, têm mais propensão do que os do sexo  feminino  para  receber  diagnóstico  de  formas  moderadas  (razão  média  masculino/feminino  1,6:1)  e  graves  (razão  média  masculino/feminino  1,2:1)  de  deficiência intelectual. 

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Uma avaliação abrangente deve incluir avaliação da capacidade intelectual e  do funcionamento adaptativo; identificação de etiologias genéticas e não genéticas; 

avaliação da existência ou não de condições médicas associadas (exemplo, paralisia  cerebral,  epilepsia),  e  avaliação  de  transtornos  mentais,  emocionais  e  comportamentais comórbidos. 

Conforme  Vasconcelos  (2004)  e  DSM­V,  na  avaliação  os  componentes  podem incluir história médica pré­natal e perinatal, genograma familiar incluindo três  gerações, exames físicos, avaliação genética (cariótipo ou análise cromossômica por  microarray e testes para detecção de síndromes genéticas específicas).  

A  deficiência  intelectual  é  definida  como  um  transtorno  do  neurodesenvolvimento,  sendo  diferente  dos  transtornos  neurocognitivos,  que  caracterizam­se pela perda do funcionamento cognitivo.  

Os transtornos da comunicação e transtorno específico da aprendizagem são  transtornos do neurodesenvolvimento, específicos do domínio da comunicação e da  aprendizagem.  Não exibe déficits no comportamento intelectual e adaptativo e podem  ser  comórbidos  com  deficiência  intelectual.  É  comum  a  deficiência  intelectual  entre  pessoas com transtorno do espectro autista.  

A ocorrência concomitante de condições mentais, do neurodesenvolvimento,  médicas e físicas (comorbidade) é frequente na deficiência intelectual, com taxas de  algumas condições (transtornos mentais, paralisia cerebral e epilepsia) 3 a 4 vezes  mais  altas  que  na  população  em  geral.  O  resultado  de  diagnósticos  comórbidos  podem sofrer influência da presença da deficiência intelectual.  

Os transtornos mentais e do neurodesenvolvimento comórbidos mais comuns  são: déficit de atenção/hiperatividade, transtornos depressivo e bipolar, transtornos de  ansiedade,  transtorno  do  espectro  autista,  transtorno  do  movimento  estereotipado  (com  ou  sem  comportamento  autolesivo),  transtornos  do  controle  de  impulsos  e  transtorno neurocognitivo maior. 

Informações  de  familiares  e  demais  envolvidos  são  essenciais  para  a  identificação de sintomas como irritabilidade, desregulação do humor, agressividade,  problemas alimentares e problemas do sono, bem como para a avaliação da função  adaptativa em locais variados na comunidade.  

 

[...]  algumas  questões  relativas  à  função  estruturante  que  a  escola e a família precisam exercer com essa criança, ou seja,  na constatação de uma necessidade educacional especial de um 

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sujeito, em função de uma deficiência intelectual, a família e a  escola precisam oferecer subsídios e oportunidades sociais para  que  ela  se  desenvolva,  a  partir  de  valores  como  respeito,  aceitação e admiração. Durante muito tempo, as crianças com  deficiência,  as  que  frequentavam  a  escola,  deveriam  ser  educadas  em  salas  separadas,  pois  as  crianças  consideradas  normais precisavam aproveitar melhor das instruções que lhes  eram proporcionadas (PEREIRA, 2012, P.3). 

 

Não há cura disponível para a maioria das causas de deficiência intelectual. 

No  entanto,  a  definição  da  causa  ajuda a  família  a  compreender o  prognóstico e  a  estimar  o  risco  de  recorrência.  Vasconcelos  (2004)  ressalta  que  o  fato  de  uma  determinada etiologia da DI não ter cura não impede os profissionais de desenvolver  um  ótimo  trabalho,  promovendo  o  bem­estar  e  a  qualidade  de  vida  das  crianças  acometidas, disponibilizando e indicando programas de estimulação precoce, tratando  os  distúrbios  associados  e  atuando  como  defensor  dos  direitos  dos  pacientes  na  comunidade. 

   

3.3 A ESCOLA DA ATUALIDADE E A CRIANÇA COM DÉFICIT INTELECTUAL  É  notório  o  aumento  no  número  de  alunos  com  deficiência  intelectual  matriculados nas escolas de ensino regular. Por muito tempo as próprias crianças e  adolescentes  com deficiência  intelectual foram culpadas por seu “fracasso escolar”.  

Mas, atualmente, a compreensão da deficiência com base na perspectiva médica e  em aspectos clínicos concluiu que, a deficiência não está no sujeito, mas na relação  entre seus impedimentos de longo prazo e as barreiras  existentes no ambiente em  que vive.  

   

3.3.1 Como se pensa na escola contemporânea sobre o déficit intelectual 

Atualmente, as matriculas de alunos com deficiência intelectual nas escolas  de  ensino  regular  teve  um  aumento  significativo.  Historicamente,  as políticas  e  práticas  de  educação  pautadas  nos  paradigmas  da  segregação  e  da  integração,  responsabilizavam as próprias crianças e adolescentes com deficiência intelectual por  seu “fracasso escolar” e a exclusão se dava com base no diagnóstico.  

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