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Pier para a reintegração do pescador com o mar

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Academic year: 2021

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CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CATARINNE LIMA OLIVEIRA

PIER PARA A REINTEGRAÇÃO DO PESCADOR COM O MAR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2018

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CATARINNE LIMA OLIVEIRA

PIER PARA A REINTEGRAÇÃO DO PESCADOR COM O MAR

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Arquitetura e Urbanismo - DEAAU - da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR.

Orientador: Irã Taborda Dudeque

CURITIBA 2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

PIER PARA A REINTEGRAÇÃO DO PESCADOR COM O MAR Por

CATARINNE LIMA OLIVEIRA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 11 de Junho de 2018 como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

A candidata foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. André Turbay PUC - PR

Prof. Isuru Yamamoto UTFPR

Profa. Paulo Rollando Lima UTFPR

Prof. Irã Dudeque (orientador) UTFPR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família que me apoiou ao longo de toda essa jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, que estiveram sempre ao meu lado em todos os momentos da minha vida, me apoiaram na decisão de sair de casa para estudar e me deram todo o apoio necessário para que eu concluísse essa etapa.

Agradeço também ao meu irmão Ernesto que sempre foi um exemplo para mim e a minha maior inspiração para seguir a vida acadêmica.

À minha tia Helena que sempre esteve do meu lado e me apoiou nas minhas decisões e me acompanhou na pesquisa de campo para este trabalho

Ao professor orientador Irã Taborda Dudeque, que me deu apoio para a conclusão dessa monografia.

A todos os professores que contribuíram a minha formação profissional. Em especial, eu agradeço aos professores Cíntia Nogueira que me serviu de inspiração e mesmo sem saber, me motivaram a não desistir do curso nos momentos mais difíceis desse trajeto.

Aos amigos que caminharam ao meu lado durante o meu trajeto acadêmico e aos que me deram força para seguir em frente nos momentos de desânimo.

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“Ah, pescador, que milagre maior que a tua pescaria! Quando lanças tua rede lanças teu coração com ela pescador! Teu anzol é brinco irresistível para o peixinho Teu arpão é mastro firme no casco do pescado, pescador!“

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RESUMO

OLIVEIRA, Catarinne L. Pier para a população pesqueira da Massaramduba . 2017. 82 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba. 2016.

Essa monografia é o resultado do estudo da relação dos pescadores artesanais com o ambiente em que vivem, bem como a representatividade da pesca na economia da Bahia e do Brasil, para então compreender a importância da preservação da comunidade de pescadores da Baixa do Petróleo, no bairro da Massaranduba, em Salvador, Bahia. Essa comunidade, originalmente construída sobre palafitas, em 2015 sofreu um incêndio e mais de 50 famílias ficaram sem moradias e foram removidas do local, o que dificultou seu acesso ao mar. Esse trabalho tem como o objetivo preservar a cultura e as tradições dos pescadores através de uma proposta de projeto arquitetônico que traga uma estrutura salubre para a atividade em suas diversas áreas de atuação

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ABSTRACT

OLIVEIRA, Catarinne L. Pier as a reinstatement between the fishermen and the sea. 2017. 82 f. Undergraduate Degree Final Project (Architecture and Urban Planning

Undergraduate Program). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba. 2017.

This monograph is the result of the study of the relationship between fishermen and the environment in which they live, as well as the representativeness of fishing on the economy of Bahia and Brazil, and to understand the importance of preserving the fishermen community of Baixa do Petróleo, Massaranduba, in Salvador, Bahia. This community, originally built on stilts, had a fire incident in 2015, and more than 50 families were left without homes and had to be removed from the area, which made it difficult for them to access the sea. This work aims to preserve the culture and traditions of fishermen through an architectural design that brings a health and safe structure to the activity in its multiple areas of work.

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LISTA DE IMAGENS

IMAGEM 1 – ESQUEMA DE SUBDIVISÃO DA PESCA ... 19

IMAGEM 2 - MARISQUEIRA FAZENDO EXTRAÇÃO MANUAL ... 22

IMAGEM 3 - FALHAS QUE DIVIDEM A CIDADE BAIXA DA CIDADE ALTA ... 25

IMAGEM 4 - MAPEAMENTO DOS NÍVEIS DO RELEVO DE SALVADOR ... 26

IMAGEM 5 - TIPOLOGIA SOCIOESPACIAL DA RENDA - SALVADOR – 1991 ... 28

IMAGEM 6 - TIPOLOGIA SOCIOESPACIAL DA RENDA - SALVADOR - 2000 ... 29

IMAGEM 7 - MAPA DA BAHIA COM DESTAQUE EM SALVADOR ... 30

IMAGEM 8 - MAPA DE SALVADOR, COM DESTAQUE NA PENÍNSULA DE ITAPAJIPE ... 30

IMAGEM 9 - MAPA DA PENÍNSULA DE ITAPAJPE, COM DESTAQUE NO BAIRRO MASSARANDUBA ... 31

IMAGEM 10 - PALAFITAS EM ITAPAJIPE ... 32

IMAGEM 11 - MAPA DOS AGLOMERADOS SUBNORMAIS COM DESTAQUE PARA A BAIXA DO PETRÓLEO ... 33

IMAGEM 12 - MAPA DOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ DE SALVADOR ... 34

IMAGEM 13 MAPEAMENTO DOS ATRATIVOS DE LAZER E TURISMO DA PENÍNSULA DE ITAPAJIPE ... 35

IMAGEM 14 - LIXO ACUMULADO NA COSTA DA MASSARANDUBA EM 2013 .... 37

IMAGEM 15 - AÇÃO DA LIMPURB EM 2013 ... 38

IMAGEM 16 - RESQUÍCIO DAS PALAFITAS E BOMBEIRO EM AÇÃO DURANTE O INCENDIO DE 2015 ... 39

IMAGEM 17 - PIER DEPES E MARES, CONSTRUIDO PELA COMUNIDADE ... 41

IMAGEM 18 - VISTA DO FINAL DO PIER DEPES E MARES ... 41

IMAGEM 19 - PIER PRIVADO CONSTRUIDO COM ENTULHO DA REGIÃO ... 42

IMAGEM 20 - BARCOS SOLTOS NA ENSEADA ... 42

IMAGEM 21 - ESQUEMA DA DIVISÃO DO ESPAÇO DENTRO DA ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES ... 43

IMAGEM 22 - IMAGEM DA SALA DE REUNIÃO, COM BANHEIRO AO FUNDO .... 44

IMAGEM 23 - FOTO EXTERNA DA ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES ... 44

IMAGEM 24 - FOTO EXTERNA DA ÁREA DE PESAGEM, REFEITÓRIO E ARMAZENAMENTO ... 45

IMAGEM 25 - ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES VISTA DO PÍER DEPES E MARIS ... 45

IMAGEM 26 - DIAGRAMA DO PERCURSO DO PESCADO, ATUAL E PROPOSTO ... 48

IMAGEM 27 - MAPA SÌNTESE ... 49

IMAGEM 28 - CLASSIFICAÇÃO VIÁRIA ... 50

IMAGEM 29 - DETALHE DO ACESSO AO TERRENO ... 50

IMAGEM 30 - RUA DO TUBARÃO ... 51

IMAGEM 31 - RECORTE DO MAPA DE ZONEAMENTO DE SALVADOR ... 51

IMAGEM 32 - RECORTE DO MAPA DE GABARITOS DE SALVADOR ... 52

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IMAGEM 34 - ORGANIZAÇÃO DO TÉRREO DO CLUBE DE CAIAQUE ... 54

IMAGEM 35 - ORGANIZAÇÃO DO TERRAÇO DO CLUBE DE CAIAQUE ... 55

IMAGEM 36 - CORTE TRANSVERSAL DO CLUBE DE CAIAQUE ... 55

IMAGEM 37 - ELEVAÇÃO ... 56

IMAGEM 38 - ANÁLISE ESTRUTURAL ... 57

IMAGEM 39 - DETALHE DA ESTRUTURA DO CLUBE DE CAIAQUE ... 57

IMAGEM 40 - INTERAÇÃO DO PROJETO COM A ÁGUA ... 58

IMAGEM 41 - VISTA DO PÁTIO INTERNO ... 58

IMAGEM 42 - INTERAÇÃO DO REFEITÓRIO COM O AMBIENTE EXTERNO ... 59

IMAGEM 43 - IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ENSALADA DE FRUTAS ... 60

