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QUAL A NATUREZA DAS PENAS E GOZOS APÓS A MORTE DO CORPO FÍSICO? COMO AS DIFERENTES DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS ENTENDEM A VIDA APÓS A MORTE DO CORPO?

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QUAL A NATUREZA DAS PENAS E GOZOS APÓS A MORTE DO CORPO FÍSICO?

COMO AS DIFERENTES DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS ENTENDEM A VIDA APÓS A MORTE DO CORPO?

Cosme Massi

Seminário "A Vida Futura"

25 de fev. de 2014

https://www.youtube.com/watch?v=tWBoTwhL2PE

Pergunta:

Qual a natureza das penas e gozos após a morte do corpo físico? Como as diferentes doutrinas espiritualistas entendem a vida após a morte do corpo?

Resposta:

Há entre todas as correntes espiritualistas um ponto em comum. Todas admitem a felicidade ou a infelicidade da alma após a morte: a alma será feliz ou infeliz após a morte, em outras palavras, sofrerá penas ou desfrutará de gozos no futuro.

Mas há enormes divergências entre as diversas correntes espiritualistas quanto a dois pontos fundamentais: a natureza das penas e gozos e as condições que as determinam.

Natureza das penas e dos gozos – que tipo de alegria ou de sofrimentos, qual a sua natureza? De que tipo é o sofrimento? A alma sofre dores físicas, morais, emocionais, psicológicas? Esse é um ponto fundamental das divergências entre as diversas correntes espiritualistas, como veremos à frente.

As condições determinantes das penas ou gozos – esse é o segundo ponto que gera divergências entre as correntes espiritualistas. O que determina se o Espírito sofrerá após a morte do corpo ou se será feliz? Que ações e pensamentos o homem teve que o levarão à infelicidade, e quais farão dele um Espírito feliz? Quais condições eu devo cumprir na Terra para ser feliz após a morte? Quais condições se eu cumprir me farão infeliz após a morte?

Espiritualismo

Diversas doutrinas ou religiões PONTOS COMUNS

• a felicidade ou infelicidade da alma após a morte ou as penas e gozos futuros

DIVERGÊNCIAS 1. natureza das penas e gozos

2. condições determinantes das penas e gozos www.nobilta.com.br

As diversas doutrinas espiritualistas apresentam divergências quando tentam explicar esses dois pontos, a natureza das penas e gozos e quais são as condições que determinam essas penas.

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Vejamos como as diversas concepções espiritualistas discutem a natureza das penas e dos gozos.

NATUREZA DAS PROVAS E GOZOS - DIVERGÊNCIAS

RELIGIÕES TRADICIONAIS DOUTRINA ESPÍRITA

Prazeres e tormentos físicos ou materiais

Prazeres e tormentos principalmente morais Eternidade das penas Sofrimento temporário, subordinado ao

melhoramento do culpado (progresso) Lugares específicos de

prazeres e dores (céu e inferno)

Por toda parte há uma felicidade relativa ao progresso alcançado

www.nobilta.com.br

Em geral as chamadas religiões tradicionais são espiritualistas. Lembrando que o espiritualismo nasceu em oposição ao materialismo. Para o materialista quem pensa, quem sente, é o corpo. Para o espiritualista é a alma.

O que pensam então as religiões espiritualistas a respeito da natureza das penas e gozos após a morte? Qual a natureza, do que é formado, o que constitui esse sofrimento ou essa alegria?

As religiões tradicionais têm alguns elementos chaves dessa natureza. Para elas a natureza dos sofrimentos, dos tormentos ou dos prazeres da alma são físicos. Há condições físicas de sofrimento ou de alegria por traz da dor ou da alegria do Espírito, como ocorre nas doutrinas espiritualistas que descrevem um céu e um inferno. Nas doutrinas que pregam o inferno o condenado sofre torturas físicas, sente dores físicas. A mesma coisa diz respeito às alegrias: ele tem certos prazeres materiais, há uma reprodução daquilo que é o prazer ou o sofrimento do corpo. Em resumo, as penas e gozos após a morte segundo as doutrinas espiritualistas tradicionais são de natureza física.

Na visão espírita encontramos uma primeira grande divergência em relação à natureza do sofrimento ou alegria que o Espírito sente após a morte. Para o Espírita todo alegria, toda tristeza da alma é principalmente de natureza moral. Não há um componente físico por trás dessa dor ou dessa alegria.

