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A CONSTRUÇÃO DE MADRASTA EM ENCANTADA

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Academic year: 2021

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A CONSTRUÇÃO DE MADRASTA EM ENCANTADA

Ana Carolina Simões Fruet Acadêmica da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC.

Introdução

Madrasta boa ou má? Qual a “verdadeira”? Uma “nova” mãe? A presente pesquisa procura compreender como essa personagem é representada em filmes infantis.

Quais significações e as posições de sujeito trazidas pela mídia nos discursos dos enredos destes? Aqui, possibilitamos uma análise de construções de identidades e desmistificações de padrões, com base teórica nos estudos culturais em paralelo com estudos feministas de gênero e os recursos midiáticos.

É relevante saber que o filme constitui-se em uma sociedade contemporânea, marcada por construções e posições de sujeito. Sendo postulado e representado pela mídia, a qual transmite padrões de condutas e comportamentos característicos da

“normalidade”, que são interpretados e internalizados pelos telespectadores a partir do enredo do filme.

O estudo desta temática torna-se importante, levando em consideração a abrangência da mídia no pensamento da sociedade contemporânea. As representações trazidas por esta, acabam por construir as percepções que apresentamos de identidade e de nossas próprias posições de sujeito no mundo. O interesse neste tema, parte também da escassez de estudos referente a estas representações sociais.

Percebe-se também, a importância deste estudo como contribuição científica, na perspectiva que traz aspectos de desmistificação de padrões, antes representados nos clássicos de filmes infantis, remetendo às controversas e mudança de paradigmas de

“madrasta boa” ou “má”. A sociedade contemporânea caracteriza-se por essa mudança de comportamentos, desmitificando a “normalidade” e os filmes tendem a acompanhar essas mudanças, trazendo os novos sentidos para seus cenários.

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A partir da presente pesquisa, possibilita-se uma compreensão da representação de madrasta no filme Encantada e, as suas repercussões em construções de identidades e posições de sujeito. Apresentando também, a desmistificação do padrão do que é ser madrasta e do que é ser mãe, todos esses elementos objetivam a análise que estrutura a pesquisa.

Identidade e Estudos Culturais

A cultura contemporânea tem papel constitutivo de todos os aspectos da vida social, assim, autores dos estudos culturais utilizam a expressão “centralidade da cultura” para demonstrar a sua incidência em cada recanto da vida social, sendo um elemento-chave na ligação entre ambiente doméstico e tendências mundiais. Em paralelo, com as complexas mudanças que estão ocorrendo ou rupturas, pode-se perceber que, as estruturas e os processos centrais estão sofrendo alterações que abalam seus quadros de referência (HALL, 2011, p.7).

Pode-se considerar, a centralidade da cultura na constituição da subjetividade, da própria identidade e da pessoa como ator social. Nessa perspectiva, a questão do sujeito passa a ser pensada através da cultura, dentro dela. Ou seja, as identidades sociais são um resultado de um processo de identificação que permite que os indivíduos posicionem-se no interior das definições que os discursos culturais fornecem ou que se subjetivem.

Segundo Hall (2011),

A questão da identidade tem sido debatida extensamente na teoria social.

Em essência, o argumento é que as velhas identidades que, por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno como sujeito unificado”

(HALL, 2011, p.7.).

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A questão de identidade em paralelo com as transformações culturais leva a pensar em uma “crise de identidade”, acarretando uma descentralização do sujeito e uma perda de um “sentido de self”. Hall (2011) traz diferentes definições de identidade, dentro delas, a do sujeito sociológico e sujeito pós-moderno.

A noção de sujeito sociológico refletia a crescente complexidade do mundo moderno e, a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era autônomo e autossuficiente, mas era formado na relação com “outras pessoas importantes para ele”, que mediavam para o sujeito, os valores, sentidos e símbolos – a cultura- dos mundos que os sujeitos habitavam (HALL, 2011, p.10,11.).

Nesta concepção sociológica, a identidade preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior” – entre o mundo pessoal e o mundo público. O fato de que projetamos a

“nós próprios” nessas identidades culturais, ao mesmo tempo que internalizamos seus significados e valores, tornando-os “parte de nós”, contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural (HALL, 2011, p.12).