IMAGEM 44 - PERSPECTIVA DO PORTO DE MERCADORIAS ... 61

IMAGEM 45 - PERSPECTIVA AÉREA DO PROJETO ... 62

IMAGEM 46 - CORTE PERSPECTIVADO DA ENSALADA DE FRUTAS... 62

IMAGEM 47 - SISTEMA CONSTRUTIVO E DE REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA63 IMAGEM 48 – ORGANIZAÇÃO DO TÉRREO DO PROJETO ENSALADA DE FRUTAS ... 64

IMAGEM 49 - ORGANIZAÇÃO DO 1º E 2º PAVIMENTOS DO PROJETO ENSALADA DE FRUTAS ... 65

IMAGEM 50 – ORGANIZAÇÃO DAS ÁREAS DA ASSOCIAÇÃO BAIRRO ALAGOAS ... 67

IMAGEM 51 - CORTE LONGITUDINAL DA ASSOCIAÇÃO BAIRRO ALAGOA ... 68

IMAGEM 52 - VISTA DO PÁTIO COBERTO ... 69

IMAGEM 53 - FACHADA DA EDIFICAÇÃO ... 69

IMAGEM 54 - O MERCADO DE CACHÁN ... 70

IMAGEM 55 - CORTE DO MERCADO DE CACHAN ... 70

IMAGEM 56 - FOTO INTERNA DO MERCADO DE CACHAN ... 71

IMAGEM 57 - FOTO EXTERNA QUE MOSTRA A DISPOSIÇÃO DOS SHEDS ... 71

IMAGEM 58 - AREAS DO MERCADO DE CACHAN ... 72

IMAGEM 59 - DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS PARA SEPARAÇÃO DE FLUXOS ... 77

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 2 ORIGEM DO PESCADO CONSUMIDO NO BRASIL ENTRE 2000 E 2010 ... 24 GRÁFICO 3 - PORCENTAGEM DOS AMBIENTES NA ENSALADA DE FRUTAS .. 66 GRÁFICO 4 - PORCENTAGEM DOS AMBIENTES NA ASSOCIAÇÃO BAIRRO

ALAGOAS ... 68 GRÁFICO 5 - PORCENTAGEM DOS AMBIENTES NO MERCADO DE CACHAN .. 73 GRÁFICO 6 - PROPOSTA DE DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS ... 75 GRÁFICO 7 - ORGANOGRAMA DO PROJETO ... 76

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PRODUÇÃO DE PESCADO POR MUNICÍPIO BAIANO ... 23 TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS NA ENSALADA DE FRUTAS ... 66 TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS NA ASSOCIAÇÃO BAIRRO ALAGOAS 67 TABELA 4 - ÁREA DOS AMBIENTES DO MERCADO DE CACHAN ... 72 TABELA 5 - ÁREAS DA PROPOSTA DO PROJETO ... 74

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LISTA DE ABREVIATURAS

FENACAB Federação Nacional de Culto Afro Brasileiro GEOSSIT Cadastro de Sítios Geológicos

LIMPURB Empresa de Limpeza Urbana de Salvador LOUOS Leis de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo

m Metros

m² Metros quadrados

PIB Produto Interno Bruto

SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano

UFBA Universidade Federal da Bahia

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 14 1.1. PROBLEMA ... 14 1.2. OBJETIVO GERAL ... 14 1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 15 1.4. JUSTIFICATIVA ... 15 METODOLOGIA ... 16 CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA ... 17

3.1. PERCEPÇÃO DE TEMPO E ESPAÇO ENTRE PESCADORES ... 17

3.2. CENÁRIO DA PESCA NO BRASIL ... 18

3.3. CENÁRIO DA PESCA NA BAHIA ... 21

3.4. PESCA ARTESANAL X AQUICULTURA ... 23

INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE ... 25

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 25

4.2. AREA DE ESTUDO ... 29

4.3. PROBLEMÁTICA ... 35

4.3.1. LIXO NA BAÍA ... 36

4.3.2. INCÊNDIO NAS PALAFITAS ... 38

4.3.3. AUSENCIA DE ESTRUTURA PARA AS ATIVIDADES ... 39

DIRETRIZES PROJETUAIS ... 47

5.1. LOCAL ESCOLHIDO PARA O PROJETO ... 48

ESTUDOS DE CASO ... 53

6.1. CLUBE FLUTUANTE DE CAIAQUE ... 53

6.2. ENSALADA DE FRUTAS ... 60

6.3. ASSOCIAÇÃO BAIRRO ALAGOAS ... 67

6.4. MERCADO DE CACHAN ... 70

ESTUDO DE ÁREAS E FLUXOS DO PROJETO ... 74

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 79

FONTES ... 80

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1. INTRODUÇÃO

A pesca é uma atividades econômicas mais antigas da humanidade. Antes mesmo da colonização, ela era uma atividade importante em aldeias ribeirinhas e beira-mar. Hoje a pesca está dividida entre atividade de lazer e atividade econômica, sendo sua porção econômica de grande importância para o PIB do agronegócio brasileiro.

A pesca, atividade extrativista, tem perdido espaço nos investimentos público e privado em detrimento da aquicultura, as fazendas de pescado, devido ao volume gerado por produtor. Essa monografia é o resultado do estudo da pesca artesanal no Brasil e na Bahia e sua importância não apenas econômica, mas também cultural.

A proposta desse trabalho é preservar a identidade do grupo de pescadores artesanais da Massaranduba, em Salvador – Bahia, através de um projeto que traga estrutura e salubridade para a prática. A área escolhida sofreu um incêndio em 2015 e perdeu sua estrutura, ainda que precária, voltada para a pesca. O projeto então vem com o intuito de consolidar aquela área do bairro como um espaço voltado para a pesca, como atividade econômica e cultural.

1.1. PROBLEMA

A disputa por terra no local escolhido é evidente, quando percebemos que a área foi formada por ocupações irregulares e insalubres que avançavam além do mar sobre palafitas. Com a chegada do Minha Casa, Minha Vida ao bairro, essa população foi realocada, porém outros problemas surgiram a partir dessa medida.

A comunidade de pescadores, apesar de organizada, sofre com problemas básicos, por não possuir uma estrutura formal voltada para a pesca e manterem sua sede em uma construção precária em tábuas.de madeira.

Segundo Kuhn e Germani (2009), para os pescadores, o acesso a agua é tão disputado quanto o acesso à terra. Com isso, a realocação desses moradores trouxe problemas para a comunidade porque dificultou o seu acesso ao mar.

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Desenvolver o projeto de um píer que englobe um atracadouro, uma nova sede para a associação de pescadores e um mercado de peixe, que atenda aos pescadores da Massaranduba, Salvador – BA, através da análise das características da comunidade e da compreensão suas necessidades atuais, depois do incidente que deixou diversas famílias desabrigadas e sem estrutura para exercer a sua principal atividade.

1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Analisar a importância da pesca na economia

b) Compreender as relações do pescador com meio em que se insere c) Compreender a cultura da comunidade pesqueira

d) Compreender a importância dos espaços públicos como um dinamizador do espaço urbano

e) Propor um espaço adequado para as necessidades dos pescadores e que também atraia o público em geral

1.4. JUSTIFICATIVA

Ao estudar a região, podemos perceber uma demanda por diversos equipamentos urbanos. A pesca está consolidada na região, porém após o incêndio de 2015 ela ficou desestruturada, portanto esse trabalho propõe um projeto voltado a essa atividade. O próprio Estatuto da Cidade defende a construção de equipamentos urbanos que atendam às necessidades da população do local.

