INFLUÊNCIA DO TIPO DE TRATAMENTO SUPERFICIAL
NA FORÇA ADESIVA DO REPARO COM RESINA
COMPOSTA EM MATERIAIS ESTÉTICOS
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Araraquara – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Doutor (Área de Concentração: Dentística Restauradora).
Orientador: Prof. Dr. Welingtom Dinelli
Araraquara
2003
Ahid, Fernando Jorge Mendes
Influência do tratamento superficial e do uso de silano na resistência adesiva dos reparos com resina composta em materiais estéticos. / Fernando Jorge Mendes Ahid. – Araraquara : [s.n.], 2003.
113 f. ; 30 cm.
Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia.
Orientador: Prof. Dr. Welingtom Dinelli
1. Reparo 2. Adesão 3. Cisalhamento I. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marley Cristina Chiusoli Montagnoli CRB 8/5646 Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP
NASCIMENTO 02.02.1964 – COROATÁ – MA FILIAÇÃO Edmilson Santos Ahid
Astrogilda Mendes Ahid
1984/1988 Curso de Graduação em Odontologia, na Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal do Maranhão – UFMA – MA.
1990/1991 Curso de Especialização em Prótese Dental, na Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – RJ.
1991/1992 Curso de Especialização em Periodontia, na Faculdade de Odontologia, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ – RJ.
1994/1995 Professor Substituto da Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal do Maranhão – UFMA – MA.
1996 Professor Auxiliar da Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal do Maranhão – UFMA – MA.
1998/2000 Curso de Pós-graduação em Odontologia, Áre a de Dentística Restauradora, Nível de Mestrado, na Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP – SP.
2001 Professor assistente da Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal do Maranhão – UFMA – MA.
2001/2003 Curso de Pós-graduação em Odontologia, Área de Dentística Restauradora, Nível de Doutorado, na Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP – SP.
DEDICATÓRIA
À Deus, à Vida e ao Amor, sem os quais nada teria
sentido.
A meu Pai (in memorian) e minha Mãe, uma
eterna lutadora, pela oportunidade da vida.
A minha família, pelo objetivo desta luta.
Ao meu amor ..., pela felicidade da sua companhia.
Dedico todo este trabalho.
Ao Prof. Dr. Welingtom Dinelli , pela orientação
precisa e equilibrada na realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Marcelo Ferrarezi de Andrade, pela
amizade e confiança, incentivando a realização deste
Doutorado.
Aos amigos Luís Geraldo Vaz , Fabrício Lucino e
Etevaldo Matos Maia Filho, pelo companheirismo,
estímulo e participação na minha formação pessoal e
profissional.
Ao amigo e companheiro de trabalho Darlon, pela
dedicação e apoio na execução desta tese.
literatura.
Aos novos e bons amigos, Ricardo Lupatelle e
Hipólito, por serem responsáveis pela apresentação da
Cidade de Araraquara.
À Faculdade de Odontologia do Maranhão, da
Universidade Federal do Maranhão, representada pelos
Profs. Ana Maria Muniz (Chefe do Departamento) e
Antônio Luís do Amaral (Coordenador).
À CAPES, pela bolsa concedida.
À Faculdade de Odontologia de Araraquara, da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
representada pelos Profs. Drs. Ricardo Samih Georges Abi
Rached (Diretor) e Roberto Miranda Esberard
(Vice-Diretor).
Roberto Cury Saad, pela oportunidade neste Doutorado.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em
Odontologia da Faculdade de Araraquara – UNESP, em
especial da disciplina de Dentística Restauradora,
Professores. Drs. José Roberto Cury Saad, Marcelo
Ferrarezi de Andrade, Maria Salete Machado, Osmir
Batista de Oliveira, Sillas Duarte Jr., Sizenando de
Toledo Porto Neto, Ueide Fontana, Welingtom Dinelli,
Edson Alves de Campos, pelos conhecimentos oferecidos
no decorrer deste curso.
trabalho.
Aos companheiros de turma Abraham, Alexandre,
Edgardo, Fabrício, Fernando, Maria Inês, Paulo e Rui,
pelos bons momentos que passamos, que com certeza,
ficarão em nossas lembranças para sempre.
Ao Prof. Dr. Romeu Magnani, pela realização do
planejamento e análise estatística deste trabalho.
parceria durante o curso.
A todos que direta ou indiretamente participaram
deste trabalho.
INTRODUÇÃO... 11 REVISÃO DA LITERATURA... 13 PROPOSIÇÃO... 34 MATERIAL E MÉTODO... 35 RESULTADO... 68 DISCUSSÃO... 82 CONCLUSÃO... 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 96 RESUMO... 113 ABSTRACT... 114
aplicação clínica e/ou resina composta de laboratório, denominadas
comercialmente como cerômero, é um procedimento rotineiramente utilizado na
reabilitação da forma, função e estética. Entretanto, fraturas na estrutura podem
ocorrer com o decorrer do uso destas restaurações, resultante da própria
friabilidade do material, defeitos técnicos durante a confecção, acidentes, ou
próprio desajuste oclusal5.
Pelo alto custo e por exigirem muito tempo clínico para serem
confeccionadas, há uma relutância, principalmente, por parte do paciente, em
refazê-las, exigindo do profissional uma solução na reconstrução da área perdida,
por meio de técnicas alternativas.
A introdução do condicionamento do esmalte, em 1955, por Buonocore14 e
o desenvolvimento do Bis-GMA, em 1963, por Bowen12, deu início a uma nova
fase na Odontologia Restauradora, havendo uma expansão gradual na aplicação
das resinas compostas, passando a serem usadas como materiais estéticos pela
técnica direta ou indireta, na colagem de peças ortodônticas e nos reparos de
fraturas 3, 4 , 15,16, 17, 21, 27,28, 33, 45,69, 80.
O reparo da fratura com o uso de sistema adesivo e resina composta
fotoativada tem sido sugerido, porém, a qualidade e a durabilidade deste
procedimento são influenciadas pela efetividade da
O fenômeno de adesão é definido como sendo o estado no qual duas
superfícies de composições moleculares diferentes são mantidas unidas por meio
de forças interfaciais químicas ou mecânico-retentivas, ou ainda, pela associação
de ambas.
Vários fatores podem influenciar o processo de adesão: preparo da
superfície, viscosidade da resina, porosidade das superfícies, sistema adesivo,
tempo que a restauração foi confeccionada, material restaurador e a presença do
silano84.
Na literatura tem sido encontrada a concordância que o tratamento dado à
superfície do material restaurador fraturado envolve a criação de rugosidade para
promover a retenção mecânica do sistema adesivo e material reparador. A
utilização do ácido fluorídrico, jatos de óxido de alumínio e pontas diamantadas
são os meios mais descritos. Também é relatado que a união química do material
restaurador ao substrato é buscada por meio da aplicação de silano.
Como observado, os estudos são contraditórios para definir qual o método
mais efetivo e confiável para realizar o reparo destes materiais restauradores.
Portanto, é objetivo deste trabalho avaliar algumas técnicas de preparo da
superfície da cerâmica, resina composta e cerômero, como forma de sugerir uma
A busca de uma adesão secundária eficiente entre os materiais resinosos,
remota do ano de 1983, quando Kula et al.38, realizaram os primeiros estudos
utilizando do ácido hidrofluorídrico a 9,6%, na tentativa de criar retenções
mecânicas, quando aplicaram sobre resinas compostas para condicionar as
partículas de vidro com a intenção de melhorar a força de reparo destes materiais.
O ácido hidrofluorídrico, normalmente é utilizado para criar retenções mecânicas
na porcelanas, porém pode ser utilizado para atacar as partículas de vidro das
resinas híbridas e microhíbridas, em um tempo menor, aproximadamente 30
segundos, em procedimentos de reparo destes materiais.