Entretanto, são exatamente essas coisas que estão “mudando”. O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado, composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas (HALL, 2011, p.12).

Repercutindo na concepção de sujeito pós-moderno, conceptualizado por Hall (2011) como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. Assim, à medida que os sistemas de significado e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar - ao menos temporariamente.

As sociedades da modernidade tardia são caracterizadas pela “diferença”, elas são atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais que produzem uma variedade de diferentes “posições de sujeito” – isto é, identidades – para os indivíduos (HALL, 2011, p.17, 18).

Identidade e Representação

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Ao examinar sistemas de representação é necessário analisar a relação entre cultura e significado. Conforme Woodward (2012, p.17) só podemos compreender os significados envolvidos nesses sistemas se tivermos alguma ideia sobre quais posições de sujeito eles produzem e como nós, como sujeitos, podemos ser posicionados em seu interior.

A ênfase na representação e o papel chave da cultura na produção dos significados que permeiam todas as relações sociais levam, assim, a uma preocupação com a identificação (Nixon, 1997 apud Woodward, 2012, p.18). Sendo retomado este conceito, nos estudos culturais, mais especificamente na teoria do cinema, para explicar a forte ativação de desejos inconscientes relativamente a pessoas ou imagens, fazendo com que seja possível nos vermos na imagem ou na personagem apresentada na tela.

É relevante que, a identificação e as diferenças são marcadas por representações simbólicas e discursivas que dão significados a estas. A representação inclui as práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os significados são produzidos, posicionando-os como sujeito. É por meio dos significados produzidos pelas representações que damos sentido a nossa experiência e aquilo que somos (WOODWARD, 2012, 17,18).

Para os Estudos Culturais, as representações não espelham uma realidade, ou seja, a representação cultural é conceituada por Hall (1997) apud Kindel (2003) “como a forma de instituir significados através da linguagem. Assim, a representação não é a

“coisa” em si, nem um espelho dessa realidade, mas uma construção operada a partir de uma rede de significações instituídas e posta em circulação através das linguagens”.

A pesquisa

É relevante que, na perspectiva da cultura assumir um importante papel social na contemporaneidade, percebe-se que, uma forma de dispositivo midiático com representação de cultura própria e abrangência de diversas ressignificações perante a

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interpretação do seu público alvo advém dos filmes infantis, os quais transmitem novas construções de identidades e posições de sujeito.

Tem-se a relevância, o fato de que, as mídias constituem um lugar de referência importante na conformação das identidades; seus significados impregnam o cotidiano dos indivíduos e alimentam os seus sentidos. Assim, de acordo com Siqueira e Ribeiro (2006),

“O que se entende por “ser homem” ou “ser mulher” no sentido mais tradicional da expressão tem relação direta com o momento histórico e com os valores de uma dada sociedade. E na contemporaneidade esses padrões, ou lugares sociais, parecem estar mudando também impulsionados pela mídia”.

Para uma devida análise quanto à temática, realizou-se uma pesquisa qualitativa, a qual sugere o trabalho de campo como uma possibilidade de alcançar não apenas o que se pretende conhecer e estudar, mas também o de criar conhecimentos a partir da realidade (CRUZ NETO, 1994). Utilizou-se como material de análise um filme contemporâneo denominado "Encantada".

A partir de observações das cenas e do embasamento teórico nos Estudos Culturais. Conforme Guareschi, Medeiros e Bruschi (2003, p.23) este campo “não pretende ser tão rígido e fixo como uma disciplina, mas que se propõe a abrir as questões e não fechá-las”. Apresentando a “cultura” como tema central, sendo várias as significações que vêm sendo dadas a esse conceito, seja pela antropologia, pela sociologia, ou por outras áreas do conhecimento.

Os Estudos Culturais assumem uma perspectiva ampliada da cultura, direcionando o olhar para várias práticas culturais, que passam a ser tomadas como instâncias educativas que produzem ideias, representações e identidades culturais, sendo, desse modo, constitutivas dos sujeitos. Nesse sentido, os autores discutem sobre o termo “centralidade da cultura”, referindo a sua abrangência nos âmbitos sociais.

