• Nenhum resultado encontrado

A garantia de emprego ao portador de HIV à luz do princípio da dignidade humana.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A garantia de emprego ao portador de HIV à luz do princípio da dignidade humana."

Copied!
79
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

FRANCISCO PAULINO DA SILVA JUNIOR

A GARANTIA DE EMPREGO AO PORTADOR DE HIV À LUZ DO

PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA

SOUSA - PB

2007

(2)

A GARANTIA DE EMPREGO AO PORTADOR DE HIV À LUZ DO

PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS da

Universidade

Federal

de

Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: Profº. Dr. Robson Antão de Medeiros.

SOUSA - PB

2007

(3)

A G A R A N T I A DE E M P R E G O A O P O R T A D O R DE H I V A L U Z DO P R I N C I P I O DA D I G N I D A D E H U M A N A A p r o v a d a e m : de de 2 0 0 7 . B A N C A E X A M I N A D O R A Prof. Pos-Doutor R o b s o n A n t a o de M e d e i r o s - U F C G Professor Orientador N o m e - Titulacao - Instituicao Professor(a) N o m e - Titulacao - Instituicao Professor(a)

(4)

das minhas vitorias. A Aurelia, g r a n d e parceira e m tantos projetos e e x e m p l o de disciplina e esforgo. A minha prima Silvinha, detentora de uma energia contagiante que me ajudou a despertar para as reais cores do m u n d o . A m e m o r i a de C a z u z a , poeta da j u v e n t u d e , nao s o m e n t e pelo legado de sua obra, m a s por ter lutado pela vida e nao se curvado diante da discriminagao de u m a s o c i e d a d e hipocrita. A todas as vitimas de preconceito e praticas discriminatorias, que v i v e m segregadas e m grupos marginalizados. A s criangas do pais, na certeza de que s o m e n t e elas, darao inicio a urn novo c o m e g o de era, onde nao havera espago para d e s i g u a l d a d e s e exclusao.

(5)

A Deus, m e u b a l s a m o e m i n h a maior fonte de esperanga, por ter m e feito acreditar que se pode conquistar o impossivel pela fe!

A minha m a e Maria, minha m a i s firme coluna de sustentagao e equilibrio vital. Pela d e d i c a c a o de tantos anos, por ter c o n s e g u i d o , de f o r m a tao sabia, veneer as a d v e r s i d a d e s da vida e m e e d u c a r c o m etica e dignidade. Pelos belos e x e m p l o s de g e n e r o s i d a d e , honestidade e senso de justica q u e , certamente, fizeram de m i m u m ser h u m a n o melhor.

A N e u m a , minha s e g u n d a m a e , por todo o cuidado e d e v o c a o de u m a vida inteira. A o s m e u s irmaos: Corrinha, T a n i a , Neto, S a n d r o e A d r i a n a , por a p o s t a r e m nos m e u s propositos e m e e n s i n a r e m , cotidianamente, a aprender c o m as diferengas. Pelas boas recordacoes da infancia e pelas alegrias do presente. Em especial a Neto, por ter a s s u m i d o , brilhantemente, o papel de figura paterna; e a Tania, por ter fornecido, materialmente, m e u s estudos.

A o s m e u s sobrinhos: Eudinho, J o a o Lucas, Isadora e Marcella, pelas e x p r e s s o e s de a m o r s e m p r e tao verdadeiras que m e m o t i v a m a querer lutar e veneer para ve-los t r a n s f o r m a d o s e m h o m e n s e m u l h e r e s de b e m . Pelo colorido que d a o a minha rotina e por m e f a z e r e m e n t e n d e r que a vida e u m a deliciosa brincadeira.

A m i n h a querida a m i g a Aurelia, por ter participado de t o d a s as m i n h a s conquistas a c a d e m i c a s e ter acreditado nas m i n h a s potencialidades. Pela s u g e s t a o do t e m a do m e u trabalho e por ter m e feito abraca-lo de f o r m a tao a p a i x o n a d a .

A o m e u orientador Prof. R o b s o n , pela paciencia e b o m humor constante, pelo impecavel d i r e c i o n a m e n t o e pelo referencial de luta pelos direitos h u m a n o s .

A Maria Firmino de Queiroga (Ceu), por ter m e concedido a oportunidade exercer minha primeira atividade laborativa e m e feito perceber a importancia e o valor do trabalho.

A Prof3. Maria M a r q u e s (Gracinha), pela serenidade e c a r i s m a , no n o m e de quern

agradego a t o d o s os c o m p o n e n t e s da versao 2 0 0 4 do Projeto de Extensao Direitos e Garantias F u n d a m e n t a l s , inesqueciveis a m i g o s , m o m e n t o s eternizados e m minhas mais s a u d o s a s lembrangas.

A o s m e u s diletos amigos: E d m i l s o n , Isabelle, Trajano, Mariana e Clariana pela a m i z a d e de tantos anos, por t e r e m me a c o m p a n h a d o d e s d e a infancia e contribuido para a minha construgao h u m a n a .

A o s novos amigos: Daniel, Dany G., Samires, Adriana, pela acolhida g e n e r o s a e a m i z a d e sincera e a Eduardo que, alem disso, me serve c o m o e x e m p l o de luta pela Justiga ao aplicar o Direito de u m a f o r m a tao sensivel e corajosa.

(6)

A o s g r a n d e s a m i g o s que fiz nesta c a m i n h a d a : Y v n a , Patricia, Camila S a m p a i o , Camila Pinto, J o s e p h , R e n a t o e Filipe, por terem d a d o sabor e cor a minha p a s s a g e m a c a d e m i c a e por t e r e m d a d o vida a cada corredor, cada banco, cada pilastra da f a c u l d a d e , nestes cinco, inesqueciveis, anos.

A o s m e u s a m i g o s de t u r m a , e m especial a Rafaela, Renata, T h e d y , A m a n d a , E d u a r d o e Jailton, por c a d a piada, cada sorriso, cada brincadeira que fizeram de todo e s s e t e m p o u m a etapa de vida maravilhosa e para s e m p r e estarao g u a r d a d o s e m m e u coracao, c o m o irmaos que a vida m e p r e s e n t e o u .

A s professoras R e m e d i o s , Monnizia e Giorggia, pela a m i z a d e tao c u i d a d o s a e pelo e x e m p l o de profissionalismo que m e fizeram gostar bem mais do universo juridico. A Tia Lourdes e Tia Beta, que d e s d e a infancia a p l a u d e m minhas conquistas e j u n t a s c o m V 6 Levina, f a z e m parte d a minha familia e d a s minhas d o c e s m e m o r i a s

de crianca.

A o s m e u s colegas de trabalho d a Biblioteca, u m a g r a n d e familia, pela diversao diaria q u e m e farao lembrar c o m s a u d a d e d a antiga labuta. Em especial a [Madia, por ter conduzido de u m a f o r m a tao zelosa o m e u trabalho, no ultimo ano.

A t o d o s aqueles que d e i x a r a m b o a s m a r c a s na minha vida e t o r c e r a m pelo m e u s u c e s s o .

A t o d o s que m e e n s i n a r a m g r a n d i o s a s ligoes, na certeza de que eu as seguiria c o m responsabilidade e fervor.

A todos que acreditaram no m e u s o n h o e e m b a r c a r a m nas minhas mais instigantes viagens. E s o u b e r a m respeitar o m e u t e m p o e esperar a hora certa de ver as coisas a c o n t e c e r e m .

A todos que f r e q u e n t a r a m m i n h a casa, que c o m p u s e r a m m e u convivio diario durante esses anos todos, c o m s e u s contos, suas historias, suas alegrias e p r o b l e m a s que plantaram e m mim a s e m e n t e da a m i z a d e e do respeito ao proximo.

A todos q u e m e d e v o t a r a m afeto e m e fizeram sentir o calor de urn abraco, a magia de urn sorriso sincero o u a luz de urn olhar acolhedor, pelas vezes e m que m e fizeram m e sentir mais a m a d o , mais querido, maior e melhor do que aquilo que

realmente s o u .

A o s grandes poetas, m a g o s da escrita, a m a n t e s da arte, por a g u c a r e m minha sensibilidade e d e s p e r t a r e m minha e m o c a o diante da beleza das e x p r e s s o e s mais cotidianas. Por t e r e m contribuido para o e n o b r e c i m e n t o de minha alma.

A o s justos, por terem d e s e n v o l v i d o m e u senso de justica e a v o n t a d e de lutar por ela.