A arquitetura surge nesse contexto como um instrumento de salubridade para os pescadores do bairro Massaranduba. A necessidade de uma estrutura portuária para os barcos torna-se evidente ao observamos os barcos ancorados por toda a enseada sem um acesso fácil e seguro. O projeto vem como uma maneira de formalizar a dinâmica existente, trazendo uma estrutura adequada que traga segurança aos trabalhadores e consolide a identidade do local.

O projeto propõe um píer que cubra as necessidades de diferentes áreas que a pesca abrange. A edificação é composta de um porto para o embarque e desembarque, uma nova sede para a associação de pescadores, e um mercado de peixe com área gastronômica, abrangendo todo o ciclo do pescado.

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METODOLOGIA

Essa pesquisa foi desenvolvida com caráter exploratório e descritivo sobre a importância da pesca artesanal no contexto da cidade de Salvador, analisando seu papel na economia local, na história e na cultura. Esse trabalho foi desenvolvido em três etapas: a conceituação temática, a interpretação da realidade e os estudos de caso.

Os processos metodológicos adotados envolvem o suporte em fontes bibliográficas de artigos científicos, livros, dissertações e notícias, pesquisados em bibliotecas universitárias e através da internet. Além da pesquisa de campo com entrevista a população do local, sendo aplicado em cada uma das etapas:

a) A conceituação temática estruturada a partir de estudo de artigos e livros sobre o papel da pesca na economia brasileira e na economia baiana, sobre a cultura e a relação do pescador com o espaço em que está inserido. b) A interpretação da realidade baseada em artigos, notícias recentes sobre a

área de estudo, entrevistas com os moradores da região, e estudo da área escolhida através de leitura de mapas e legislação, bem como o mapeamento de elementos existentes no seu entorno.

c) Interpretação de projetos nacionais e estrangeiros escolhidos como referência para o desenvolvimento do píer no bairro Massaranduba, em Salvador - BA, analisando estratégias, formas, estruturas e materiais e como foram aplicados em cada caso.

d) Desenvolvimento de proposta volumétrica através das necessidades encontradas através da interpretação da realidade, em conjunto com as interpretações de projetos para o desenvolvimento de um projeto coerente com as necessidades e as possibilidades do local escolhido.

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CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA

3.1. PERCEPÇÃO DE TEMPO E ESPAÇO ENTRE PESCADORES

A palavra “comunidade” de acordo com o Aurélio significa, entre outros sinônimos, identidade. Essa palavra-chave mostra que ao tratarmos de uma comunidade, não tratamos apenas de um grupo com determinado número de pessoas, e sim de toda a construção social que forma uma identidade comum aos pertencentes a esse grupo que deve ser levada em consideração.

As comunidades trazem consigo uma complexidade de produção e ocupação do espaço em que estão inseridas. Esses espaços são produzidos por influência das suas relações simbólicas e culturais, os processos sociais interferem no ambiente e fazem parte da construção de um território. Atualmente, é preciso gerir esse território de forma que garanta a manutenção e a defesa das comunidades tradicionais que mantém sua cultura viva, devido ao processo de globalização social e econômico que tendem a sufocar essa prática. (DORSA, 2015)

Segundo Dorsa (2015), o lugar é sempre um espaço inacabado, em constante alteração. Esse espaço é a segurança do sujeito que ali convive e forma uma parte essencial da sua identidade. Essa pessoa sente e conhece o lugar através das experiências vivenciadas e, diante disso, são criados seus próprios mapas mentais com a dimensão simbólica individual. Quando presente não apenas em um indivíduo, mas em todo um grupo com o mesmo significado, esses símbolos se tornam a identidade de um local e tem um enorme papel dentro da sua cultura.

Quando pensamos no espaço a partir da perspectiva da pesca, é preciso levar em consideração totalidade da atividade em seus diversos processos para podermos de fato compreender a relação dos pescadores com o espaço, portanto devemos perceber que essa atividade ocorre tanto no mar, quanto na terra, devido às etapas de captura, conservação, distribuição e consumo. A relação do pescador com a terra envolve as noções de espaço físico, ocupação e apropriação, bem como as suas relações sociais. Ao partirmos para a sua perspectiva com a água, percebemos outras noções de espaço, o mar não é propício a apropriação da mesma maneira em que se loteia a terra, e a ausência de uma divisão formal do espaço gera uma sensação de autonomia e liberdade. Além disso, o mar inspira risco, o que fomenta a harmonia e companheirismo entre os pescadores, que põem em risco suas embarcações e até

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mesmo as suas vidas, quando em situações extremas, em função da sua atividade. (MALDONADO, 1994)

O conhecimento maior do pescador é a pesca e, consequentemente, o mar e a sua dinâmica. Ao longo da sua vida, ele aprende sobre os ventos, marés, correntes, hábitos dos peixes, relevo submarino e as outras características da natureza do local para desenvolver o seu próprio mapa mental de representação e apropriação desse lugar, construindo assim, a espacialidade do seu território. Esses elementos demonstram a complexidade da leitura de mundo e compreensão da natureza exercida pelos pescadores, com seus variados recortes nessa dualidade de terra e água, porém mantendo o mar sempre como o seu elemento simbólico e afetivo principal. (DORSA, 2015)

Na pesca, o tempo e o espaço são elementos fundamentais à sua estrutura de produção e desempenho. No mar, o tempo humano é substituído pelo tempo natural da jornada, imposto pela mobilidade dos cardumes. A marcação temporal da navegação é feita, principalmente, de acordo com os padrões percebidos pelos pesqueiros, determinados pelos padrões biológicos de cada espécie. Além disso, mudanças de tempo e a maré também geram forte influência na determinação da sua jornada de trabalho. Portanto, não é difícil de serem vistos pescadores trabalhando em fins de semana e feriados, bem como exercendo atividades em terra, seja para conserto equipamentos ou mesmo para lazer próprio, durante os dias úteis da semana. (MALDONADO, 1994)

3.2. CENÁRIO DA PESCA NO BRASIL

A pesca é uma das atividades econômicas mais antigas da humanidade. Hoje ainda é muito forte, e em comunidades ribeirinhas e beira mar tende a ser a sua principal atividade econômica e de subsistência. A atividade pesqueira possui uma representatividade relevante no PIB do agronegócio brasileiro. Avaliando a produção pesqueira do Nordeste, do ano de 2000 a 2011, o estado com maior participação foi a Bahia, com 26% da produção de pescado, sendo essa atividade predominantemente artesanal devido à ausência de grandes cardumes na costa baiana, inviabilizando a pesca industrial. (SILVA, 2013)

A atividade pesqueira já é relatada no Brasil desde o início da sua colonização, com a pesca de subsistência comumente praticada entre os grupos indígenas. Ao

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longo dos anos e com desenvolvimento econômico, a atividade foi se especializando e ganhando novas vertentes e denominações. Segundo Lima (2012) o setor pesqueiro brasileiro hoje é dividido em 4 modalidades: artesanal continental, artesanal marinha, industrial e esportiva.

Quando falamos em pesca, não incluímos a aquicultura, atividade também conhecida como fazendas de pescado, por não ser uma atividade de caráter extrativista em ambiente natural, e sim de criação em cativeiro com ambiente controlado, segundo o Embrapa.

Hoje a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mantém informação da produção de alimentos, preços e comércio. Ela é responsável também pelo apoio ao Plano Nacional de Desenvolvimento da Pesca e Aquicultura, em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura da Presidência da República. (ONU-BR)

A pesca artesanal é caracterizada pela mão de obra familiar com o foco de atuação na costa, quando a atividade é marinha, ou ao longo dos rios, quando a atividade é continental. Utiliza de embarcações de pequeno porte, como jangadas e canoas, e equipamentos manuais de captura, como rede de cerco, arrasto simples ou duplo, tarrafa, linha e anzol e outros. A pesca industrial é a considerada a de maior ameaça ao ecossistema marinho, devido às suas grandes embarcações e equipamentos que capturam sem distinção de espécies. O arrasto do camarão é a atividade desse setor considerada a mais predatória devido à sua rede de pesca muito fechada que preda todas as espécies da zona em que o navio se encontra (SELBACH, LEITE, 2008). Já a pesca esportiva não tem foco comercial, sendo uma atividade voltada para o lazer ou para o esporte, como o próprio nome diz.