No ano de 1985, Söderholm71 relatou que a união química nas fases
inorgânicas das resinas compostas usando os sistemas adesivos dentinários não
seria possível sem o uso de um agente silano, e que esta união é de difícil
obtenção nos reparos, pois as resinas formam uma camada de resíduo insaturado
no substrato impedindo a adesão, consequentemente, o adesivo dentinário
adicional aplicado tem que ser capaz de penetrar neste substrato antes de ser
polimerizado. Os adesivos dentinários atuais são baseados em éster fosfatado de
Bis-GMA com um sulfato e solvente adicionado. O grupo fosfato deve ter a
capacidade de união com o hidrogênio ou com o grupo funcional silano na fase
inorgânica. Estas possíveis reações e a presença de um sulfato e solvente
melhoram o efeito de “molhar”, aumentando a penetração do adesivo. Isto explica
Eli et al.22, no ano de 1988, estudaram os reparos de resinas compostas
para dentes posteriores, concluindo que este procedimento é possível, desde que, o
desgaste da superfície não seja executado e uma resina sem carga seja utilizada
antes da aplicação da resina de reparo.
Também avaliando os reparos de resina compostas para dentes posteriores,
Crumpler et al.18, em 1989, estudaram o efeito mecânico, químico e a técnica do
condicionamento ácido, concluindo que o desgaste mecânico com uma ponta
diamantada, seguido da aplicação de um agente de união e resina composta,
apresentaram bons resultados, aumentando a resistência mecânica às forças de
cisalhamento, no processo de reparo, que, o condicionamento com ácido
hidrofluorídrico não melhorou esta resistência mecânica, não devendo ser usado
neste processo.
Com o mesmo objetivo de avaliar o condicionamento ácido das superfícies
de resinas compostas nos reparos, Mitchem et al.46, em 1991, realizaram um
trabalho utilizando duas resinas compostas híbridas (Prisma APH e Herculite XR)
como substrato, ácido hidrofluorídrico a 10% e flúor acidulado a 1,23%, nos
tempo de 1 e 5 minutos, como preparo da superfície, antes de serem reparadas.
Concluindo que as resinas híbridas não deveriam ser atacadas com esses ácidos
antes dos procedimentos de reparo.
No mesmo ano, Suh76 avaliou a influência do preparo da superfície da
resina composta com jato abrasivo e ácido hidrofluorídrico e do silano na
reparos das resinas compostas, melhorando a adesão da resina recém aplicada às
partículas de vidro expostas pelos preparos de superfícies.
Avaliando as técnicas de preparo da superfície para reparo, Swift Jr.et
al.79, em 1992, demonstraram que a aplicação de ácido fluorídrico a 9,6% por 30 e
60 segundos, causava uma suave porosidade e uma menor força de adesão para
algumas resinas compostas, que a aplicação por 15 segundos, não resultou numa
melhora na força de união do reparo e que a aplicação do abrasão de ar com óxido
de alumínio, mostrou-se ser melhor escolha que o ataque ácido.
Com o mesmo objetivo, Swift Jr. et al.80, em 1992, desenvolveram um
estudo utilizando o Microetcher, ácido fluorídrico a 9,6% e flúor fosfatado
acidulado a 1,23% com ou sem silano no reparo de resinas compostas de
diferentes composições e tamanhos de partículas. Como resultado obtiveram que o
Microetcher forneceu reparo forte, aproximadamente 60% da resistência adesiva,
o ácido fluorídrico variou em diferentes resinas, melhorando ou reduzindo a
resistência do preparo e que o flúor fosfatado acidulado forneceu maiores forças
de adesão para todas as resinas. A silanização melhorou levemente a força de
adesão interfacial dos reparos dos espécimes que foram preparados pelo ácido e
pelo flúor, e reduziu, dos que utilizaram o jato.
Turner & Meiers84, em 1993, observaram que os tipos de monômeros
diferiam de marca para marca, variando na forma com que as novas uniões
covalentes eram feitas com uma resina de composição diferente, de forma que, a
superfície rugosa oferece maior influência de adesão aos reparos por um aumento
Concluindo que as superfícies examinadas não mostraram adesão química efetiva
que contribuísse para a melhoria dos valores de adesão dos reparos.
Com o objetivo de avaliar a influência do uso do agente silano no reparo
de uma resina composta, Swift Jr. et al.78, em 1994, utilizaram a resina composta
XRV Herculite, o sistema adesivo Bondlite e prepararam as superfícies com
Microetcher, ácido fluorídrico a 9,6% e a associação entre eles. Concluindo que a
diferença na resistência adesiva dos reparos não foram estatisticamente
significante entre os grupos. A silanização melhorou a resistência adesiva dos
espécimes reparados usando os métodos do ácido fluorídrico e associado ao
Microetcher, mas não aqueles que usaram só o Microetcher.
Kupiec & Barkmeier39, em 1996, avaliaram a resistência adesiva de
reparos realizados sobre resinas compostas novas e envelhecidas, preparando as
superfícies com instrumentos rotatórios ou com abrasão a ar de óxido de alumínio,
com ou sem a utilização de agente de união. Concluindo que, a resistência adesiva
dos reparos realizados em resinas novas e envelhecidas, com ou sem o agente de
união, não foi estatisticamente significante.
Também procurando observar a resistência adesiva dos reparos realizados
em resinas novas e envelhecidas, no ano seguinte, Brosh et al.13, realizaram um
estudo utilizando pedra de Carborundum, abrasão a ar e ácido fluorídrico como
preparo de superfície, com a aplicação ou não de um agente silano e um sistema
adesivo. Concluindo que o uso do sistema adesivo sozinho ou combinado com o
agente silano foi o melhor procedimento, aumentando a resistência adesiva ao
pré-tratamento. Porém não houve diferença estatisticamente significante entre a
silanização e o adesivo. Os maiores valores de resistência adesiva foram
observados quando da utilização da pedra de carborundum ou do jato abrasivo
como preparo de superfície, e o menor, quando utilizou o ácido fluorídrico.
Seguindo a mesma linha de pesquisa, Bouschlicher et al.11, em 1997,
usaram como preparo de superfície ponta diamantada e jato de ar abrasivo com
partículas de 27, 30 e 50µm, nas pressões de 30, 80 e 160psi, com e sem aplicação
do agente silano. Concluindo que houve diferença estatisticamente significante
entre os métodos de preparo e a presença do agente silano, sendo a maior força
observada quando foi usado baixa pressão, independente da presença do agente
silano.
No ano seguinte, Shahdad & Kennedy66, estudaram a resistência de união
e a efetividade de sistemas adesivos (Dentastic e All Bond) no reparo de duas
resinas compostas (Hélio Progress e Heculite XRV), observando o efeito da
abrasão sobre a superfície e o tempo de reparo. Concluíram que a associação de
abrasão da superfície com a aplicação dos agentes de união produz uma melhor
força de reparo e que parece aceitável clinicamente, sendo possível o uso de
reparo em dentes anteriores.
Freitas et al.26, no ano de 2000, avaliaram a resistência de reparos em
resina composta, utilizando diferentes tratamentos de superfície: ponta
diamantada, disco Sof-Lex de granulação média e jateamento com óxido de
alumínio. Foi utilizado, também, um agente adesivo e um silano. Os autores
desempenharam maior adesão e, ainda que, a utilização do agente silanizador não
conseguiu elevar significantemente a resistência de união quando comparada a
utilização do adesivo isoladamente.
2. Reparo em Cerâmica
Com o crescente aumento da aplicação dos materiais cerâmicos na clínica
odontológica e pelas próprias características destas, resultaram no aparecimento
de um maior número de necessidade de reparos utilizando resina composta e
sistema adesivo como conseqüência de fraturas, principalmente por acidentes.