Para o espírita, a alma não tem um corpo parecido com o corpo físico. Embora o Espírito tenha uma estrutura que lhe permite interagir com a natureza, agir sobre o mundo, fazer a sua interação com outras almas, com outros Espíritos, essa estrutura não é similar ao nosso corpo físico. A alma tem um corpo fluídico chamado perispírito, a estrutura que mencionamos acima, e não existem nele células nervosas, nervos e cérebro que permitam a sensação de dor como as que tem o encarnado. O sofrimento é muito de natureza moral. A alma pode ter sofrimentos de natureza psicológica que refletem determinadas características do sofrimento físico, mas não são propriamente sofrimentos físicos. A alma não sente frio nem calor, não tem sua estrutura física, o perispírito, consumida por nenhuma doença, por nada material. Embora o perispírito lhe permita ter sensações e percepções do mundo, das coisas em sua volta, os Espíritos desencarnados não têm as sensações físicas de dor e sofrimento que o corpo físico causa no Espírito encarnado.

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Em O Livro dos Espíritos, item 257, no Ensaio Teórico das Sensações dos Espíritos, Kardec mostra que o Espírito tem percepções, tem sensações, mas não pelos mesmos mecanismos que nós temos. Eles não enxergam pelos olhos tal como nós enxergamos; embora na aparência ele possa mostrar-se com olhos, esses olhos não são funcionais, o Espírito não enxerga por eles, a sua percepção se dá em todo o seu ser. Então ele não pode ter um sofrimento físico em seus olhos, ele pode ter dificuldade de enxergar por dificuldade moral, psicológica, ele pode ter alguma limitação na sua percepção, mas essa não é uma limitação física, é uma limitação psicológica, dadas as suas condições morais; um Espírito muito evoluído pode ver a distâncias enormes, pode enxergar numa distância muito maior que o que pode um Espírito menos evoluído, mas isso não se dá por uma limitação física, não são olhos que limitam, isso se dá pela capacidade que tem um Espírito de ampliar as suas percepções a partir do seu progresso intelecto-moral.

Há diferenças fundamentais quanto a natureza das penas e gozos do Espírito após a morte para o espiritismo.

O Espírito vai ter angústia, dores morais, remorsos, tristeza; vai sentir muitas das nossas paixões como ciúme, inveja, raiva e ódio; tudo isso causa dores profundas na alma, mas que não vai ter reflexo em sua estrutura física, como ocorre com o corpo físico no mundo corporal. Se nós estamos, por exemplo, com algum distúrbio psicológico aqui na Terra, esse distúrbio costuma produzir doenças físicas, desarranjos em nosso corpo, quer dizer, o psicológico se reflete no físico e o físico no psicológico, quando estamos encarnados.

No caso do Espírito isso não acontece. O Espírito não vai sentir efeitos físicos em decorrência de sua situação moral. Então se ele estiver com tristeza isso não vai refletir em nenhum desarranjo na sua estrutura física a ponto de lhe causar dor. A sua dor é uma dor moral, psicológica, não é uma dor física. Embora os valores morais determinem a natureza do perispírito, sua maior ou menor sutiliza, isso não causa dor ou sofrimento, apenas limita as sensações e percepções.

Não se pode agredir um Espírito causando-lhe dor física, não é possível danificar seu corpo perispiritual, agir sobre ele tal como nós agimos sobre o corpo físico. A agressão será psicológica, ele poderá sentir-se agredido e incomodado com essa agressão, mas apenas moralmente.

Então as percepções, as sensações, as formas como interagimos com o Espírito após a morte é muito diferente da forma como nós interagimos com o corpo aqui na Terra.

Essas diferenças criam dificuldades para explicar o processo de sofrimento no mundo espiritual; não se pode raciocinar por analogia, ou seja, não se pode olhar para o ser que está no corpo e, após entender como se dão os fenômenos físicos ou biológicos, aplicar o mesmo entendimento para o Espírito. Essas analogias são indevidas, são erros grosseiros porque se pensa na alma após a morte analogamente ao que se pensa para o corpo.

Não se pode cometer o erro de achar que o perispírito é análogo ao corpo físico, que tem uma estrutura de órgão e de funções parecidas com a nossa. Essa não é a visão que Kardec defende; ele ensina que o Espírito tem percepções e sensações por mecanismos que nós desconhecemos, e que não podem ser explicados por analogias.

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Não se pode, fisicamente falando, prender um Espírito, ou açoitá-lo, ou colocá-lo em um lugar para que ele receba torturas físicas. As doutrinas espiritualista tradicionais cometem esse equívoco ao criar uma região, o inferno, onde o Espírito é colocado para sofrer eternamente. Afirmam que os Espíritos que lá chegam são colocados em uma fornalha e são submetidos às labaredas eternas que lhe causam a dor da queimadura, e o Espírito não morre nunca, fica sendo queimado, sem se consumir, por toda a eternidade!