(7)

o p o r t u n i d a d e , n u m a possibilidade de recuperar na n o s s a s o c i e d a d e , e m nos m e s m o s , e m cada urn de nos e e m t o d o s nos o sentido da vida e d a dignidade. E, c o m e s s e sentido d a vida e da dignidade, s e r e m o s c a p a z e s de lutar pela construcao de uma s o c i e d a d e d e m o c r a t i c a , de u m a s o c i e d a d e justa e fraterna". Herbert de Souza, "Betinho"

"A vida veio e m e levou c o m ela. Sorte e se a b a n d o n a r e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue. Bonita e breve... C o m o borboletas que so v i v e m vinte e quatro horas. Morrer nao doi". Cazuza

(8)

LISTA DE S I G L A S E A B R E V I A T U R A S 0 7 R E S U M O 08 A B S T R A C T 09 I N T R O D U Q A O 11 C A P I T U L O 1 A C I E N C I A E A D E S C O B E R T A DA A I D S 14 1.1 O r i g e m Historica e Terminologia 15 1.2 Sintomatologia e Diagnostico 17 1.3 Transmissibilidade, Prevengao e T r a t a m e n t o s M o d e r n o s 19 C A P I T U L O 2 A A I D S E S E U S I M P A C T O S NAS R E L A Q O E S DE T R A B A L H O 2 5 2.1 Perfil do E m p r e g a d o Portador de HIV: C a p a c i d a d e para o T r a b a l h o 2 6 2.2 A N e c e s s i d a d e do D e s e m p e n h o da Atividade Laborativa X Preconceito: O Direito

de Nao Ser Discriminado 28 2.3 O Principio da Dignidade da Pessoa H u m a n a nas Relacoes de Trabalho 32

C A P I T U L O 3 O D I R E I T O D O T R A B A L H O E A P R O T E Q A O J U R I D I C A A O

P O R T A D O R DE HIV 37 3.1 Direito Social do Trabalho: A m p a r o Constitucional 4 1

3.2 A Obrigatoriedade do E x a m e A d m i s s i o n a l 4 4 3.3 A Garantia de E m p r e g o do Soropositivo e a Polemica da Estabilidade 4 8

C A P I T U L O 4 O P A P E L D O J U D I C l A R I O T R A B A L H I S T A F R E N T E O S

P O R T A D O R E S DE HIV: O E S T A D O C O M O P R O T E T O R D A S M I N O R I A S 52 4.1 E m p r e g a d o Soropositivo: Retrato da Jurisprudencia Brasileira e o Caso

Paraibano 55 4.2 Perspectivas Futuras para o Portador de HIV nas Relacoes de Trabalho 59

C O N S I D E R A Q O E S FINAIS 6 2

R E F E R E N C E S 66 A N E X O I - LEI N° 9.029 - DE 13 DE A B R I L DE 1995 - D O U DE 17/4/95 69

A N E X O II - A C O R D A O T R T - P R O C . N U . : 0 0 3 2 1 . 2 0 0 3 . 0 0 2 . 1 3 . 0 0 . 7 - R E C U R S O

(9)

3TC - Epivir

A I D S - A c q u i r e d I m m u n e Deficiency S y n d r o m e A Z T - Z i d o v u d i n a

C D C - Center for Dease Control C F - Constituicao Federal C I P A - C o m i s s a o Interna de Prevengao de A c i d e n t e s C L T - C o n s o l i d a c a o das Leis do T r a b a l h o d 4 T - Zerti d d C - Zalcitabina ddl - Didanosina

F G T S - F u n d o de Garantia por T e m p o de Servigo HIV - H u m a n Immunodeficiency V i r u s

O I T - Organizagao Internacional do T r a b a l h o PDI - Piano de Dispensa Incentivada

SBI - S o c i e d a d e Brasileira de Infectologia S I D A - S i n d r o m e da Imunodeficiencia Adquirida T R T - Tribunal Regional do T r a b a l h o

T S T - Tribunal Superior do Trabalho

V i d d a - Valorizagao, Integragao e Dignidade do Doente de A I D S V I H - V i r u s da Imunodeficiencia H u m a n a

(10)

O trabalho cientifico ora proposto, t e m por e s c o p o c o m p r e e n d e r a situacao socio-juridica do trabalhador portador do virus da A I D S no Brasil, analisando o tratamento juridico atribuido a sua situacao trabalhista, e s p e c i a l m e n t e , no tocante a garantia de e m p r e g o . A s s i m , atraves do m e t o d o multidisciplinar, analisa-se o p a n o r a m a historico da s i n d r o m e , atentando para suas f o r m a s de t r a n s m i s s a o , prevengao, tratamento e caracteres sintomaticos, desmistificando os estereotipos acerca da doenga e discutindo seus impactos nas relagoes de trabalho, ocasionados, e m sua maioria, pelo preconceito da s o c i e d a d e a condigao de s a u d e dos infectados. A t r a v e s do estudo doutrinario e jurisprudencial, a pesquisa cientifica discorre, ainda, sobre a protegao juridica aos trabalhadores portadores de HIV, e n c o n t r a n d o na Dignidade da Pessoa H u m a n a , a mais firme coluna de sustentagao de todo o o r d e n a m e n t o juridico patrio, garantindo aos individuos discriminados, c o m o os soropositivos, o direito a u m a vida digna, c o m vistas ao d e s e n v o l v i m e n t o de s u a s potencialidades. A n a l i s a , t a m b e m , a c e l e u m a doutrinaria sobre o instituto da estabilidade e o e n t e n d i m e n t o d o s Tribunals sobre a presungao de discriminagao na dispensa imotivada e s e m justa c a u s a de e m p r e g a d o s soropositivos e sua reintegragao no e m p r e g o , revelando a importancia d a atuagao do Judiciario frente as o m i s s o e s d a lei, a d e q u a n d o os Principios Constitucionais ao caso concreto, e n t e n d e n d o a evolugao da s o c i e d a d e e a necessidade de que o Direito, e n q u a n t o ciencia j u s t a , a c o m p a n h e esses progressos e atenda as expectativas sociajs atuais.

(11)

T h e scientific w o r k now p r o p o s e d , has the scope to understand the socio-legal status of the w o r k e r carrier of the virus of A I D S in Brazil, e x a m i n i n g the legal treatment given to its labor situation, especially with respect to the g u a r a n t e e of e m p l o y m e n t . T h u s , the m e t h o d t h r o u g h multidisciplinary, analyzes is the picture history of the s y n d r o m e , looking for their w a y s of transmission, prevention, treatment and s y m p t o m a t i c characters, unbluffing the stereotypes about the disease and discussing their impacts on working relationships and c a u s e d , mostly , the bias of society to the condition of health of t h o s e infected. T h r o u g h the study doctrinal and legal, scientific research explains, e v e n on the legal protection to w o r k e r s carriers of HIV, finding the Dignity of the H u m a n Person, the most firm c o l u m n of s u p p o r t of the entire legal s y s t e m national and g u a r a n t e e s to individuals discriminated against, as the HIV positive, the right to a dignified life, with a view to the d e v e l o p m e n t of their potential. A n a l y z e , t o o , the pending doctrinaire on the institute's stability a n d understanding of the courts on the p r e s u m p t i o n of discrimination in the dispensation unmotivated and without just c a u s e of HIV positive e m p l o y e e s a n d their reintegration in e m p l o y m e n t , revealing the importance of the role of the Judicial front of the omissions of the law, bringing the c a s e to the Constitutional Principles, understanding the evolution of society and the n e e d for the law, while science fair, monitor this progress and m e e t social expectations today.

(12)

I N T R O D U Q A O

O Direito, importante instrumento de controle social, e uma Ciencia dinamica que se transforma consoante a evolugao historica e os progressos sociais, se a d e q u a n d o as novas tendencias e n e c e s s i d a d e s da coletividade. A beleza d a Ciencia Juridica se realga q u a n d o , a partir do estudo de urn d e t e r m i n a d o t e m a , se c o n s t r o e m as mais enriquecidas c o n c l u s o e s interpretativas.

Entretanto, e fato que o Direito, por vezes, nao a c o m p a n h a , na m e s m a velocidade, os a v a n c o s da s o c i e d a d e m o d e r n a , se omitindo e m disciplinar novas situagoes faticas que passarao a c o m p o r o universo das relagoes juridicas.

A s s i m s e n d o , maior relevo ganha o t e m a , q u a n d o sobre ele nao ha leis especificas. Maior esforgo e sensibilidade sao exigidos dos estudiosos d a Ciencia Juridica q u a n d o inexistem normas regendo d e t e r m i n a d a s relagoes do m u n d o juridico.

Neste sentido, a S i n d r o m e da Imunodeficiencia H u m a n a (SIDA) continua a ser, para a s o c i e d a d e brasileira, urn desafio, por ser urn f e n o m e n o que ultrapassa fronteiras, c g u s a n d o impactos nao s o m e n t e na cultura popular, m a s t a m b e m nas relagoes da algada do Direito, muitas delas, ainda nao disciplinadas, e x p r e s s a m e n t e , pelo o r d e n a m e n t o juridico patrio.

Esses impactos, de igual f o r m a , se refletem no ambito trabalhista, na m e d i d a e m que o Virus da Imunodeficiencia H u m a n a ( V I H / HIV), se alastra cada vez mais entre pessoas e m plena c a p a c i d a d e produtiva.

A ausencia de norma e x p r e s s a que conduza as relagoes juridicas de trabalho dos portadores da SIDA, torna a a b o r d a g e m , ao m e s m o t e m p o , polemica e interessante. Se aplicar u m a norma ao caso concreto j a exige do operador do Direito agugada c a p a c i d a d e interpretativa, muito maior esforgo se requer q u a n d o a norma inexiste.

A atual situagao dos trabalhadores soropositivos tern, no preconceito, sua maior barreira. A ausencia de informagao aliada a construgao de crendices e mitos acerca da doenga impulsiona o crescimento das praticas discriminatorias que, c o m p r o v a d a m e n t e , acarretam u m a serie de prejuizos aos infectados.

(13)

A presente pesquisa cientifica apresenta-se com o proposito de c o m p r e e n d e r a situacao socio-juridica do portador de HIV no Brasil, analisando o tratamento juridico atribuido a sua situagao trabalhista.

T a m b e m constitui, especificamente, objeto do estudo e m tela, relacionar a garantia de e m p r e g o ao portador de HIV no Brasil e o Principio Constitucional da Dignidade H u m a n a , e x a m i n a n d o a legislagao trabalhista e a importancia do instituto da estabilidade, bem c o m o seus aspectos polemicos dentro da Doutrina, alem de apresentar alternativas legais para a solucao dos conflitos juridicos que e n v o l v e m o e m p r e g a d o soropositivo, atraves da investigacao jurisprudencial.