A preocupação de aderir um composto resinoso a uma superfície cerâmica
surgiu a partir da dificuldade de unir os dentes cerâmicos pré-fabricados à resina
acrílica que formavam a base das próteses totais. Foi com esta preocupação que
Paffenbarger et al.54, em 1967, avaliaram a união destes dentes às resinas acrílicas
usando como agente de união uma solução de silano
gamma-methacryloxy-propyltrimetroxysilane. Os autores concluíram que os valores de adesão obtidos a
partir desta solução foram altos, possibilitando a eliminação de pinos metálicos
como forma de retenção dos dentes à resina acrílica.
Preocupado com a presença de fratura nos dentes de porcelanas, Jochen &
Caputo35, em 1977, apresentaram uma técnica de reparo utilizando resina
composta. Com base na técnica do condicionamento ácido do esmalte dental, os
autores sugeriram um pré-tratamento da superfície da porcelana feita com ponta
diamantada, pedra heatless, pedra verde ou disco de carburundum, com o objetivo
de criar retenções mecânicas. Concluíram que todos os espécimes fraturaram na
tratada com ponta diamantada apresentou uma superioridade estatisticamente
significante em relação aos demais.
No ano seguinte, Newburg & Pameijer49, analisaram a união de resinas
compostas com porcelanas, utilizando uma solução aquosa de silano a 0,5%,
hidrolisada por uma hora em solução de ácido acético a 0,05M, como agente de
união. Os autores concluíram que a utilização da solução de silano criou um
sistema de união da resina à porcelana, afirmando, que este método pode ser
efetivo nos reparos de fraturas de porcelana intra-oral.
No início dos anos 80, Simonsen & Calamia (1983)70, apresentaram os
laminados cerâmicos, que tiveram como base o condicionamento interno com
ácido fluorídrico a 7,5% por 20 minutos, objetivando criar rugosidade similar a do
esmalte dental condicionado, aumentado a resistência adesiva entre a resina
composta e a cerâmica, que quando não condicionada era de 230psi, aumentando,
com o condicionamento, para 1670psi.
No ano de 1984, Calamia & Simonsen15, demonstraram que o uso de um
agente silano depois do condicionamento ácido da cerâmica, aumentava a
resistência adesiva deste material com a resina composta para cerca de 2080psi.
Em 1986, Culler et al.19, utilizaram a eletroscopia infravermelha de
transmissão para determinar a estrutura molecular dos sistemas empregados nos
reparos de porcelanas, e a resistência adesiva destes sistemas com a cerâmica. Os
autores observaram que o principal componente destes produtos é um agente
silano, o qual é empregado para preparar vários produtos inorgânicos,
uma relação direta entre o grau de hidrólise do silano e a resistência adesiva das
resinas compostas unidas à superfície tratada com primer. A resistência adesiva
diminuiu significantemente quando a concentração de monômero foi reduzida
pela concentração das moléculas de silano.
No mesmo ano, Lee et al.41, apresentaram um estudo onde avaliaram a
resistência adesiva de 3 diferentes agentes de união em superfícies de porcelanas
condicionadas com ácidos, concluindo que, para se obter uma resistência adesiva
satisfatória, é fundamental o condicionamento ácido da superfície da porcelana.
Stangel et al.75, em 1987 avaliaram a resistência adesiva às forças de
cisalhamento das resinas compostas unidas a porcelanas condicionadas. Os
autores avaliaram as superfícies não condicionadas, condicionadas com ácido
fluorídrico a 52% por 90 segundos e ácido fluorídrico a 20% por 2,5, 5, 10, 20
minutos, na presença ou não do agente silano. Concluíram que a morfologia da
superfície variou de acordo com a concentração do ácido e o tempo de aplicação,
o silano aumentou a resistência adesiva, bem como os condicionamentos que
receberam silano e adesivo obtiveram resistência adesiva superior à resistência
coesiva da porcelana.
No ano seguinte Lacy et al.40, com o objetivo de avaliar o efeito do
tratamento da superfície da porcelana na retenção da resina composta,
desenvolveram um estudo usando pontas diamantadas de granulação fina, APF gel
a 1,23% por 10 minutos, ácido fluorídrico a 9,5%, adesivo Scotchbond, agente
silano e resina composta P-30. Concluindo que os tratamentos mecânicos isolados
Natharson48, em 1988, apresentou uma pesquisa com a intenção de analisar
o efeito da solução e tempo de condicionamento às porcelanas. Neste experimento
o autor utilizou como agentes condicionantes o ácido hidrofluorídrico a 10% por
1,5 minutos, solução de ácido fluorídrico a 20% por 1, 2,5, 5, 15, ou 20 minutos.
Concluindo que o condicionamento da porcelana é fator predominante na
produção de retenção, e a combinação com o silano promove um efeito
cumulativo que maximiza a força de adesão significantivamente.
Nicholls50, em 1988, avaliou a resistência adesiva dos cimentos resinosos
às superfícies de cerâmicas condicionadas com ácido hidrofluorídrico e a
utilização do silano. Concluindo que existe uma diferença estatisticamente
significante na resistência adesiva entre os agentes cimentantes quando da
utilização do ácido e do silano, onde o Scotchprime foi mais resistente do que o
Kerr Porcelain e o Repair Primer.
No mesmo ano, Tyas et al.,85 apresentou uma revisão bibliográfica sobre
os agentes de união da resina composta à cerâmica, afirmando que esta união
ocorre de forma química e mecânica e que esta união é influenciada pelo tempo de
condicionamento, concentração do ácido, tipo de porcelana e a viscosidade do
agente adesivo resinoso.
Em 1989, Bertolotti et al.6, avaliaram a resistência adesiva de quatro
sistemas adesivos, empregando como substrato uma cerâmica e uma liga metálica.
Nos corpos-de-prova em cerâmica, foi avaliada a influência da aplicação de um
agente silano, abrasão com ponta diamantada, jateamento com óxido de alumínio
autores que a aplicação do agente silano aumentou a resistência para todos os
adesivos testados. Os condicionamentos com os ácidos apresentaram os melhores
resultados independente do sistema adesivo. A aplicação do Clearfil Porcelain
Bond sobre a superfície jateada com óxido de alumínio e acidificada, e do
Panavia, após o jateamento e a aplicação do silano, não apresentaram diferenças
estatísticas significantes entre si. O jateamento com óxido de alumínio, seguido
por silano e Scotchbond, mostrou-se menos resistente que os outros quatro
grupos. Todos estes métodos resultaram em alguma falha coesiva da cerâmica.
No ano de 1990, Rosen61, apresentou um caso clínico onde discutiu a
fragilidade da adesão dos reparos de resina composta/porcelana, o que limitaria
este procedimento pondo em dúvida a sua longevidade, determinando que esta
ficaria em torno de 2 a 3 anos. Apresentou, também, uma técnica de reparo,
utilizando o tratamento da superfície da porcelana com ponta diamantada e
condicionamento com ácido hidrofluorídrico a 9,5% por 5 minutos, mostrando
que a superfície rugosa da porcelana promoveu melhor adesão do que a superfície
glazeada.
Com o objetivo de avaliar o efeito do tratamento da superfície da
porcelana sobre a resistência adesiva da resina composta à porcelana com baixo e
médio teor de alumina através do método de cisalhamento, Sorensen et al.73, em
1991, realizaram um estudo onde usaram o ácido fluorídrico a 20% por 3 minutos
e o silano. Concluíram que o condicionamento ácido aumentou significantemente
a resistência adesiva da porcelana e a aplicação do silano não teve efeito
Através da revisão bibliográfica de reparos de cerâmica Fan24, em 1991,
resumiu que os materiais para reparo de cerâmica quando propriamente escolhidos
e usados, provem alguma união, sendo que a força diminui com a termocilclagem
e grandes períodos de estocagem em água. A eficácia dos produtos é afetada
diretamente sob algumas condições como rugosidade da superfície e agentes
químicos condicionantes como ácido hidrofluorídrico ou fluorfosfato acidulado. A
performance destes produtos, durante longo prazo, ainda não foi bem
documentada até a presente data.