Em paralelo, como embasamento teórico apresenta-se também, os estudos feministas de gênero, acerca de questões de representação de estereótipos e concepções

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do sexo feminino, e os recursos midiáticos, na perspectiva de análise da desmistificação de padrões, antes representados nos clássicos dos filmes infantis, remetendo às controversas e mudança de paradigmas de “madrasta boa” ou “má”.

A análise do filme

Primeiramente, para prosseguir com a análise do filme, esboçarei um resumo do enredo deste, apresentando os aspectos primordiais para a análise. O filme “Encantada”

é um filme da Walt Disney, de gênero comédia romântica, onde o principal objetivo é o choque entre a fantasia e a realidade.

Iniciando com a abertura do livro “Encantada”, indicando ser um livro de conto de fadas, com a narração do tradicional “Era uma vez...”, induzindo a uma expectativa por algo fantasioso e lendário. A personagem central é a Princesa Gisele, em volta dela estão sempre os animais da floresta que conversam e cantam com ela, o Príncipe Edward, o esquilo, o mordomo da Rainha e a Rainha/bruxa Narissa.

O desenho inicia com imagens maravilhosas e doces da princesa cantando e falando com os animais, construindo um príncipe de madeira (o que lembra “Pinóquio”) sonhando com um beijo de amor. Mais tarde, Gisele encontra o príncipe de verdade se encontram e iniciam um romance. Porém, o príncipe é enteado da Rainha egoísta e ambiciosa que não quer perder seu trono; por isso, a Rainha planeja dar um fim na princesa. É a tradicional luta entre o bem e o mal e a retratação de madrasta como má, a Rainha invejosa, egoísta e rancorosa contra a doce, inocente e bondosa princesa.

A questão mágica é aparentemente trabalhada como em qualquer outro conto de fada, porém, o diferencial em “Encantada” é que essa magia é satirizada desde o início em forma de desenho até o decorrer, quando já passa para a forma de filme no cenário na cidade de Nova York, com traços de comicidade as personagens exageram nos trejeitos que estamos acostumados a ver nos contos tradicionais. E sem sair da linha dos contos de fadas, apresentam-se elementos alusivos a outros contos, como a carruagem da Cinderela e a maçã envenenada da Branca de Neve.

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Mas o mérito do filme é justamente quando este quebra as barreiras do imaginário transpondo as personagens para o mundo “real”, é onde podemos ter a percepção do mundo que vivemos, como diz à madrasta que empurra a princesa Gisele para cair em nosso mundo: “a mandei para um lugar onde não existe esse tal de “felizes para sempre”.

Neste mundo “real” que Gisele, por meio de suas aventuras, pode-se ter a percepção da inocência, do sonho e do fantástico. A princesa conhece e é acolhida por Robert, que em contraste, é um personagem advogado, racional, prático e realista, além de ser pai solteiro da pequena Morgan. Desse encontro nasce uma mistura mágica, a princesa traz a pureza e a fantasia de seu mundo para o advogado e o advogado mostra a racionalidade e a coerência dos sentimentos para a princesa, num mundo contemporâneo, cheio de mazelas, como resultado os dois se apaixonam, modificando o modo de ver a vida um do outro.

Nas cenas, em que Gisele encontra-se na convivência com Robert e Morgan, tem-se a representação da Gisele como madrasta boa para a pequena Morgan, a qual detinha de uma concepção tradicional de madrasta má. Mais detalhada essa intervenção de Gisele na cena em que, as duas saem para fazer compras, e Morgan diz:

-” então quer dizer que é assim fazer compras com a mãe da gente”? E Gisele relata que não sabe, pois nunca fez compras com a sua mãe, mas comenta para Morgan que logo ela terá uma nova mãe. Morgan faz uma expressão de insegurança e desconfiança: - “ela vai ser minha madrasta!”. Sendo apresentada a intervenção de Gisele nessa mudança de sentidos na representação tradicional quando esta diz: - “não é verdade o que dizem, eu já conheci muitas madrastas boas e realmente maravilhosas.