Utilizar-se-a, na pesquisa cientifica, o m e t o d o de a b o r d a g e m multidisciplinar, b u s c a n d o e m outras Ciencias (Medicina, Psicologia e Sociologia) o a m p a r o para o d e s e n v o l v i m e n t o do estudo juridico. Aplicar-se-a, ainda, o m e t o d o exegetico-juridico para a f u n d a m e n t a g a o dos posicionamentos legais dispostos no O r d e n a m e n t o Juridico Brasileiro. A pesquisa doutrinaria t a m b e m surge c o m o m e t o d o de estudo, na medida e m que s e r a o investigadas posicoes de estudiosos da tematica sobre os a s p e c t o s polemicos que a e n v o l v e m , bem c o m o a analise Jurisprudencial, a qual possibilitara o e n t e n d i m e n t o do papel do Judiciario Brasileiro e seu relevo no t r a t a m e n t o as minorias discriminadas.

O primeiro capitulo apresentara uma analise sobre o papel da Ciencia na descoberta da AIDS, informando sobre o s e u s u r g i m e n t o , s u a s f o r m a s de prevencao e transmissibilidade, bem c o m o s e u s caracteres sintomaticos e m o d e r n a s f o r m a s de tratamento, q u e b r a n d o os t a b u s impostos pela s o c i e d a d e e r o m p e n d o os mitos criados acerca d a s i n d r o m e , responsaveis pelo estigma carregado pelos infectados e pela discriminacao que os m e s m o s sofrem nas mais variadas esferas de convivio social.

O s e g u n d o capitulo tratara dos impactos da AIDS nas relagoes juridicas do ambito trabalhista. Neste m o m e n t o , sera tragado o perfil do e m p r e g a d o soropositivo, c o m p r o v a n d o sua c a p a c i d a d e para o d e s e m p e n h o da atividade laborartiva, enfatizando a necessidade h u m a n a de exercer urn trabalho e m contraposigao a problematica do preconceito no a m b i e n t e de trabalho. T a m b e m se analisara a observancia ao Principio da Dignidade H u m a n a , pilastra de sustentagao do o r d e n a m e n t o juridico nacional, no contexto das relagoes trabalhistas, c o m o m e c a n i s m o de protegao aos portadores de HIV.

(14)

O terceiro capitulo a b o r d a r a a protegao juridica aos trabalhadores soropositivos, dando realce ao direito social do trabalho e analisando os aspectos polemicos do e x a m e admissional anti-HIV e do instituto da estabilidade.

O quarto capitulo se destinara a analisar o papel do Judiciario Brasileiro frente a realidade socio-juridica d o s e m p r e g a d o s soropositivos, a t e n t a n d o para as novas vertentes do Direito M o d e r n o , traduzidas nas decisoes jurisprudenciais que g a r a n t e m a e s s e s individuos o direito ao exercicio do trabalho e m a n u t e n g a o do e m p r e g o , abrindo e s p a c o para novas perspectivas sociais acerca dessa problematica.

A t r a v e s de urn relato minucioso da d o e n c a , c o n s i d e r a n d o sua evolucao clinica e social, d e s d e a sua descoberta e da analise dos Principios Constitucionais e Trabalhistas a d e q u a d o s a esse contexto, ao final, reafirma-se a proposta inicial d e s t e trabalho, qual seja, analisar os impactos socio-juridicos da AIDS e a realidade trabalhista dos e m p r e g a d o s soropositivos, que tern, na garantia de e m p r e g o , a concretizagao d a Dignidade H u m a n a .

Dessa f o r m a , justifica-se nao s o m e n t e a pertinencia desta pesquisa, mas a propria finalidade do Direito do T r a b a l h o , que tern c o m o e s c o p o a preservagao da Dignidade H u m a n a e a p r o m o g a o da igualdade de t r a t a m e n t o e oportunidades a todos os individuos, vetando praticas discriminatorias que desequilibrem as relagoes juridicas e limitem direitos basicos indispensaveis a qualquer ser h u m a n o .

(15)

C A P i T U L O 1 A C I E N C I A E A D E S C O B E R T A DA A I D S

No latente anseio de lutar pelo ideal de justica social e, principalmente, contra o preconceito, para o presente trabalho, e d e f u n d a m e n t a l importancia esclarecer os estereotipos que e n v o l v e m a S i n d r o m e da Imunodeficiencia Adquirida (SIDA) e, por v e z e s , i m p e d e m a ruptura dos mitos do passado e pouco informam sobre os impactos, nao a p e n a s flsicos, m a s socio-juridicos o c a s i o n a d o s pela e p i d e m i a do seculo atual.

Descrever a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome - maneira c o m o e m u n d i a l m e n t e conhecida) e ponto crucial para analisar os seus efeitos negativos dentro da s o c i e d a d e brasileira, e m particular, no que diz respeito as relagoes de trabalho. Desta f o r m a , b u s c a - s e e n t e n d e r o processo de evolugao cultural e m torno da referida d o e n c a , principalmente, no tocante a discriminagao e a persistente violagao aos direitos h u m a n o s das pessoas infectadas.

" C o n c e p g o e s u l t r a p a s s a d a s "1, aliadas a falta de informagao sobre a d o e n g a ,

contribuiram para a construgao de certos preconceitos na s o c i e d a d e pelo que, muitas vezes a torna alienada dos seus verdadeiros efeitos e, principalmente, d a possibilidade que existe, na maioria dos casos de que as pessoas portadoras do virus e possivel manter u m a vida normal c o m o a de qualquer outro individuo.

Identifica-se a negagao, seja por parte do Estado, ou pelos particulares, de direitos basilares aos portadores do virus HIV (Human Immunodeficiency Virus), e s p e c i a l m e n t e , os direitos ligados a cidadania e a dignidade, primordialmente no que t a n g e o direito ao trabalho, de m o d o a manter e s s a s p e s s o a s s e g r e g a d a s e m grupos marginalizados, a parte das d e m a i s c a m a d a s sociais.

Os pontos elucidados a seguir n a s c e r a m de pesquisas e m bases teoricas f u n d a m e n t a d a s por profissionais da area d a saude, que, c o m propriedade, p o d e m afirmar o assustador crescimento da S i n d r o m e d e s d e a sua descoberta ate os dias atuais, mas t a m b e m quebrar certos tabus e misterios sobre as f o r m a s de t r a n s m i s s a o , prevengao e tratamentos.

1 Cultura popular baseada na ideia mitica de que a AIDS e uma molestia que atinge somente

homossexuais ou usuarios de drogas, ou ainda individuos adeptos de praticas promiscuas, com desvios de personalidade e carater duvidoso.

(16)

A s Ciencias Medicas e as Ciencias Sociais c a m i n h a m j u n t a s na busca pelo ponto de equillbrio e razoabilidade no tratamento d e s s e s individuos e a m b a s c o n v e r g e m ao averiguar que eles p o s s u e m plena c a p a c i d a d e para o trabalho e para exercer os direitos que Ihes sao conferidos e n q u a n t o cidadaos.

1.1 O R I G E M H I S T O R I C A E T E R M I N O L O G I A

T o d a epidemia causa espanto e perplexidade e m u m a s o c i e d a d e leiga e, principalmente, aflita c o m sua proliferacao a s s u s t a d o r a m e n t e crescente. Esse tipo de situacao pode acarretar profundas t r a n s f o r m a c o e s sociais, ao passo que rege c o m p o r t a m e n t o s e dita valores. O d e s c o n h e c i m e n t o d a s c a u s a s aliado ao m e d o e a histeria social da origem ao preconceito e a discriminagao aos d e n o m i n a d o s grupos de risco, ou seja, aquelas minorias que por urn motivo ou outro se infectaram primeiramente e se t o r n a r a m alvo de rotulos e praticas excludentes, tornando-se grupos marginalizados.

A s s i m ocorreu c o m a h a n s e n i a s e , a sffilis e a propria tuberculose. Os c o n t a m i n a d o s c o m estas d o e n c a s foram vitimas nao a p e n a s de s u a s proprias e n f e r m i d a d e s , m a s t a m b e m do c o m p o r t a m e n t o hostil e discriminatorio da s o c i e d a d e a sua e p o c a .

Neste sentido, Arletty Pinel e Elisabeth Inglesi (1996, p. 92/93) analisam e e s c l a r e c e m q u e :

O moralismo, a hipocrisia e o descaso com que a sociedade brasileira reagiu ao aparecimento dos primeiros casos de AIDS nao foram prerrogativas exclusivas nem do Brasil nem de nosso tempo. A historia da humanidade esta cheia de exemplos ilustrativos da tendencia das sociedades a, num primeiro momento, negar a ameaca de qualquer epidemia. Dependendo das circunstancias em que ocorram, as autoridades dao-se o direito de negligenciar as pragas ou de manipula-las, para aumentar ou diminuir seu impacto ou para atribuir sua origem a grupos marginalizados. Foi assim com a hanseniase (lepra), a peste bubonica, a sifilis e a gripe espanhola, que geraram reacoes de histeria coletiva, punicoes injustas e falsas atribuicoes das causas das doencas a grupos discriminados por suas crencas religiosas ou por sua origem social. Os erros cometidos por nossos antepassados nao tiveram a virtude de nos tornar mais lucidos no enfrentamento de uma nova ameaca. Os cartazes sobre a AIDS quase anda diferem dos elaborados sobre a sifilis no inicio do

(17)

seculo, e muitos de nos ainda acreditam que ela e uma doenca de homossexuais, drogados e prostitutas.