No mesmo ano, Vieira et al.86, avaliaram dois produtos à base de silano
associados a 4 agentes de união à base de resina composta, quanto à sua
capacidade de união à porcelana, sob as forças de cisalhamento. Concluíram que o
uso do silano melhora significantemente a resistência de união resina
composta/porcelana, independente do agente de união utilizado e da presença do
preparo da superfície.
O sistema adesivo All-Bond foi estudado por Suh76, em 1991, quando
apresentou as indicações e a química deste sistema adesivo, afirmando que o
mesmo poderia ser empregado sobre superfícies de esmalte, dentina, metal e
porcelana. Na união com a porcelana, era importante a modificação da superfície,
pelo uso de agentes silanos, para melhorar sua compatibilidade com a resina, e,
desta forma, promover a união da resina com a porcelana.
Roulet & Herder62, em 1991, afirmaram que, durante o ataque ácido da
superfície cerâmica, a matriz fora seletivamente removida, expondo a estrutura
vítrea das porcelanas era mais rapidamente dissolvida pelo ácido que os cristais,
criando um padrão que permitia uma firme adesão com a resina composta. As
resinas e porcelanas condicionadas, quando associadas ao silano, permitiam uma
união de aproximadamente 20 MPa, sendo semelhante à união de resinas
compostas ao esmalte.
Hayakawa et al.31, em 1992, utilizando testes de cisalhamento, avaliaram a
influência do condicionamento da superfície da porcelana e da aplicação de
agentes silanos sobre a adesão entre a resina composta e a porcelana. Os autores
concluíram que quando os agentes silanos são empregados, o condicionamento
com ácido fluorídrico não é necessário para a obtenção de uma adesão forte entre
a resina composta e a porcelana, pois a reação entre o silano e a porcelana
condicionada é responsável pela forte união. Existe a formação de união siloxano
com radicais OH- da porcelana condicionada.
No mesmo ano, Lu et al.44, avaliaram as interfaces resina
composta/porcelana, após terem sido submetidas a teste de cisalhamento. As
superfícies foram tratadas com ácido fluorídrico e dois agentes silanos. Os autores
concluíram que a resistência adesiva foi maior que a coesiva da porcelana, que o
silano aumentou significantemente a resistências dos adesivos empregados, a
aplicação do ácido fluorídrico e silano apresentou os melhores resultados
adesivos, pois o ácido por promove microporos e melhora o molhamento da
superfície permitindo o escoamento da resina, e o silano promove uma ligação
A união de cimentos resinosos ao In-Ceram foi avaliada por
Kraivixien-Vongphantuset et al.37, em 1992. As amostras foram tratadas com ácido
fluorídrico por 5minutos, stript, rocatec, jateadas com óxido de alumínio e
aplicado silano. Após a ciclagem térmica e testes de cisalhamento, os autores
concluíram que o grupo que utilizou jateamento e rocatec produziu os maiores
valores em comparação aos métodos convencionais.
Em 1993, Wollf et al.87, avaliaram a resistência à tração da união de resina
composta na porcelana tratada com ácido hidrofluorídrico a 9,5% aplicado por 30,
60, 150 ou 300 segundos ou jato de óxido de alumínio de 10,2, 33,5, 48,0 ou
78,0µm,. Os autores concluíram que quanto maior o tempo de ataque ácido e o
tamanho das partículas do jato maior era a aspereza da superfície e
consequentemente maior a resistência adesiva da união, resultando em um maior
número de falhas coesivas na cerâmica.
Suliman et al.77, em 1993, estudaram a resistência ao cisalhamento de
porcelanas reparadas com vários tratamento de superfície e resina de união
hidrofílica. O desgaste da superfície foi feito com jato de ar , asperizada com
ponta diamantada, corroída com o ácido fluorídrico, e uma combinação posterior
de dois métodos. Um agente silano foi aplicado em todas as superfícies de
porcelanas e as resinas compostas foram unidas às porcelanas com All-Bond 2,
Amalgambond ou agente de união Clearfil Porcelain. Concluíram que entre os
métodos de tratamento das superfícies e os sistemas adesivos não houve
No ano de 1993, Stacey74, preocupado com os trabalhos que visavam
observar apenas com uma das interfaces, resina/porcelana ou resina/dente,
procurou comparar as interfaces esmalte/resina/porcelana. Concluindo que, a
união era mais resistente quando associava a aplicação do silano com o ácido e
somente o ácido não foi suficiente para promover uma adesão adequada.
No ano de 1993, Agra et al.1, realizaram um levantamento bibliográfico
sobre o silano e apresentaram uma análise da importância deste material na união
química entre a porcelana e a resina composta. O silano é uma substância
composta por dois grupos funcionais: organo-funcional e sílico-funcional. Nas
resinas compostas, o silano é responsável pela união entre a matriz resinosa e a
inorgânica, conferindo às mesmas, melhora em suas propriedades físicas,
químicas e mecânicas.
Russel & Meiers64, em 1994, relataram que o preparo da superfície
cerâmica é importante para aumentar a união da resina composta à porcelana.
Desenvolveram uma pesquisa onde prepararam a superfície com jato abrasivo,
ácido hidrofluorídrico, adesivo e silano. Concluíram que o jato abrasivo foi o que
apresentou a melhor adesão para a cerâmica Dicor.
Ozden et al.52, em 1994, analisaram a resistência ao cisalhamento, com o
uso de cimentos duais e diferentes tratamentos de superfície na porcelana. Os
tratamentos usados foram ácido fluorídrico, pontas diamantadas ou a associação e
aplicação de silano. Concluíram que os maiores valores estavam relacionados com
o emprego da ponta diamantada e silano. O silano atuou melhor quando usado
e a associação do silano não aumentou a resistência, representando perda de
tempo.
No mesmo ano, Thurmond et al.83, avaliaram o jato com óxido de
alumínio, ponta diamantada, ácido fluorídrico, silano, ácido fosfórico, primer
A&B e agente de união, como forma de preparo de superfície da porcelana e sua
interação com o adesivo All Bond2. Concluíram os autores que as alterações
mecânicas eram mais importantes que os agentes que propiciam adesão química.
Silva e Souza Jr. et al.68, em 1995, comentaram que o agente químico mais
comum para melhorar a adesão de uma superfície cerâmica a uma resina
composta é o silano. Quimicamente este composto é considerado um agente de
ligação por unir moléculas diferentes, por serem bi-funcionais. As porções
silicofuncionais do silano unem-se aos componentes vítreos da cerâmica (SiO2) e
os organofuncionais, unem-se à matriz orgânica da resina (Bis-GMA), sendo que
esta união somente ocorre após a polimerização da resina.
Huls34, em 1995, relatou que o condicionamento de cerâmicas
aluminizadas do tipo In Ceram com ácido fosfórico era contra-indicado, por
desintegrá-la e que o tratamento da superfície deveria ser feito através de
jateamento com óxido de alumínio.
Estudando a influência da composição de 3 cerâmicas (Dicor, Mirage e
Vitabloc), 3 métodos de tratamento (polimento, jateamento e ataque ácido), 3
silanos, 2 tratamentos térmicos e 2 condições de armazenagem, Roulet et al.63, em
1995, apresentaram um estudo onde concluíram que o embricamento mecânico é
entre cerâmica e cimento resinoso, e que esta união podia influenciar o
prognóstico da restauração.
No mesmo ano, Ainda et al.2, submeteram amostra de porcelana a agentes
de silanização das novas gerações: Porcelain Liner M (PLM) e Tokuso Ceramic
Primer (TCP). A superfície da porcelana recebeu previamente 5 tipos de
tratamentos: polimento, ácido fosfórico por 1 minuto, ácido fosfórico por 1
minuto e ultra-som por 20 minutos, ácido fluorídrico por 1 minuto e ácido
fluorídrico por 1 minuto e ultra-som por 20 minutos. Após os testes de
cisalhamento, os autores concluíram que a principal contribuição para aumentar a
força de união foi o embricamento mecânico da resina composta à porcelana, após
o condicionamento com ácido fluorídrico.