Isso não é possível na visão espírita, não se pode aprisionar o Espírito em algum lugar, torturá-lo fisicamente; todo sofrimento do Espírito é moral, ele sente dores morais.

O Espírito devedor, na visão espírita, poder ser envolvido psicologicamente por outro Espírito, pode ser dominado psicologicamente por ele, e este Espírito pode leva-lo a criar para si imagens terríveis, pode fazer que ele tenha lembranças de momentos muito tristes em suas vidas, a ponto dele sofrer muito por aquelas memórias, por aquelas lembranças; o Espírito devedor pode se sentir prisioneiro desses Espíritos, psicologicamente falando, e estes o mantém prisioneiro no campo das ideias, do pensamento, mas nunca no plano físico;

não se pode aprisionar fisicamente um Espírito.

E Kardec chegou a essas conclusões fazendo experiências. Ele evocava Espíritos dos mais diversos níveis evolutivos, e isso pode ser visto no primeiro capítulo de “O Céu e o Inferno”;

em uma das evocações de suicidas, por exemplo, perguntou ao Espírito como ele vivia, como costumava perguntar aos evocados; o Espírito relatou que se via caindo em um precipício e se chocando com as pedras em seu fundo; via repetidamente o tempo todo, ele não conseguia deixar de se ver caindo e batendo nas pedras, pois ele se matara se jogando em um precipício, chocando-se com rochas lá embaixo; e agora ele se via caindo no precipício e se espatifando, o tempo todo. Não é que ele, Espírito, estivesse caindo o tempo inteiro, não é isso, o Espírito nem poderia cair, não existe gravidade para eles; ele estava em um lugar qualquer, isso não faz diferença, mas ele, ao se recordar, revia a cena: sempre estava caindo, a sensação da queda, toda a dor proveniente do impacto com as rochas.

Então Kardec vai conversando com ele, ajudando-o a sair daquele estado psicológico.

Esse Espírito em particular nos mostra um pouco da natureza do sofrimento, ele não estava preso em algum lugar, ele não estava submetido a uma região de tortura, tanto é que ele veio no processo de evocação, e não relatou ser prisioneiro de nenhuma região, ou de ninguém; ele era prisioneiro de si mesmo, do seu mundo mental.

Kardec ora por ele, evoca o seu Anjo Guardião, o seu Espírito Protetor, para que o ajudasse a sair daquele estado psicológico, que era o estado que ele mesmo criara para si ao cometer o suicídio pulando de um penhasco.

Kardec evoca vários Espíritos que morreram em acidentes, que foram assassinados, evoca criminosos, bandidos, pessoas de vários tipos de vidas, e de todas elas Kardec recebe relatos de sofrimentos morais, dos sofrimentos psicológicos. Jamais relatos de dores físicas.

Quando o Espírito relata algo parecido com dor física, encontra-se sempre o elemento psicológico por trás; aquele Espírito que se vê sendo corroído pelos vermes ao longo de seu processo pós morte, por exemplo: não é que ele, Espírito, tivesse sido corroído por vermes, já que o Espírito não tem um corpo que possa ser corroído; o perispírito não está sujeito a ações físicas. Mas ele tem a lembrança do estado de decomposição do corpo, que ele

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acompanhou por ainda se sentir preso aquele corpo. Então aquele estado de decomposição provoca nele aquele estado psicológico de dor e de sofrimento a ponto de ele julgar que os vermes o estão corroendo. Mas não existia mais vida no corpo físico que permitisse passar sensações ao perispírito e este ao Espírito. Então é um estado psicológico, e não algo físico dos vermes destruindo a sua estrutura perispiritual.

Há, como diz Kardec, elementos físicos nesse elemento psicológico, mas o sofrimento é moral, não é físico, no sentido que nós chamamos a um sofrimento no corpo biológico: um corte, uma agressão física, alguma coisa que esteja atuando sobre o sistema nervoso e produzindo uma dor localizada. Porque no corpo físico a dor é localizada, ele tem uma estrutura que pode ser identificada: perdeu um dedo, perdeu um braço, teve uma agressão em determinado órgão. No perispírito não é assim, a dor não está localizada em um lugar específico, ela é generalizada, como todas as sensações e percepções. Então, esse Espírito não tem um corpo com órgãos que lhe permitisse sentir dores físicas localizadas.

Há diferenças fundamentais entre as naturezas das dores físicas e morais, esse é um elemento muito importante!

Para o Espírito não há dores físicas, há apenas dores e sofrimentos morais.

Referências

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