Imagem 1 – Esquema de subdivisão da pesca

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Somente no ano de 2010, o Brasil produziu 1,246 milhão de toneladas de pescado. Apesar do valor parecer alto, o país possui um litoral de proporções continentais, com mais de oito mil quilômetros de extensão, e 13% da água doce mundial, o que é um cenário propício para pesca artesanal, tanto marinha quanto continental, porém o seu potencial ainda é pouco explorado. Apenas em 2003 foi criado o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), extinto em 2015, vindo logo em seguida a Embrapa Pesca e Aquicultura, órgãos criados com função de regularizar e apoiar essa atividade. (LIMA, 2012)

Apesar da aquicultura vir crescendo na economia ao longo dos anos, é possível perceber que a pesca extrativa se mantem estável com o passar do tempo, produzindo um volume de pescado significativo e constante, como podemos ver no gráfico 1. (SILVA, 2013)

Gráfico 1 - Divisão da produção de peixe no Brasil de 1997 a 2011

FONTE: SILVA, 2013

No ano de 2012, 50% da produção nacional da pesca foi feita de forma artesanal, superando até mesmo o abastecimento de grande escala promovido pela pesca industrial. O Nordeste é a segunda região brasileira que mais produz pescado, perdendo apenas para o Norte. (SILVA, 2013)

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3.3. CENÁRIO DA PESCA NA BAHIA

Na Bahia, atualmente, podemos encontrar 89 colônias de pescadores, estando 6 delas dentro do município de Salvador. Além das colônias, também existem associações e sindicatos de pesca que representam esses trabalhadores.

A pesca artesanal é uma atividade exercida majoritariamente por pessoas que estão excluídas do mercado de trabalho formal e encontram nessa atividade uma maneira de tirar a sua renda familiar. Mas não podemos isolar a atividade vendo apenas o seu lado econômico, a pesca é uma herança cultural secular que move diversas comunidades há gerações, moldando a vida do pesqueiro dentro do ambiente familiar e dentro de um grupo social. (DIEGUES, 2012)

Essas comunidades enquadram-se na definição de povos e comunidades tradicionais, segundo o Decreto 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, “Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.

As comunidades pesqueiras na Baía de Todos os Santos se formaram através dos antigos escravos e seus descendentes, e trazem até hoje características étnico-culturais marcantes. Elas se localizam nos estuários e mantém uma forte cultura afro que envolve dança, música, culinária, candomblé, misticismo e capoeira. A própria pesca artesanal em seu formato tem suas características de origem africana. Os principais instrumentos utilizados pelas tribos na costa oeste africana, como exemplos Senegal, Angola, Namíbia e África do Sul, eram pesca com linha, com rede de fibra, pesca noturna e a pesca de tarrafa. (DIEGUES, 1983).

A atividade pesqueira nessas comunidades são desmembradas em duas partes. A pesca propriamente dita e a mariscagem. A pesca é uma atividade exercida majoritariamente pelos homens da comunidade e se utiliza embarcações, motorizadas ou não, e diversos aparelhos para captura de peixes e crustáceos. Do outro lado temos a mariscagem, exercida principalmente pelas mulheres, que é uma atividade de coleta manual, concentrando-se na extração de produtos de beira-mar e manguezais. Essas atividades, ainda tradicionais, têm suas ferramentas de extração rudimentares, podendo observar pelo tipo de embarcações utilizadas e os elementos

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utilizados no extrativismo do mangue, como enxadas, facões e até mesmo a captura manual. (BANDEIRA, 2009)

Imagem 2 - Marisqueira fazendo extração manual

Fonte: Toda Bahia, 2016

De acordo com o Projeto GeografAR, promovido pela Universidade Federal da Bahia - UFBA, até 2013 existiam em todo o estado 263 organizações de pescadores cadastradas (entre elas colônias, associações, sindicatos e cooperativas), desse valor, 26 estão em Salvador. Esse número, que corresponde a 10% do total, mostra que apesar da metrópole ser um centro de comércio e serviços, essa atividade extrativista ainda tem força quando comparada com o restante da pesca no estado.

De acordo com a tabela 1, podemos ver como Salvador se destaca na produção do pescado, comparando com os principais municípios produtores de peixe da Baía de Todos os Santos.

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Tabela 1 - Produção de pescado por município baiano

Fonte: Autoria própria com dados do Bahia Pesca (2004)

Desse volume de mais de 13 mil toneladas de pescado do ano de 2003, 74,94% da produção foi gerada através de canoas (10.800,88 toneladas), 9,91% foi produzido por barcos a motor (1.341,63 toneladas), 7,89% foi produzido por catraias (1.136,90 toneladas) e 7,27% foi produzido por saveiros (1.047,77 toneladas). (BAHIA PESCA, 2004).

3.4. PESCA ARTESANAL X AQUICULTURA

No cenário atual, é necessário ressaltar que para os pescadores artesanais, o acesso à água é um desafio tão grande quanto o acesso à terra, quando se encontram dentro das grandes cidades. A aquicultura apresentou um crescimento expansivo no Brasil nos últimos anos e essa atividade se desenvolve em áreas que eram tradicionalmente usada pelos pescadores e marisqueiras. A dinâmica da aquisição do pescado artesanal e do pescado empresarial não são complementares, gerando conflitos e discussões sobre o valor do espaço aquático. Para os pescadores, o mar é tratado como um bem comum e apropria a cultura e saberes passados ao longo das gerações. A demarcação de territórios no mar pelas cercas da aquicultura não dialoga com a cultura artesanal. (KUHN, GERMANI, 2009)

Além dos conflitos por água, também é visível um conflito de interesses por moradia. Os pescadores, nesse sentido, sofrem influência negativa da valorização dos

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terrenos. Atividades voltadas para o turismo e lazer ou até mesmo a construção de grandes torres residenciais beira-mar trazem a gentrificação que expulsam esses antigos moradores do seu espaço. (KUHN, GERMANI, 2009)

Dentro de uma metrópole, como Salvador, a disputa por terrenos e moradia cria um processo de migração para as periferias ou estrangulamento das comunidades com renda mais baixa por grandes prédios. Com isso, é necessário preservar a área que já pertence aos pescadores, adaptá-la às suas necessidades para que eles possam se apropriar do espaço e reforçar a identidade do local.

Com foco no cenário econômico, o Estado e a iniciativa privada vem priorizando os incentivos à aquicultura devido ao seu volume de produção e retorno financeiro. A pesca artesanal nesse ponto carrega uma carga de preconceito, por ter sua área de atuação restringida ao abastecimento local e por ser considerada uma atividade de estágio anterior à aquicultura, com caráter atrasado. (KUNH, GERMANI, 2009)

É possível compreender o incentivo à aquicultura quando consideramos o aumento do consumo de pescado no Brasil, observado no gráfico 2 e o volume produzido por essas fazendas de pescado, comparado com o volume de produção de um pesqueiro individual.

Apesar do desincentivo atual do poder público, é preciso levar em conta o papel cultural, o baixo impacto ao meio ambiente, o abastecimento local e regional e a produção de empregos advindos da pesca artesanal. Além disso, 50% da produção nacional de pescado no ano de 2012 veio da atividade artesanal, é um número significativo para o abastecimento nacional. (SILVA, 2013)

Gráfico 2 Origem do pescado consumido no Brasil entre 2000 e 2010

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INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Salvador, no estado da Bahia, foi a primeira capital do país e manteve essa posição entre os anos de 1549-1763. A cidade é dividida pelas suas falhas geográficas em duas porções distintas: a Cidade Baixa, formada por uma pequena faixa de praias banhadas pela Baía de todos os Santos, e a Cidade Alta, área com altitude elevada encontrada na porção central da península em que a cidade foi construída, isso pode ser visto nas imagens 3 e 4. Desde o início da sua formação, esse relevo foi um partido para a sua organização de cidade fortaleza e centro administrativo. A cidade baixa, antigo bairro da Praia, tinha como principais funções a proteção, as atividades comerciais e serviços ligados ao mar, enquanto a Cidade Alta mantinha uma função administrativa e abrigava as famílias mais abastadas. (TAVARES, 2001).