Edward tem uma madrasta eu nunca vi, mas ouvi dizer que é uma gracinha”.

Diante dessa cena, pode-se pensar a representação de estereótipos na fala de Morgan. Assim, perante os estudos de gênero, “embora os estereótipos não sejam regras ou normas, podem chegar a ter um efeito normativo sobre ideias e comportamentos. Ao serem fixos, os estereótipos limitam as possibilidades de desenvolvimento pessoal ou grupal” (STREY, 1997, p.86).

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O clímax do filme se dá no momento do baile, onde Gisele e Robert dançam e percebem que estão apaixonados um pelo outro. O baile é com trajes medievais, então Robert está vestido com uma roupa de príncipe, porém Gisele está em um vestido contemporâneo, linda, portanto, um identifica no outro, de forma mágica, o amor. De repente todo o romantismo é quebrado com a chegada da bruxa (rainha) que oferece a maçã envenenada para Gisele. Ao morder a maçã, Gisele desmaia e como no conto da Bela Adormecida ela precisa de um “beijo de amor verdadeiro” para acordar.

Quando o príncipe Edward a beija nada acontece, então todos percebem que o beijo verdadeiro virá de Robert, que a beija. Assim, ela acorda e os dois se beijam novamente dando todo o clima de romance no filme. Porém, esse clima é quebrado novamente pela fúria despertada na rainha que se transforma em um dragão, lembrando o conto da Bela Adormecida mais uma vez, ameaçando todos de morte.

A calmaria volta com o fim da rainha, e no salão do baile já vazio a ex mulher de Robert encontra o sapato deixado pela princesa (como acontece em “Cinderela”) e o príncipe Edward o coloca no pé de sua nova amada servindo perfeitamente, então, sem dúvida nenhuma os dois decidem se casar e viver no reino animado de Edward.

Já no mundo “real”, Gisele transforma a prática do dia a dia com seu jeito alegre, romântico e mágico, pois continua atraindo a ajuda dos animais e agora também das crianças, inclusive sua enteada, mudando totalmente a rotina de Robert trazendo a pureza e o lúdico, os sonhos e fantasias para sua vida. Sendo relevante para a análise, a construção de identidade da Gisele como mãe, através de seu papel social de madrasta.

Além de se pensar a construção social da identidade como mãe e quebra da concepção tradicional de madrasta, primeiramente, os estudos feministas trazem que, as noções de mulher e homem são produzidos, não existindo uma suposta essência feminina ou masculina. Não existe a verdadeira mulher, pois “verdadeira” e “mulher”

são conceitos que foram criados por um outro, e unicamente como aparência, como superfície, como produção, relações de poder e de hierarquia socialmente construídos (COLLING, 2004 ,p.24).

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Segundo Hall (2011) o sujeito assume identidade diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu coerente”. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas.

Assim, o termo “identidade” é conceituado por Hall (2012)

“Para significar o ponto de encontro, o ponto de sutura, entre, por um lado, os discursos e as práticas que tentam nos “interpelar”, nos falar ou nos convocar para que assumamos nossos lugares como os sujeitos sociais de discursos particulares e, por outro lado, os processos que produzem subjetividades, que nos constroem como sujeitos aos quais se pode “falar”. As identidades são, pois, pontos de apego temporário às posições de sujeito que as práticas discursivas constroem para nós” (HALL, 2012, p. 111,112).

Nessa perspectiva, podemos dizer que a construção de identidade está ligada ao mundo em que vivemos, e que igualmente está sempre em transformação. Sofremos influências internas e externas o tempo todo, mudamos, nos adequamos a esta pluralidade, e preenchemos nossos espaços recriando através de novas culturas.

Pensando na relação de que a mídia nos transmite discursos de múltiplas identidades, cabe a nós dentro do processo de identificação, escolher uma dentre as tantas existentes. Em decorrência das significativas mudanças que ocorrem na contemporaneidade desde estruturação de base familiar, os filmes acompanham essas mudanças e nos apresentam possibilidades perante o nosso contexto social.

No caso do filme, a Gisele tinha uma boa concepção de madrasta, transmitindo-a para a sua enteada, quebrando com a tradicional concepção. Além da construção da posição de mãe, por estar cuidando de Morgan, desfazendo questões somente biológicas do que é ser mãe.