A AIDS foi inicialmente identificada entre a c o m u n i d a d e h o m o s s e x u a l norte-a m e r i c norte-a n norte-a no finnorte-al dnorte-a d e c norte-a d norte-a de setentnorte-a e inicio dnorte-a d e c norte-a d norte-a de oitentnorte-a, dessnorte-a formnorte-a, acreditou-se que a d o e n c a tratava-se de u m a peculiaridade do m u n d o "gay" e s o m e n t e a c o m u n i d a d e h o m o s s e x u a l estaria exposta aos riscos de c o n t a m i n a c a o .

Ideia erronea que durou a l g u m t e m p o , mas caiu por terra q u a n d o , mais tarde, descobriu-se que a AIDS j a existia na Africa e b a s i c a m e n t e entre

heterossexuais. A referida descoberta trouxe a tona a certeza de que a doenga nao e s c o l h e s e x o , cor, nacionalidade, religiao ou cultura ( B R A S I L , 1998, p.15).

Estudos mais recentes ( U N I C A M P , 2002) c o m p r o v a m que o virus HIV teve origem e m d e t e r m i n a d a s especies de c h i m p a n z e s africanos entre 4 0 e 2 8 0 anos atras. A possivel f o r m a de contagio h u m a n o que os cientistas a p o n t a m , seria o habito cultivado por certos povos da Africa Central, de comer a c a m e desses animais selvagens (bushmeat), ou ainda a possibilidade de c o m e - l a e m rituais de sacrificio r e l i g i o s e

E m b o r a os estudos cientificos a p o n t e m que a doenga surgiu muito t e m p o atras, os primeiros casos de AIDS registrados no m u n d o d a t a m do ano de 1 9 8 1 , nos

Estados Unidos, pelo C D C (Center for Desease Control), urn centro de controle de doengas q u e pesquisava e identificava novas e p i d e m i a s . Entretanto, ha caso da doenga e m 1959, no C o n g o e entre os anos de 1977 e 1978, no Haiti e outros p a i s e s da Africa Central, m a s a s i n d r o m e ainda nao havia sido classificada.

No Brasil, o primeiro caso ocorreu e m 1980, no estado de Sao Paulo, sendo s o m e n t e classificado dois anos apos, e m 1982.

No m e s m o ano, ocorre a adogao temporaria do n o m e doenga dos 5 H -h o m o s s e x u a i s , -hemofilicos, -haitianos, -heroinomanos (usuarios de -heroina injetavel) e hookers (profissionais do sexo e m ingles). C o n h e c e u - s e o fator de possivel transmissao por contato sexual, uso de drogas e exposigao a s a n g u e e derivados.

A partir de entao a AIDS cresceu significativamente por todo o m u n d o , tendo na decada de oitenta s e u apice de proliferagao p a s s a n d o a ser c o n s i d e r a d a uma pandemia (epidemia mundial).

(18)

De acordo com o boletim epidemiologico ( B R A S I L , 2 0 0 7 ) , no Brasil ja foram identificados cerca de 4 3 3 mil casos de AIDS, d e s d e a primeira identificagao e m 1980 ate o ano atual. A taxa de incidencia foi crescente ate metade da d e c a d a de noventa, alcangando e m 1998 cerca de 19 casos por 100 mil habitantes.

A AIDS e u m a doenga que se manifesta clinicamente apos a infecgao do organismo h u m a n o pelo virus da Imunodeficiencia H u m a n a , mais conhecido c o m o HIV (sigla oriunda do ingles Human Immunodeficiency Virus).

T a m b e m do ingles deriva a sigla AIDS, Acquired Immune Deficiency Syndrome, que e m portugues significa S i n d r o m e da Imunodeficiencia Adquirida, e c a u s a a inabilidade do organismo h u m a n o para se proteger contra m i c r o o r g a n i s m o s invasores, c o m o bacterias, v i r u s , protozoarios, etc.

Em toda a A m e r i c a Latina, exceto no Brasil, a terminologia adotada para a doenga e SIDA - S i n d r o m e d a Imunodeficiencia Adquirida.

O HIV destroi os linfocitos, que sao responsaveis pela defesa do nosso o r g a n i s m o , e d e i x a m o individuo vulneravel a outras infecgoes e doengas. Uma infecgao c o m u m , que, n u m a pessoa s e m AIDS pode ser curada facilmente, pode se tornar fatal n u m a pessoa c o n t a m i n a d a c o m o HIV.

1.2 S I N T O M A T O L O G I A E D I A G N O S T I C O

D e s d e a sua descoberta, a AIDS tornou-se urn desafio para a medicina e para t o d a s as demais ciencias da s a u d e . A forga da S i n d r o m e assusta nao s o m e n t e s e u s portadores, m a s t a m b e m aqueles que dela tratam ou buscam sua tao almejada cura. A impotencia da ciencia foi nitidamente percebida ao longo dos anos frente aos s i n t o m a s avassaladores e destrutivos da doenga.

A Medicina se viu a c u a d a diante da t a m a n h a c o m p l e x i d a d e e invencibilidade d a AIDS e pouco pode fazer para mudar o p a n o r a m a mundial, que a u m e n t o u o n u m e r o de infectados de f o r m a voraz c o m o passar das d e c a d a s .

Muitos estudos foram desenvolvidos pelos mais respeitados institutos de pesquisa e m todo o m u n d o e. nessa batalha Medicina x AIDS, o s e g u n d o c o m b a t e n t e s e m p r e saia vitorioso.

(19)

Diante disso, as esperangas ou as expectativas de cura nem s e m p r e ultrapassavam a f a s e dos testes e a decepgao e o d e s a m p a r o v o l t a v a m a assolar a vida d o s portadores e t a m b e m da sociedade, que passou a conviver c o m o m e d o do contagio, de ter proferida a sua "sentenca de morte".

A busca incessante das Ciencias Medicas e m descobrir o antidoto da s i n d r o m e resultou e m u m a serie de avancos, q u e m e s m o nao e x t e r m i n a n d o c o m o mal de f o r m a definitiva, p u d e r a m melhorar c o n s i d e r a v e l m e n t e a qualidade de vida d o s s e u s vitimados. A l g u n s c o q u e t e i s2 foram d e s e n v o l v i d o s e r e n d e r a m aos seus

usuarios a garantia d a estabilidade dos caracteres sintomaticos, o que tornou a AIDS u m a doenga passivel de controle.

R e c o n h e c e n d o s u a s limitagoes diante da invencibilidade da AIDS, as Ciencias Medicas optaram pela politica da prevengao, na tentativa de deixar a s o c i e d a d e imune aos riscos de contaminagao.

O desejo pela cura ou pela vacina an\\-AIDS continua latente tanto nas Ciencias Medicas quanto na s o c i e d a d e e novas pesquisas c o n t i n u a m s e n d o desenvolvidas no sentido de se concretizar este ideal.

A AIDS e u m a doenga de progressao lenta. A o surgirem os primeiros sintomas, provavelmente a doenga j a existia ha urn t e m p o consideravel no organismo do individuo. Urn portador do virus da AIDS pode ficar ate dez anos s e m apresentar seus principals s i n t o m a s , mas esse estagio assintomatico e variavel de pessoa para p e s s o a , s e g u n d o estudos disponibilizados pelo Ministerio da S a u d e ( B R A S I L , 2 0 0 7 ) .

Muitos d o s sinais d a AIDS p o d e m ocorrer por causa de outras doengas c o m u n s ao meio a m b i e n t e e m que se vive, c o m o gripes e resfriados. G e r a l m e n t e , a sintomatologia inicial se a s s e m e l h a a de uma gripe que nao d e s a p a r e c e , c o m febre, transpiragao durante a noite (sudorese noturna), cansago e perda de apetite.

Entre outros caracteres sintomaticos peculiares a essa s i n d r o m e , pode-se mencionar ainda: dores m u s c u l a r e s , perda de peso, diarreia prolongada, m a n c h a s na pele, ganglios ou inguas que p o d e m durar mais de tres m e s e s , entre outros sinais e sintomas.

C o m o c o m p r o m e t i m e n t o do sistema imunologico pelo virus HIV, o o r g a n i s m o , por ter queda das defesas do corpo, torna-se vulneravel ao

(20)

a p a r e c i m e n t o de outras doencas oportunistas que poderao levar o soropositivo a morte. A s mais c o m u n s sao: p n e u m o n i a , tuberculose, alguns tipos de cancer, d a n o s na m e m o r i a , problemas neurologicos, dificuldade de c o o r d e n a c a o motora, c a n d i d i a s e e infecgoes do sistema nervoso.

O diagnostico d a AIDS faz-se atraves de avaliacao laboratorial que inclui alguns testes de carga v i r a l3 e e x a m e s s a n g u i n e o s correlatos.

A c e r c a da deteccao da d o e n g a , Drauzio Varella (2007) acentua q u e :

Existe um exame de sangue especifico para o diagnostico da AIDS, chamado teste Elisa. Em media, ele comega a registrar que a pessoa esta infectada 20 dias apos o contato de risco. Se depois de tres meses o resultado for negativo, nao ha mais necessidade de repetir o exame, porque nao houve infecgao pelo HIV.