Imagem 3 - Falhas que dividem a Cidade Baixa da Cidade Alta

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Imagem 4 - Mapeamento dos níveis do relevo de Salvador

Fonte: Topographic Map

A região portuária da Cidade Baixa era a parte mais movimentada da cidade antiga de Salvador. Abrigava os dois grandes mercados da época: São João e Santa Bárbara. Suas ruas eram estreitas e irregulares e misturavam-se ao movimento intenso do comércio que englobava vendedores, compradores, carregadores, além de diferentes espécies animais, tendo a principal rua do comércio com apenas dois quilômetros de extensão. Além dessas atividades, era no bairro da praia em que se localizava a Alfândega, o Arsenal da Marinha, o Celeiro Público e diversos armazéns. O comércio de alimentos e os esgotos despejados ao ar livre causavam mau cheiro e repugnância aos que chegavam ali. (COUTO, 2010)

A Cidade Alta, em contrapartida, era considerada uma região mais limpa e arejada. A área era majoritariamente administrativa e residencial e abrigava os principais edifícios públicos: Câmara Municipal, Casa da Moeda, Palácio do Governo, a Faculdade de Medicina e outros prédios de mesma importância. Era onde se encontravam os grandes casarões das famílias ricas, dentre eles os senhores de engenho, eclesiásticos, funcionários civis e grandes comerciantes. Os pobres, em sua maioria escravos libertos e artesãos livres, que habitavam essa região permaneciam

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nos subsolos dos sobrados, enquanto as famílias abastadas ocupavam os andares acima. (COUTO, 2010)

Hoje ainda é possível perceber a distinção entre as duas áreas. A Cidade Baixa, centro histórico de Salvador, encontra-se deteriorada e abandonada como área de comércio devido principalmente à auto segregação e isolamento das elites, que fez com que os investimentos públicos e privados tivessem foco em outras áreas. Os bairros que hoje englobam antiga Cidade Alta (que hoje engloba o Centro e os bairros do Sul) mantém o seu caráter administrativo e elitizado, hoje contando com grandes empreendimentos e largas avenidas, concentrou os investimentos em infraestrutura, comércio e serviços. (CARVALHO, PEREIRA, 2008)

Apesar da segregação existente, a falta de espaço para a cidade expandir horizontalmente produziu nos últimos anos um fenômeno de estrangulamento no sentido Sul-Norte por parte das empreiteiras Soteropolitanas. Essa gentrificação pode ser observada nos mapas das imagens 5 e 6, que mostram as mudanças das tipologias socioespaciais em 9 anos, onde a porção elitizada do Sul de Salvador, se expande no sentido Norte, aumentando a tipologia dos bairros ao seu redor, enquanto “empurra” a população de menor poder aquisitivo para o miolo e porção norte.

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Imagem 5 - Tipologia socioespacial da renda - Salvador – 1991

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Imagem 6 - Tipologia socioespacial da renda - Salvador - 2000

Fonte: Carvalho, Pereira, 2008

4.2. AREA DE ESTUDO

A área estudada neste trabalho é a comunidade da Baixa do Petróleo no bairro Massaranduba localizado na Cidade Baixa. O bairro está localizado na Península de Itapagipe, área que forma uma pequena enseada dentro da Baía de Todos os Santos, entre os bairros da Ribeira, Bonfim e Jardim Cruzeiro.

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Imagem 7 - Mapa da Bahia com destaque em Salvador

FONTE: Mapa do Geopolis editado pela autora

Imagem 8 - Mapa de Salvador, com destaque na península de Itapajipe

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Imagem 9 - Mapa da Península de Itapagipe, com destaque no bairro Massaranduba

FONTE: Mapa editado pela autora com dados do Geopolis

Sua formação geográfica faz da região um grande atrativo para a comunidade pesqueira. A sua forma faz com as águas sofram menor influência das correntezas e maré do mar aberto, consequentemente é um lugar com um potencial para atracadouros e marinas, visto que os barcos de menor porte são os que sofrem maior influência do movimento da água.

Na década de 1940 foram registradas a construção das primeiras palafitas nos alagadiços da Península de Itapagipe. Desde o seu surgimento elas foram marcadas por ameaças, demolições, e reconstruções que se estenderam ao longo da sua

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história. Na década de 1970 foram registrados diversos confrontos de forças entre a prefeitura e a população do local, que teve como consequência a substituição de palafitas por aterros com casas e conjuntos habitacionais, dando origem a novos bairros, dentre eles a Massaranduba. Esses aterros com urbanização precária não diminuíram os conflitos da população com as autoridades locais, nem resolveram o problema das palafitas, que continuaram a serem construídas durante as décadas seguintes. (SANTO, NUNES, 2011)

Os mesmos autores ressalta que o processo de urbanização conflituoso e precário deram um caráter excludente para esses novos bairros. As localidades próximas às praias foram denominadas com o tempo de “estaleiros”, devido ao seu povoamento majoritariamente de pescadores e como consequência, as diversas áreas para reparos de pequenas embarcações.

Imagem 10 - Palafitas em Itapagipe

Fonte: Oliveira, 2015

Percebemos hoje que a Massaranduba ainda possui a característica dos chamados estaleiros e a sua população é majoritariamente de baixa renda e vive em função da pesca. Na imagem 11 estão mapeados os aglomerados subnormais, e podemos observar uma concentração deles ao longo da costa, com destaque para a Baixa do Petróleo, que é a comunidade para qual o projeto será desenvolvido.

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Imagem 11 - Mapa dos aglomerados subnormais com destaque para a Baixa do Petróleo

Fonte: Mapa editado pela autora com dados do Geopolis

Outra característica marcante da região é a forte presença da cultura de origem africana. A área é formada por descendentes de escravos e a Península de Itapagipe está repleta de casas de Candomblé, como visto na no mapa da imagem 12 disponibilizado por Spinola (2012), da distribuição dos terreiros na cidade do Salvador. O candomblé é uma manifestação religiosa e cultural matriarcal. A sua tradição mantem o princípio de que as casas religiosas só podem ter uma liderança feminina: a mãe-de-santo. Não existe um registro que mapeie com precisão o número de terreiros distribuídos na cidade, porém até 2009, haviam 617 terreiros registrados no FENACAB. (SPINOLA, 2012)

O culto afro em Salvador é uma manifestação coletiva muito comum e se ramifica em diversas áreas, dentre elas o artesanato, a produção musical, a culinária, a moda, a medicina fitoterápica, e as manifestações religiosas. Sua presença tornando um elemento marcante tanto na economia, quanto nas manifestações populares, até

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mesmo de diferentes religiões, como exemplo a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim, que é um ritual do candomblé realizado numa igreja católica. (SPINOLA, 2012)

Imagem 12 - Mapa dos terreiros de candomblé de Salvador

Fonte: Spinola, 2012

A cultura afro na cidade de Salvador é um fenômeno de extrema importância e deve ser preservada. Salvador, de acordo com o IBGE de 2011, possui 2.676.606 habitantes, e dentre eles, mais de 80% se denomina pretos ou pardos, e de acordo com o RankBrasil de 2011, é a terceira cidade do mundo com maior população negra fora da África. E, mesmo assim, existe uma grande desigualdade e separatismo racial

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que podemos perceber até mesmo pela distribuição dos terreiros dentro da cidade, a população negra está dividida em guetos. (SPINOLA, 2012)

A Massaranduba tem também um potencial para o lazer e turismo que se mantem inexplorado devido à sua falta de estrutura. O bairro é próximo da Ribeira, um bairro famoso em Salvador por suas centenas de embarcações que compõem a paisagem da orla, que hoje formam um dos cartões postais da cidade. É próximo também da Igreja do Senhor do Bonfim, famosa por ser um dos maiores símbolos da fé católica no Brasil. Na imagem 13 estão mapeados os atrativos turísticos da península e podemos observar que no seu entorno existem diversas opções porém a Massaranduba se mantem invisível nesse ponto.