Phoenix & Shen58, também no ano de 1995, utilizaram o MEV para
avaliar a superfície tratada de porcelana feldspática com jato de óxido de
alumínio, bifluoreto de amônia por 1 minuto, flúor fosfato acidulado por 10
minutos, ácido fluorídrico 9,5% por 4 minutos, revelando que o ângulo de contato
menor estava relacionado com a topografia mais profunda e com amplos e
numerosos sulcos, que aumentavam a área e o embricamento, podendo aumentar,
proporcionalmente, a adesão. O jateamento reproduziu microfraturas na superfície
e incluiu fragmentos de abrasivos, o bifluoreto e o FFA revelaram uma topografia
mais suave e o HF foi a superfície com um maior número e profundidade de
porosidades, podendo ser descrita como uma aparência dentrítica.
Estudando a força de união ao cisalhamento do reparo de porcelana com
o agente silano. Concluíram os autores que quando da realização do reparo da
porcelana o brilho deve ser removido com jateamento ou aplicação dos ácidos
fluorídricos, seguido de aplicação do silano e agente de união.
No ano de 1996, Kupiece & Barkmeier et al.39, avaliaram o tratamento da
superfície da cerâmica e os agentes para o reparo com resinas compostas.
Utilizaram o sistema ProBond, um agente silano e 3 tratamentos da superfícies:
microjateamento com óxido de alumínio, ácido fluorídrico a 8% por 4 minutos e
associação dos dois métodos. Concluíram que a adesão nos grupos microjeatados
não foi efetiva e para esses grupos o silano foi essencial. O silano foi importante
na manutenção da adesão a médio e longo prazo, sendo a combinação
microjato-ácido-silano-primer-adesivo a que produziu maior adesão.
Pereira56, em 1996, avaliou a resistência adesiva ao cisalhamento da união
da resina composta à porcelana, em função de diferentes formas de tratamento da
superfície da porcelana. Concluiu que o tratamento da superfície da porcelana
com ácido fluorídrico apresentou resistência adesiva estatisticamente superior aos
tratamentos com ácido orto-fosfórico, jatos de óxido de alumínio, ponta
diamantada e flúor-fosfato acidulado.
Terra82, em 1997, avaliou a resistência ao cisalhamento de dois produtos
usados para reparo em cerâmica (Scotchprime e Porcelain Repair). Os autores
confeccionaram 20 blocos em cerâmica que receberam um preparo superficial
com lixas de granulação 150 e 400 e depois condicionadas de acordo com as
recomendações dos fabricantes dos materiais e em seguida foram reparados com
por uma semana, para posterior ensaio de cisalhamento. Concluindo que não
houve diferença na força de união entre os dois sistemas avaliados, obtendo uma
média para o Scothprime de 13,73 MPa e para o sistema Porcelain Repair de
13,73 MPa, considerando este tipo de reparo como um procedimento temporário.
Shahverdi et al.67, em 1998, analisaram o efeito de vários tratamentos de
superfície em relação à força de união entre a resina e a cerâmica, utilizando a
cerâmica Vita VMK 68, o Silano Silicer e o Monobond S, o adesivo Bond II e a
resina Charisma. O tratamento da superfície foi realizado de cinco maneiras
diferentes: 1 – broca e silano Silicer; 2 – óxido de alumínio com partícula de 50
µm de diâmetro por 60 segundos e ácido hidrofluorídrico a 5% por 60 segundos; 3- silano Monobond S, 4 – óxido de alumínio e ácido por 60 segundos e 5 - óxido
de alumínio, ácido por 60 segundos e silano Silicer. Após os reparos , as amostras
foram divididas em dois grupos, um foi armazenado em água destilada em
temperatura ambiente por 24 horas e outro, por trinta dias, sendo em seguida
ciclados a 5oC e 55oC e cisalhados. Concluindo que o agente silano é um elemento
efetivo para aumentar a força de união entre a resina e a cerâmica, a rugosidade
com broca é falha para conseguir uma união duradoura. O silano usado em
conjunto com o tratamento com óxido de alumínio e o ácido aumenta a força de
adesão e a diminuição da força de adesão após a ciclagem térmica foi observada
para todos os grupos.
Silveira69, em 1999, apresentou um trabalho onde avaliou a resistência ao
cisalhamento dos reparos de resina composta em restaurações de resina composta
foram feitos com ponta diamantada, jato de óxido de alumínio e a combinação dos
dois. Na porcelana foi aplicado ácido fluorídrico a 10% por 3 minutos e na resina,
ácido fosfórico a 37% por um minuto, seguidos de aplicação de silano e agente de
união. Concluiu o autor que todos os corpos de prova apresentaram fraturas
coesivas, não havendo diferença estatisticamente significante entre os métodos
testados e sim entre os materiais.
Berry et al.7, em 1999, avaliaram o efeito de quatro silanos na força de
união entre a cerâmica e a resina composta dual. Após um período de estocagem
em água à temperatura ambiente com intervalo de 24 horas, uma semana, um e
três meses, as amostras foram submetidas ao ensaio de cisalhamento. Os autores
relataram que, com exceção do Cerinate Primer, todos os gupos mostraram
aumento da força de adesão no período de uma semana, um e três meses quando
comparados com 24 horas. O modo de fratura foi primariamente coesiva na
cerâmica, com fratura na interface cerâmica/resina para os grupos de 24 horas e
no grupo do Cerinate Primer com três meses de intervalo. Os produtos com alto
grau de hidrólise causaram falhas coesivas na cerâmica. Os autores consideraram
que, embora tenha sido relatado que os silanos com componentes duplos
apresentam valores de adesão mais altos que os de um só componente, pois estes
últimos tendem a ser mais instáveis, esta correlação não foi encontrada neste
estudo. Esta pesquisa mostrou valores de adesão 75% mais altos para os produtos
Mirage de um só componente e Fusion de dois componentes após uma semana de
intervalo, mantendo este aumento no terceiro mês. Concluindo que a força de
aumento da força de adesão durante o período experimental variou com diferentes
silanos empregados.
No ano de 2000, Osório et al.51, realizaram testes de cisalhamento em
cerâmicas feldspática e outra aluminizada, avaliando 3 tipos de tratamento
superficiais: jateamento de óxido de alumínio, ácido fluorídrico a 10% e um
agente silano. Os autores concluíram que a cerâmica com reforço de alumina
apresentou melhor desempenho, da mesma forma que o ácido fluorídrico foi mais
efetivo que o jato. A utilização do agente silano foi fundamental para a obtenção
dos maiores valores de adesão da porcelana.
No mesmo ano, Pires et al.59, avaliaram a alteração da micromorfologia da
superfície de porcelana quando submetida a diferentes tratamentos:
condicionamento com ácido fluorídrico a 4% por 20 e 60 segundos , jateamento
com óxido de alumínio e a associação. Os autores concluíram que os métodos
influenciaram significantemente nos resultados. A associação aumentou o aspecto
retentivo da superfície.
Paes Jr. et al.53, em 2000, avaliaram, qualitativamente, a superfície de dois
materiais restauradores indiretos, cerâmica e cerômero, submetidos a diferentes
tipos de tratamento: jateamento de óxido de alumínio, condicionamento ácido
fosfórico a 35%, condicionamento com ácido fluorídrico a 4% e a associação do
jateamento com os ácidos. Os autores concluíram que o ácido fluorídrico a 4%,
independente da associação, foi que proporcionou um aumento nas irregularidades
o aumento da área superficial e maior embricamento mecânico, e conseqüente
maior retenção dos materiais.