Para finalizar a análise convém a concepção do Foucault apud Hall (2012, p.105) que, “o que nos falta, não é “uma teoria do sujeito cognoscente”, mas “uma teoria da prática discursiva”. O que este descentramento do sujeito exige é não um

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abandono ou abolição, mas uma reconceptualização do “sujeito”. É preciso pensá-lo em sua nova posição-deslocada ou descentrada- no interior do paradigma”.

Considerações Finais

Atualmente, podemos perceber que muitas foram as mudanças ocorridas. As preocupações contemporâneas transcenderam a questão da identidade nacional. Na sociedade pós-moderna, tem-se uma profusão de transformações, principalmente no campo das relações interpessoais, fazendo com que haja mudanças no comportamento dos sujeitos.

Como já mencionado, Hall traz diferentes concepções identitárias de sujeito ao longo das transformações da sociedade, apresentando por último, o sujeito pós- moderno. Inserido este, em um mundo fluído de constantes transformações, passando as concepções identitárias a serem definidas como múltiplas e instáveis, em constante construção e transformação. Remetendo ao pensamento de Bauman (2005, p.33) de que,

“no admirável mundo novo das oportunidades fugazes e das seguranças frágeis, as identidades ao estilo antigo, rígidas e inegociáveis, simplesmente não funcionam”.

Neste contexto, que os recursos midiáticos, referenciado aos filmes infantis na pesquisa, oferecem a marcante multiplicidade de identidades para seus telespectadores, além de rompimentos ao que rege a “normalidade” imposta pela sociedade, no que concerne às desmistificações de padrões.

A mídia na contemporaneidade é uma fonte poderosa e inesgotável de produção e reprodução de identidades, modelando a história do presente. Assim, em resposta as interrogações iniciais da pesquisa: Madrasta boa ou má? Qual a “verdadeira”? Uma

“nova” mãe?. Pode-se dizer que não há “falsas identidades”, pois não há uma verdadeira, todas são construções a partir dos discursos midiáticos.

Percebe-se a transmissão de produções que a mídia acarreta as pessoas quanto às noções de madrasta tanto no passado (filmes antigos) quanto no presente (filmes contemporâneos). A construção de identidade ocorre por uma desconstrução, no sentido

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de ampliar os horizontes para que a sociedade perceba que existe outra visão de madrasta além do padrão idealizado.

Assim, o filme apresentado traz a desmistificação de padrões e quebras de estereótipos quanto à concepção de madrasta “má”, na possibilidade de uma concepção

“boa” desta. Além de construções de identidades em virtude de desenvolvimento de papéis sociais, como por exemplo, a construção de identidade de mãe a partir de um papel social anterior de madrasta.

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

COLLING. Ana. A Construção Histórica do Feminino e do Masculino In: STREY, Marlene. CABEDA, Sonia. PREHN. Denise. (Orgs.). Gênero e Cultura: questões contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

CRUZ NETO, Otávio. O trabalho de campo como descoberta de criação. In: MINAYO, Maria Cecília (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.

GUARESCHI, Neuza M. de F; MEDEIROS, Patricia F. de; BRUSCHI, Michel E.

Psicologia Social e Estudos Culturais: rompendo fronteiras na produção do conhecimento. In: GUARESCHI, Neuza M. de F; BRUSCHI, Michel E. (Orgs.).

Psicologia Social nos Estudos Culturais: perspectivas e desafios para uma nova psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 23-49.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.

KINDEL, Eunice. A natureza no desenho animado ensinando sobre homem, mulher, raça, etnia e outras coisas mais. Lume Repositório Digital UFRGS, Porto Alegre, Jun. 2003. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2504/000370803.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2015.

RIBEIRO, Cláudia. SIQUEIRA, Vera. O novo homem na mídia: ressignificações por homens docentes. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, Nov. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ref/v15n1/a13v15n1.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2015.

STREY (org.). Mulher, estudos de gênero. São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1997.

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WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual.

In: SILVA, Tomaz (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais.

11. ed. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 7-68.

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