Destarte, os testes de carga viral sao imprescindiveis para a avaliagao de u m individuo soropositivo. Esse tipo de e x a m e e usado para estimativa de prognostico, determinagao do uso de anti-retrovirais e para se ter um parametro laboratorial que permita avaliar a eficacia do tratamento.

Durante a fase aguda da s i n d r o m e retroviral, as cargas virais t e n d e m a ser m a x i m a s , ao contrario do que ocorre nos pacientes assintomaticos, que, geralmente, a p r e s e n t a m cargas mais baixas.

Outras especies de e x a m e s t a m b e m sao usadas para determinar o risco de complicagoes especificas do HIV, a fim de diminuir ou c o m b a t e r as infecgoes oportunistas que p o d e m c o m p r o m e t e r a qualidade de vida dos portadores.

1.3 T R A N S M I S S I B I L I D A D E , P R E V E N Q A O E T R A T A M E N T O S M O D E R N O S

O s avangos cientificos c o n s e g u i r a m romper alguns mitos acerca da transmissao do HIV e esclarecer as reais possibilidades de contaminagao. Durante os primeiros anos apos a descoberta da doenga, especulou-se que atitudes banais do cotidiano p u d e s s e m ser vias t r a n s m i s s o r a s , tais c o m o o uso compartilhado de

(21)

utensilios domesticos (pratos, copos, talheres), roupas ou toalhas de banho, t a m p a s de privadas, beijo, apertos de m a o ou abracos e picadas de insetos.

Estudos cientificos c o m p r o v a r a m que a AIDS nao se transmite pelo contato salivar, pelo suor, pelo contato c o m a pele, fezes, urina ou m e s m o lagrimas. O que desmistificou os receios da s o c i e d a d e da e p o c a e alertou sobre as verdadeiras f o r m a s de contagio.

Dentre as principals vias de t r a n s m i s s a o , esta aquela que causa maior n u m e r o de vitimas: o contato sexual. A pratica do sexo s e m preservative deixa os individuos suscetiveis a contaminagao, e m virtude do contato direto das secrecoes sexuais c o m as m u c o s a s do corpo. A rotatividade de parceiros t a m b e m pode a u m e n t a r o risco de contagio, assim c o m o outras doengas s e x u a l m e n t e transmissiveis, q u e r o m p e m a barreira epitelial e p r o v o c a m ulceracoes nos genitais, o que causa o a c u m u l o de celulas infectadas ou suscetiveis ao HIV.

Outra modalidade de contaminagao, bastante c o m u m entre os j o v e n s , e o uso c o n t i n u o de drogas injetaveis. Esse tipo de pratica e x p o e o individuo a materials possivelmente infectados, atraves do c o m p a r t i l h a m e n t o e reutilizagao de seringas e agulhas c o n t a m i n a d a s c o m o virus. A essa z o n a de risco t a m b e m se s u b m e t e m os hemofilicos e os q u e r e c e b e r a m doagao de s a n g u e e h e m o d e r i v a d o s . Entretanto, o risco de t r a n s m i s s a o e m transfusoes de s a n g u e e b e m p e q u e n o e m paises que f a z e m selegao rigorosa do d o a d o r e os devidos testes, procedimento adotado obrigatoriamente no Brasil.

Na populagao infantil a principal via de contagio do HIV e a transmissao vertical (aquela e m que a infecgao passa da m a e para o filho nas ultimas s e m a n a s de gestagao ou durante o parto). O aleitamento materno t a m b e m a u m e n t a as c h a n c e s de contagio do virus pela crianga. Para e s s e s casos r e c o m e n d a - s e o uso da droga A Z T (Zidovudina) durante a gravidez e nas primeiras seis s e m a n a s de vida da crianga, c o n f o r m e artigo cientifico publicado sobre o assunto ( P O R T A L BOA S A U D E , 2 0 0 7 ) .

A politica mais eficaz de c o m b a t e a disseminagao da AIDS e a prevengao. T o d a s as c a m p a n h a s de conscientizagao e m m a s s a c o n v e r g e m para o esclarecimento da s i n d r o m e e as formas de evitar ou diminuir os riscos d e contaminagao.

Todavia, o n u m e r o de infectados d e m o n s t r o u - s e crescente ao longo d o s anos. Prova de que a sociedade ainda nao abragou totalmente as proposigoes

(22)

dessas c a m p a n h a s de c o m b a t e ao virus do HIV. E preciso um trabalho mais acurado de conscientizacao. A sociedade, pois, precisa de u m a m u d a n c a c o m p o r t a m e n t a l e de medidas e estrategias que sejam c a p a z e s de induzir transform a goes nesse c o m p o r t a m e n t o . E f u n d a m e n t a l e n t e n d e r que, c o m relacao a AIDS, nao existe u m grupo de risco, mas um c o m p o r t a m e n t o de risco.

Nunca e demais lembrar, t a m b e m , da importante contribuicao da sociedade civil para o c o m b a t e a esta p a n d e m i a , principalmente, no tocante as formas de se elucidar a respeito das medidas de prevengao e, e v i d e n t e m e n t e , a m p l i a n d o a dignidade d o s afetados pelo virus HIV.

Neste sentido, o Grupo Pela V i d d a4 (2007) trabalha e d e s e n v o l v e suas

atividades e m torno de q u e s t o e s relacionadas a AIDS e ao c o m b a t e do preconceito contra os c o n t a m i n a d o s , divulgando da seguinte f o r m a : "Nao existem g r u p o s de risco, o virus nao escolhe quern vai contaminar. Ha milhoes de m u l h e r e s , h o m e n s e criangas de diferentes classes sociais ou credos, c o n t a m i n a d o s c o m o virus HIV".

O u t r o s s i m , r e c o m e n d a m - s e praticas no sentido de alargar as atitudes basicas para a prevengao d a AIDS. O uso de preservative nas relagoes sexuais e uma d a s medidas mais eficazes de se evitar o contagio do virus, assim c o m o conhecer bem o parceiro sexual. A pluralidade de parceiros a u m e n t a os riscos de contaminagao.

Outros cuidados t a m b e m sao r e c o m e n d a d o s para a nao c o n t a m i n a g a o pelo HIV: a utilizagao de agulhas e seringas descartaveis e m t o d o s os p r o c e d i m e n t o s medicos, a esterilizagao de instrumentos cortantes que entrem e m contato c o m o sangue, evitar o uso de drogas injetaveis e nos casos de transfusao s a n g u i n e a , d e v e haver u m sistema rigoroso de testes para detectar a presenga do virus no s a n g u e , para que uma pessoa saudavel nao seja c o n t a m i n a d a c o m o s a n g u e que porte o virus.

U m a vez contraido o HIV, o portador sera obrigado a conviver c o m o virus de f o r m a definitiva. M e s m o c o m os avangos da medicina, a cura da AIDS ainda nao foi alcangada. A ciencia, no entanto, se e m p e n h o u e m d e s e n v o l v e r seu tratamento, que conferiu aos portadores u m a melhor qualidade de vida e o controle da s i n d r o m e .

4 O Grupo Pela Vidda/RJ - Pela Valorizacao, Integracao e Dignidade do Doente de AIDS - e uma

Organizagao Nao-Governamental de luta contra a AIDS. E uma instituicao sem fins lucrativos que realiza acoes baseadas no trabalho voluntario e na solidariedade.

(23)

Criou-se, entao, o tratamento c o m anti-retrovirais5, que baixam a carga viral,

i m p e d e m sua multiplicacao e, q u a n d o possivel, restauram a imunidade do paciente. O estado do Para, por e x e m p l o , d e m o n s t r a p r e o c u p a c a o e m torno d a problematica d o s portadores do virus da AIDS, tanto e que do Portal de Saude Publica (2007) do referido estado, extrai-se q u e :

O avanco nas pesquisas cientificas possibilitou o aparecimento, em 1996, de uma proposta terapeutica que demonstrou um aumento da sobrevida, ficando popularmente conhecida como Coquetel Anti-AIDS. Era a terapia

anti-retroviral de alta potencia. Essa terapia trouxe avancos inestimaveis,

propiciando o esclarecimento de aspectos fundamentals da doenca.

Registre-se que o Brasil foi o primeiro pais de terceiro m u n d o a adotar a politica de distribuigao gratuita da medicagao de c o m b a t e aos efeitos da AIDS. A droga mais utilizada atualmente e o A Z T , que e u m bloqueador de transcriptase reserva e impede a reprodugao do virus da AIDS ainda na sua fase inicial ( B R A S I L , 2 0 0 7 ) .

A Politica Nacional do Ministerio da S a u d e para a assistencia aos individuos infectados pelo HIV inclui, entre varias outras iniciativas, u m programa de acesso universal e gratuito aos m e d i c a m e n t o s anti-retrovirais na rede publica de saude. Esse p r o g r a m a que foi iniciado no comego d a d e c a d a de 90 (noventa), c o m a distribuigao do A Z T capsula, consolidou-se e m 1996, c o m o Decreto n° 9.313 de 13 de n o v e m b r o de 1996, que garantiu a t o d o s pacientes infectados pelo HIV, o acesso gratuito a toda medicagao necessaria ao seu tratamento, e c o m o inicio da distribuigao dos m e d i c a m e n t o s para terapia tripla c o m inibidores da protease e m d e z e m b r o do ano de 1996.

O referido Decreto n° 9.313/ 96 determinou que os criterios para o t r a t a m e n t o seriam estabelecidos pelo Ministerio da S a u d e , que constituiu u m comite assessor para terapia anti-retroviral e m adultos e adolescentes e outro comite para criangas, que revisam periodicamente as r e c o m e n d a g o e s para terapia anti-retroviral ( B R A S I L , 2 0 0 7 ) .