Imagem 13 - Mapeamento dos atrativos de lazer e turismo da península de Itapagipe

Fonte: Mapa editado pela autora com dados do Geopolis

4.3. PROBLEMÁTICA

Para essa proposta, foi feita uma análise dos problemas presentes na área escolhida para melhor elaboração do programa de necessidades. Por ser uma região precária, ocupada de maneira irregular, os problemas encontrados vão da estrutura

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urbana ao social. Porém para esse trabalho, foi analisada apenas a problemática voltada à pesca.

4.3.1. LIXO NA BAÍA

Em 2013, após a visita do prefeito em gestão, Antônio Carlos Magalhães Neto, na região da Baixa do Petróleo, foram tomadas decisões com caráter de urgência para solucionar os problemas do lixo e das palafitas a médio e longo prazo. Já nesse momento, havia o intuito de buscar uma área para realocação dessas pessoas dentro do próprio bairro e a limpeza emergencial dessa área, além de recompor a equipe médica do bairro. (VARELA NOTÍCIAS, 2013)

O lixo marinho tende a migrar junto com as correntes marítimas e acumula-se principalmente nas baías e enseadas devido à sua geografia. Mas o lixo da Baía de Itapagipe vinha, não apenas de regiões remotas trazidos pelas correntes, como também era despejado entulho trazidos por caçambas ilegais. A falta de esgoto e de recolhimento do lixo na época era mais um agravante para a situação, que levava aos próprios moradores da região a despejarem seus esgotos e lixo na maré. (CALIMAN, 2013)

Todo esse lixo se acumulava em baixo das palafitas e nas margens da península, entupindo fossas provisórias e, consequentemente, formando lama pelo chão de barro em dias de chuva. Esse cenário de descaso propiciou a proliferação de ratazanas que eram vistas nas ruas em meio ao lixo ou invadiam casas. A quantidade de ratos no local juntamente com o acúmulo de água da chuva em meio ao lixo, aumenta o risco de doenças, entre elas a leptospirose. (VIEIRA, 2009)

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Imagem 14 - Lixo acumulado na costa da Massaranduba em 2013

Fonte: Correio 24h

Em 2013 foram feitos mutirões para a limpeza emergencial da região. O Limpurb, órgão responsável pela limpeza urbana de Salvador, organizou essa mobilização para a retirada de lixo e entulhos. Essa ação contava também com um movimento de conscientização dos moradores sobre como e onde descarte correto do lixo deve ser feito. (CALIMAN, 2013)

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Imagem 15 - Ação da Limpurb em 2013

Fonte: Correio 24h

A geografia que acumula o lixo, devido às correntes mais amenas, também é a geografia mais propensa ao abrigo dos pescadores, por ser a região mais segura de guardar os barcos sem o risco de serem arrastados por alguma corrente. Isso faz com que a região seja atrativa para residir as colônias.

4.3.2. INCÊNDIO NAS PALAFITAS

Em 2015, dois anos depois do início da limpeza emergencial, a região foi vítima de um incêndio e muitas das palafitas foram destruídas. Com chamas de mais de 5 metros de altura, um total de 55 famílias ficaram desabrigadas depois desse incidente e foram forçadas a se mudar da região beira-mar. (CORREIO 24h, 2015)

Após o incêndio foi necessário fazer outra limpeza de grande escala, devido aos novos entulhos resultados do incidente.

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Imagem 16 - Resquício das palafitas e bombeiro em ação durante o incêndio de 2015

Fonte: Jornal A Tarde

De início, essas famílias foram realocadas para o Centro Comunitário Mangueira, e permaneceram por pelo menos uma semana. A Secretaria Municipal de Promoção, Esporte e Combate à Pobreza disponibilizou em alguns dias após o incêndio um aluguel social no valor de R$ 300,00 por mês para que pudessem encontrar uma nova residência para locar. Com esse auxílio muitos moradores decidiram voltar a morar na região. (ALMEIDA, 2015)

Com o ocorrido, o Governo cadastrou os desabrigados no programa Minha Casa, Minha Vida, para que pudessem ser alocados em um novo espaço definitivo e com segurança. Esse novo projeto iria construir 250 unidades habitacionais em 180 dias, na região da Baixa do Petróleo. O prazo curto de entrega se deve ao caráter emergencial e prioriza as famílias que ficaram desabrigadas. As unidades do projeto possuem 38m², infraestrutura hidrossanitária e elétrica. (ALMEIDA, 2015)

4.3.3. AUSENCIA DE ESTRUTURA PARA AS ATIVIDADES

Hoje, essas famílias já residem na habitação social do programa Minha Casa, Minha Vida, porém, em visita ao local, foram relatados alguns problemas que não

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foram solucionados pelo poder público e outros gerados pela realocação das famílias para um novo local.

O primeiro problema relatado com essa nova situação são as famílias que moravam nas palafitas que tem como sua renda principal a pesca e utilizam do barco para se deslocar. Antes do incêndio os moradores tinham acesso direto à água e ao seu principal meio de transporte, o barco. Porém, com a realocação, os barcos não possuem espaço para estacionar e ficam ancorados no meio da baía para evitar o desgaste do casco que acontece com o atrito com o solo, se forem retirados e recolocados na água diariamente. Isso força o pescador a nadar até o seu barco ou pegar carona com algum conhecido que esteja próximo. Alguns pescadores se juntaram para construir pequenos atracadouros privados, com materiais retirados das antigas palafitas, mas ainda assim, a maioria precisa deixar o seu barco distante, como é possível observar na imagem 20.

Embora seja difícil conseguir dados precisos relacionados à pesca artesanal, tanto populacionais quanto sobre a produtividade, devido ao seu caráter informal, de acordo com o IBGE de 2000, na Baía de Todos os Santos existiam cerca de 11.850 pessoas que possuíam como única atividade produtiva pessoal a pesca, e isso representa apenas 33,8% do total de pessoas que se dedicam a pesca. (BANDEIRA, 2009)

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Imagem 17 - Pier Depes e Mares, construído pela comunidade

Fonte: Autoria própria

Imagem 18 - Vista do final do Pier Depes e Mares

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Imagem 19 - Pier privado construído com entulho da região

Fonte: Autoria própria

Imagem 20 - Barcos soltos na enseada

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No local onde houve o incêndio existe uma associação de pescadores informal que continua de pé. A estrutura erguida de forma precária sobre palafitas é a maneira que esse grupo conseguiu para se organizar, e foi aberta para a visita pelo próprio presidente da associação, Agnelo Dias.

Após o incêndio, todas as famílias que moravam em palafitas foram realocadas, mesmo as que não ficaram desabrigadas. Porém como a associação de pescadores não poderia ser realocada para esse novo espaço por não ser uma residência, os pescadores conseguiram com que essa estrutura não fosse destruída pela ação de limpeza dos escombros do incêndio e retirada das palafitas restantes promovida pela Limpurb.

A pequena sede onde esses pescadores de organizam, vista nas imagens 22, 23, 24 e 25, registradas pela autora,foi construída de forma artesanal e precária. Toda a estrutura foi erguida com tábuas de madeira, o sanitário não possui esgoto, e despeja diretamente no mar. A construção com menos de 20m², representada pela imagem 21, conta com uma sala para pesagem e armazenamento do pescado em freezers que também funciona como um pequeno refeitório, e uma sala de reunião e armazenamento de equipamento que também abriga um banheiro. O presidente da associação também relatou sobre acidentes que já aconteceram devido ao apodrecimento das tábuas.