No ano de 2000, Franbenberger et al.25, avaliaram a resistência de reparo
de cerâmicas com diferentes tipos de tratamento de superficie: jateamento de
óxido de alumínio e ácido fluorídrico a 5% por 60 segundos. Os autores
concluiram que o tratamento da superfície deveria ser indicado para técnicas de
reparo e que o jateamento com óxido de alumínio era uma aceitável alternativa
para o ácido fluorídrico.
Pereira57, em 2001, avaliou, através de MEV, a morfologia da superfície
de materiais estéticos indiretos (porcelana e cerômero), quando submetidos a
diferentes tratamentos de superfície (jateamento com óxido de alumínio e ácido
fluorídrico). Concluindo que todos os materiais apresentaram alteração na
morfologia da superfície, a porcelana Duceram e a Duceram LFC apresentaram
aparência de maior irregularidade utilizando tratamento com jato de óxido de
alumínio e em ordem decrescente de irregularidade: jateamento associado com
ácido por 2 minutos, ácido por 2 minutos e por 1 minuto. A porcelana IPS Classic
apresentou melhores resultados com ácido por 2 minutos ou jato e ácido por 1
minuto. A porcelana IPS Empress 2 apresentou melhores resultados com ácido
por 1 minuto ou jateamento e ácido por 1 minuto, ácido por 2 minutos e
jateamento. O Solidex apresentou melhores resultados com jato de óxido de
alumínio ou com a associação com ácido por 1 minuto, ácido fluorídrico por 2
superficiais: ponta diamantada, jato abrasivo e ácido hidrofluorídrico, associados ou não ao silano, na resistência adesiva dos reparos em cerâmica, resina composta e cerômero, utilizando sistema adesivo e uma resina composta , por meio de teste do cisalhamento.
1 – MATERIAIS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Foram utilizados cerâmica, resina composta e cerômero, ácido
hidrofluorídrico, ponta diamantada, sistema adesivo de 4ª geração e agente silano
(Quadro 1) (Figuras 1 a 7).
Quadro 1 - Materiais e instrumentos empregados
Material Comercial Fabricante
Ponta diamantada esférica nº 1014 KG Sorensen
Primer cerâmico Silano Dentsply
Ácido hidrofluorídrico a 9,5% Condicionador de porcelana Dentsply
Resina composta Z 100 – B2 3M
Sistema Adesivo Scotchbond Multipurpose Plus 3M
Cerômero Solidex Shofu
Cerâmica Noritake Shofu
As fotografias dos materiais e instrumentos utilizados nos testes são
mostrado as nas Figuras de 1 a 7.
FIGURA 2 – Foto do Agente de união utilizado
FIGURA 3 – Foto do ácido hidrofluorídrico a 9,5%
FIGURA 5 – Foto do sistema adesivo
FIGURA 6 – Foto do cerômero
2 – GRUPOS EXPERIMENTAIS
Foram empregados 03 (três) materiais e 03 (três) tratamentos mecânicos da superfície, associados ou não ao silano, apresentados no quadro abaixo:
Quadro 1 – Tratamentos mecânicos superficial (grupos experimentais)
GRUPO PREPARO DE SUPERFÍCIE
T1C Ponta diamantada
T1S Ponta diamantada e silano
T2C Jato abrasivo
T2S Jato abrasivo e silano
T3C Ácido hidrofluorídrico a 9,5%
T3S Ácido hidrofluorídrico a 9,5% e silano
3 – CONFECÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA
3.1. Resina Composta e Cerômero
Foram confeccionados 120 corpos-de-prova de cada material, em forma de
pastilha, utilizando uma matriz circular bipartida de aço inoxidável nas dimensões
de10mm de diâmetro com 4mm de altura (Figura 8).
FIGURA 8 – Foto da matriz bipartida para confeccionar os corpos-de-prova de
Desta forma, a matriz foi colocada sobre uma lâmina de vidro e a resina
composta Z100 ou o cerômero Solidex inserido no orifício central. Em seguida,
aplicou-se sobre a matriz uma outra lâmina de vidro para permitir a
fotopolimerização do material obtendo uma superfície plana. A fotopolimerização
foi feita de ambos os lados da matriz por 40 segundos, respectivamente, com o
auxílio do aparelho fotopolimerizador (Modelo 200R - K & M Ind. Com. de Eq.),
previamente calibrado através do radiômetro acoplado ao aparelho, de modo que a
intensidade mínima de luz gerada fosse sempre superior a 400mW/cm2, e com a
ponta ativa o mais próximo da superfície (Figura 9). Após, o sistema de matriz foi
desmontado e a resina composta ou o cerômero liberado do seu interior (Figura
10). Os cerômeros receberam fotopolimerização adicional por 7 minutos no
equipamento Ultra System 3000 (EPO Equipamentos) (Figura 11).
FIGURA 10 – Foto da matriz bipartida com o corpo de prova inserido em resina
acrílica.
3.2. Cerâmica
Foram confeccionados 120 corpos-de-prova de cerâmica em forma de
pastilha utilizando uma matriz circular de aço inoxidável nas dimensões de10mm
de diâmetro com 4mm de altura, que possui um orifício central medindo 6mm de
diâmetro por 4mm de altura, um êmbolo centralizado e um anel intermediário
bipartido, que uma vez removido, permite que o êmbolo se movimente para cima
e para baixo, fazendo com que a cerâmica que foi colocada no orifício fosse
removida suavemente sem deformar (Figuras 12 a 14).
FIGURA 12 – Foto da matriz utilizada para confecção dos corpos-de-prova em
cerâmica. Matriz Montada
FIGURA 13 – Foto da matriz utilizada para confecção dos corpos-de-prova em
FIGURA 14 – Foto da matriz utilizada para confecção dos corpos-de-prova em
cerâmica. Matriz sem o intermediário
A cerâmica foi aplicada adicionando-se, cuidadosamente, o pó ao
líquido em uma placa de mistura própria até a massa apresentar-se com
consistência cremosa, inserida no interior do orifício central da matriz, em
pequenas porções até o seu preenchimento total. Durante este procedimento
tomou-se cuidado para que, em cada porção adicionada, fosse feita uma leve
vibração, tornando a massa compacta e o excesso de água superficial removido
com papel absorvente, até o completo preenchimento do orifício. A cerâmica foi
removida depois da retirada da parte intermediária e a introdução do êmbolo no
orifício central da matriz, e levada ao forno EDG Vulcano para a queima da
cerâmica, para o processo de sinterização, conforme as instruções do fabricante
FIGURA 15 – Foto do forno de cerâmica
Após a queima final, as superfícies irregulares foram desgastadas com
lixas de carbureto de silício de granulação 100, 320 e 600 µm (3M) montada em uma politriz modelo DP-10(Struners), na velocidade de 600 rpm, sob refrigeração
abundante à água, em seguida, foi feito a limpeza dos corpos-de-prova em
ultra-som por 10 segundos e uma das superfície recebeu a aplicação do glaze, feita no
FIGURA 16 – Foto da politriz
4 – INCLUSÃO DOS CORPOS-DE-PROVA
Os corpos-de-prova foram fixados em resina acrílica auto-polimerizável,
utilizando uma matriz bipartida de aço inoxidável em forma circular com um
orifício centralizado nas dimensões 10mm de diâmetro por 12mm de altura, com
um anel estabilizador, de tal forma que 1mm do corpo-de-prova ficasse exposto.
(Figuras 17 a 19) A centralização e a disposição dos corpos-de-prova foram feitas
por um orifício central criado na própria matriz, permitindo que os mesmos
FIGURA 17 – Foto da resina acrílica auto-polimerizável utilizada para inclusão
dos corpos-de-prova.
FIGURA 18 – Foto dos corpos-de-prova prontos para inclusão em resina acrílica.
A - Cerâmica, B - Resina composta e C – Cerômero.
FIGURA 19 – Foto da matriz utilizada para inclusão dos corpos-de-prova
montada, mostrando o orifício centralizador.
FIGURA 20 – Foto da matriz desmontada mostrando o corpo-de-prova no orifício
FIGURA 21 – Foto da mMatriz desmontada mostrando o corpo-de-prova incluso
na resina acrílica.