Em conjunto c o m a politica de distribuigao dos m e d i c a m e n t o s , o Ministerio da S a u d e trabalhou para fortalecer os laboratories publicos do pais, com o objetivo

(24)

de implementar a Rede Nacional de Laboratories para c o n t a g e m dos linfocitos T C D 4 + e quantificacao da Carga Viral do HIV, disponibilizando os e x a m e s necessarios para indicacao da terapia anti-retroviral e q u i m i o p r o f i l a x i a6 das infecgoes

oportunistas, e para o a d e q u a d o monitoramento dos pacientes e m tratamento.

C o n f o r m e aclarado nos estudos cientificos d a S o c i e d a d e Brasileira de Infectologia - SBI (apud P O R T A L S A O F R A N C I S C O , 2 0 0 7 ) , atualmente, ha e m torno de 17 d r o g a s que c o m p o e m o arsenal contra o HIV, sao elas:

• Inibidoras da protease (interrompem a reproducao do virus n u m estagio posterior): indinavir (Crixivan); ritonavir (Norvir); saquinavir (Invirase ou Fortovase); nelfinavir (Viracept); amprenavir (Agenerase); lapinovir (Kaletra);

• Inibidoras d a Transcriptase Reversa N u c l e o s l d e o s : zidovudina (Retrovir ou A Z T ) ; didanosina (Videx ou ddl); zalcitabina (Hivid ou d d C ) ; estavudina (Zerit ou d4T); lamivudina (Epivir ou 3 T C ) ; combivir ( A Z T + 3 T C ) ; abacavir (Ziagen); Trizivir (AZT + 3TC + abacavir);

• Inibidoras da Transcriptase Reversa Nao N u c l e o s l d e o s ( t a m b e m usados e m c o m b i n a c o e s ) : nevirapina (Viramune); efavirenz (Sustiva); delavirdina (Rescriptor).

A medicina mais m o d e r n a , o tratamento terapeutico c o m b i n a d o alcanca resultados satisfatorios nos individuos soropositivos e m diferentes estagios da infecgao. O uso dos c h a m a d o s coqueteis (combinagao de drogas) reduz a quantidade de HIV presente no organismo e previne o d e s e n v o l v i m e n t o dos sintomas da AIDS.

E m b o r a eficientes no controle do virus, e importante ressaltar que esses m e d i c a m e n t o s acarretam efeitos colaterais significativos no organismo dos pacientes, atingindo rins, f i g a d o e o proprio sistema imunologico.

Cientistas do m u n d o todo estao trabalhando no d e s e n v o l v i m e n t o de u m a vacina contra a AIDS. P o r e m , existe uma notavel dificuldade, uma vez que o HIV possui u m a incrivel c a p a c i d a d e de mutagao, o que c o m p r o m e t e o trabalho das Ciencias Medicas no desenvolvimento desse tipo de vacina.

Desse m o d o , a p a n d e m i a da AIDS continua a existir nas sociedades, vitimando um n u m e r o consideravel de individuos que, alem de convier c o m o estigma da doenga, ainda enfrentam entraves nas mais variadas relagoes juridicas,

(25)

decorrentes do preconceito e da discriminacao a e n f e r m i d a d e que p o s s u e m , a e x e m p l o das relagoes juridicas na esfera trabalhista.

Essa pesquisa cientifica se propoe a abordar a problematica da AIDS a luz do Direito M o d e r n o , definindo as novas perspectivas de resolugao no caso dos conflitos e m que o portador de HIV surge c o m o agente de direitos e d e v e r e s no ambito social e, portanto, m e r e c e n d o o respeito e a protecao a sua cidadania.

(26)

C A P i T U L O 2 A A I D S E S E U S I M P A C T O S NAS R E L A Q O E S DE T R A B A L H O

A s s o c i e d a d e s , no curso d a historia, f o r a m responsaveis pela criagao de uma g a m a de c o n c e p c o e s sobre os mais variados t e m a s e situagoes. T o d o e s s e processo de construgao da cultura popular deu origem ao tradicionalismo, por vezes responsavel pela nao aceitagao e ojeriza as novas situagoes faticas.

O c o m p o r t a m e n t o c o n s e r v a d o r da s o c i e d a d e teve na Igreja seu ponto de partida. A m e s m a , ao longo d o s seculos norteou a visao social e direcionou a maneira de se entender os fatos decorrentes da propria evolugao historica d a h u m a n i d a d e .

U m q u a d r o de miopia social surgiu d e s d e entao, sendo, responsavel pela d i s s e m i n a g a o de tabus, no que se refere a certos a s s u n t o s e pelo a u m e n t o do preconceito a d e t e r m i n a d a s categorias de individuos. A sociedade nao c o n s e g u e e n x e r g a r a sua propria evolugao e c o m o p e n s a m e n t o bitolado, rejeita os novos a c o n t e c i m e n t o s .

A s s i m , ocorreu c o m a virgindade (liberdade sexual), o adulterio, o divorcio, a h o m o s s e x u a l i d a d e , o m o v i m e n t o feminista e u m a serie de outras situagoes que foram alvo do preconceito e da rejeigao por parte d a s c a m a d a s sociais, acarretando u m a serie de prejuizos aos individuos inseridos nesse contexto.

De f o r m a identica a c o n t e c e u c o m a AIDS e s e u s portadores. Os individuos infectados c o m o virus se tornaram vitimas de atitudes discriminatorias e p a s s a r a m a sofrer c o m os impactos da doenga no m u n d o juridico.

S a o evidentes os impactos da s i n d r o m e no universo trabalhista, instrumento de c o n s e c u g a o de dignidade atraves da garantida constitucional do a c e s s o ao trabalho. A g r a n d e maioria dos portadores de HIV tern, neste ambito, direitos basicos violados e se t o r n a m protagonistas de constantes injustigas.

Cabe, a seguir, analisar as relagoes juridicas de trabalho, atentando para a fragilidade do e m p r e g a d o portador do virus frente a superioridade hierarquica do e m p r e g a d o r , esclarecendo sobre a c a p a c i d a d e que esses individuos tern para o d e s e m p e n h o da atividade laborativa, bem c o m o a protegao juridica que Ihes e conferida pelo o r d e n a m e n t o juridico patrio.

O Principio da Dignidade da Pessoa H u m a n a e a mais firme coluna de sustentagao de todo o aparato normativo aos soropositivos e a f o r m a mais eficaz de

(27)

garantir-lhes u m a vida digna, c o m vistas ao exercicio de u m a profissao e a manutengao de sua subsistencia e de sua s a u d e mental.

2.1 P E R F I L DO E M P R E G A D O P O R T A D O R DE HIV: C A P A C I D A D E P A R A O T R A B A L H O

M e s m o c o m os avangos da Ciencia, d a tecnologia e dos meios comunicativos, a m o d e r n a s o c i e d a d e insiste e m conviver c o m o preconceito e c o m as praticas discriminatorias. T o r n a - s e cada vez mais nitida a lamentavel impressao de que os portadores do virus HIV estao f a d a d o s a viverem c o m o refens d a discriminagao, que poe e m risco a garantia dos seus direitos f u n d a m e n t a l s .

Esse tipo de situagao nao acontece de f o r m a diversa no a m b i e n t e laborativo. A s relagoes de trabalho t a m b e m s o f r e m os impactos da AIDS e as c o n s e q u e n c i a s da rejeigao aos que por ela sao acometidos. A s s i m s e n d o , o portador de HIV, e n q u a n t o polo da relagao trabalhista, experimenta a acidez do preconceito e de ter s e u s direitos basicos limitados ou m e s m o negados.

A s praticas excludentes nao sao oriundas a p e n a s dos colegas de trabalho ou daqueles que, por ventura, v e n h a m a ter contato c o m o portador de HIV, que, na maioria d a s v e z e s , f a z e m uso da hostilidade, da indiferenga e do desrespeito a esses individuos, mas t a m b e m do proprio e m p r e g a d o r q u e usa a doenga c o m o justificativa para m e d i d a s arbitrarias c o m o o t r a t a m e n t o diferenciado (desigual), a d e m i s s a o ou m e s m o a nao a d m i s s a o do portador no servigo.

Ja foi c o m p r o v a d o que a AIDS so se transmite atraves do contato s a n g u i n e o ou sexual, aleitamento m a t e r n o ou uso compartilhado de seringas e os mitos sobre sua transmissibilidade f o r a m rompidos c o m o passar das d e c a d a s , conforme elucidado no Capitulo I desta pesquisa cientifica. Nao ha mais espago para crendices ou misticismos infundados com relagao ao contagio d e s s a S i n d r o m e .

Evidente t a m b e m se torna que o portador de HIV nao deixa de ser cidadao pelo simples fato de ter e m sua corrente s a n g u i n e a a presenga do virus. Ou ainda, tenha que deixar de ser u m trabalhador e aceite sua "morte profissional".

O trabalhador soropositivo e um sujeito detentor de direitos e de deveres c o m o qualquer outro individuo do corpo social. Recolhe impostos, taxas e

(28)

contribuicoes d e t e r m i n a d a s pelo Estado, vota, pode ser votado e t e m o direito de exercer sua cidadania, muitas v e z e s representada pela garantia de um trabalho.