Imagem 21 - Esquema da divisão do espaço dentro da Associação de Pescadores

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Imagem 22 - Imagem da sala de reunião, com banheiro ao fundo

Fonte: Autoria própria

Imagem 23 - Foto externa da associação de pescadores

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Imagem 24 - Foto externa da área de pesagem, refeitório e armazenamento

Fonte: Autoria própria

Imagem 25 - Associação de pescadores vista do píer Depes e Maris

Fonte: Autoria própria

Outro problema relatado foi a questão da venda do pescado. Os pescadores não possuem um espaço de armazenamento adequado nem freezers de qualidade, tampouco conseguem fazer o transporte desse pescado até as feiras pela distância e

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ausência de um meio de transporte, portanto o pescado deve ser vendido o mais rápido possível para que atravessadores façam esse transporte e a venda do peixe ainda fresco aos feirantes e outros compradores intermediários antes do horário do comércio. Com isso, o peixe deve ser vendido por um preço abaixo do comercial, devido a mais um mediador na corrente que leva o peixe até o consumidor final.

A análise desses fatores levaram a conclusão de que a atividade já está consolidada e organizada na região, mas existe a necessidade de uma estrutura física que formalize e traga conforto e segurança a esses trabalhadores. Portanto a proposta desse trabalho envolve de um projeto multiuso, que integre diversas etapas da atividade: o embarque e desembarque de pessoas e carga, reuniões entre os pescadores, e a venda para o consumidor final.

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DIRETRIZES PROJETUAIS

Após a análise da região e da sua problemática, é possível desenvolver as necessidades a serem abraçadas pelo projeto, em busca de uma maior qualidade de vida para os pescadores e para o bairro como um todo.

De acordo com o Artigo 2º, Inciso V do Estatuto da Cidade, a política urbana deve ordenar as funções sociais da cidade, ofertando equipamentos urbanos e comunitários adequados aos interesses e necessidades da população e às características do local (BRASIL, 2001). Partindo disso, observamos não apenas existe a necessidade mas também o dever de supri-la.

Para atender aos pontos levantados no capítulo anterior, o projeto será desenvolvido em três partes distintas distribuídas em apenas uma edificação.

A primeira parte é a zona portuária, que será a área onde acontecerá o embarque e desembarque, o abrigo dos barcos e um espaço para manutenção, devido à ausência atual de uma estrutura com função de porto que atenda a toda a comunidade.

A segunda parte é a área administrativa, que engloba uma sede para a associação de pescadores e a administração do píer. Apesar de já existir uma sede na área, ela coloca os usuários em situação de risco, devido a sua precariedade, portanto deve ser realocada.

A terceira parte envolve a criação de um mercado de peixe com uma área gastronômica, e tem como função criar um novo caminho para o pescado sem a necessidade de um atravessador, como visto no diagrama da imagem 26. Essa proposta tem a intenção de fechar todo o percurso do pescado na região, que pretende, além de fazer a economia girar dentro do próprio bairro e trazer novos postos de trabalho voltado ao pescado, também trazer um atrativo para a área que permanece sem opções de lazer e turismo.

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Imagem 26 - Diagrama do percurso do pescado, atual e proposto

Fonte: Autoria própria

Além de pensar numa proposta para a problemática, as diretrizes desse projeto também têm como objetivo manter viva a história e as características do local. Para isso, o projeto será desenvolvido em um píer, trazendo de volta a realidade das palafitas e do ambiente construído sobre a água, porém com a salubridade e segurança de um projeto formal.

Nesse contexto, o projeto surge como uma forma de reconstruir a memória do bairro, trazendo de volta as características das palafitas e seus usos, também como forma de viabilizar a reapropriação do mar, a partir da população local, ocupando-o como foi feito ao longo da sua história

5.1. LOCAL ESCOLHIDO PARA O PROJETO

A margem escolhida para o projeto fica no ponto mais projetado para o mar na área afetada pelo incêndio de 2015 no bairro. Essa localização faz com que o píer possa ser visto por vários bairros ao redor da baía de Itapagipe, com o intuito de trazer os olhares para o bairro que permaneceu invisível por falta de atrativos.

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Imagem 27 - Mapa Sìntese

Fonte: Imagem do Google Maps editada pela autora

O terreno escolhido é alimentado apenas por Vias Locais, de acordo com a classificação viária da imagem 28, porém o seu acesso principal é feito ao longo da orla, localizado no encontro da Rua do Tubarão com a Rua da Maré, por serem as vias mais larga dessa área e com o mais fácil acesso às vias coletoras próximas, analisado nas imagens 29 e 30. Além disso, o caminho da orla tem uma visual que poderia ser explorada como outro atrativo, assim como ela é explorada nos bairros próximos, como na Ribeira.

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Imagem 28 - Classificação viária

Fonte: SEDUR, 2016. Editado por autora

Imagem 29 - Detalhe do acesso ao terreno

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Imagem 30 - Rua do Tubarão

Fonte: Street View do Google Maps

Esse terreno está localizado em uma área de ZEIS, Zona Especial de Interesse Social. Esse zoneamento propicia e incentiva a implantação de equipamentos comunitários voltados ao interesse da população local. Também, é uma área sujeita a restrição de gabarito das edificações, com até 15m de altura.

Imagem 31 - Recorte do mapa de Zoneamento de Salvador

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Imagem 32 - Recorte do mapa de gabaritos de Salvador

Fonte: SEDUR, 2016. Editado pela autora

Imagem 33 - Mapa de curvas se nível e limites do projeto

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ESTUDOS DE CASO

Nesse capítulo serão apresentados os estudos de caso e as referências projetuais que servirão como um direcionamento para o projeto. A proposta desse trabalho engloba diferentes usos para uma mesma estrutura, portanto suas referências de programa são baseadas em projetos com propostas diferentes da que essa monografia propõe.

6.1. CLUBE FLUTUANTE DE CAIAQUE

Esse projeto foi executado em 2015 pelo grupo FORCE4 Architects e está localizado no Vejle Fjord, na Dinamarca. Ele ocupa uma área de pouco mais de 500 m² e é voltado para atividades com caiaques, por isso a sua estrutura precisa de uma interação direta do usuário com a água, deixando acessível o embarque e desembarque. Para isso, sua estrutura flutuante acompanha os movimentos de alta e baixa da maré, mantendo o projeto sempre no mesmo nível em relação ao mar. (ARCHDAILY, 2016)

O seu programa mantem uma relação para a área voltada aos barcos e ao lazer na água da proposta desse trabalho. É interessante observar a relação da área de armazenamento dos caiaques com a área de atividades e lazer, são criadas duas plataformas distintas divididas por uma bifurcação para separar essas duas áreas. A bifurcação cria entre esses dois espaços um pátio aquático, analisado na imagem 34 Já no pavimento superior foi criado uma mirante usado como área de permanência, que pode ser visto na imagem 35, com vista tanto para o pátio central do clube, como para todo o entorno do edifício.

Esse edifício se tornou uma referência de layout e possui um programa simples: um refeitório, academia, vestiário, sala de reuniões/administrativo, armazenamento de caiaques, uma sala de manutenção e pátios de permanência.

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Imagem 34 - Organização do térreo do Clube de Caiaque

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Imagem 35 - Organização do terraço do Clube de Caiaque

Fonte: Archdaily (2016), editado pela autora

Imagem 36 - Corte transversal do Clube de Caiaque

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Imagem 37 - Elevação

Fonte: Archdaily (2016)

Esse clube é uma referência estrutural devido ao seu sistema de flutuação. A relação do projeto flutuante com a água é mais intensa, porque o seu nível será sempre em relação ao mar, independente da maré no momento. Enquanto isso, um projeto elevado sobre palafitas mantém-se nivelado com o solo, perdendo a interação direta com o mar durante as marés baixas.

Para a execução desse sistema de flutuação, foram criadas caixas de concreto que funcionam como uma boia, sustentando uma estrutura leve em madeira, para que o edifício mantenha-se elevado ao nível da água, como é possível ver no detalhe da imagem 39.

É possível observar que as uniões das diferentes peças da construção são feitas com juntas articuladas de forma que o edifício de adapte aos movimentos da água, mantendo a estabilidade e evite esforços desnecessários que possam comprometer a integridade da estrutura.

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Imagem 38 - Análise estrutural

Fonte: Archdaily (2016), editado pela autora

Imagem 39 - Detalhe da estrutura do Clube de Caiaque

Fonte: Archdaily (2016), editado pela autora

O projeto interage todo o tempo com a água, tanto com visuais nas plataformas, enquadradas pelos acessos ao terraço, e isso fica evidente na imagem 40, na piscina formada no pátio entre elas e até mesmo os ambientes internos possuem grandes janelas que o integram com as atividades que acontecem do lado de fora, como pode ser observado nas imagens seguintes.