5 – TRATAMENTO SUPERFICIAL DOS CORPOS-DE-PROVA 5.1. Ponta diamantada
As superfícies dos corpos-de-prova foram desgastadas com uma ponta
diamantada de forma esférica e corte regular, no 1014 (KG Sorensen), utilizando o
aparelho de preparo desenvolvido por Sá e Gabrielli64(Figura 23).
FIGURA 23 – Foto do aparelho de preparo cavitário
A – Relógio referencial para o controle da pressão exercida na turbina,
padronizando-se a profundidade de penetração da fresa na superfície.
B – Parafuso por meio do qual ajusta-se inicialmente a fresa na superfície a ser
preparada.
A
B
C
D
E
F
G
H
I
C – Parafuso macrométrico que permite a aplicação controlada da pressão de
corte para obter a profundidade desejada da fresa na superfície.
D – Sistema de fixação do substrato a ser preparado e acoplado à platina
móvel do aparelho.
E – Dispositivo de fixação da turbina, com parafusos de regulagem para obter
uma posição perpendicular da fresa sobre a superfície do dente a ser preparado.
F e G – Parafusos com precisão milimétrica para movimentar o sistema de
fixação e platina à direita/esquerda (F) e no sentido ântero/posterior (G). Com isso
percorre toda a extensão da superfície a ser preparada.
H e I – Nônios que permitem a fixação de pontos de referência, controlando-se
a dimensão direita/esquerda e ântero/posterior.
A turbina de alta-rotação foi fixada no sistema de fixação (E) e , através do
parafuso (B), foi posicionada de forma que a ponta diamantada ficasse
perpendicular e o mais próximo possível da superfície a ser preparada (Figuras 24
FIGURA 24 – Foto da turbina de alta-rotação e da ponta diamantada fixados no
aparelho de preparo cavitário.
FIGURA 25 – Foto aproximada da ponta diamantada em contato com o
corpo-de-prova.
Os corpos-de-prova foram estabilizados por meio do sistema de fixação
(D), e não poderiam ser movimentados durante o preparo da superfície do material
restaurador. A face determinada se encontrava paralela ao plano horizontal do
sistema de fixação e perpendicular ao eixo da fresa.
Por meio do parafuso macrométrico (C), definiu-se, no relógio (A), a
capacidade de 0,1mm para a profundidade antes de iniciar o preparo da superfície.
Definida essa posição, foram anotados os pontos de referência nos nônios
correspondentes (H e I), os quais permitiam percorrer toda a superfície a ser
preparada. A seguir, acionou-se a turbina e por meio do parafuso (F), moveu-se a
platina no sentido direito-esquerdo, de acordo com os pontos de referência
anteriormente marcados no nônio (H). Em seguida, por meio do parafuso (G), a
platina foi movimentada no sentido ântero-posterior , pelos pontos de referência
Em seguida foi realizada a movimentação dos mesmos parafusos (F e G)
até a fresa atingir o ponto inicial do preparo da superfície, definindo uma
rugosidade total e regular de toda a superfície do material restaurador51,64,79.
5.2. Jato abrasivo
O tratamento das superfícies foi feito com o jato de ar abrasivo do
equipamento KREATIV MACH 4.1, com pressão de 60 psi, partículas de óxido
de alumínio de diâmetro 27,5 µm (Gama Puretm – Kreativ Inc.), utilizando a ponta ativa de maior calibre com angulação de 45o, a uma distância de 10mm, auxiliado
pelo aparelho de Sá e Gabrielli, por 10 segundos com jato contínuo, seguindo a
mesma técnica anteriormente descrita para a ponta diamantada 51,64,79 (Figuras 26 a
28).
FIGURA 27 – Ponta de preparo utilizada
FIGURA 28 – Vista da ponta do jato abrasivo com o corpo-de-prova
5.3. Ácido hidrofluorídrico
O tratamento das superfícies com ácido hidrofluorídrico a 9,5%,
em forma de gel, foi feito com auxílio de uma seringa e ponta de aplicação, por 5
minutos. Em seguida foram lavadas com ar e água pelo tempo de 30 segundos
FIGURA 29 – Foto da ponta da seringa do ácido com o corpo-de-prova
5.4. Agente silano
Para o uso do silano, a área de adesão foi padronizada usando uma fita
adesiva com um orifício central de 5mm de diâmetro e uma camada do material
foi aplicada, com auxílio de pincel, sobre a superfície de acordo com as
recomendações do fabricante (Figuras 30 a 32).
FIGURA 31 – Foto da fita adesiva limitadora de área
5.4. Agente adesivo
A área de adesão ainda padronizada, recebeu uma camada de adesivo com
pincel, aplicando ao final um leve jato de ar por 3 segundos, a uma distância de
10mm, a fim de eliminar o excesso de material, tornando a superfície uniforme e
brilhante. A fotopolimerização foi realizada por 20 segundos, com o auxílio do
aparelho fotopolimerizador (Modelo 200R - K & M Ind. Com. de Eq.),
previamente calibrado através do radiômetro acoplado ao aparelho, de modo que a
intensidade mínima de luz gerada fosse sempre superior a de 400mW/cm2, e com
a ponta ativa o mais próximo da superfície (Figuras 33 a 35).
FIGURA 34 – Foro da aplicação do jato de ar sobre a superfície do adesivo
FIGURA 35 – Foto da aplicação da luz polimerizadora sobre a superfície do
6 – EXECUÇÃO DOS REPAROS
Para todos os materiais testados, os reparos foram feitos com resina
composta utilizando uma matriz circular bipartida de aço inoxidável com dois
orifícios centralizados, um nas dimensões de 13mm de profundidade e 5mm de
diâmetro, onde foram colocados os corpos-de-prova inclusos em resina acrílica e
outro nas dimensões de 2mm de diâmetro e 2mm de altura, no qual foi inserida a
resina composta (Figuras 36 e 37).
FIGURA 36 – Foto da matriz para confecção do reaparo montada mostrando o
orifício centralizador.
Após o posicionamento do corpo-de-prova incluso em resina acrílica, a
área de adesão era centralizada, permitindo o reparo com a inserção direta da
resina composta Z100 no orifício, com um auxílio de uma espátula e um
condensador no. 5, preenchendo-o por completo, em duas porções, que foram
fotopolimerizadas com o auxílio do aparelho fotopolimerizador (Modelo 200R - K
& M Ind. Com. de Eq.), previamente calibrado através do radiômetro acoplado ao
aparelho, de modo que a intensidade mínima de luz gerada fosse sempre superior
a de 400mW/cm2, e com a ponta ativa o mais próximo da superfície, por 40
segundos cada. Em seguida, os excessos de material foram removidos, a matriz
desmontada e o reparo de resina composta liberado do seu interior, nas dimensões
de 2mm de diâmetro e 2mm de largura, correspondentes às dimensões do orifício
da matriz 1, 2 (Figuras 38 a 41).
FIGURA 39 – Foto do instrumental utilizado
FIGURA 40 – Foto da Inserção da resina composta A, condensação do material B
e do reparo concluído. C
FIGURA 41 – Foto do reparo de resina composta concluído – A, B e C
A B C
7 – CICLAGEM TÉRMICA
Os corpos-de-prova foram identificados e armazenados em água destilada
e levados à estufa de cultura à temperatura de 37º C por 24 horas. Após,
submetidos à ciclagem térmica (Mod.521.4-série95) à temperatura variando entre
10ºC + 2ºC e 50ºC + 2ºC em água, com tempo de permanência de 15 segundos
em cada temperatura num total de 500 ciclos e novamente armazenados na estufa
por 24 horas.