O surgimento do coquetel anil-AIDS a u m e n t o u a qualidade e a expectativa d e vida d e s s e s individuos que, atraves disso, p o d e m vislumbrar um futuro mais longinquo, c o m s a u d e e perfeitas condicoes para o trabalho, buscando o exercicio de direitos que Ihes sao negados e m virtude de concepcoes preconceituosas que t e n t a m deixa-los a m a r g e m da s o c i e d a d e .

O trabalhador portador de HIV pode levar anos para desenvolver s i n t o m a s da doenga, p o d e n d o continuar a exercer suas atividades profissionais n o r m a l m e n t e . O convivio c o m essas pessoas nao oferece n e n h u m risco aos d e m a i s trabalhadores e nao acarreta n e n h u m maleficio ou encargo ao empregador. A prevengao d a infecgao no local de trabalho se d a pela concreta informagao e pelos p r o c e d i m e n t o s preventives pertinentes e nao c o m o afastamento do trabalhador soropositivo.

Verifica-se que o trabalhador soropositivo e m p e n h a - s e bem mais na atividade laborativa, c o m o f o r m a , inclusive, de nao se render a doenga e de tentar levar u m a vida equilibrada e produtiva. O simples fato de o e m p r e g a d o ser portador do virus e m nada prejudica sua c a p a c i d a d e de trabalho. A aptidao para o d e s e m p e n h o da atividade laboral nao d e v e ser medida pelo virus contido na corrente s a n g u i n e a .

E imperativo que o e m p r e g a d o r , e m casos de AIDS no a m b i e n t e de trabalho, proceda de acordo c o m os preceitos da etica e do sigilo, p r o p o r c i o n a n d o ao trabalhador infectado o a t e n d i m e n t o a d e q u a d o , c o m vistas a m a n u t e n g a o d a q u a l i d a d e de vida deste e m p r e g a d o .

Em palestra proferida na e m p r e s a Philllip Morris, no Rio G r a n d e do Sul, a a d v o g a d a Maria Beatriz Breyer Pacheco (apud D H N E T , 2 0 0 7 ) , se posicionou a respeito dessa realidade e m u m a frase de desabafo e sede de justiga: "O HIV m a o m u d o u a minha historia, nao me tornou marginal e nem a s s u m o a marginalidade que a sociedade quer m e impor!".

Esse tipo de posicionamento traduz a indignagao de u m a g a m a de individuos incluidos no rol dos infectados c o m o virus HIV e a pulsante v o n t a d e que os m e s m o s g u a r d a m de poder ter u m a vida digna, com direito ao trabalho.

(29)

2.2 A N E C E S S I D A D E DO D E S E M P E N H O DA A T I V I D A D E L A B O R A T I V A X P R E C O N C E I T O : O D I R E I T O DE N A O S E R D I S C R I M I N A D O

C o m base na sabedoria popular, percebe-se que "o trabalho dignifica o h o m e m " . De acordo c o m essa maxima, toda atividade laborativa traz dignidade aquele que a exerce, e nao seria diferente c o m o individuo soropositivo.

O fato e q u e por questoes de o r d e m valorativa ou c o m p o r t a m e n t a l da propria s o c i e d a d e , as p e s s o a s c o m HIV nao c h e g a m a ter acesso a e s s e instrumento que, certamente, Ihes conferiria dignidade e uma maneira de insercao no m e i o social, assim c o m o de superagao do mal por eles contraido. Ter direito ao trabalho significa, para o portador de HIV, b e m mais que d e s e m p e n h a r uma funcao ou receber u m p a g a m e n t o , m a s traduz a maneira mais concreta e palpavel de manter sua saude psiquica e garantir sua cidadania, tornando-o equivalente aos demais individuos da s o c i e d a d e .

O preconceito e, s e m duvida, a principal causa da marginalizacao dos portadores do virus HIV. A i n d a c o m a globalizacao crescente e o acelerado processo de m o d e r n i z a c a o das ciencias e d a tecnologia, a l g u m a s praticas antigas b a s e a d a s e m f u n d a m e n t o s lacunosos e retrogrados insistem e m existir.

G r a n d e parte da s o c i e d a d e associa o soropositivo a figura da promiscuidade, por ser o ato sexual, u m a de s u a s principals f o r m a s de t r a n s m i s s a o . Os rotulos, entao, c o m e g a m a ser criados e d i s s e m i n a d o s e e c o m o se toda a s o c i e d a d e regredisse a posigao de intolerancia dos primeiros anos q u a n d o a doenga foi descoberta e a falta de informagao conduziu, e r r o n e a m e n t e , a se pensar que a m e s m a era um mal adquirido s o m e n t e por h o m o s s e x u a i s , hemofilicos ou usuarios de drogas injetaveis.

A s s i m , e oportuno destacar, neste m o m e n t o d a reflexao cientifica, a seguinte definigao para o c o m p o r t a m e n t o preconceituoso que a c o m e t e o ser h u m a n o ainda, na m o d e r n i d a d e ( W I K I P E D I A , 2 0 0 7 ) :

Preconceito e um juizo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatoria que se baseia nos conhecimentos surgidos em determinado momento como se revelassem verdades sobre pessoas ou lugares determinados. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguem ao que Ihe e diferente. As formas mais comuns de preconceito sao a social, racial e sexual.

(30)

A sociedade faz c o m que o estigma e a discriminagao sejam e l e m e n t o s diarios na vida das pessoas que contrairam o HIV. Os soropositivos alem de conviverem c o m o preconceito e a indiferenga, estao sujeitos a terem seus direitos d i m i n u i d o s ou negados, c o m o f o r m a de punicao por serem portadores de uma d o e n c a incuravel, e m u m a postura taxativamente discriminatoria e injusta.

A s injustigas c o m esses individuos nao se limitam s o m e n t e ao convivio social ou familiar, mas t a m b e m ao a m b i e n t e de trabalho.

Por v e z e s , os e m p r e g a d o s , portadores de HIV, tern sua vida exposta no local de trabalho, s e m a m e n o r garantia de sigilo c o m relagao a algo que Ihes e bastante particular e personalissimo.

Muitos sao obrigados a deixar o e m p r e g o e m decorrencia do c o m p o r t a m e n t o discriminatorio que afeta sua auto-estima e os d i m i n u e m e n q u a n t o seres h u m a n o s . Outros nao c h e g a m sequer a conseguir a d m i s s a o , por se s u b m e t e r e m a u m teste s a n g u i n e o admissional e preliminar a contratacao, que veta a insercao de soropositivos e m d e t e r m i n a d o s locais de trabalho. A l g u n s , ainda, sao demitidos de f o r m a arbitraria e s e m justa causa, e m atitudes nitidamente preconceituosas e ilegais, que afrontam preceitos f u n d a m e n t a l s d a Constituicao Federal.

O Direito, s e n d o a Ciencia do bem e do justo, nao permite n e n h u m tipo de preconceito ou pratica discriminatoria. Eis u m dos principios basilares da Carta Constitucional de 1998 ( B R A S I L , 2007) q u e , ao tratar d o s Direitos e Garantias F u n d a m e n t a l s , e m seu artigo 5°, disciplina:

Todos sao iguais perante a lei, sem distincao de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a seguranga e a propriedade nos termos seguintes...

Na m e s m a linha, a C o n v e n g a o 111 da Organizacao Internacional do Trabalho - OIT, ratificada pelo Brasil, t a m b e m proibe e x p r e s s a m e n t e toda e qualquer f o r m a de discriminacao nas relagoes de trabalho, nao admitindo qualquer tipo de ato

(31)

ou medida que possa por e m risco ou alterar a igualdade de oportunidades e de tratamento, q u a n d o se tratar de materia de e m p r e g o ou profissao.

E importante citar, ainda, c o m o a m p a r o legal para esse estudo, o artigo VII da Declaracao Universal dos Direitos do H o m e m ( O N U , 2 0 0 7 ) :

Todos sao iguais perante a lei e tern direito, sem qualquer distincao a igual protecao da lei, todos tern direito a igual protecao contra qualquer discriminacao que viole a presente declaracao e contra qualquer incitamento a tal discriminacao.

Obvio se torna, que o preconceito e a discriminagao contra os portadores de HIV nas relagoes de trabalho, afrontam os dispositivos legais pathos, e m um visivel desrespeito as normas e principios do o r d e n a m e n t o juridico brasileiro, dificultando o equilibrio vital d e s s e s individuos, ao passo q u e impede seu desenvolvimento psico-social e sua insergao na vida e m s o c i e d a d e .

A erradicagao de praticas preconceituosas e f u n d a m e n t o do Estado Democratico de Direito Brasileiro. A Constituigao Federal de 1998 ( B R A S I L , 2 0 0 7 ) , ora vigente, assim consagra e m seu artigo 3°, inciso IV:

Art. 3° Constituem objetivos fundamentals da Republica Federativa do Brasil:

[...]

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raca, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminacao;

O preconceito e as medidas discriminatorias contra o e m p r e g a d o portador de HIV, notadamente, c o m p r o m e t e m os objetivos f u n d a m e n t a l s do Estado Brasileiro e p o e m e m risco nao s o m e n t e os valores individuals d e s s a s pessoas, mas t a m b e m a p r o m o g a o do bem-estar da sociedade, na medida e m que desequilibram as relagoes intersubjetivas.

O trabalho faz parte da natureza do h o m e m . N e n h u m individuo c o n s e g u e sobreviver de f o r m a sadia sem produzir. O trabalhador portador de HIV nao perde a c a p a c i d a d e para o d e s e m p e n h o de seu labor e esse d e s e m p e n h o e que Ihe devolve

(32)

a dignidade, a certeza de que nao se tornou incapaz ou inutil e parte da sua saude, u m a vez que fora a c o m e t i d o por u m a doenga incuravel e degenerativa, que nao destroi s o m e n t e seu corpo, mas t a m b e m , sua auto-estima.