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Imagem 40 - Interação do projeto com a água

Fonte: Archdaily (2016)

Imagem 41 - Vista do pátio interno

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Imagem 42 - Interação do refeitório com o ambiente externo

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6.2. ENSALADA DE FRUTAS

A Ensalada de Frutas é uma proposta dos arquitetos Patricio Cuello, Iván Báez, Alejandro Alaniz e Christian Barrera que ganhou o primeiro lugar do Holcim Awards América Latina. Projetado em 2014, essa estrutura ocupa uma área no rio de 40.000m² em Manaus, na confluência do Rio Solimões com o Rio Negro. (ARCHDAILY, 2015)

Imagem 43 - Implantação do projeto Ensalada de Frutas

Fonte: Archdaily (2015)

Esse grupo de arquitetos propõem um porto com diversos usos, buscando potencializar a ligação da cidade com o rio, que é visto hoje como uma barreira. A ideia principal é transferir as atividades que acontecem fragmentadas ao longo do rio, para uma plataforma que se conectasse com a cidade e atraísse também o público, tornando o rio uma extensão de Manaus. (CPAU, 2015)

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Imagem 44 - Perspectiva do porto de mercadorias

Fonte: Archdaily (2015)

A Ensalada de Frutas é uma referência de programa. O projeto foi desenvolvido em três pavimentos e um subsolo técnico, que podem ser vistos no corte perspectivado da imagem 46, e o seu programa engloba dois portos diferentes, um para mercadorias e outro para passageiros, um mercado na porção central do térreo e do primeiro pavimento e o seu piso mais elevado é dedicado à gastronomia. Além da estrutura portuária, o parque proposto na requalificação da margem do rio é mais um atrativo para o uso recreativo do porto. O projeto está afastado da margem do rio, liberando toda a sua costa para o uso livre do público, sem se tornar uma barreira, essa interação da edificação com a orla pode ser percebida através da vista aérea da imagem 45.

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Imagem 45 - Perspectiva aérea do projeto

Fonte: Archdaily (2015)

Imagem 46 - Corte perspectivado da Ensalada de Frutas

Fonte: Archdaily (2015)

A proposta leva em consideração o clima de Manaus para criar as estratégias arquitetônicas para que o ambiente, a sociedade e a economia trabalhem em equilíbrio (ARCHDAILY, 2015). Com sua temperatura média anual e umidade relativas altas, assim como a baixa amplitude térmica ao longo do ano, o clima de Manaus se

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assemelha bastante com o de Salvador, tornando as estratégias de projeto uma referência para esse trabalho.

O projeto foi desenvolvido com uma grande cobertura, para criar um microclima que protege toda a sua área construída da influência direta do sol, e que também funciona como captadores de águas pluviais, detalhado na imagem 47, para o reaproveitamento da água da chuva no edifício. Além disso, a proposta de reflorestamento da orla cria um parque que tem como função a retenção das cheias do rio para evitar alagamentos, e também como um filtro urbano do dióxido de carbono emitido pela cidade. (ARCHDAILY, 2015)

Pensando na variação do nível da água do rio ao longo do ano, a proposta surge com uma estrutura flutuante e um parque inundável. A estrutura projetada em módulos, esquematizada na ainda na imagem 47, se repete otimizando e diminuindo o tempo da execução do projeto. (ARCHDAILY, 2015). Esse tipo de proposta se assemelha com a necessidade desse trabalho, devido à variação da maré durante o mês, tornando-se uma referência estrutural.

Imagem 47 - Sistema construtivo e de reaproveitamento da água

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Imagem 48 – Organização do térreo do projeto Ensalada de Frutas

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Imagem 49 - Organização do 1º e 2º pavimentos do projeto Ensalada de Frutas

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Tabela 2 - Distribuição das áreas na Ensalada de Frutas

Fonte: Autoria própria

Gráfico 3 - Porcentagem dos ambientes na Ensalada de Frutas

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6.3. ASSOCIAÇÃO BAIRRO ALAGOAS

A Associação Bairro Alagoas é uma referência de programa para a associação de pescadores. Seu projeto foi desenvolvido, pelo escritório Belém Lima Arquitectos, em um bloco de 281 m² e tem um programa simples. Ele é organizado no pavimento térreo e conta com três salas administrativas, uma sala de reuniões e banheiros distribuídos ao longo de um corredor, e um refeitório separado por um pátio coberto.

Imagem 50 – Organização das áreas da Associação Bairro Alagoas

Fonte: Archdaily (2011), editado pela autora

Tabela 3 - Distribuição das áreas na Associação Bairro Alagoas

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Gráfico 4 - Porcentagem dos ambientes na Associação Bairro Alagoas

Fonte: Autoria própria

Imagem 51 - Corte longitudinal da Associação Bairro Alagoa

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Imagem 52 - Vista do pátio coberto

Fonte: Archdaily, 2011

Imagem 53 - Fachada da edificação

Fonte: Archdaily, 2011

O projeto também é uma referência plástica para a mesma área, pela intenção da associação de pescadores manter um caráter discreto, para não chamar a atenção do público externo do píer, mantendo o seu uso apenas para os pescadores.

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6.4. MERCADO DE CACHAN

O Mercado de Cachan é um projeto desenvolvido em Paris pelo escritório Croixmariebourdon Architectures para a realocação do mercado municipal atual. O antigo mercado será transformado em uma estação de metrô e essa nova construção será visível da futura estação. (ARCHDAILY, 2015)

Imagem 54 - O mercado de Cachán

Fonte: Archdaily, 2015

O projeto foi desenvolvido em uma área de 1.800m² com estrutura mista de perfis metálicos e madeira. Se tornou uma referência de programa por ter um porte similar ao que condiz com proposta desse trabalho. O mercado tem benefício da luz natural, devido à sua fachada Oeste em vidro e aos recortes triangulares no teto formando sheds para a iluminação zenital voltadas para o Leste, que podem ser vistos no corte abaixo.

Imagem 55 - Corte do Mercado de Cachan

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Imagem 56 - Foto interna do Mercado de Cachan

Fonte: Archdaily, 2015

Imagem 57 - Foto externa que mostra a disposição dos sheds

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O seu programa é bem simples, conta com um salão principal para o mercado e as áreas de apoio, que são o estacionamento, sala administrativa, banheiros, depósito de lixo e salas técnicas para água e eletricidade.

Imagem 58 - Areas do Mercado de Cachan

Fonte: Archdaily (2015), editado pela autora

Tabela 4 - Área dos ambientes do Mercado de Cachan

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Gráfico 5 - Porcentagem dos ambientes no Mercado de Cachan

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ESTUDO DE ÁREAS E FLUXOS DO PROJETO

A partir das diretrizes projetuais e dos estudos de caso analisados no capítulo anterior, foram estabelecidos os ambientes do programa e as áreas que cada um deve ocupar nessa nova proposta e estão dispostas na tabela 5.

Tabela 5 - Áreas da proposta do projeto

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As áreas estabelecidas na tabela para o mercado foram traçadas a partir da análise do Mercado de Cachan, que possui uma área total que condiz com a área que esse projeto deve ocupar. A área associação de pescadores foi desenvolvida através do estudo da distribuição das áreas da Associação Bairro Alagoas. Por fim, a área do porto foi desenvolvida analisando as relações de porcentagem das áreas do projeto Ensalada de Frutas.

Gráfico 6 - Proposta de distribuição das áreas

Fonte: Autoria própria

Após a definição das áreas mínimas que serão ocupadas, é possível desenvolver o organograma do novo projeto para analisar os fluxos e como os ambientes irão interagir entre si e em relação ao seu público.

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Gráfico 7 - Organograma do projeto

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Imagem 59 - Distribuição das áreas para separação de fluxos

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Imagem 60 – Volumetria básica inserida no entorno

Referências

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