8 – ENSAIO MECÂNICO DE CISALHAMENTO
Os ensaios mecânicos de resistência adesiva às tensões de cisalhamento,
foram realizados na Máquina “Material Test System-MTS 810”, utilizando uma
célula de carga com capacidade máxima de 1kN e velocidade do atuador de
FIGURA 42 – Foto da máquina “Material Test System-MTS 810”
Para a padronização do posicionamento do corpo-de-prova e a direção da
força aplicada na interface adesiva, foi utilizado um dispositivo cilíndrico com um
orifício central de 15mm de diâmetro e 20mm de comprimento, no qual foram
introduzidos os corpos-de-prova e fixados por um parafuso lateral, mantendo-os
na mesma posição. Para o teste de cisalhamento foi utilizada uma haste plana com
ponta em forma de cunha, com espessura de 0,5mm, que tangenciava a superfície
FIGURA 43 – Foto do dispositivo desenvolvido para o teste de cisalhamento utilizado na a Máquina “Material Test System-MTS 810”
FIGURA 44 – Foto aproximada mostrando o corpo-de-prova no dispositivo
FIGURA 45 – Foto do conjunto dispositivo e corpo-de-prova montados na máquina
FIGURA 46 – Foto aproximada mostrando a relação da haste com o reparo
A análise dos dados foi feita por um programa específico Test Work, do
sistema Test Star II , o valor da carga expresso em N e os valores finais de
resistência calculados e expressos em MPa.
9 – AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE FRATURA
Com o intuito de obter subsídios para compreender o que aconteceu na
interface cerâmica/adesivo, após a realização dos testes de cisalhamento, as
superfícies dos substratos correspondentes ao local da área de adesão foram
observadas na lupa estetoscópica (Zeiss: West Germany – mod. 475200/9901), em
aumento de 60x, verificando os modos das falhas e os tipos de fraturas.(Figuras
FIGURA 47 – Foto da fratura do reparo – vista do substrato.
Os tipos de fratura foram classificados de acordo com a sua ocorrência,
que define em:
1 - Adesiva (A);
2 - Coesiva do adesivo (CA);
3 - Coesiva do substrato (CS);
4 - Coesiva da resina composta (CRC)
5 - Mista adesivo/cerâmica (MAC).
6 - Mista adesivo/resina composta (MARC).
10 – PREPARO DA SUPERFÍCIE PARA OBSERVAÇÃO EM MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA
Os corpos-de-prova foram montados em cilindros de alumínio com as
superfícies preparadas voltadas para cima e secos em estufa a 37o C por 24 horas,
cobertos com ouro e observados no microscópio eletrônico de varredura em um
aumento de 2.000X (Modelo JSM 6400v, JEOL Co., Tokyo, Japan).
11 – PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
Foram estabelecidos 3 materiais restauradores como substrato (cerâmica,
resina composta e cerômero) e 6 grupos, divididos de acordo com o tipo de
preparo da superfície e a presença ou não do silano, que resultou no seguinte
T1C –ponta diamantada,
T1S – ponta diamantada e silano
T2C – jato abrasivo
T2S – jato abrasivo e silano
T3C – ácido hidrofluorídrico
T3S – ácido fluorídrico e silano
Para cada material foram confeccionados 120 corpos-de-prova, sendo
destinados 20 para cada grupo.
12 – AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA DOS DADOS
Aplicou-se a análise de variância para verificar se havia diferença
estatisticamente significativa de resistência ao cisalhamento entre reparos de
material estético, aos quais foram aplicados diferentes tratamentos mecânicos de
superfície, e se há efeito do tratamento químico de superfície com silano.
Formaram-se ao todo dezoito grupos experimentais. A análise de variância,
quando necessário, foi complementada pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
significância.
Foram construídos também intervalos de 95% de confiança para a média
populacional relativa a cada grupo experimental. No cálculo da amplitude desses
intervalos, empregou-se um desvio padrão único determinado pela raiz quadrada
resistência ao cisalhamento dos reparos dos três materiais estéticos em estudo
(cerâmica, resina composta e cerômero), submetidos a três tratamentos mecânicos
de superfície (T1= Diamante, T2= Jato abrasivo e T3= ácido), cada um deles
associado (S) e não associado (C= controle) ao tratamento químico de superfície
pela aplicação de silano. Nas Tabelas A1, A2 e A3 estão as medidas de resistência
correspondentes, respectivamente, ao material cerâmico, à resina composta e ao
cerômero. Foram dispostas nessas tabelas os valores de resistência máxima,
mínima, mediana, média e desvio padrão. Gráficos de dispersão das medidas de
resistência são dados nas Figuras A1 a A3.
Observa-se pelas tabelas e figuras que as distribuições das medidas de
resistência são razoavelmente simétricas em torno da média, em todos os grupos
experimentais. Entretanto, a dispersão das medidas é razoavelmente menor com a
cerâmica. Enquanto as medidas de resistência mínima e máxima dos reparos
cerâmicos estão, em média, entre 24,3 MPa e 52,2 MPa, para a resina composta e
o cerômero elas estão entre 28,6 MPa e 75,3 MPa. Os desvios padrão também
mostram essa variação menor em torno da média das medidas de resistência ao
cisalhamento relativa à cerâmica.
A não conformidade de variação entre as medidas dos materiais impede
que se aplique a metodologia estatística da análise de variância para a avaliação
conjunta das médias de resistência ao cisalhamento dos três materiais. Então, a
para os outros dois materiais em conjunto. O sumário da análise de variância
relativa aos reparos de resina composta e cerômero está na Tabela B1. Todos os
valores de probabilidade (valor-p) são maiores do que 0,05 e, portanto, ao nível de
5% de significância, não há nenhuma evidência de que duas ou mais médias dos
doze grupos de experimentos relacionados com esses materiais sejam
significativamente diferentes entre si. Assim, não há evidência estatística de
diferença entre as médias de resistência ao cisalhamento dos reparos de resina
composta e cerômeros, seja qual for o tratamento mecânico ou químico
empregado.
Quanto à cerâmica, ao contrário, como se observa pela Tabela B2 há
evidência estatística de que algumas médias são diferentes das outras. Como a
interação foi significativa (valor-p<0,0001), as médias de resistência dos seis
grupos experimentais, onde se empregaram reparos de cerâmica, devem ser
comparadas entre si. Para isso foi utilizado o teste de Tukey, ao nível de 5% de
significância. O resultado está na Tabela B3. Então, o silano foi eficiente para
aumentar a resistência adesiva às forças de cisalhamento com os tratamentos
mecânicos T1 e T2, mas com o tratamento T3 teve o mesmo efeito que a não
aplicação do silano. Entretanto, o tratamento mecânico T3, com ou sem silano,
apresentou resistência maior que os tratamentos T1 e T2, com e sem aplicação do
silano.
A comparação das médias de resistência entre o reparo cerâmico e os
outros materiais, resina composta e cerômero, foi realizada observando-se os
experimentais. As médias e os intervalos de 95% de confiança estão representados
graficamente na Figura 49. Observa-se que, em média, os reparos de resina
composta e cerômero, independentemente do tratamento de superfície, ou se o
silano é aplicado, possuem eficiência maior ou no mínimo equivalente à cerâmica,
quanto à resistência ao cisalhamento. Há uma possível equivalência em relação à
cerâmica submetida ao tratamento T3, com ou sem o silano. Neste, a dispersão
das medidas de resistência em torno da média é menor. Pela Figura 49, o intervalo
de confiança relativo a média de resistência da resina composta submetida ao
tratamento T1, sem a aplicação do silano, está um pouco abaixo dos outros
intervalos do mesmo material. Mas, pela análise de variância, as diferenças entre
as médias dos grupos com a resina composta e o cerômero não são significativas.
0 10 20 30 40 50 60 70
Cerâmica Resina composta Cerômero
Resistência (MPa) T1(C) T1(S) T2(C) T2(S) T3(C) T3(S)
FIGURA 49. Representação gráfica das médias de resistência ao cisalhamento e os intervalos de 95% de confiança para a média populacional (barra vertical).