Q u a l q u e r meio de producao deve visar a valorizagao do trabalho h u m a n o de f o r m a a propiciar condigoes de vida digna, contribuindo para o bem-estar e distribuigao de justiga social. E o que nos ensina o artigo 193, da M a g n a Carta ( B R A S I L , 2007), no Titulo da O r d e m Social: "A o r d e m social tern c o m o base o primado do trabalho e c o m o objetivo o bem-estar e a justiga sociais".

A n e c e s s i d a d e do d e s e m p e n h o do trabalho para os portadores de HIV nao e a p e n a s uma questao de c o m p a i x a o , mas uma questao de justiga.

N i n g u e m pode ser privado de trabalhar. Nao se pode admitir que pessoas e m sua plena c a p a c i d a d e produtiva sejam impedidas de exerce-la. A maior incidencia de casos de AIDS esta entre pessoas com faixa etaria de 20 a 39 anos, onde a c a p a c i d a d e produtiva e a disposigao para o trabalho estao e m seu apice.

Esse a c e s s o ao trabalho e direito t a m b e m estabelecido na Lei Maior do Estado Brasileiro, no Tftulo reservado aos Direitos Sociais, e m seu artigo 6°, que reza:

Art. 6°. Sao direitos sociais a educacao, a saude, o trabalho, o lazer, a seguranca, a previdencia social, a protegao a maternidade e a infancia, a assistencia aos desamparados, na forma desta Constituigao.

O individuo soropositivo tern a m e s m a necessidade de trabalhar que qualquer outro individuo e a s i n d r o m e nao Ihe restringe os direitos que a Constituigao Federal a s s e g u r a .

T o d o s os preceitos retromencionados nao sao a p e n a s simples dispositivos legais para garantir direitos individuals, ou m e s m o letra morta dentro do contexto social atual. A o contrario, tratam-se da solida base e m que se ergue o atual Estado Democratico de Direito.

(33)

2.3 O P R I N C I P I O DA D I G N I D A D E DA P E S S O A H U M A N A NAS R E L A Q O E S DE T R A B A L H O

A nogao de dignidade h u m a n a , que varia consoante as e p o c a s e os ambientes, e uma ideia forga que confere a cada individuo o direito ao respeito de s u a s proprias particularidades, a l e m de liberdade, igualdade e t o d o o enfeixe de direitos basicos indispensaveis para a construgao de u m a vida digna e equilibrada. Essa nogao evolui c o m o t e m p o , ao passo, que as sociedades b u s c a m seu d e s e n v o l v i m e n t o e, c o n s e q u e n t e m e n t e , o a p r i m o r a m e n t o dos seus direitos.

E m uma Historia m a r c a d a por injustigas e desigualdades sociais, a ideia de d i g n i d a d e h u m a n a foi g a n h a n d o forga e melhor a c a b a m e n t o c o m as proprias conquistas da s o c i e d a d e e f o r a m elas que serviram para f u n d a m e n t a r essa ideia tao a b r a n g e n t e e, por v e z e s , pouco respeitada. Foi assim que ocorreu c o m a aboligao d a escravidao, c o m a c o n c e s s a o de direitos politicos as mulheres e, mais recentemente, c o m a Lei de protegao contra a violencia domestica. T o d a s essas conquistas ajudaram a reforgar o ideal de justiga, focado b a s i c a m e n t e no principio da dignidade h u m a n a e na luta pelo equilibrio e bem-estar sociais.

A o longo dos anos, a nogao de dignidade foi g a n h a n d o contorno e a m p a r o juridico. A s o c i e d a d e ocidental, hoje, tern na dignidade o principio basilar para a elaboragao das mais variadas especies normativas e o parametro mais acertado para nortear s u a s relagoes j u r i d i c a s . O c o n t e m p o r a n e o doutrinador A l e x a n d r e de Morais, (2003, p. 50) entende:

A dignidade e um valor espiritual e moral inerente a pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminacao consciente e responsavel da propria vida e que traz consigo a pretensao ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mfnimo invulneravel que todo estatuto juridico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitacoes ao exercicio dos direitos fundamentals, mas sempre sem menosprezar a necessaria estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.

A dignidade da pessoa h u m a n a tern um c a m p o vasto de conceituagao, nao s e n d o simples reduzir e m palavras todo o seu significado, nem situa-la e m u m a unica linha de interpretagao. C o m o tantos outros conceitos, parece ser mais facil

(34)

detectar o que atenta contra a dignidade, do que identifica-la e m si m e s m a . Todavia, alguns estudiosos se d e d i c a r a m a analise minuciosa dessa forca que, hodiernamente, conduz o Estado Brasileiro e dita preceitos e m o r d e n a m e n t o s de todo o m u n d o . E o caso de W o l f g a n g Sarlet (2007, p. 32 ), que analisa a Dignidade da seguinte m a n e i r a :

Qualidade intrinseca e distintiva da cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideracao por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentals que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a Ihe garantir condigoes existenciais minimas para uma vida saudavel, alem de propiciar e promover sua participacao ativa e co-responsavel nos destinos da propria existencia e da vida em comunhao com os demais seres humanos.

Nota-se que a garantia do respeito a e s s e Principio nao e dever s o m e n t e do Estado, m a s t a m b e m da c o m u n i d a d e , que deve e n t e n d e r as praticas discriminatorias e a restricao a certos direitos f u n d a m e n t a l s , c o m o evidente afronta a esse principio.

O Principio d a Dignidade da Pessoa H u m a n a tornou-se o mais solido pilar da Declaracao Universal dos Direitos do H o m e m ( O N U , 2007), que ja e m seu p r e a m b u l o r e c o n h e c e a dignidade c o m o "valor inerente a t o d o s os m e m b r o s da familia h u m a n a " e e m seu artigo 1° enuncia:

Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Sao dotados de razao e consciencia e devem agir em relagao uns aos outros com espirito de fraternidade.

Nao se d e v e adentrar na esfera do debate religioso para se analisar a dignidade ou m e s m o o tratamento fraterno a que ela se propoe. Mais importante do que saber sua g e n u i n a fonte, para o estudo e m tela e mais oportuno buscar sua efetivacao atraves do respeito e da obediencia aquilo que ja esta a m p a r a d o legalmente no o r d e n a m e n t o juridico patrio e, a c e r t a d a m e n t e , garantiria uma vida mais sadia as minorias discriminadas, c o m o sao os portadores de HIV.

(35)

A ideia de dignidade esta intimamente ligada a protecao de direitos f u n d a m e n t a l s , c o m o a vida, a liberdade, a igualdade, a propriedade e de direitos sociais, c o m o s a u d e , e d u c a g a o e trabalho. Nao ha c o m o se almejar a obtengao da dignidade sem a observancia a esses direitos basicos. Na verdade, a reuniao desses direitos e que g a r a n t e m ao cidadao uma vida digna, participativa e produtiva. Garantir esses direitos significa dignificar sua propria existencia.

Neste sentido, a Constituicao Federal de 1988 ( B R A S I L , 2 0 0 7 ) , c o m o Carta Constitucional Cidada, abraca o principio da dignidade h u m a n a e procura garantir t o d o s os direitos basicos essenciais a sua concretizacao, acreditando ser a paz e a justiga social, verdadeiros corolarios desse principio. A s s i m sendo, reza o seu artigo

1°, inciso III:

Art. 1° A Republics Federativa do Brasil, formada pela uniao indissoluvel dos Estados e Municfpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democratico de direito e tern como fundamentos:

[...]

Ill - a dignidade da pessoa humana;

C o m o se observa, a d i g n i d a d e da pessoa h u m a n a e f u n d a m e n t o essencial do Estado Brasileiro e, por isso, deve estar presente na estrutura das especies normativas e nas mais variadas relagoes do m u n d o juridico, inclusive nas relagoes do ambito trabalhista.

Dessa maneira, torna-se imprescindivel e n t e n d e r a g e n e s e das relagoes pertinentes a esfera do Direito do Trabalho.

Entende-se c o m o relagao de trabalho, toda relagao juridica caracterizada por ter sua prestagao essencial centrada e m uma obrigagao de fazer c o n s u b s t a n c i a d a e m u m labor h u m a n o . A relagao de trabalho e o genero, que c o m p r e e n d e o trabalho a u t o n o m o , eventual, avulso e a propria relagao de e m p r e g o , que trata do trabalho subordinado do e m p r e g a d o e m relagao ao empregador.

Sob este prisma, Jose Affonso Dellagrave Neto (apud M E N D O N Q A , 2007) afirma:

Referências

Documentos relacionados

Neste sentido, surge o terceiro setor como meio eficaz de preenchimento da lacuna deixada pelo Estado, tanto no aspecto da educação política quanto no combate à corrupção,

Apart from the two nuclear energy companies that were strongly hit by the earthquake effects (the Tokyo and Tohoku electric power companies), the remaining nine recorded a

O Documento Orientador da CGEB de 2014 ressalta a importância do Professor Coordenador e sua atuação como forma- dor dos professores e que, para isso, o tempo e

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...

There a case in Brazil, in an appeal judged by the 36ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (São Paulo’s Civil Tribunal, 36th Chamber), recognized

As análises serão aplicadas em chapas de aços de alta resistência (22MnB5) de 1 mm de espessura e não esperados são a realização de um mapeamento do processo

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das